Dizem que quando morremos, vemos a nossa vida passar diante de nossos olhos. A única coisa que eu via era o mais próximo que eu tive de amigas sendo levadas. Bem fora a dor em meu peito. Aquela vaca devia ter um parentesco com o Wolverine, não é possível. Ela chamara os guardas e levara todos enquanto eu sangrava de joelhos no chão. Com um último olhar saiu do estacionamento. Cai no chão e fechei meus olhos. Eu devia ter batido mais nela. Devia ter...porra...que dor.
Eu to morrendo, já entendi, mas não podia ser uma morte rápida? Preciso mesmo desse sofrimento todo? Abri os olhos e olhei para a poça de sangue a minha volta. Eu bem que queria não ter visto. Toco o buraco no meu peito e sinto algo estranho. Cuspo sangue e me sinto tonta. Fecho os olhos de novo, e a última coisa que vejo antes de apagar, é a vaga lembrança daquilo que chamei de família por 18 anos.

Toco a superfície fria. Estou viva? Devagar, as lembranças voltam e a minha volta, tudo ganha cor. As paredes, o carro, a van, o sangue. Merda, vou ficar tonta de novo. Desvio o olhar do sangue e me levanto meio cambaleante, mas me sentindo forte. O elemento surpresa veio na hora certa. Aquela vaca não vai contar com isso, nem a pau. Sigo até o elevador, já sabendo onde ela está. O elevador me deixa no último andar. Assim que saio dele, dou de cara com algo parecido com um ritual de seita, porém estilo cientista. Todos estão sentados e amarrados num canto. Karerina tem o rosto quase perfeito. Os hematomas estão fazendo uma pequena visita a ela. É, pelo menos a minha marca vai estar nela quando eu a matar. Ao olhar para o pessoal amarrado, percebo que tem alguém novo na parada. Um rapaz. Visivelmente musculoso e alto, cabelos castanhos um pouco abaixo dos ombros, olhos azuis, barba por fazer e lábios tão bonitos que fiquei até com inveja. Karerina olha para o lado, e seus olhos caem em mim. Ela congela. Sério, ela não está se mexendo. Eu sorrio diabolicamente para ela.
—Não é possível.-Sussurra.
Os olhos de todos caem em mim e eu dou uma piscadinha para Coretta.
—Parece que o Wolverine sou eu agora.-Falo e avanço.