Eu sou extrovertida, alegre e muito bonita. Tenho cabelos castanho-claros, olhos verdes e tenho pele bronzeada.  Sou mediana em altura e tenho um corpo bem estruturado, porque malho bastante. Para ficar bonita?

Sim. Para ficar bonita para mim. Para que quando eu olhe no espelho, abra um sorriso por ser do jeito que eu quero ser.

Faço faculdade. Sou pré-jornalista, então converso com muita gente, para fazer meus trabalhos e para ter conhecimento. Eu sempre conversei muito, então achei o curso perfeito para minha maior vocação: comunicação.

Não sou de sair muito para baladas, sou mais caseira nesse aspecto, porem adoro festinhas na casa dos meus amigos, ir ao shopping, na sorveteria, coisas assim. Não bebo, nem fumo, contudo pelo fato de ser louca, às vezes pareço estar no mundo da Lua. Mas o único entorpecente que uso é a alegria.

Sou religiosa, mas não julgo tudo o que minha igreja condena. Eu amo Deus. E sei que ele ama cada criatura neste mundo.

Amor? Namoradinhos? Bem, eu não tenho. Mas já tive casos, nada que passasse de beijinhos e carinhos leves. Sou bem séria nessas questões. Ainda não me acostumei com a minha geração, que conhece a pessoa e, em dois segundos, beija, transa, e nunca mais vê.

Família? Minha família é conservadora, mas é bem alegre e festeira. Digo conservadora no quesito de quererem que você estude, se forme-se, case-se, e depois tenha filhos. Eles querem que os descendentes tenham um futuro bom e estável, e nos criam para chegar nesse propósito. Penso que toda família quer algo assim, o que difere cada família de outra é o método criação que formulam para passar tais valores.

Eu tenho dezoito anos. Sou muito feliz com minha vida, mas ultimamente têm surgido questionamentos que me chatearam um pouco.

Na faculdade todo mundo quer uma coisa: sexo.

Questionam o porquê de eu não namorar ou nunca ter tido minha primeira relação. Eu sempre respondo que sou muito focada nos estudos e tenho muitos cursos a fazer; não tenho tempo para isso. Não que eu tenha que justificar algo para alguém, apenas digo coisas assim para minhas amigas ou colegas que entram no assunto. Mas não tenho vergonha de dizer que sou virgem. Não entendo como uma pessoa pode ter vergonha de algo assim.

Pelo que eu estudei, antes era vergonhoso dizer que não era virgem.

Como podem valores terem sido tão mudados? Será uma evolução? Ou um retrocesso? Ou talvez uma linha contínua onde todas as possibilidades devem ser testadas?

Alguns acham que eu sou homoafetiva, o que não seria um problema visto na minha cabeça. Mas eu sinto atração física por homens, só não sinto atração sexual.

Às vezes me assusta pensar nesse contato.

“Mas nunca se masturbou?”. Claro, é algo natural  você conhecer seus pontos de prazer. Isso é uma coisa pessoal, uma autossatisfação. É diferente quando se faz com outra pessoa. É invasivo.

Eu sei que isso tudo pode ser porque eu sou ingênua nesse aspecto, por isso não me preocupo muito. Um dia vou conhecer alguém e talvez a relação sexual se torne natural.

Mas não fico procurando por esse dia. Pois como eu disse antes: sou feliz como estou.

Meu nome é Lucy.