Estava ventando muito naquela rua deserta. Os cabelos ondulados de Lilian entravam em sua boca:

— Preciso encontrar o pessoal. – Comentou ela. – Não consigo entender muito bem o que está acontecendo. Eu me confundo com tanto Chi por perto.

Atrás de um poste estava ele, Sagan, tocando a sua flauta para acalmar aquele clima de guerra. Lilian encarou aquilo com estranheza e se aproximou:

— Hey. Quem é você? O que está fazendo aqui no meio dessa guerra? Vá para casa! É perigoso!

Sagan, enfurecido por ter tido sua música interrompida, guardou a sua flauta e saiu de trás do poste, revelando-se e se identificando:

— Meu nome é Sagan e faço parte do que você chama de guerra.

Assustada, Lilian deu alguns passos para trás. Não tinha desconfiado que aquele rapaz era seu inimigo. Burrinha!

— Você é da Yambakka? – Perguntou ela, mas quase que afirmando. A sua mão já estava no punho de sua espada, pronta para sacá-la.

— Infelizmente. Você é uma Caçadora. Percebi pela sua bondade ao me pedir para ir para casa.

— Não fiz mais do que minha obrigação. Vamos ter que brigar, pelo visto.

Sagan deu uma risadinha irônica e olhou para a sua mão esquerda, perguntando:

— Então você vai ser minha oponente? Detesto lutar contra estranhos. Não era esse meu trabalho oficial.

Lilian pegou uma espada que tinha achado perto de sua casa uma semana antes e se preparou para a luta:

— Não me subestime, Sagan. Sou uma estranha muito poderosa.

— Odeio ouvir o som do meu nome. Odeio Sagan. Lilian é um belo nome para tal estranheza.

Ignorando os comentários do oponente, Lilian correu com tudo em sua direção. Ela tentou um golpe com sua espada, mas Sagan desviou de forma surpreendente e intrigante. Após isso ele tomou um pouco de distância e juntou ondas sonoras em suas mãos e as lançou contra Lilian.

Atingida, ela capotou e deslizou naquele asfalto cinza e não muito liso. Ainda com vontade de vencer, Lilian correu ainda mais rápido para atingir Sagan, que ao mesmo tempo criou uma barreira sonora que após se solidificar atingiu Lilian, novamente jogando ela longe.

— Eu tenho certeza que isso não é tudo que você tem. – Analisou Sagan, com as mãos no bolso.

Ofegante, cansada e toda ralada, Lilian olhou para ele e citou sua magia:

— Feitiço. — Fez um movimento com a mão como se ela estivesse dançando e o ar ao seu lado foi se condensando e criando forma sólida. Resultado: Lilian solidificou o ar e criou um clone de si mesma, partilhando de sua força. Um clone com apenas o formato de seu corpo, totalmente feito de ar, transparente.

O clone de Lilian correu em direção à Sagan, que desviou de todos os socos e chutes. A dona do clone percebeu que um só não era suficiente, então da mesma forma que criou o primeiro, clonou-o em outros três. Todos com a mesma força da de Lilian.

Entretanto, com quatro magos tentando o acertar, Sagan estava muito tranquilo e surpreendentemente ainda não tinha sido atingido e demoraria muito para ser.

Ele precisava fazer alguma coisa, caso contrário, uma hora iria cansar e ser atingido. Esperto, Sagan estalou seus dedos e dali uma gigantesca onda sonora percorreu os ouvidos de Lilian e seus clones. Um som que ao percorrer o cérebro do ouvinte, o paralisa.

Paralisados, os clones foram golpeados e sumiram, um por um, por Sagan. No final, restou Lilian, que estava deitada de barriga para cima sem poder se mexer:

— Lilian. Eu percebi que sua magia é bela. Eu já vi algo parecido antes. Você materializa qualquer elemento com apenas um toque. Digamos que você é uma maga de todos os elementos. Basta você... tocar. – Sagan se abaixou e mexeu nos cabelos de Lilian.

— Quem é você? Jamais alguém conseguiu desviar de tantos clones de ar dessa forma.

Sagan olhou para trás ao perceber algumas pessoas se aproximando. Rapidamente, antes de fugir, respondeu:

— Eu sou o terceiro mago mais forte da Yambakka. Entretanto, tal guilda será derrotada pela sua. Preciso fugir antes que seja tarde demais.

O corpo de Sagan começou a vibrar e explodiu, emitindo uma enorme onda sonora que quebrou todos os vidros das janelas das lojas e casas que tinham ali.

Nanda, Anark – euzinho, Fairy e Aghata chegaram e socorreram Lilian, que estava imobilizada.

— O que aconteceu com você, Lilian? – Perguntou Nanda, sentando-se e colocando a cabeça de Lilian em seu colo.

Chorando pela sua derrota, ela respondeu:

— Eu perdi! Eu deixei... Sagan escapar. Ele era forte demais. Ele... ele... – Lilian não aguentou ter perdido e por isso se derramava em lágrimas.

Eu olhei para todos aqueles vidros quebrados. A bagunça que aquela rápida batalha tinha sequenciado e pensei:

“Realmente esse Sagan é forte. Aonde ele está agora? Pelo visto ele fugiu assim que viu a gente. ”

Nanda abraçou Lilian e a deixou deitada no chão, dando espaço para Fairy fazer alguma coisa. Com sua bela e precisa magia, Fairy abriu as mãos e elas começaram a emitir uma luz branca. Tocou os ouvidos de Lilian e rapidamente ela se recuperou:

— Você está bem, agora. Seu cérebro já voltou ao normal.

— Obrigado, mas quem é você?

Eu expliquei para Lilian, comentando sobre a luta entre eu e Blaze.

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Com aquele corpo de criança em forma, Darcy foi a Caçadora que mais chegou longe. Estava quase saindo da cidade, mas parou no meio daquele pasto sem gado. Estava cansada de correr de Martin e Yambe. Decidiu parar e lutar:

— Vou ter que lutar. Quanto mais eu corro deles, mais eles me alcançam.

Em questão de segundos os dois membros mais fortes da Yambakka pararam de perseguir Darcy. Eles estavam bem atrás dela.

— Enfim encontramos você, líder dos Caçadores. – Aliviou Martin, ficando em chamas.

Darcy deu alguns passos para trás ao ver que a magia de Martin e Yambe eram, individualmente, bem maiores do que a sua:

— As magias de vocês... como?

— Ningirama nos deu esse poder. Ele reconheceu vossa força e precisou dar um pouco de sua magia para a gente. Não adianta fugir, Darcy. Até os seus amiguinhos virem aqui, você já foi derrotada. – Yambe.

A líder dos Caçadores não teve outra opção à não ser começar a lutar. Ela uniu suas mãos em forma de reza e seu corpo começou a brilhar muito forte:

— Light Script. — O corpo de Darcy começou a se revestir por três camadas de luz solidificada. Apenas os olhos de Darcy eram visíveis naquela armadura de luz.

Yambe começou a rir como uma velha fumante e depois tossiu. Martin deu uma tapinha em suas costas, preocupado:

— Deixa ela comigo. Apenas assista a nossa vitória.

Martin, com seu ofensivo corpo flamejante e Darcy, com sua protetora armadura iluminada – uma batalha decisiva e sem rumo. Luz contra fogo: quem vencerá?