Um Imprinting Inesperado escrita por valentinaLB


Capítulo 13
Capítulo 10 - Solidão




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CAPÍTULO 10 – SOLIDÃO

POV JACOB

Não posso dizer que abandonei minha vida em New York porque eu não tinha mais vida.

Karen ficou pasma quando, com o rosto inchado de chorar, avisei que ia fechar o consultório e me mudar para Forks de novo.

- Jacob, você enlouqueceu?

- Quando puder te explico tudo, Karen. Não se preocupe, vou continuar pagando seu salário até você encontrar outro emprego – falei.

- Jacob, não é isso que me preocupa. Mas e sua carreira, suas pacientes? Seu consultório é um sucesso, você é um excelente médico. O que está acontecendo? Pode se abrir comigo, sou sua amiga. – Karen estava indignada.

- Por favor, confie em mim. Está tudo bem. Preciso ficar longe de New York por uns tempos, mas não é nada sério, não se preocupe. Quando me sentir melhor, te ligo explicando. Vou viajar hoje à noite e gostaria que você organizasse o fechamento do escritório e do meu apartamento. Não sei quando volto.

- Pode deixar, cuidarei de tudo. Quando regressar, tudo estará te esperando em perfeita ordem, inclusive eu, meu amigo. – Os olhos de Karen estavam marejados de lágrimas.

- Eu sei disso, amiga. Obrigado.

Abraçamo-nos e saí sem olhar para trás.

Não conseguia parar de pensar em Nessie e no sofrimento que tinha lhe causado. Ela tinha sido levada a entender tudo errado, e estava me odiando por isso.

Se tivesse podido me explicar talvez ela perdoasse minha mentira, mas por amor incondicional a ela estava indo embora para sempre.

Depois de uma longa viagem de carro, praticamente atravessando o país, cheguei a Forks debaixo de chuva, o que não era nada extraordinário.

Tinha aproveitado aqueles dias de viagem para pensar no meu futuro na aldeia. Tinha ligado para Sam e contado tudo, desde o primeiro encontro com Renesmee até a chantagem do Sr. Cullen.

Meu amigo me deu muita força e se mostrou entusiasmado com minha volta para  La Push. Só outro lobisomem poderia entender o que era ficar longe de pessoa com quem sofrera um imprinting. Ele sabia o tamanho da minha dor.

Dei uma volta pela cidade, relembrando os velhos tempos. Uma onda de nostalgia me invadiu.

Rumei para a Aldeia Quileute, sabendo que a emoção maior estava por vir.

Avistei Sam parado na frente de minha antiga casa. Senti meu peito se encolher. Se ainda tivesse lágrimas, teria chorado... mas eu não as tinha mais.

Desci do carro e abracei meu companheiro. Não precisamos dizer nada, tínhamos uma ligação forte o bastante para nos entendermos sem palavras.

- Bem vindo ao lar, amigo! Estamos muito felizes com sua volta. Agora você está entre irmãos, conte conosco.

- Sei disso, Sam. Obrigado por tudo – falei, comovido com aquela calorosa recepção.

- Arrumamos sua casa. Tá tudo limpo e tem comida na geladeira. O pessoal tá doido pra te encontrar, mas acha melhor você descansar o resto da noite. Amanhã virão te ver.

- Senti falta disso tudo – disse, olhando minha velha casa. – Este aqui é meu verdadeiro lugar.

- Então aproveite. Vou deixar você sozinho. E saiba que também sentimos muito sua falta, amigo.

Esperei Sam se afastar e só então entrei em casa. Velhas memórias tomaram conta de minha mente. Meu pai, minhas irmãs, as transformações, os vampiros, as caçadas...

Meu passado esta ali bem na minha frente... e meu futuro também.

Demorei para pegar no sono. Sentia falta de Nessie, falta de seu sorriso, da sua voz, de seus beijos e do seu corpo. Ela esteve em meus braços por pouco tempo, mas o suficiente para deixar marcas profundas.

Se não poderia tê-la novamente então nunca mais tocaria em outra mulher. Só Nessie me servia... era só ela que eu queria.

Depois de acabadas todas as festas para comemorar minha volta, e isso durou dias, resolvi que já estava na hora de começar a realizar o sonho do Velho Billy. Montei um consultório e comecei a clinicar.

O trabalho era o único momento de alívio que tinha. Assim que voltava pra casa a dor me consumia. Ficava até altas lembrando-me de Nessie e só quando o cansaço se tornava insuportável é que dormia.

Minha tristeza era minha maior companheira.

Os meses se arrastavam. Tinha aprendido a lidar com minha falta de sentimentos. Eu estava oco por dentro. A dor tinha tomado conta de tudo. Era tão forte e constante que eu nem a sentia mais, já fazia parte do que eu era.

Ainda assim, dia após dia, esperava uma carta, um telefonema... Sempre que o telefone tocava sentia um frio no estômago... mas nunca era ela, nunca.

Seis meses tinham se passado. Estava em casa, assistindo um programa no qual não prestava a mínima atenção quando o telefone tocou.

- Alô.

- Jacob Black, esperava nunca ter de dizer isso na minha vida, mas... preciso de sua ajuda.

- Como? – Reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo. Edward Cullen me pegou de surpresa.

- Nessie está doente, muito doente.

Minha vista escureceu. Não!!! Se acontecesse alguma coisa com Nessie eu também não viveria mais, não haveria mais sentido nenhum em respirar.

Não conseguia dizer nada, a voz não saía.

- Jacob, ainda está aí?

- Sim, es... estou.

- Venha vê-la, por favor – ele quase implorava.

- Estarei aí o mais rápido possível, pode esperar.

POV NESSIE

Passava o tempo todo em meu quarto, chorando. Não tinha fome nem conseguia dormir. Também não queria falar com ninguém.

Parei de ir à escola. Não suportaria encontrar Mike e também não me agradava o fato de ter de conviver com outras pessoas.

Esperei por muitos dias que Jacob me procurasse para se explicar, pedir desculpas, mas ele não apareceu. Nunca mais me ligou nem mandou notícias. Tive a certeza de que ele já tinha conseguido o que realmente queria. Eu era um “caso arquivado” para ele.

Trouxeram-me psicólogos e médicos, mas nada fazia aquela dor diminuir. A cada dia que passava ela era mais insuportável, mais avassaladora, e eu me fechava mais ainda no meu mundo de sofrimento.

Acordei com uma enfermeira no quarto. Ela tinha vindo me colocar no soro. Estava tão fraca que precisava de ajuda para ir ao banheiro.

- Renesmee, sou a Srta. Constance. Vou precisar colocar esta agulha em sua mão para conectar o soro. Prometo que não vai doer muito.

Qualquer dor a mais não faria muita diferença, seria apenas... uma dor a mais...

Já não conseguia ficar sequer com a luz do quarto acesa. Eu só queria escuridão... silêncio... morte. Sim, eu queria morrer para ver se a dor acabava.

Depressão. Esse foi meu diagnóstico.  Possivelmente causada por trauma ou desilusão, assim ouvi o psiquiatra falar para o meu pai.

- Cuide bem dela e não a deixem sem os remédios – falou o Dr. Flenning para minha mãe. – Depressão é uma doença perigosa, Sra. Cullen.

Vi o desespero nos olhos dela. Eu era a culpada por aquilo.

- Nessie, meu amor, você precisa reagir. Você não vai agüentar viver desse jeito. – Minha mãe tentava me fazer enxergar a seriedade da minha situação.

Eu sequer respondia. Não tinha como justificar minhas atitudes. Eu simplesmente não conseguia agir de outra forma, por mais que tentasse.

- Vamos ter de te internar, Nessie. – Meu pai, mesmo sofrendo com tudo aquilo, tentava se mostrar objetivo. – Você terá de ir para um hospital, filha. Eu e sua mãe já não podemos fazer mais nada.

O sofrimento de meus pais me deixava pior ainda. Eles não mereciam passar por aquilo, eu é que tinha caído naquela armadilha cruel. Quem tinha de pagar por isso era eu, só eu.

Mais de cinco meses tinham de passado e eu ainda me sentia como se estivesse sendo sugada por areias movediças. Cada dia mais enterrada naquele pântano escuro de solidão.

- Mãe, apaga a luz por favor – era tudo o que conseguia falar.

E assim voltava ao meu inferno particular.

POV EDWARD

Voltei do consultório cheio de sentimentos contraditórios. Por um lado estava feliz de ter afastado Jacob Black da minha filha e por outro me sentia incomodado com o choro daquele homem. Algo nele parecia tão real...

Liguei para o pai de Mike, que era meu cliente também, e contei-lhe o acontecido. Ele prometeu punir o filho exemplarmente e pediu mil desculpas.

Passados alguns dias me certifiquei se Jacob tinha cumprido o prometido. Realmente o Dr. Black tinha fechado seu consultório e se mudado para Forks. Pelo menos ele era um homem de palavra.

No início pensei que Nessie, como uma legítima adolescente, sofreria por alguns dias e depois retomaria sua rotina, até mesmo se apaixonando novamente.

Não foi o que aconteceu. Minha filha se refugiou em seu quarto e não saiu mais de lá.

A cada dia que passava Nessie parecia pior.

Não comia, não falava, não ria. Nem de longe lembrava aquela garota alegre que se tornara, desde seu nascimento, a razão da minha vida. Ver minha garotinha sofrendo daquela maneira era insuportável. Eu odiava Jacob Black por isso.

Pedimos ajuda a psicólogos, mas Nessie não falava com eles. Aliás, ela não falava com ninguém.

Tivemos de colocá-la no soro, conforme sugestão médica, para ser hidratada e recuperar as forças.

Quando percebi que a coisa estava fugindo do controle, chamei um psiquiatra para vê-la.

- Sr. Cullen – disse, depois de examiná-la – sua filha está com um quadro de depressão severa. Precisa ser medicada e acompanhada.

- E o que é preciso para curá-la – perguntei.

- É um tratamento longo e delicado. Ela precisará de muito carinho e atenção. Deve ter passado por algum trauma ou desilusão, estou certo?

- Sim, está – respondi.

- Minha filha vai ficar boa, doutor? Não agüento ver todo esse sofrimento em seus olhos. – Bella perguntou. Estava sofrendo muito também. Vivia chorando pelos cantos.

- Cuide bem dela e não a deixem sem os remédios – falou o Dr. Flenning. – Depressão é uma doença perigosa, Sra. Cullen.

Tentávamos conversar com Nessie. Pedíamos que reagisse. Até falamos da possibilidade de interná-la, o que não estava muito longe de se tornar necessário, mas era como se ela nem nos ouvisse. Nessie parecia não se importar com nada que pudesse lhe acontecer. Ela estava mergulhada na escuridão.

Respirei fundo e tomei uma decisão. Faria algo que jamais imaginei. Peguei o telefone e disquei o número do celular do Dr. Jacob Black.

Eu já tinha dito a ele que faria qualquer coisa por minha filha... e fiz.


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