Lydia Martin

Ficar conversando ao telefone com Stiles me rendeu péssimas olheiras e uma preguiça sem tamanho. Não queria sair da cama de forma alguma. Então, lembrei-me de que ele estaria na escola, e me vi prontamente de pé, revirando os olhos em seguida. Estava parecendo uma adolescente apaixonada. Eu não era uma adolescente apaixonada. Sempre soube lidar com garotos, e dessa vez não poderia ser diferente. Mas eu tinha de admitir que tudo estava fora do meu controle. Em todos os lugares que meus olhos paravam havia algo que me lembrava ele. Qualquer coisa. Stiles estava em todos os lugares, e nem se quer me dei conta disso. Lembrei-me da conversa na noite passada, quando ele atendeu o celular deixando a linha muda, e nenhum de nós disse algo por longos segundos, até que eu quebrasse o silencio perguntando se ele estava ali, prontamente respondeu que sim, gaguejando. Depois me perguntou o que tinha acontecido mais cedo, e eu apenas respondi “ um beijo”, tentando ao máximo não gaguejar. Ele me disse que foi bom, concordei. Ficamos por horas apenas ouvindo a respiração um do outro e de volta e meia trocávamos uma, ou duas, palavras. Até que o dia começou a clarear, e eu vi que era hora de desligar, me despedindo. Stiles disse “Eu ainda não consigo acreditar no que aconteceu mais cedo. Mas espero que se repita. Boa noite, Lydia.” E eu disse “ Eu também. Boa noite, Stiles.” A linha ficou muda em seguida, e tive pouco mais de uma hora para tirar um breve cochilo antes que meu celular apitasse, anunciando o começo de um novo dia.

— Bom dia, Lydia – minha mãe disse na cozinha, com sua tradicional xicara de café na mão.

— Bom dia – murmurei.

— Com quem conversou durante a noite? – ela perguntou sorrindo. Franzi o cenho. – Ouvi você falar ao telefone.

— Estava escutando atrás da porta? – perguntei.

— Não. É claro que não!

Rolei os olhos indo em direção a porta. Minha mão tocou a maçaneta, afim de abri-la, mas minha mãe estava atrás de mim.

— Sei que era Stiles – ela disse.

— Mãe! – a repreendi.

— Vocês estão juntos?

— Não – grunhi.

— Eu gosto dele – disse.

Eu também— pensei.

— Tenho que ir – falei, indo em direção ao meu carro.

Seria um longo dia...