No mesmo dia, Snape estava na sala de poções, mas não estava a fazer poções. Estava a ler um jornal em cima da poltrona onde atirara Hermione no outro dia. Ainda estava a pensar no que se tinha passado na aula da sua colega. Apesar de se mostrar frio, ele teve pena dela, pois sabia o que era ser rejeitado e mal-tratado.

Ela não apareceu no jantar e não sabia porquê,mas estava preocupado com ela.

Bateram á porta, e ele foi abri-la. Era a pessoa com que ele estava a pensar.

“ Boa noite, senhor. Vim buscar umas poções que são para levar para a ala hospitalar.” Ela ainda estava com os olhos vermelhos, mas já parecia mais calma.

“Entre.”Ela avançou devagar e passou pelo mestre colocando-se ao pé da mesa que tinha várias poções em cima. Nunca levantava a cabeça.

“ Tenho-lhe a dizer, Srta. Granger que agiu de forma errada e que não devia ter feito aquela cena.” decidiu iniciar a conversa,com um tom altivo.Hermione levantou a cabeça e olhou para Snape. Mas logo o tom mudou para um mais calmo..

“ Não vou contar isto á Mc.Gonagall. Mas fique a saber que não se volta a repetir.”

Hermione continuava a olhar para o olhos negros do mestre e mostrou um sorriso.

“Obrigada.” fez uma pausa.“ Já agora, tenho aqui o lenço que me deixou. Já o lavei.”

“Pode ficar com ele, eu não preciso disso.” Já se tinha esquecido.” Agora, as poções para a ala hospitalar estão no topo desse armário. Pode usar as escadas.”

Hermione agarrou nas escadas e levou-as para o pé do móvel. Começou a subir só que não era suficientemente alta para chegar lá. Colocou-se só apoiada num pé para ver se conseguia chegar lá só que desiquilibrou-se e caíu. Porém estava lá Severus Snape que estava a mexer nuns frascos na mesa que estava ao lado do móvel e agiu com uns reflexos que até ele ficou surpreendido.

Para agarrar Hermione, Snape agarrou no seu braço e a manga foi para trás com o jeito para a apoiar. Sentiu um género de relevo no braço dela.

“ Srta.Granger, que é isso que tem no braço?” perguntou. Não chegou a ver o que era porque a jovem levantou-se depressa ,após algum tempo de silêncio a olharem-se um para o outro, e puxou a manga do vestido para baixo.

“ Não é nada…”

Snape não acreditou e irritado, puxou pelo braço com alguma agressividade e levantou a manga.Hermione não estava á espera.

O professor olhou para o braço e leu “mudblood”. Severus lembrou-se de que lhe tinham escrito aquilo na pele na altura da guerra. Olhou para aquilo e estava chocado. As cicatrizes eram bem visíveis.

Ele passou a mão levemente pelas cicatrizes. Depois olhou para Hermione que estava a chorar. Ficaram os dois algum tempo a olhar um para o outro, até que ela o abraçou, ainda a chorar, deixando as suas lágrimas caírem no ombro da capa de Snape. Ele ficou imóvel. Não estava habituado a estar tão perto de alguém,de ter este género de contacto, muito menos de uma jovem que já tinha sido sua aluna. Do nada, os seus braços levantaram-se e colocaram-se ao redor das costas de Hermione. Ele estava a abraçá-la, mas não foi um ato racional, ele não sabia como os braços lá foram parar. Tentou não fazer nada mas não resistiu.Sentiu-se estranho, mas era um “estranho bom”. Ficaram assim durante algum tempo, ela a chorar no ombro dele e ele com uma mão nas costas dela e a outra na sua cabeça.

Entretanto, bateram á porta e aquele momento foi interrompido. Snape voltou á realidade e afastou a jovem professora. Fez-lhe um gesto para ficar calada e para se esconder para que a pessoa que tivesse batido á porta não a visse, ainda por cima com cara de quem esteve a chorar.

Aproximou-se da porta e abriu-a quando viu que já não dava para vê-la.

“ Boa noite, Snape.” era a diretora.

“ Boa noite, Sra.Diretora. A que lhe devo esta visita?” respondeu Snape.

“ Vim lhe perguntar como correu a primeira aula da Srta.Granger…” em seguida olhou para ele com atenção. “Porque está com o ombro molhado? E está com mais cor, não está tão pálido...Está tudo bem?”

Snape não tinha reparado que tinha o ombro molhado e muito menos que estava com mais cor. Sabia a razão da primeira parte da pergunta mas á segunda parte já não coseguia responder.

“ Ha! Isto? Estava a tentar alcançar uns frascos de poções que estavam no cimo do armário e um deles caiu para cima de mim. A razão por estar mais corado acredito que seja por causa do esforço.”

“Tudo bem, então.Posso entrar?” Eles ainda estavam á porta.

“Não!” Snape pareceu nervoso e reparou na forma como reagiu. “Quero dizer, com todo o respeito ,madame, mas eu ia levar as poções que estão em cima do armário para a ala hospitalar. Podemos falar pelo caminho?”

“Pode ser Severus.” Ele foi buscar os frascos que, na verdade, eram mesmo para a ala hospitalar e quando ia a fechar a porta para seguir caminho com Mc.Gonagall, esta virou-se para o interior da sala de poções e disse “E Srta.Granger, tenho a dizer que se esconde muito mal.” fez um sorriso em direção a ela, que estava debaixo de uma mesinha ao lado da poltrona e depois seguiu com Severus até á ala hospitalar, que estava com uma mão na sua testa em gesto de “já fomos apanhados”.