A História de Fátima Rosa escrita por Ayla Peres


Capítulo 3
Capítulo 3 - A Festa de Noivado


Notas iniciais do capítulo

Bem-vinda(o), espero que goste de conhecer esta história, que é contada a partir do ponto de vista dos dois protagonistas. Para quem conheceu antes a história original, fica a homenagem para que possamos passar mais tempo com esses personagens inesquecíveis...



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FATMAGÜL

Na festa de noivado do filho dos Yasaran havia muito trabalho. A equipe do bufê não tinha mãos a medir e além deles todas as funcionárias da casa e outros ajudantes como Mukkades e eu nos pusemos atarefadas de modo que tudo corresse a contento para os muitos convidados.  As dependências da mansão eram algo muito além do que se poderia imaginar apenas olhando-a de longe. E quando fui incumbida de ajudar a levar uma bandeja ao quarto onde a noiva se arrumava, juntamente com a copeira da casa, pude observar a opulência que também reinava do lado de dentro.

A noiva estava muito bonita se arrumando com as amigas em seu quarto e eu lhe desejei felicidades, lembrando do quanto eu estivera feliz em minha própria festa de noivado há algum tempo atrás. Esse era um momento que deveria fazer qualquer mulher feliz, fosse em uma casa tão rica como aquela ou em uma reunião familiar mais simples como fora a nossa.

Desci as escadas sozinha pois a copeira havia ido atender outras pessoas no andar superior. Outros dois convidados subiam e um dels, o mais alto, postou-se a minha frente, impedindo-me de descer. Ele me olhava com uma expressão de curiosidade mesclada àquele olhar que os homens reservam às mulheres com as quais desejam flertar. Eu tentei me desviar e descer, mas ele tornou a colocar-se a minha frente. O outro homem que o acompanhava e estava uns degraus um pouco mais abaixo, sorriu. Foi então que os reconheci como dois dos rapazes que haviam rido de mim quando eu retirava a ovelha do mar e me perguntei se eles me desrespeitariam de novo agora, no meio de toda aquela gente.

“O que foi? Quer descer e não consegue?” Perguntou o segundo homem.

Eu levantei meu olhar para ambos e insisti em descer de novo, mas dessa vez o primeiro homem abriu passagem para que eu passasse, embora os dois continuassem a olhar para mim até que eu me afastasse de seu campo de visão e regressasse à cozinha. Meu rosto afogueado quando cheguei chamou a atenção de Mukaddes, que me perguntou o que havia acontecido, mas eu preferi não dizer nada a ela. Primeiramente porque não tinha e nunca teria o hábito de fazer-lhe confidências. E também porque se eu precisasse ser totalmente honesta comigo mesma, eu seria obrigada a reconhecer que o olhar demorado do primeiro homem havia me perturbado além do que deveria, considerando-se que eu era comprometida. Então, preferi esquecer definitivamente aquele incidente enquanto continuava a trabalhar.

KERIM

“Ela ficou sem graça.” Eu disse a Vural, sentindo-me um pouco arrependido por ter dexado a jovem constrangida.

“Não era aquela moça?” Perguntou-me Vural.

“Qual?”

“A moça da ovelha. Quer apostar?”

“Não é possível... Tem certeza?”

“Sim, era ela quem estava no mar naquele dia.” Comentou Vural, enquanto a contemplávamos se afastar.

“Talvez seja...quem sabe... Mas o que ela estaria fazendo aqui?”

Eu fiz essa pergunta em parte para mim mesmo. Quando pousei meus olhos sobre a moça, primeiro pensei que fosse uma das convidadas da festa, pois não usava uniforme. Depois fiquei encantado demais com o seu olhar para prestar atenção em qualquer outra coisa. Saber que era a mesma moça que havíamos visto com as ovelhas explicava sua reação.   Ela era linda, mas sendo uma moça simples do vilarejo não agiria como uma das sofisticadas amigas da noiva com as quais eu já havia conversado na véspera.

“Ela é muito bonita. Como nunca prestou atenção nela, Kerim? Você mora aqui, deve tê-la visto antes.” Vural insistia, parecendo também ele muito interessado nela, o que me provocou uma pontada de ciúme, embora eu sequer a conhecesse antes.

“Não sei, eu não a conhecia. Ela deve morar em outra praia, talvez...”

A verdade é que eu não costumava me aproximar das moças da vila por nunca antes ter alimentado a intenção de assumir compromisso sério com ninguém, embora não fosse exatamente inexperiente com mulheres. Mas se eu tivesse visto aquele par de olhos verdes antes, certamente teria mudado de ideia. Era uma ironia do destino nunca termos prestado atenção um no outro e agora nos encontrarmos duas vezes em tão pouco tempo. Então decidi que se nos víssemos de novo, certamente eu não perderia a oportunidade de ir atrás daqueles olhos.

 

FATMAGÜL

Quando anoiteceu, a festa começou de fato.  Eu e Mukkades não tínhamos mais o que fazer pois só o pessoal do bufê e a equipe da casa estavam autorizados a servirem. Enquanto esperávamos que Rahmi nos buscasse, eu observava a festa de longe quando delicadas pulseiras foram distribuídas como lembranças aos convidados enquanto os noivos cortavam o bolo. Acabei ganhando uma delas, oferecida pela copeira que havia conhecido e que logo se afastou para continuar a trabalhar.

“Oi, tudo bem?”

Nesse momento, o homem mais alto que havia encontrado na escada me abordou outra vez.

“Você é aquela garota do mar...” Ele continuou sorrindo.

Estávamos em uma parte mais escura do jardim e eu estaria em apuros se alguém nos visse conversando sozinhos ali. Eu procurei me afastar rapidamente, mas ele se interpôs em meu caminho.

“Eu só queria ouvir sua voz. Eu não vou fazer nada, por que está fugindo de mim?”

“Vá embora!” Eu respondi, aborrecida com sua insistência. Mas ele não se moveu e não me deixou passar.

“Por acaso você é alguma fada? Porque parece uma...”

Quando ele acabou de dizer essa frase eu estava prestes a responder que não me perturbasse mais, porém fiquei paralisada por alguns instantes ao ouvir a voz de Mustafá me chamando. Ele lançou um olhar furioso para nós que foi percebido pele o convidado da festa. Eu caminhei rapidamente em direção a Mustafá, pensando no que poderia dizer a ele para que não houvesse problemas, enquanto o estranho se afastava sem dizer mais nada agora.

“O que aquele homem queria com você, Fatmagül?” O tom de voz de Mustafá não deixava dúvidas do quanto sentia ciúmes.

“Nada. Ele só queria saber onde era o banheiro.”

Minha resposta não pareceu convencê-lo: precisei insistir mais de uma vez que não havia ocorrido nada de mais para que ele concordasse em ir embora sem ir em busca do estranho para tomar satisfações, mas graças a Deus consegui dissuadi-lo. No caminho para casa, ele ainda estava zangado, reclamando do quanto havíamos ficado pouco tempo juntos antes que ele partisse. Eu então tomei do lenço que ele sempre usava no pescoço e disse que o guardaria comigo até que ele voltasse. Eu disse que eu iria me despedir dele no porto, mas ele me advertiu que não fosse, pois sairia muito cedo, quando ainda estava bem escuro. Eu não respondi nada, mas intimamente estava decidida a fazer o que fosse preciso para vê-lo mais uma vez antes que partisse. 


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Notas finais do capítulo

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Até o próximo capítulo!



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