Era de manhã. Hermione não tinha aulas, logo decidiu pôr a limpo a razão por ter estado na sala de poções com Snape e, acima de tudo, porque estava escondida. Foi ao gabinete de Mc.Gonagall.

“Posso entrar Sr.Diretora?”

“Entra Hermione.”

Ela avançou e sentou-se na cadeira de frente para a diretora.

“Já soube que a tua aula correu bem!”

Por momentos, Hermione ficou surpreendida por Snape ter feito aquilo que tinha dito na noite anterior.

“ Obrigada, mas não foi por isso que cá vim…” fez uma pausa. “ Eu vim explicar o que se passou ontem.” olhou para a diretora para ver a sua reação que foi apenas acenar com a cabeça dando permissão para continuar. “Bem, eu ontem fui visitar o Professor Snape porque ia buscar as poções para a ala hospitalar, aquelas que ele acabou por levar. Quando estava a tentar alcançá-las do topo de um armário, caí e o professor apanhou-me.” fez uma pausa para pensar e decidiu não contar que já estava sensível por causa do que se tinha passado durante a aula para não fazer passar Snape por mentiroso. “ Ele viu a marca que eu tenho no braço que ganhei durante a guerra” mostrou as cicatrizes á diretora que abriu os olhos chocada, mas permanecendo calada. “ E eu comecei a chorar por causa das lembraças dessa altura e, porque estava sensível, abracei o professor, daí o ombro dele estar molhado.Ele pediu-me para me esconder quando a senhora bateu, provavelmente porque não queria que a senhora me visse ali àquelas horas.”

Mc.Gonagall ficou a olhar para ela durante algum tempo, algo que de certa forma aterrorizou a jovem, mas depois sorriu para ela.

“ Entendo. Não faz mal! Podes ir. Creio que tenhas de ir dar uma aula agora, não é?” Hermione acenou com a cabeça.

Levantou-se e despediu-se da diretora e foi para a aula.

A aula decorreu normalmente. Desta vez não houve incidente nenhum.

Quando a aula acabou, Hermione pediu para Snape ficar. Ele não respondeu e permaneceu sentado na cadeira.

“ Professor Snape. Hoje fui falar com a diretora sobre o porquê de eu estar consigo àquelas horas na sala de poções e o que se passou.Não se preocupe que eu não contei o que se passou na aula para o senhor não passar por mentiroso.”

Snape fez uma pausa e depois disse com um tom sarcástico:

“Era o mínimo que me podia fazer, uma vez que foi sua culpa nós termos sido encontrados juntos.”

“ Desculpe?” Hermione não entendeu o porquê de lhe estar a responder daquela forma, tendo em conta como ele agiu na noite anterior.

“Sim! Se a Srta.Granger não estivesse lá áquelas horas, eu não teria que passar por aquela vergonha!”

“ Não sei se o senhor se recorda mas eu também fui apanhada! Não foi o único que passou por aquela vergonha!” Já estava a gritar.

“ Baixe o tom! Não tem o direito de falar assim comigo! Vejo que está a ficar mais rebelde desde que se tornou professora! Deve-se achar a maior, mas tenho-lhe a dizer que onde você está, já eu estou á muito tempo!”

Hermione estava muito irritada! O homem só podia ser bipolar, só podia! Ontem abraçou-a e hoje, ainda nem 24 horas se tinham passado, já estava de mau humor com ela. Respirou fundo. Ainda estava irritada, mas não ia descer ao nível do mestre de poções.

“ Desculpe, não se voltará a repetir. Não voltarei a entrar na sua sala de poções. “

“Acho bem!” Snape continuava a falar daquela forma irritante.

Hermione ficou a olhar para ele, voltou a respirar fundo e saiu da sala, batendo com a porta.

Durante o almoço, Hermione não levantou a cabeça do prato, uma vez que já não estava irritada, mas sim triste. Existem certas situações que por mais pequenas que sejam, afetam um dia inteiro.

Snape comia e por vezes olhava de forma discreta para a jovem que estava na ponta da mesa contrária á onde ele estava. Não queria acreditar que aquilo a tinha afetado tanto. É mesmo infantil. Quem diria que é professora!

Quando acabou de comer, a jovem levantou-se e seguiu em direção á porta para ir embora. Foi interrompida por um aluno. Era o John.

“ Desculpe professora, mas a senhora está bem?” o aluno estava preocupado porque daquela vez ela não tinha cumprimentado os alunos durante a refeição.

“ Está tudo bem querido. Continua a comer. Não te preocupes” Fez um sorriso suave, mas falso, e foi-se embora.

Severus viu-a a falar com o aluno, mas não percebeu a conversa. No entanto calculou que o aluno tivesse perguntado a ela se estava bem, porque conseguiu ler um pouco os lábios do aluno e reparou que estava com um ar preocupado.  Isto é inaceitável! A tratar os alunos como se fossem seus “amiguinhos”.

Pssaram-se 2 dias e já era fim-de-semana.

Cada vez que Hermione precisava de alguma coisa da sala de professor Snape ,pedia através da sua coruja. Nas refeições nunca olhava para Snape. Só se encontravam quando eram as aulas de poções, mesmo assim Hermione não olhava para ele e fingia que não existia.

Numa dessas aulas, enquanto Hermione estava sentada na sua secretária à espera que os alunos acabassem os exercícios que pediu, Snape decidiu invadir-lhe a mente.Ele não viu nada em concreto, mas ouviu ela a falar para si mesma.

Estou farta! Quero parar de pensar naquilo e não consigo! Porque é que ele tem de ser sempre assim para mim! Se eu achasse que ele era inteiramente má pessoa, até esquecia isto facilmente porque seria normal, mas como eu sei que ele não é má pessoa… Apesar de tudo não me arrependo de o ter salvo da…Entretanto Hermione sentiu que ele lhe estava a ler a mente.Olhou para ele com um ar zangado.

—Estou a ver que já acabaram meninos! Trabalharam muito bem, todos! 10 pontos para todas as casas! Agora já podem sair.

Os alunos estranharam e depois saíram porque, afinal, sair mais cedo de uma aula é alegria total, se é que entendem. Snape ainda se interrogava ácerca do que ela estava a falar quando disse que não se arrependia de ter feito algo por ele. Ele sabia que ela estava a pensar nele, mas não sabia era o que ela queria dizer com aquilo.

Hermione virou-se para Snape e quando ia para abrir a boca, ele interrompeu.

“Fez com que a sua turma saísse mais cedo...acredito que não seja permitido”

“ Pelas barbas de Merlin!!! Porque estava a ler a minha mente?!”

Ela estava novamente irritada.

“ Ora, Srta.Granger, eu faço o que bem entender.”

Hermione respirou fundo. Não estava a acreditar no que estava a ouvir.

“ Não tem esse direito! É a minha cabeça, não a sua. Que eu saiba você também gosta de manter o que lhe passa por dentro em segredo. Você é como um muro indestrutível! Não deixa ninguém entrar aí dentro e quando entram, você afasta-as como fez ao Dumbledore! ”

Snape não gostou da frontalidade dela.

“ Sabe de algo Granger: você é uma fraca,irritante e inútil Sabe-Tudo. Você faz-se de simpática para todos e de florzinha, mas tenho a dizer que você…” hesitou um pouco, mas continuou bem alto e a grandes pulmões “ NÃO É NADA!”.

Hermione ficou parada a olhar para ele por momentos e depois começaram a crescer lágrimas nos seus olhos que depois explodiram com gritos de tristeza e raiva. Ela virou as costas a Snape, agarrou nas suas coisas a limpar a suas lágrimas com a manga do fino casaco verde que estava a usar e, quando ia em direção á porta deixou cair os livros. Já estava tão irritada e deprimida que nem se deu ao trabalho de apanhar as suas coisas. Explodiu ainda mais em choro, mas acabou por fazer um gênero de gemido porque estava a tentar conter as lágrimas.

Quando Hermione saiu, Snape ficou parado a olhar para os livros da colega deixou cair no chão. Estava arrependido. Ele agiu muito mal.Sempre respondeu mal ás outras pessoas para não mostrar o seu interior, mas desta vez foi longe demais. Ele próprio tinha vontade de lançar um grito enorme devido á revolta que estava a sentir pelo que disse.

Apanhou os livros dela e pousou-os na sua secretária.