Caçadora da Meia-Noite escrita por Ginger Bones


Capítulo 31
Capitulo 31




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Não sei quanto tempo se passou desde que entramos na Floresta Sombria, o tempo funciona de forma diferente nesse lugar. Podiam ter se passado horas ou dias desde que entramos na escuridão da floresta, mas parece ter se passado pouco tempo depois de Hypnos para sentir a barreira gelada da floresta de novo e estarmos de novo do lado de fora. No mesmo instante, o mundo a nossa volta clareia até atingir uma luminosidade de fim da tarde. Mas é só quando o sol está se pondo que chegamos até uma cidade popular o suficiente para encontrarmos um meio de transporte barato e estalagem para uma noite. A primeira coisa que fizemos ao entrarmos nos limites da cidade foi procurar alguém que estivesse disposto a conversar comigo, nós precisávamos mesmo saber quando tempo tínhamos passado dentro daquele lugar. No começo não foi fácil e várias pessoas fecharam as portas das casas sem nem nos dizer um "não", mas próximo do centro, quando já estávamos puxando nossos cavalos e caminhando pela cidade a pé, encontramos uma senhora gentil de cabelos grisalhos que nos disse que se tratava de quinta-feira. Tenho certeza de que tínhamos entrado na Floresta Sombria na terça-feira, o que significa que passamos dois dias lá dentro e nem percebemos. Ainda me pergunto se o que distorceu o tempo foi a própria floresta ou Hypnos, eu não saberia dizer. Olho para Adam, ele assente concordando em silêncio. Sim, isso era ruim. Cada dia que se passa são 24 horas a menos até que Romckpay termine sua arma e extermine toda uma população de seres sobrenaturais. Aproveitamos a oportunidade para pergunta-la se sabe alguém que esteja disposto a vender uma carruagem ou carroça e ela nos recomenda ir até a estalagem do centro da cidade, onde havia um homem que estava querendo vender sua velha carruagem. A agradecemos por sua gentileza e seguimos até o centro. A estalagem era realmente difícil de não ser notada, construída com três andares e pintada de um amarelo chamativo, era a maior construção de toda a cidade. Não sei como teríamos dinheiro para a carruagem e a estalagem, mas tentamos mesmo assim. Demora um tempo até convencermos o dono a nos mostrar a carruagem a venda, mas ele enfim chama seu parceiro que nos leva até o estacionamento onde estava largada a sua carruagem.
–Já que vocês insistiram tanto nessa coisa, aí está. Ela é velha, mas funciona.-o homenzinho de cabelos grisalhos diz apontando para uma carruagem de madeira polida do outro lado do estacionamento. A madeira ainda parecia boa, notei ao me aproximar, e as correntes dos cavalos ainda pareciam suportar algumas viagem, mas a tinta antes de um tom de azul escuro já estava desgastada e os bancos do lado de dentro pouco tinham de estofamento.-Nesse estado, não posso pedir muito por ela, mas é o que temos e vocês parecem mesmo precisar dela.
–Sim, precisamos.-Adam o responde.-Você aceita moedas da capital?
–Você tem?-Adam assente confirmando a pergunta do homem.-Muito bem, deixe-me ver.
Adam vai até seu cavalo e retira de uma das bolsas um pequeno estojo cheio de moedas de prata. Comuns para londrinos, mas não aqui. No interior, moedas de prata pura são bastante raras. Adam estende o estojo com as moedas para o homem é ele finge contá-las e se certificar de que são de verdade antes de sorrir e nos cumprimentar alegre.
–Ela é toda sua.-ele diz apertando a mão de Adam e de Morgan e ignorando Liev e eu de propósito. Já estava acostumada a esse tipo de descriminação, mas fingi que não me importava.-Façam bom proveito.
Ele se afasta e nos olha antes de se virar.
–Com licença.-ele diz respeitosamente.-Madames.
Ele acena com um gesto tentando ser cortês e pouco depois volta com uma mochila de couro e entrega em minhas mãos em seguida.
–Devem estar cansados e com fome.-ele fala olhando para Adam e me ignorando completamente.-Passem a noite aqui, vamos deixar dois quartos liberados para os quatro. Nessa mochila há um pouco de comida e o troco de vocês. É cortesia nossa. Fiquem o tempo que quiserem aqui, não é sempre que temos gente da capital vindo até aqui.
Adam concorda e me ajuda a prender e alimentar os cavalos perto da carruagem e me segue até o restaurante do outro lado da rua. A comida da estalagem ficaria para mais tarde, agora iríamos jantar no restaurante como pessoas normais.
Quando nos sentamos nas mesas, Morgan e Liev aparecem já limpos e com roupas impecáveis que conseguimos com o dono da estalagem também. Nos sentamos e jantamos como qualquer turista normal faria, quando mais agíssemos como se não tivéssemos nada a esconder, melhor. Quando estamos terminando de comer, vejo uma garota com mais ou menos a minha idade entrar acompanhada de três homens vestidos como soldados. Reconheço o uniforme de longe. Eu o usei por longos anos da minha vida. Cutuco Adam e peço silêncio quando aponto na direção dos quatro. Ele entende e concorda em silêncio.
–O que está acontecendo, Saphira?-Liev pergunta.
–Shhhh.-peço.-A mesa à nossa esquerda. São caçadores, não sei o que estão fazendo aqui.
–Vieram atrás de nós?-ela pergunta.
–Eu não sei. Talvez.-respondo.-Continuem conversando antes que eles percebam que estamos os observando.
Ela assente e volta a conversar com Morgan e Adam exatamente como estava fazendo há poucos minutos. Eu, por outro lado, apuro meus ouvidos e presto atenção no que dizem.
–Eles não podem ter ido muito longe, Brett.-diz a garota com cabelos castanhos escuros e olhos azuis. Ela me parece familiar. Mas de onde?-São só fugitivos. Tenho certeza de que podemos seguir qualquer rastro que tenham deixado.
–Nós os estamos seguindo há dois dias, Senhora.-diz o homem que ela chamou de Brett.-Devo lembrá-la que não encontramos nada.
–Seu trabalho é me obedecer, Bretten.-ela o repreende.-Vamos passar a noite aqui e seguimos viagem até Windsor. Eles não podem ter ido longe em tão pouco tempo. Meu tio é Cinclair, ele me botou no controle porque sabe que não vou falhar. Você se lembra disso, não é?
–Sim, senhora.-controlo-me para não esboçar nenhuma reação. A sobrinha do Cinclair? Eu nem sabia que ele tinha uma sobrinha.
–Hailee, você não acha que ser rude só piora as coisas?-pergunta um dos caçadores parecido com ela.
–Você é quem não está ajudando em nada, Mason.-ela comenta.-Até agora fiz tudo sozinha. Você é um peso morto.
–Saphira?-a voz de Adam me faz sair do meu torpor por todas essas novas informações que acabei de saber. Que a sobrinha de Cinclair está nos caçando. Isso é demais até para mim.-O que aconteceu?
–Já terminaram de jantar?-pergunto aos três. Vejo-os assentir e retiro algumas notas mais do que o suficiente para pagar a conta.-Que bom. Aquela garota se chama Hailee, é sobrinha de Cinclair e está nos procurando. Felizmente ainda não sabe onde estamos e acho que não sabe exatamente minha aparência porque eu também não lembro de já tê-la visto antes. Vou deixar esse dinheiro na mesa e vamos nos levantar e ir embora daqui discretamente. Ela não pode perceber que estamos fugindo, entenderam?
Eles assentem e me seguem até a saída, passando por todas as pessoas ali jantando e voltando para a estalagem da forma mais normal possível.
–Nós vamos morrer.-Adam exclama jogado sobre a cama de um dos nossos quartos.-Tanto trabalho por nada.
–Não vamos morrer, Adam.-eu o repreendo enquanto arrumo nossas coisas da forma mais organizada possível pois vamos sair daqui assim que o sol nascer.-Pare de ser tão pessimista. Ela acha que está na cidade errada, deixe ela continuar pensando assim. Descanse, ok? Vou levar nossas coisas para a carruagem e quando voltar quero que você já esteja dormindo. Fui clara?
–Sim.-ele responde com as mãos sobre o rosto.
–Ótimo.-digo.-ainda temos muita estrada amanhã. Liev e Morgan já estão indo dormir também. Não demoro para voltar.
Ele assente e se vira na cama para dormir mesmo.
Faço como disse e levo tanto as minhas coisas quanto as de Liev e Adam até a carruagem, deixando as bagagens sobre um dos bancos e as armas escondidas sob o mesmo. Quando volto, a estalagem esta escura e silenciosa e rumo até minha cama tentando evitar acordar Adam que dorme tranquilo na mesma posição que estava antes que eu saísse.
Acordo de um sono sem sonhos com a voz de Adam chamando meu nome e estendendo-me um prato com torradas com geleia e manteiga, a minha favorita.
–Coma.-ele pede.-Nós já vamos sair. Deixei você dormir o máximo possível. Quando estiver pronta, vá direto para a recepção. Estaremos te esperando lá na frente.
Concordo com um aceno de cabeça e pego a torrada do prato me sentando na cama.
–Por falar nisso, você vai querer cavalgar?-ele pergunta depois que deixa o prato sobre uma mesa de cabeceira.-Se quiser, deixo seu cavalo livre e eu conduzo a carruagem para Liev e Morgan.
–Se você não se importar...-digo.
–Na verdade, não.-ele sorri.-Não se apresse muito. Pode ficar a vontade para fazer suas coisas sozinha.
Ele me diz e sai do quarto me deixando no quarto fechado para terminar meu café da manhã e trocar de roupa.
Cerca de 15 minutos depois, termino o que tinha que fazer e desci as escadas até a frente da construção, como Adam me pediu para fazer.
Quando ele me vê, começa a me puxar pelas mãos até o cavalo e me indica para subir.
–Suba rápido.-ele pede e parece com pressa. Faço o que ele pede, mas espero uma explicação.-O tal guarda loiro da Hailee me viu e acho que me reconheceu. Temos que nos apressar antes que ele volte com seus amigos e venha atrás de nós.
–Entendi.-digo. Aponto para a carruagem.-Se apressar você também. Vamos embora daqui.
Ele concorda e corre até a parte da frente da carruagem, se senta no banco sobre as rodas da frente e bate de leve as rédeas para fazer o cavalo andar. O cavalo começa um galope se afastando da estalagem e eu o sigo mantendo uma distância segura. Quando estou perto o suficiente, Liev e Morgan aparecem atrás da janela traseira e acenam em minha direção em cumprimento. Sorrio e os sigo pela estrada prestando atenção ao redor para o caso de enxergar um dos quatro que está supostamente nos seguindo. Já fora da estrada, aproximo meu cavalo de Adam e o acompanho o resto do caminho ao seu lado.
–Hoje mais cedo...-ele comenta quando o sol já está alto no céu e a luz reflete em cada árvore nos lados da estrada que passamos.-Foi por muito pouco.
–Sim, foi.-digo-lhe.-Ainda bem que você notou o que iria acontecer antes de acontecer.
Ele assente.
–Você nos salvou, Adam.-falo.-Sabe disso, não sabe?
–Agora eu sei.-ele sorri. Eu sorrio.
Em menos de um dia, estaremos na cidade do Porto. Em menos de um dia, partiremos da Inglaterra em direção ao País de Gales até o lugar que Morgan diz estar nossa futura ajuda para a batalha.


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