Parte Única: Interceptação

O Continente Hermoni consiste em três divisões geográficas bastante geométricas. Considerando um círculo de terra rodeado por água, na sua parte esquerda ficava uma densa e extensa praia, bem semelhante a um deserto. No centro e pegando parte direita, a floresta de Hermoni. E o restante da parte esquerda, o Reino Kalam em si.

Assim como os outros caçadores, Lillian e Faaram ainda não tinham saído da parte areiosa do continente.

— Isso é uma praia ou um deserto, Lilian?? Não aguento mais andar e minhas pernas estão esgotadas. Se fosse noite eu usaria a minha magia para nos locomover, mas infelizmente o Sol é dono das tardes. – comentou Faaram, ofegante.

Lilian olhou para ele e deu risada:

— Para de ser frouxo, homem. Faz nem dez minutos que deixamos nosso repouso e você já está cansado. Pelo amor, hein.

Eles continuaram caminhando, até que o Sol estivesse completamente escondido. Feliz, Faaram pegou sua adaga de pedras azuis e fincou na divisa da floresta com a praia. Um enorme campo de luz azul foi criado. Uma bela magia que colocou os dois caçadores dentro de um campo de energia azul para protege-los:

— Vamos descansar mais um pouco. Já chegamos na floresta. Foi uma longa caminhada. – pediu Jin, se jogando no pouco de areia que restava sobre as folhas secas da floresta.

— Nossa, já é a nossa milésima pausa. Desse jeito não vamos chegar na cidade nunca.

— Não é cidade, Lilly. É Reino. Reino Kalam.

— E como você sabe? – perguntou Lilian, sentada com as pernas “borboletadas”.

Olhando para o céu cheio de estrelas, Faaram respondeu:

— A Lua me diz tudo que eu preciso saber. Pelo menos quase tudo.

Em um tom de deboche, Lilly (apelido da Lilian) comentou:

— Você e a Lua. Um romance sem fim, hein.

Com um olhar triste, ele respondeu:

— A Lua me traiu.

— E você acreditou que era para valer?

— Conheço essa música, Lilly. E essa piada não cola mais. É sério. Quando eu precisei dela... quando eu precisei de sua ajuda...

Em um pulo, Faaram parou de falar, pegou a sua adaga e começou a conjurar energia:

— O que aconteceu? – perguntou ela.

— Tem gente aqui! Gente ruim.

Lilian pegou sua espada do cabo rosa e se preparou para a batalha. Ela percebeu ao longe quatro pessoas se aproximando:

— Quatro magos? Será que eles são nossos inimigos?

— Claro que é! Se a gente está em território inimigo, numa praia infinita com areia em todos os lados e um grupo de quatro magos está em nossa direção, magos desconhecidos, com certeza amigos não são.

— Grosseiro, hein, Faaram.

— Apenas lógico.

Em questão de segundos o quarteto alcançou os dois. Eram eles: Jin, Kosaki Kishi, Clodoof Tuncay e Evren Olunfunk.

Kosaki, homem de baixa estatura, magro, cabelo espetado preto e olhos verdes. Uma camisa branca com colete preto, calça preta e sapatos pretos de couro. Pele branca e clara.

Clodoof, bem parecido com Kosaki, mas cabelo branco e longo, um pouco mais alto, mesma roupa e um anel anexado a uma lamina negra.

Evren Olunfunk. Uma mulher bem forte, morena do cabelo castanho escuro. Um top marrom e uma calça toda rasgada preta. Pés descalços.

— Foi fácil encontrar vocês dois. – comentou Jin, de braços cruzados.

— É por que eu fiquei pausando toda a hora. Não sou obrigado a ficar andando. – comentou Faaram, grosseiro.

— Que menino sem educação!! – gritou Kosaki, mexendo em seus cabelo espetado de forma bem extravagante e esnobe. – Vamos acabar com eles, Jin? Tô doido pra quebrar essa barreira azul, aí.

Faaram pegou alisou a sua adaga e o campo protetor desapareceu, favorecendo o inimigo. Furiosa com tal feito, Lilly deu um soco em Faaram:

— Burro! Porque fez isso, seu trouxa!?

— Essa barreira consome muita energia azul! Não consigo lutar com um campo desse ativado. E essa barreira não é tão forte assim.

Clodoof começou a gargalhar, apontando o dedo para Faaram:

— Que idiota!! Uma barreira daquela consome muita energia e mesmo assim não é eficiente!

Em um segundo e em uma velocidade surpreendente, Faaram (com sua adaga) fez um corte na garganta de Clodoof, calando-o para sempre. Os outros três inimigos deram saltos para trás. Até mesmo Lilly se impressionou com a velocidade de seu amigo. Parecia um teleporte de tão rápido, mas Jin conseguiu ver a trajetória de todos seus movimentos.

— Ele é bem rápido. – comentou Evren. – Se quiser eu lido com ele primeiro.

— Não, Evren. – não deixou Jin. – A sua magia é a conversão de Chi em força. Isso fez seu corpo musculoso pesado. É uma presa fácil para a velocidade dele. E não sabemos sequer a magia dele, a não ser criar barreiras inúteis.

Kosaki deu uma risadinha e foi para cima de Faaram – que tentou um corte de mesma intensidade, mas sem sucesso:

— O que? Meu corte não funcionou? O que você está fazendo, Lua? – se perguntou Faaram, levando em seguida um soco no rosto que o fez comer areia a frente.

Kosaki, tranquilo, respondeu:

— A minha magia consiste em criar barreiras. Eu utilizo uma armadura invisível como barreira protetora em meu corpo o tempo todo. Isso significa que meu corpo é impenetrável. Além disso, a minha força aumenta por conta do peso da “armadura”. Essa é a minha magia. Vector Field.

Lilly, com sua espada, foi para cima de Kosaki, mas foi logo impedida:

— Essa espada não vai cortar em nada o meu corpo. Ele é duro feito pedra e eu sou forte feito uma montanha. – filosofou Evren, segurando a lamina da espada com uma só mão.

Achando melhor deixar sua espada de lado, Lilly deu uns passos para trás, ficando ao lado de Faaram, que tinha acabado de se levantar.

Jin pediu para que Evren e Kosaki se afastassem:

— É minha luta. A Rainha pediu para que eu desse um jeito, então vocês vão ficar olhando para ver como se faz. Ghost Body.

O corpo de Jin apresentou uma opacidade irregular, como se fosse o corpo de um fantasma (semi-transparente). A sua presença mágica desapareceu, o que deixou Faaram e Lilly assustados, já que eles não sabiam o que viria a seguir:

— Lilly. Vai atrás daqueles dois. Eu dou conta dessa aí.

— Folgado!! Você vai deixar dois inimigos para uma mulher? Vai lá você! – retrucou Lilly, dando um passo para trás forçando ele a ir.

Rapidamente, Faaram jogou Evren e Kozaki longe com apenas um projétil de energia azul (um jeito estranho dele chamar energia absorvida da luz da Lua).

O campo de batalha foi dividido. Definitivamente, seria Jin contra Lilly e Faaram contra Evren e Kozaki. De certa forma uma luta injusta, mas que vai prometer grandes conclusões.