Elementos Noturnos escrita por Srta Silva


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo por hoje. Boa leitura!!



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Vi os olhos curiosos de Babi olharem diretamente para os de Valerie. Vi os olhos claros e puxados de Scarlett enquanto ela olhava para Valerie. Eu não tinha reparado nisso, nos olhos claros de Scarlett. Não eram verdes como os meus e de Felicity. Era um mel claríssimo, quase dourado. Babi olhou para o zumbi com uma súbita empolgação.
—Quer dizer que ele faz o que você quer?
—É, ele faz.
Então ela começou a falar sobre o seu especial.
Forcei minha mente a voltar para seu devido lugar. Bem mais rapidamente eu voltei a mim. Felicity não se aguentava de tanta empolgação.
—Esse especial pode ser perfeito. Se você ver a pessoa uma única vez, já pode entrar na mente dela. Acha que consegue?
Eu conseguiria?
Pensei que sim.
Passamos em frente a uma Victoria's Secret e por acaso o V estava em destaque. Aquilo me chamou atenção e me lembrou de algo comentado mais cedo. Então Felicity suspirou desolada. Aí eu lembrei.
—Felicity, você mencionou um...-Como era o nome dele mesmo?
—Vincente, é o nome dele.-Lancei-lhe um olhar afiado.-Desculpa. Ele ficou para trás.
—O que? Por que?
—Salvar o amor da vida dele.
—Ele era o que seu?
—A paixão da minha vida.
Pelo tom da sua voz, eu compreendi o que ela queria dizer.
—Ele não sabia.
—Éramos grandes amigos. Mas eu me apaixonei e ele não. Quer dizer, tinhamos certa atração mas nunca nos beijamos ou lançamos olhares. Vou ser sincera, eu tentei dizer a ele mas sempre perdi a coragem. Não queria que as coisas ficassem estranhas.
Dante suspirou ao meu lado e apertou o volante quando olhei para ele. Felicity riu tristemente e eu me perguntei se eu era a paixão de Dante. Eu esperava que não. Eu gosto muito dele como amigo e...não saberia o que fazer se ele gostasse de mim como namorada. Não saberia mesmo.
—Estamos chegando.-Felicity disse e deu dois socos no teto. Acho que era para avisar.-Estou avisando elas que...ei não me olha assim, não li sua cabeça.-Falou quando lhe lancei um olhar enviesado.-Eu falei que ia bater duas vezes no teto. Elas estão se preparando. Vira ali.-Ela apontou para uma esquina. Antes de Dante virar, vi de relance um caminhão prata. Dante virou e parou o carro. Pegamos tudo e saímos da ambulância. As meninas já estavam fora.
—Gente.-Chamei. Todo mundo olhou para mim.- É o seguinte. Vamos olhar de longe. Separadas em trios. Sem atacar falou? Só observar. Daqui vamos para o próximo e atacamos.
Todos assentiram. Dante e Babi se juntaram a mim, e Felicity ficou com as meninas. Eu voltei pela esquina que viramos e elas viraram no final daquela rua. Assentimos, eu e Felicity, e seguimos.
—Babi fica atrás de mim, Dante vigie atrás. Se ver algum zumbi, mate com a faca ta?-Os dois assentiram.
Andamos agachados até bem perto do caminhão. Ele era enorme e prata.
—Vamos atravessar a rua.-Peguei a mão de Babi e Dante veio atrás. Corremos agachados e colamos na parede de uma esquina. Ali a visão era melhor.-Silêncio gente.
De repente a porta traseira se abriu lentamente. Fiz um sinal para eles se abaixarem. A coisa empolada saiu com correntes nas mãos e um saco na cabeça, como o de Erick. Dentro do caminhão era iluminado e não tinha absolutamente ninguém. As portas se fecharam e o caminhão saiu em disparada. Olhei para aquela coisa empolada e senti um impulso enorme de entrar em sua mente. Me virei para Dante e Babi.
—Vão. Vão.-Empurrei-os para o escuro da esquina. Fiquei de frente para Dante.-Segura minhas mãos.
—O que você vai fazer?
—Vou tentar entrar na cabeça dele. Do zumbi grandão.
—Corrie...-Ele balançou a cabeça e segurou minhas mãos. Estavam quentes e os dedos desenhavam círculos nos meus pulsos.
Fechei os olhos e livrei a mente de todos os pensamentos. Me concentrei no zumbi. Para a minha surpresa, minha mente vagou e senti aquele puxão. Logo enxergava tudo preto e ouvia uma respiração entrecortada. Ouvi o barulho das correntes e dos passos pesados que ele dava. Uma voz, meio robotica, soou na mente do zumbi. "Levante as mãos." Mais barulhos de corrente. "Puxe o capuz em sua cabeça." Uma claridade atingiu os olhos dele. Depois tudo ficou normal. "Procure pessoas e mate-as. Agora!" A voz desapareceu da mente dele e o mesmo começou a caminhar - perfeito! - para longe de onde eu estava. Antes de sair da mente dele ouvi sussurros. Bem lá no fundo. Tentei ouvir. Era um choro, lamento.
"Eu não quero. Eu não quero."
Não quer o que?, quis perguntar.
"O que?'',  a voz perguntou.
Espera aí...Pode me ouvir?, perguntei.
"É claro! Quem é você? Como eu consigo te ouvir?"
A voz estava mais forte, mais clara.
Eu estou procurando a fonte disso tudo., falei.
"Você vai precisar entrar no caminhão. Vai te levar para lá."

Você tem certeza?
"Sim. Eu vim de lá. Te garanto que eles voltam para lá depois de nos deixar."
Nós?
"É. Pessoas como eu. Mas vá. Vá logo. Enquanto vocês não os impedirem, isso vai continuar."
Vocês?
"É. Vocês são o experimento que o vírus não matou. Tem mais de vocês por ai. Mas deixe-me. Vá atrás do próximo caminhão e liberte-nos disso."
Eu vou. Mas eu volto. Preciso conversar mais com você.
"Tudo bem. Sou Agda."
Sou Coretta. Até mais Agda. E obrigada.
"Obrigada você por me ouvir chorando mentalmente."
Obriguei-me a voltar a minha própria mente. Fechei e abri os olhos. Olhei para os olhos arregalados de Dante. Seus dedos ainda faziam círculos nos meus pulsos. Ele perguntou com um olhar se eu estava bem. Assenti e fiz menção de levantar. Ele me ajudou. Abracei-o e depois a Babi. Contei-lhes tudo o que aconteceu enquanto voltávamos para a ambulância. Felicity estava lá com as meninas impaciente.
—Pela sua cara você descobriu alguma coisa.
—Várias.
—Valerie, você dirigi. Leva o Erick com você. Todos pra cá.
Depois que todos estraram na ambulância, Valerie e Erick na frente e o resto de nós atrás, eu comecei a contar o que aconteceu. Minhas mãos tremeram bastante e Dante segurou-as e as massageou. Agradeci a ele com um sorriso e ele sorriu de volta.
—Fracota.-Sussurrou.
—Você tem que falar né?
Nós rimos.
—Isso é ótimo! Agora só falta você conseguir falar conosco. Vamos tentar?-Felicity sugeriu.
—Sim mas...
—Deixa ela descansar um pouco.-Dante me interrompeu.-Ela está tremendo.
Eu estava mesmo. Tremendo da cabeça aos pés.
—Hoje eu não vou ser chato.-Ele sussurrou para mim quando todos se envolveram numa conversa.-Mas pode descansar sua cabeça aqui no meu ombro.
—Você está se sentindo bem?-Brinquei.
Ele sorriu.
—Estou tão bem que vou deixar você descansar no meu ombro.-E piscou.-Anda, não é todo dia que sou legal com você.
—Tenho que concordar.
Ele se ajeitou e eu deitei a cabeça em seu ombro. De pertinho eu ouvi as batidas do coração dele. Estavam descompasadas e fortes. Achei estranho pois o meu coração também batia rápido e forte. A medida que fui pegando no sono, senti minhas pernas serem levantadas e meu corpo ser movido rapidamente. Mas adormeci mesmo assim me sentindo confortável e sentindo um cheiro intenso de hortelã e sussurros carinhosos.


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Notas finais do capítulo

Gente por hoje é só, por favor comentem!! Beijos e abraços!!



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