Os Caçadores: A Última Guerra escrita por Gustavo Ganark
Notas iniciais do capítulo
Último capítulo da quarta temporada
William fez seu primeiro movimento contra mim, tentando acertar um soco de Chi. Eu não queria lutar contra ele, então consegui desviar e dei um salto para trás, tomando distância. Novamente ele veio para cima, mas desta vez com uma velocidade surpreendente. Não consegui desviar. O soco de Chi que ele deu em meu estômago fez gotas de sangue saírem de minha boca e eu capotar grama atrás.
Eu me levantei, peguei o meu livro e invoquei a Armadura Angelical de Ícarus, que regenerava os meus ferimentos, e a Lança do Imperador de Tormenta, que me permitia controlar gelo, fogo e ar.
A armadura na verdade era uma calça feita totalmente de pano branco e um lenço de couro, também branco, que ficava no meu pescoço. Na verdade, parecia mais um cachecol, mas enfim. A Lança era totalmente azul, com um símbolo na lâmina cinza da ponta, duas “ondinhas” uma sobrepondo a outra. Dessa vez, meu cabelo estava completamente azul e chegava na cintura. Eu estava com o peitoral desprotegido, de fora. Eu aprendi invocar a lança e a roupa quando estava internado, bem depois de saber que não poderia mais andar.
A partir do momento que eu fiquei vestido daquele jeito, que foi a primeira vez, eu me intitulei “O Anjo das Águas”.
William ignorou tudo isso e partiu para cima de mim, criando duas espadas enormes, mas bem parecidas com catanas. Ele tentou fazer um corte em mim, só que eu fui mais rápido e dei um salto. Com a minha lança, criei uma enorme correnteza d’água de cima para baixo, acertando ele com tudo. A grama absorveu toda a água, mas William foi acertado em cheio e quase se afogou. Quase.
— Você acha que consegue ser mais forte do que eu, Anark?
Eu, sem expressão, respondi:
— Eu tentei convencer você e sequer teve a coragem de tentar resistir. Desculpe-me, eu sou seu amigo. Te admiro como líder da guilda, mas eu não posso morrer. Não vou me deixar ser vencido. Eu não tenho medo de você.
William sorriu e estalou os dedos, mudando toda a realidade aparente daquela dimensão. Uma ponte de grama e terra ficou no lugar daquele gramado todo e embaixo dessa ponte, grandes espinhos metálicos. Quem caísse ali estava morto.
— O que você está fazendo!? – eu perguntei, olhando para baixo, assustado.
Quando eu olhei para ele novamente, o rosto de William estava colado ao meu. Ele respondeu:
— Deixando as coisas mais interessantes.
Will enfiou as espadas em minha barriga. Cuspi sangue depois que consegui sair dela. Pela primeira vez vi o efeito da roupa angelical, que curou aquele ferimento rapidamente.
Eu peguei a lança, bati com tudo a sua ponta oca no chão, e lancei uma enorme onda contra Will, que se teleportou atrás de mim. Quando eu me virei, fui jogado longe com um chute na perna. A minha lança caiu lá embaixo, nas estacas metálicas. Will se teleportou novamente e me pegou pelo pescoço. Me levantou e começou a me esfaquear inúmeras vezes depois de imaginar uma faca de tamanho médio em sua mão. Aquilo apenas doía, já que enquanto ele fazia dois furos, a roupa curava cinco. Eu dei um chute em seu rosto, caí no chão e dei uma rasteira nele. Subi em cima dele e com socos com Chi nas pontas dos dedos dobrados comecei a socar a cara dele. Foram dezenas de socos até eu perceber que o rosto dele já estava todo quebrado, mas ele ainda vivo.
Saí de cima dele. Ele se levantou, com o rosto jorrando sangue, todo machucado, inchado e roxo.
— Minha cabeça... minha cabeça dói, Anark. Onde estamos? – perguntou ele, o que me estranhou.
— William... Você voltou ao normal, William? Esse é você mesmo!? – eu perguntei, correndo em direção a ele.
Uma corrente foi criada e ele me prendeu ali. Senti essa corrente sugar cada vez mais meu Chi. A roupa desapareceu. A lança também. Sem nenhuma armadura, eu não consegui ficar em pé. Eu ainda estava com a coluna quebrada e ele se aproveitou disso, subindo em cima de mim:
— Cadê o “Anjo das Águas” agora?
Ele tinha lido meu pensamento na hora que eu dei o apelido para aquela roupa.
— O que você vai fazer, William? Me matar? Esse é o líder dos Caçadores? Cadê a paz em você? Cadê o amor que você sente pela Fernanda?
William pegou a faca que estava usando ao meu lado e a levantou, pronto para me matar:
— Adeus, Anark!
Eu fechei os olhos, rendendo-me a morte. Eu senti aquela faca cortando o ar rapidamente, aproximando-se de mim. Em questão de segundos aquilo parou. Senti gotas de sangue caírem sobre meu rosto e escorrerem até caírem naquela passarela de grama. Quando eu olhei, vi uma lâmina enorme atravessando o coração de William e quase me perfurando também.
— Está salvo, irmão. – disse Thaylor, tirando-me dali enquanto William cambaleava para trás com a mão na espada.
Com um mar de sangue saindo de sua boca, William conseguiu tirar a espada de dentro do seu corpo, mas não resistiu. Como Thaylor enfiou a espada no coração de William, sua morte foi questão de segundos. Ele caiu no chão, com lágrimas de arrependimento, dor e saudades. Sem nenhuma última palavra de Fernanda, nem despedida com o pessoal da guilda, William, o Caçador mais forte, nos deixou. Ele estava morto.
Quando eu vi aquela cena, meus olhos encheram de lágrima e não consegui conter o choro. Dei um abraço no meu irmão e me derramei na tristeza. A roupa angelical tinha voltado e a corrente sugadora de Chi, desaparecido, por isso estava de pé e abraçado no meu maninho.
— Não fica assim, Anark. Era você ou ele. Ainda bem que consegui chegar a tempo. Precisamos salvar o pessoal da guilda. Eles vão enfrentar uma tal de Maju.
— A culpa disso tudo... é dela. – eu acusei, ainda em prantos. – Eu vou matar aquela desgraçada. Eu vou matar aquela ordinária.
A fúria me fez mais forte e o choro desapareceu. Thaylor, como era conhecido pela God-20: Deus do Tempo e do Espaço, abriu um portal. Ele pegou William no colo e atravessou o portal ao meu lado.
Do outro lado estava o pessoal da guilda, mas era como se William tivesse parado o tempo e me levado para o outro lugar. Para eles, em um segundo eu desapareci com ele e no outro reapareci com meu irmão segurando seu cadáver. Ninguém entendeu nada, apenas todos fizeram um círculo em volta do corpo do líder e começaram a chorar.
A tristeza atingiu até o meu irmão, que se virou e foi em direção à torre onde a Maju estava:
— Onde você vai?
— Eu vou acabar com isso. Vou enfrentar ela. Vá atrás do filho de William. Diga ao Zero que seus pais morreram. – respondeu William, subindo as escadas e desaparecendo na sombra interna da torre.
Naquele momento eu senti o imenso poder de Thaylor, mas também um outro poder mágico interferiu nesse sentimento. Sem poder me mexer, eu percebi Zero se aproximando de William. Quem o libertou? Ele não soube responder. Disse que alguém fez ele dormir e quando acordou, estava livre. Eu comentei sobre a morte de seus pais e ele não demonstrou tristeza alguma, apenas uma fúria gigante. E assim como Thaylor, ele subiu aquelas escadas, correndo.
Eu não sabia o quão forte era Maju, mas tinha certeza de que ela jamais venceria Zero e Thaylor. A vingança veio a calhar e em pensamento comecei a desejar a morte de Maju. Eu também subi aquelas escadas e quando o pessoal da guilda percebeu, todos – exceto Lilly, que estava cuidando do corpo do Will, subiram também. Maju estava encrencada, já que seria obrigada a enfrentar quase todos da guilda.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E com esse triste capítulo encerro essa temporada. A quinta temporada virá o mais rápido possível, com a luta final da Maju contra os Caçadores.
Nome da quinta temporada: A Última Guerra