Sai da van e encarei aqueles olhos verdes tão familiares. Ela vestia uma camisola de hospital e estava descalça. O cabelos preto e curto que aprendi a amar estava comprido, quase na altura dos meus. Ela sorriu para mim e se aproximou.
—Katrina, Karerina...porque não percebi isso?-Perguntei.
—Ah, minha Lolo...quem diria que cruzaríamos o mesmo caminho de novo. Você está bem. Muito bem aliás. Está muito bonita.
Suspirei.
—Eu pensei que você estava morta.-Falei.-Você morreu.
—Não morri. Estou vivinha da silva!-Exclamou e sorriu.-Por que me olha assim?
—As pessoas estão morrendo. Meus pais estão mortos. Meus irmãos estão mortos.
—E daí? Os meus também morreram. Sabe o que mais triste?O seu pai não ter te contado sobre nós.
—Como assim?
Aquilo não estava caminhando direito. Olhei para Karerina, a sombra do que um dia foi minha amiga.
—Somos experimentos minha Lolo. Fomos geradas em cobaias e obtivemos sucesso ao nascer com o DNA perfeito. Eu fiz a minha parte não matando ninguém e seguindo com o plano. Sou um experimento e ajo como tal. Você e suas novas amigas deviam fazer o mesmo.
—Não existem pessoas como nós lá fora?
Ela estalou os dedos e seus olhos brilharam.
—É claro que sim. Nasceram perfeitos, não foram criados como nós. Eles viram. É só esperar. Eles viram e nós limparemos o mundo disso.Dessa doença humana.
—Está disposta a matar todos que não são como nós?
Ela sorriu sarcástica.
—Eu já fiz isso. O mundo já está contaminado. Agora mesmo eu acabei de lançar uma mensagem dizendo o endereço daqui. Não vê como é inútil lutar contra mim? Vou matar aqueles seus amigos que não são como nós.
—Você não vai conseguir.-Aumentei minha voz e me aproximei dela.-Você está louca. Não vai vencer. Eu nunca vou estar do seu lado. Isso o que você está fazendo é loucura! Louca! Você é louca, é isso. Você não vai vencer.
Meu rosto estava a centímetros do dela.
—Eu já venci.
Então sua mão voou no meu rosto. Fui jogada contra uma parede. Merda, isso doeu.
—Não vou te matar, minha Lolo. Mas se você me obrigar, eu matarei.
Levantei e dei uma tossida. A voz de Coretta soou na minha cabeça.
Tudo bem? Ouvimos gritos.
Karerina está aqui no estacionamento. Tenho que matá-la.
Estamos indo.
Então saiu. Um carro surgiu no meu campo de visão. Será que consigo?, perguntei a mim mesma. Consigo. Imaginei o carro voando em cima dela, e foi o que aconteceu. Mas Karerina foi rápida o bastante para desviar do carro. Pensei ter visto um movimento a minha esquerda. E não estava enganada. Segundos depois eu segurava um carro e o arremessava longe.
—Nada mal, minha Lolo.-Ela disse. A vaca nem suou.
Voei até ela e diferi um soco em seu nariz. Sangue escorreu. Ela chutou minha barriga e grunhiu. Parece que alguém está perdendo a postura. Me arrastei no chão até ter força para levantar. Estiquei meus braços e ordenei seu corpo vir até mim. Ela ficou surpresa por um minuto, mas no outro minhas mãos estavam em sua garganta. Apertei com toda a minha força. Seu rosto começou a ficar vermelho...e seu corpo quente. Ela começou a queimar em minhas mãos e eu fui obrigada a soltá-la. Karerina não parou. Suas mãos brilharam com as chamas que se formaram. E ela as jogou para mim. Desviei e corri. Me escondi das chamas que ela jogava. Minha nossa, ela é o que agora? O Deadpool? Toda Poderosa? É brincadeira.
—Não adianta se esconder, minha Lolo. Eu vou te achar.
E achou. A chama do fogo passou tão perto de meu rosto que eu achei que meus olhos iriam saltar da órbita. Karerina apareceu na minha frente e eu sufoquei um grito. Ela estava em volta de chamas. E sorria triunfante. Preparou as mãos para me incendiar. E eu me preparei pra pegar fogo. Quando de repente ÁGUA caiu em cima dela. Isso mesmo...água. Ela ficou tão surpresa que nem percebeu meu súbito ataque. Pulei em cima dela e comecei a socá-la. Eu iria desfigurar aquele rosto. Meus socos eram fortes e precisos. Logo o rosto dela estava coberto de sangue. E ela de repente parou de lutar, o corpo ficando imóvel. Respirei fundo e levantei. Andei para perto de Briones que sorria feito uma idiota com as mãos molhadas. Abracei-a.
—Acabou?-Juliet perguntou.
—Eu...-Fui interrompida por algo afiado atravessando meu peito.
—Eu te disse que se tivesse que te matar eu mataria.-Karerina sussurrou no meu ouvido.-Isso é culpa sua. Você podia ficar do meu lado e viver. Mas preferiu tentar me matar.