CAPÍTULO 11 – REENCONTRO

 

POV JACOB

Parei em frente ao prédio e senti meu coração disparar. Nessie estava a poucos metros de mim. Não fazia idéia de como me receberia.

Respirei fundo e me identifiquei ao porteiro que, após me anunciar, pediu-me que subisse.

A porta do apartamento estava aberta. Edward Cullen estava parado no hall, com uma expressão indecifrável.

- Obrigado por ter vindo – falou secamente, mas tinha gratidão em seus olhos.

- Eu vim por ela – respondi.

Ele me convidou a entrar. Senti as pernas bambas, na expectativa de Nessie estar na sala, mas ela não estava. O apartamento estava silencioso.

- Boa tarde, sou Bella, mãe de Nessie. – Uma mulher jovem e bonita apareceu e me estendeu as mãos num gesto mais cordial do que o do marido.

- Boa tarde, Sra. Cullen. É um prazer conhecê-la – respondi gentilmente.

- Poderia me acompanhar ao meu escritório, Dr. Black? – Edward ainda parecia desconfortável com minha presença.

- Claro, claro.

Sentamo-nos no sofá de couro preto que harmonicamente compunha a decoração clássica do cômodo. Não me sentia à vontade. Queria estar com Nessie.

- Minha filha não sabe que o chamei. Nem sequer sabe que você foi embora da cidade. Deixei que pensasse que você simplesmente não a procurou mais. Não tenho o direito de lhe pedir que não mencione nossa conversa em seu consultório. Faça o que achar melhor. Só te peço que, pelo amor de Deus, faça algo que ajude Nessie a sair dessa profunda tristeza em que se encontra. Se quiser colocar toda a culpa de seu sumiço em mim, tudo bem. Nessie pode até me odiar, desde que a veja sorrir novamente, eu agüento.

- Não tenho por que colocar sua filha contra o senhor. Tudo que fez foi pensando em protegê-la. Se não ganhei sua confiança, a culpa foi totalmente minha. Podemos ter agido de forma errada, mas foi, com certeza, tentando acertar.

- Sr. Cullen – continuei – tive uma idéia quando vinha para cá e espero que o senhor entenda e não se oponha. Se Nessie concordar, gostaria de levá-la comigo para Forks, para passar alguns dias. Sei que não confia em mim, então não vou gastar meu tempo garantindo que respeitarei sua filha. Gostaria apenas que ela conhecesse minhas origens, talvez assim entendesse melhor meu comportamento e meus sentimentos por ela.

- Em outra situação eu o esmurraria simplesmente por sugerir isso. Mas no desespero que eu e Bella nos encontramos, só de você conseguir tirar Nessie daquele quarto já seria motivo suficiente para permitirmos. Vocês já foram longe o suficiente para não ter de me preocupar com o que pode acontecer.

- Ainda vou provar a você que amo sua filha mais que minha própria vida, Sr. Cullen.

Ele me encarou demoradamente. Parecia pensativo.

Saímos do escritório e fui levado até a porta do quarto de Nessie. Meu coração batia descompassado e minhas mãos estavam geladas.

Edward se afastou, deixando-me sozinho. Girei a maçaneta e entrei, deparando-me com a escuridão que envolvia o cômodo frio. Sobre a cama, coberta por um edredom, vi a figura frágil e doente da garota por quem me apaixonei.

Aproximei-me e sentei na beira da cama. Ela nem se mexeu, dormia profundamente. Fiquei ali, contemplando seu rosto. Ela estava magra, com uma aparência abatida, mas ainda assim estava linda.

Levei minha mão até seu rosto e a acariciei levemente. Sua pele parecia de cetim.

Como médico, foi impossível não perceber as evidências dos danos físicos que nossa separação tinha lhe causado. Não era difícil supor que os danos emocionais tinham sido mais devastadores ainda.

Uma lágrima escorreu de meus olhos. Eu tinha destruído os sonhos daquela menina. Não era essa, de forma nenhuma, minha intenção, mas as coisas não tinham saído como imaginei e agora eu estava ali, tentando consertar o estrago que tinha feito, se é que isso ainda fosse possível.

Subi minhas mãos para seus cabelos, afagando-os. Percebi que seus lábios se moveram, esboçando um leve sorriso.

- Jacob... – disse baixinho, de olhos fechados.

Senti todo meu corpo enrijecer. Ela estava sonhando comigo!!!

- Nessie, meu amor, eu estou aqui – sussurrei.

- Eu te amo. – Uma lágrima escorreu por sua face. Ela ainda dormia.

Coloquei o rosto entre as mãos e chorei. Um choro silencioso para não acordá-la, repleto de dor e alegria ao mesmo tempo.

“Ela ainda me amava!!!” . Mesmo depois de todo o sofrimento que a fiz passar, ela ainda me amava!

- Nessie – chamei um pouco mais alto. Queria acordá-la.

Ela se mexeu lentamente e abriu os olhos. Piscou algumas vezes como se não acreditasse no que via.

- Se eu soubesse que te reencontraria, teria morrido antes – disse, sorrindo encantadoramente.

- Você não morreu, Nessie. Graças a Deus está viva. Eu vim te ver – disse, segurando sua mão.

Seu sorriso foi se transformando em uma expressão de espanto e lágrimas grossas caíram de seus olhos. Ela estava atordoada.

- Não chore meu amor, por favor, não chore. – Sequei suas bochechas com meus dedos. - Eu não devia ter me afastado de você. Fiz tudo errado, mas agora estou aqui. Tem tanta coisa que quero te falar, te explicar.

- Oh Jacob! – Ela se sentou, estendendo seus braços para mim.

Num movimento rápido a abracei e coloquei-a em meu colo, aninhando-a em meu peito.

- Sinto muito, Nessie... sinto muito. Nunca quis que sofresse assim, meu amor, nunca.

Ela não dizia nada, apenas chorava. Seus braços se fechavam com força em volta do meu pescoço. Era como se quisesse ter certeza que eu não iria mais embora.

Tê-la em meus braços me fez lembrar a nossa noite de amor, nossa primeira e única. Depois disso tanta coisa tinha acontecido... Toda a felicidade daquele momento tinha se transformado num pesadelo. Mas acreditava que ainda podíamos ser felizes juntos, mas para isso era preciso que não houvesse mais mentiras nem segredos entre nós.

Percebi que ela começava a se acalmar.

- Nessie, – afastei- a de meu peito para que pudesse olhar em seu rosto – sei que está chateada comigo e entendo seus motivos, mas tem tantas coisas que preciso te contar para que possa entender o que eu fiz. Por favor, deixe me explicar.

- Você não me procurou mais, Jacob. Eu fiquei tão so... sozinha! – Ela começou a chorar novamente e pude sentir sua mágoa. Aquilo me doeu fundo.

- Eu li seu bilhete. Percebi o quanto estava magoada comigo e o quanto a tinha ferido. Achei que o melhor pra você seria sumir de sua vida, deixá-la me esquecer, mas nunca deixei de te amar, Nessie. Eu pensava em você em todos os momento. Eu também estava sofrendo com sua falta, tanto que nem consigo expressar com palavras.

- Você mentiu pra mim...  Você só queria me levar pra cama. – Sua voz era carregada de ressentimento.

- Não pode acreditar num absurdo deste, meu amor. Eu me apaixonei por você desde a primeira vez que a vi. Fazer amor com você foi a coisa mais linda que já aconteceu na minha vida. Se usei de mentiras para te conhecer melhor, sabe que estou me referindo à pesquisa, é porque fiquei desesperado com a possibilidade de não te ver mais. Você ia se entregar a Mike e eu não podia deixar que isso acontecesse. Eu ia te contar tudo, mas não tivemos tempo – falei, cheio de angústia na voz.

- Não sei mais no que acreditar, minha cabeça está rodando. – Ela parecia bastante fraca.

Coloquei-a de volta à cama, descansando sua cabeça no travesseiro.

- Acredite no seu coração, Nessie. Lembre-se de quando fizemos amor. Acredita mesmo que eu poderia estar fingindo? Será que não consegui demonstrar o quanto você é especial para mim? Não duvide do meu amor por você. Ninguém jamais a amará como eu amo.

Dei um beijo em sua testa e enxuguei seu rosto ainda molhado pelas lágrimas.

- Eu quero tanto acreditar nisso – ela falou, olhando em meus olhos.

- Nessie, eu posso te provar que meu amor por você é incondicional, mas para isso preciso que você compreenda alguns detalhes da minha vida. Pode parecer sem sentido o que estou dizendo agora, mas depois você entenderá. Para isso gostaria que você fosse para Forks comigo. É lá que fica minha aldeia. Seu pai permitiu, desde que seja sua vontade. Podemos agir apenas como amigos, se você quiser. Por favor, venha comigo – falei, quase implorando mesmo.

- Viajar com você?? – Ela parecia assustada com meu convite.

- É, vai ser bom pra você. Lá, apesar de chover muito – disse rindo – é lindo!! Temos muitas florestas, praias. Vai te fazer bem mudar de ares. Se sentirá melhor. Prometo que me comportarei como um verdadeiro cavalheiro.

Pela primeira vez a vi sorrindo de verdade.

- O que você deu pro meu pai pra ele concordar com isso, alguma erva alucinógena da sua tribo? – A brincadeira dela parecia um sim?

- E então, podemos arrumar suas malas? – Perguntei animado.

- Jacob, eu vou, mas não sei se estou pronta para retomarmos de onde paramos. Eu preciso de um tempo pra digerir tudo isso que aconteceu e ainda está acontecendo.

- Claro, querida. Eu entendo. Estarei esperando até que se sinta segura quanto aos meus e aos seus sentimentos.

Tudo o que eu mais queria era beijá-la. Tê-la ali, tão perto de mim, e não poder sentir seus lábios nos meus era uma tortura, mas eu não forçaria nenhuma barra. Prometi que não faria isso, só não sabia o quanto me custaria.

Nessie me pediu que chamasse sua mãe, queria conversar com ela.

Saí do quarto deixando-a com um sorriso no rosto. Aquele sorriso me devolveu o prazer de viver. Estava novamente junto da mulher da minha vida.

 

POV NESSIE

Sabia que estava sonhando, pois Jacob estava do meu lado. Cuidei para não abrir os olhos, senão tudo acabaria e voltaria para meu inferno particular.

Suas mãos acariciavam meu rosto. Podia sentir até o calor de seu corpo e seu cheiro. Era um dos sonhos mais reais que já tinha tido.

Agora suas mãos estavam em meus cabelos. A dor tinha ido embora. Uma sensação de paz me invadia. Sorri. Senti uma lágrima de felicidade escorrendo em minha face.

“Não abra os olhos Nessie, senão a escuridão volta. Não abra, não abra.”

Chamei seu nome. Quem sabe ele me responderia e eu ouviria sua voz mais uma vez. Uma única vez que fosse já seria suficiente.

“Nessie, meu amor, eu estou aqui.”. Era sua voz... eu a reconheceria em qualquer lugar do mundo.

“Faça-o ficar, Nessie. Não deixe ele te abandonar de novo.”

“ Eu te amo”, sussurrei. Será que assim ele ficaria, se soubesse que eu o amava?

A mão se foi...Ele se foi... Meu amor não bastava. O sonho acabou.

- Nessie! – Era a voz de Jacob.

Desta vez estava tão nítida. Diferente do sonho.

Abri os olhos. Assim que me deparasse com a realidade a voz sumiria e eu poderia dormir de novo. Quem sabe o sonho voltasse, mas Jacob estava bem diante de mim, lindo como sempre. A escuridão não era mais tão opressora, agora ele fazia parte dela.

“Não percebe o que está acontecendo? A dor acabou, você morreu!! Ele está de volta no seu paraíso particular.”

- Se eu soubesse que te reencontraria, teria morrido antes – disse sorrindo.

A morte era tão confortável, não deveríamos temê-la, pensei.

- Você não morreu, Nessie. Graças a Deus está viva. Eu vim te ver.

Não morri? Mas então como poderia estar sentindo suas mãos na minha, seu calor, ouvindo sua voz...

“Meu Deus! Ele está aqui.” Podia sentir suas mãos na minha ( era tão bom) e o calor de seu hálito em minha pele. Tudo foi fazendo sentido... o quarto, a penumbra... tudo era igual, mas Jacob estava bem ali, tinha voltado pra mim. Senti a dor se esvaindo do meu corpo. Lágrimas de felicidade jorravam dos meus olhos. ”Que seja infinito enquanto dure”, pensei. 

- Não chore meu amor, por favor, não chore. – Seus dedos limpavam minhas lágrimas - Eu não devia ter me afastado de você. Fiz tudo errado, mas agora estou aqui. Tem tanta coisa que quero te falar, te explicar.

- Oh, Jacob! –  Sentei-me na cama, estendendo meus braços em sua direção.  Queria tocá-lo para certificar-me que ele era real.

Em segundos estava em seu colo, com o rosto colado em seu peito. Seus braços se fecharam ao redor do meu corpo. Pela primeira vez, em meses, senti paz, alívio. Todo meu sofrimento estava indo embora com o choro, que parecia que saía da minha alma.

- Sinto muito, Nessie... sinto muito. Nunca quis que sofresse assim, meu amor, nunca.

Era a segunda vez que me chamava de “meu amor”. Meu Jacob estava de volta. Ele ainda me amava!

Chorava, abraçada a seu pescoço. As batidas de seu coração foram me acalmando. Eu queria ficar pra sempre em seu colo.

- Nessie, – Jacob disse, afastando-me para que olhasse pra ele – sei que está chateada comigo e entendo seus motivos, mas tem tantas coisas que preciso te contar para que possa entender o que eu fiz. Por favor, deixe me explicar. – Sua voz era triste.

- Você não me procurou mais, Jacob. Eu fiquei tão so... sozinha! – Disse chorando novamente, sentindo pena de mim mesma.

- Eu li seu bilhete. Percebi o quanto estava magoada comigo e o quanto a tinha ferido. Achei que o melhor pra você seria sumir de sua vida, deixá-la me esquecer, mas nunca deixei de te amar, Nessie. Eu pensava em você em todos os momento. Eu também estava sofrendo com sua falta, tanto que nem consigo expressar com palavras.

Tudo bem, tinha escrito aquele bilhete estúpido, mas e a pesquisa falsa? Tanta mentira apenas para ter minha virgindade?

- Você mentiu pra mim. Você só queria me levar pra cama. – Afirmei, sentindo-me desolada por ter sido usada.

- Não pode acreditar num absurdo deste, meu amor. Eu me apaixonei por você desde a primeira vez que a vi. Fazer amor com você foi a coisa mais linda que já aconteceu na minha vida. Se usei de mentiras para te conhecer melhor, sabe que estou me referindo à pesquisa, é porque fiquei desesperado com a possibilidade de não te ver mais.Você ia se entregar a Mike e eu não podia deixar que isso acontecesse. Eu ia te contar tudo, mas não tivemos tempo. – Ele parecia sincero.

- Não sei mais no que acreditar, minha cabeça está rodando. – Queria acreditar nas palavras de Jacob, mas tinha medo de me decepcionar de novo. Minha cabeça começou a rodar, todas aquelas informações estavam me deixando tonta.

Jacob me colocou de volta na cama. Deitada minha tontura começou a melhorar.

- Acredite no seu coração, Nessie. Lembre-se de quando fizemos amor. Acredita mesmo que eu poderia estar fingindo? Será que não consegui demonstrar o quanto você é especial para mim? Não duvide do meu amor por você. Ninguém jamais a amará como eu amo.

Pensando melhor era realmente impossível uma pessoa conseguir fingir tão bem. Jacob tinha me tratado da forma mais atenciosa e carinhosa do mundo. Aquilo não tinha como ser mentira. Em todo momento dizia que me amava, perguntando-me se eu estava bem, se estava sentindo prazer. O que houve entre nós foi único, mágico e só há um nome para descrevê-lo: Amor!!! Não podia ser outra coisa...

Deu um beijo em minha testa e enxugou meu rosto ainda molhado pelas lágrimas. Era tão bom ter seus carinhos de volta.

- Eu quero tanto acreditar nisso – falei olhando em meus olhos, procurando a verdade.

- Nessie, eu posso te provar que meu amor por você é incondicional, mas para isso preciso que você compreenda alguns detalhes da minha vida. Pode parecer sem sentido o que estou dizendo agora, mas depois você entenderá. Para isso gostaria que você fosse para Forks comigo. É lá que fica minha aldeia. Seu pai permitiu, desde que seja sua vontade. Podemos agir apenas como amigos, se você quiser. Por favor, venha comigo. – Parecia que estava implorando para que eu aceitasse.

- Viajar com você?? – Não me lembrava de onde ficava Forks, mas a idéia de viajar sozinha com ele parecia maravilhosa, mas... como foi que meu pai permitiu?

- É, vai ser bom pra você. Lá, apesar de chover muito – ele riu – é lindo!! Temos muitas florestas, praias. Vai te fazer bem mudar de ares. Se sentirá melhor. Prometo que me comportarei como um verdadeiro cavalheiro.

Sim, com ele eu iria até para o fim do mundo. Ele agora era meu herói também, acabara de me tirar daquela escuridão dolorosa. Quanto a sua promessa...Hum!! Se me deixasse levar pelo desejo que ele me despertava, não era bem como um cavalheiro que gostaria que ele se comportasse, mas eu tinha de me controlar, afinal precisava saber se tudo o que estava dizendo era verdade. Seu poder de persuasão tinha feito a segunda vítima: Meu pai!

- O que você deu pro meu pai pra ele concordar com isso, alguma erva alucinógena da sua tribo? – Falei em tom de brincadeira.

Ele estava tão animado que nem se dispôs a me responder.

- E então, podemos arrumar suas malas? – Perguntou.

- Jacob, eu vou, mas não sei se estou pronta para retomarmos de onde paramos. Eu preciso de um tempo pra digerir tudo isso que aconteceu e ainda está acontecendo.

Precisava deixar claro que não seria tão fácil readquirir minha confiança. Por mais que o amasse, e isso era público e notório devido a cara de boba que estava, não queria que ele achasse que eu era boba, acreditando nas primeiras explicações que me desse.

- Claro, querida. Eu entendo. Estarei esperando até que se sinta segura quanto aos meus e aos seus sentimentos.

Tudo o que mais queria era me atirar em seus braços e pedir que me beijasse. Era incrível como ele mexia comigo. Meu corpo parecia viciado em Jacob, e olha que eu só tinha experimentado uma vez...

Antes que fizesse alguma besteira, pedi que ele chamasse minha mãe, ela ia ficar feliz em me ver tão animada e também precisava de sua ajuda para arrumar minhas malas.

Não sei o que me esperava em Forks, mas certamente seria melhor do que meu ex-inferno particular.