Assexual escrita por Lunally


Capítulo 2
1° Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Eu fiquei bastante surpreendida pelo tanto de pessoas que se dispuseram a ler essa Fic.
Ainda mais por se tratar de um assunto "delicado" e pouco explorado.
eu confesso que fiquei um pouco nervosa ao escrever o capítulo, eu quero sempre elevar o nível de cada capitulo, mas admito que não é tão fácil assim.
Esse assunto - Assexualidade - é algo novo para mim. Eu pesquiso bastante e tento escrever de uma forma compreensível os sentimentos da personagem sem querer tornar a historia muito metódica.
Eu quero que entendam que a personagem tem sua personalidade própria. Ela não é a alegoria da Assexualidade, apenas é alguém se descobrindo.
Eu agradeço muito aos comentários, as favoritadas, aos acompanhamentos. Me encantou muito e incentivou a minha escrita ainda mais.
E agradeço imensamente a ajuda de vocês com o tema!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/678744/chapter/2

As aulas mal começaram na London South Bank University e já me passaram trabalhos para fazer.

E não são trabalhos simples, são interdisciplinares, ou seja, envolvem todas as matérias do curso.  Se eu não fosse, pelo menos, tão perfeccionista, seria mais fácil. Prevejo várias noites sacrificadas para fazer este trabalho.

—Lucy, você viu o nosso novo aluno? — diz Katty, rebolando até chegar perto de mim com seu IPhone S5 dourado, conectado ao Facebook. Ou melhor, em um perfil do Facebook , provavelmente do garoto que ela mencionava. – Ele faz meu estilo, não é gato?

Olho para foto e até solto um suspiro de satisfação. O garoto é muito bonito. Loiro dos olhos castanhos e com um belo porte físico.

—Seu tipo ideal. Segura e não solta! — pronuncio, rindo da cara que Katty fazia. Com toda a certeza, ela era a mais custosa de todos os integrantes de nosso grupinho.

Um grupinho bem diversificado.

Katty é loira, cabelos lisos e compridos, olhos azul-claros. Tem o corpo mais bonito que já vi. Ela é encantadora. Às vezes é muito impaciente para entender as coisas. Contudo, é uma amiga e tanto, se precisa de alguém para subir uma montanha, chame ela. Katty topa fazer tudo. Tudo mesmo.

—Deixe-me adivinhar, falando de homens? — comenta Will, que se aproximou de nós no corredor. Era o intervalo, então estávamos de bobeira por ai.

—Do mais bonito da terra. — adimira Katty, puxando Will para lhe mostrar a foto. Os olhos da minha amiga loira estão brilhando devida a emoção e empolgação que ela está agora.

Will ajeitou os cabelos ruivos que caiam em sua testa. Estavam grandes e passando da hora de cortar. Ele é o mais velho de nós. Tem vinte e cinco anos, o resto tem apenas dezoito.

—Ual, esse rapaz dá pra fazer filhos! – Will exclama, rindo. — Vai à festa de iniciação do primeiro período? Somos veteranos, temos que recebê-los! Tem tantas meninas bonitas que chegaram.

—Vou. Filhos? Nem pensar. Não quero filhos! — resmunga Katty em um salto, e virou-se para arrumar os cabelos, olhando-se nas janelas da universidade. A universidade é toda espelhada, com vidraçarias em todo lugar. É uma linda construção. — E você, se comporte. Já tem três! Não precisa de mais!

Ah, é verdade. Will tem três filhas. Ele começou cedo em sua vida sexual; a primeira filha nasceu quando ele tinha treze anos de idade, a outra aos quinze e a última, até agora, aos vinte anos de idade.

—Se eu tiver dez filhas não preciso mais pagar pensão! —  esclarece Will, fazendo careta, citando uma lei sobre pensão alimentícia, que é o terror dele. E o pior é que ele nem vê as filhas direito; uma mora na Suécia e as outras duas na Alemanha.

—Seu pão duro. — eu digo, olhando para os corredores. Uma menina de cabelos pretos compridos, quase chegando à coxa, pele branquinha, roupas pretas e com maquiagem fechada exagerada, vinha em nossa direção.

A gótica trevosa.

—May. Achei que você não iria vir hoje. — eu falo para a gótica, que também é uma integrante de nosso grupinho diversificado.

—Eu também achei que não, mas minha mãe quase me espancou para vir hoje. Eu queria apenas dormir um pouco. — May choraminga, apoiando a cabeça em meu ombro. Ela é viciada em jogos. Não jogos quaisquer, jogos de relacionamento, como AmorDoce, AnticLove, coisas assim. Fica dias e noites jogando, e quase sempre é vista dormindo nas salas.

—Vocês vão? — pergunta Katty, em pé na nossa frente, com os braços apoiados na cintura e uma sobrancelha arqueada.

—Aonde? — May indaga, quase miando, com sua típica voz rouca de sono.

—Na festa do primeiro período. É hoje! — grita Will animado. — Estamos no terceiro período, no segundo ano de faculdade, então, basicamente, essa é realmente nossa primeira vez recepcionando os novatos. 

—Eu não gosto muito de festas, mas como essa é para socializar um pouco e todos você vão, eu vou! — eu anuncio sorrindo.

—Ah, não quero. Não tem lugar para sentar nessas festas. — reclama May, desinteressada.

—Ok! — sussurra Katty, revirando os olhos para May. Elas não se dão muito bem, mas nada que a convivência não repare aos poucos. — Lucy, Will, vamos juntos. Busco vocês em casa.

O sinal bate.

Will e May vão buscar seus livros nos armários. Eu e Katty já despachamos para a sala. Era aula de cidadania, com o Sr. River. O senhor mais chato e mandão da faculdade.

—Tome cuidado com a May, — alerta Katty, em um cochicho para mim. Olha para trás para ver se alguém vem vindo. — ela é homoafetiva, e acho que está dando em cima de você. É melhor cortar, pois você sabe!

Eu me assustei um pouco com o tom de desprezo na voz da Katty, mas não esboço reação. Eu sei que May é homoafetiva, mas não é problema nenhum, somos amigas de longa data. Sei que nós sabemos nos respeitar.

— Nada a ver, Katty. — Dei um tapa leve na cabeça dela.

*

“Oi, tudo bem? Seu dia foi bom hoje?”

 Uma mensagem no celular chega para mim. Eu estou no penúltimo horário. Will está do meu lado entediado com a aula. Estamos na longa mesa, unida do lado esquerdo, no meio da sala. Katty está na frente, com outro garoto que ela acha bonito. May? Deve estar em algum lugar da faculdade, dormindo ou jogando.

O lugar esta quieto, somente a voz da professora se ouvia, era notável o desinteresse dos alunos. O barulho do ar condicionado e as luzes de forte intensidade machucam meus sentidos, ou seja, estou na mesma situação que o ruivo do meu lado. Em tédio e incomodada.

—Quem é? — sussurra Will, quando percebe que eu estou digitando no celular, meu Samsung S6.

—Um garoto que está conversando comigo faz um tempo. — Mostro a foto dele. Cabelos castanhos, alto e definido.

“Estou bem, e você? Foi legal meu dia, e o seu?”

 Respondo à mensagem.

—Gato, hein? — Will faz uma voz afeminada, para zoar. — Vai ficar com ele? — pergunta, logo de cara.

—Estou conhecendo. Talvez dê certo, — respondo, tímida. — Ele parece ser legal e responsável.

—Vai que a relação evolui desta vez. — murmura Will, com uma voz risonha. Ele sabe que eu sou virgem, na verdade todos do grupinho sabem de tudo um sobre o outro. E ele é um bom amigo, nos dá muitos conselhos sobre nossa vida amorosa.

—Ah, tenho que ver no que vai dar antes. Não posso afirmar algo que não sei. – Mostro a língua para Will. — Bobo. Não sabe pensar em outra coisa.

—Senhor Will e senhorita Lucy. — repreende a professora. — Têm algo que queiram falar? Estão atrapalhando a turma. 

Todos que antes estavam concentrados em seus afazeres, sem se importar com o que estávamos fazendo, se viram em nossa direção.

—Nada não. – esclarece Will, envergonhado. Guardo o celular e volto a prestar atenção na aula.

*

Passo na porta do meu condomínio e cumprimento meu porteiro, um senhor gente boa, que conta ótimas piadas. Ando nas ruas particulares do condomínio e chego a casa, cor-de-areia com branco. Minha casa. Abro a porta.

Eu estou cansada, pois, como não tenho carteira e nem carro, eu venho de ônibus. Mesmo hoje não estando tão lotado, ainda assim, era cansativo ficar quarenta minutos em um transporte para chegar em casa.

Coloco as chaves no pode de vidro, que fica na mesa da entrada na casa, junto do móvel têm algumas taças decorativas, um espelho liso sem enfeites, porem com uma moldura preta e ornamentada.

Tomei um banho no banheiro do meu quarto, um toalete pequeno, mas confortável para uma pessoa usar. Comi alguma coisa que achei na geladeira, como sempre lotada de "porcarias", só coisas que toda criança feliz gosta de comer. Vejo que não tinha vida presente em minha casa, a não ser eu e minha cadela. Uma linda labradora de cor mel, com o nome de Belinha.

Noto que recebi outra mensagem do garoto que eu estava conversando.

“Vamos à festa de boas vindas dos calouros hoje?”

“Sim”

Eu respondo.

Não sei o porquê, mas uma onda de arrepios toma conta de meu corpo. Eu sempre fico tensa quando começo a ter algo com alguém. É uma sensação estranha, ao mesmo tempo em que quero a pessoa perto de mim, eu quero também meu espaço particular.

Por isso que digo que ser mulher é muito difícil, nem mesmo eu me entendo.

Decido fazer alguns deveres básicos da faculdade, arrumar a casa —pois minha mãe odiava bagunça — e depois me prepararia para a festa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou? Comentários?
Bem, desculpe-me se houver qualquer erro, eu não tenho um Beta, (que deus ilumine esses anjos) então eu reviso sozinha os capítulos. Se houver algo estranho me avise, eu arrumo com prazer!
As vezes vocês podem achar que a historia está indo rápida demais, porem ela segue um linha "logica" para encaminhar até onde eu quero. E também, eu não decidi se vai ser uma Longa Fic, ou uma curtinha.
Obrigada por lerem amores♥