Caçadora da Meia-Noite escrita por Ginger Bones


Capítulo 2
Uma missão perigosa


Notas iniciais do capítulo

Decide postar um capitulo por semana. Todas as sextas, qualquer demora é porque o capitulo ainda não está pronto.



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— Ah, que bom que vieram!-diz o Mestre Romckpay assim que entramos em sua sala. Pequena e agradável, nem sequer parecia o tipo de sala pertencente ao dono de toda a Caçada. Sua simplicidade era surpreendente, assim como sua sala também surpreendia quem imaginava que o lendário Stewart Romckpay seria como mais um dos excêntricos ricos e poderosos da Inglaterra.
— Eu poderia ter chamado outros caçadores, mas sei que vocês dois são os melhores. Sentem-se!
Eu e Adam nos entreolhamos, estranhando o comportamento animado demais do nosso Mestre. Não podíamos dizer que ele era um rico babaca com todo mundo, mas ele não costuma ser tão bem humorado assim a menos que ele tenha uma notícia que considere espetacular ou tenha sido convidado para mais uma daquelas festas pomposas que sempre o convidam, mesmo que ele não costume frequenta-las.
— Eu tenho uma nova missão especial para vocês!-disse alegre, assim que nos sentamos nas duas cadeiras à sua frente.- Eu sei que deveria ter chamado outros caçadores mais experientes, mas confio em vocês e sei que vocês são meus melhores caçadores, então quero que vocês busquem uma coisa para mim no Blaze Baley.
O Blaze Baley? Ele estava pedindo que nos infiltrássemos no principal covil do submundo, aquele lugar era tão perigoso para nós caçadores que nós não nos dávamos sequer o trabalho de chegar perto a menos que estivéssemos pensando em suicídio. Se estivéssemos caçando, sempre achávamos um jeito de fazer nosso alvo sair, sem chance de entrar. E agora ele queria que entrássemos lá?
— Por que?-pergunta Adam dando voz aos meus pensamentos.- Tentar entrar lá é suicídio.
— Bem, eu poderia ir eu mesmo até lá, mas não tenho mais idade para isso e se chegasse lá perto seria reconhecido no mesmo instante e iriam me matar.-explica em um tom condescendente. Odiava quando ele falava assim.- Vocês são meus melhores caçadores, mas eu ainda preciso mandar em tudo isso.
— O que exatamente quer que façamos se não vamos matar?-pergunto já conformada com nossa missão especial.
— Ah, não. Não estou impedindo vocês de matarem se for necessário.-diz com naturalidade.- Mas quero que o objetivo seja bastante específico. Eles guardam algo lá que quero desesperadamente, e vocês vão buscar para mim.
— O que é exatamente assim tão importante para o senhor que vai nos mandar para aquele lugar?-pergunta Adam.
— Na área restrita da Blaze Baley há um cofre com um frasco que eu preciso o mais rápido possível.-explica Romckpay.- É um assunto confidencial que estou tomando conta, o que posso dizer é que irá acelerar nosso trabalho tão importante de forma fácil e espetacular.
— Então é uma arma.-falo o interrompendo.
— Eu não afirmar nada a vocês sem me comprometer. Se algo acontecer a vocês, podem acabar descobrindo o que eu pretendo fazer e podemos todos acabar morrendo por isso. Portanto, neste caso, será um assunto já encerrado. Façam o que precisam fazer, o resto virá com o tempo.-diz ao me olhar com uma expressão séria. Eu não devia ter aberto a boca.- Algum idiota criou algo útil para nós e os membros do submundo o guardam lá porque acham que ninguém irá tentar chegar perto. Porém, eles nos subestimam e vamos conseguir aquele frasco. Dou a vocês o tempo que precisarem para se preparem, não quero erros ou qualquer deslize. Estão temporariamente dispensados dos treinamentos habituais para se dedicarem somente aos seus estudos para a invasão ao Blaze Baley.
Assentimos, já pensando em o que teríamos que criar para conseguirmos entrar e sair vivos daquele quartel general do submundo.
— Agora, vocês já podem ir.-diz fazendo um movimento de dispensa com uma das mãos.- Vão comer alguma coisa de café da manhã e comecem seu trabalho logo após disso.
— Sim, senhor.-respondemos ao mesmo tempo e saímos da sala do Mestre Romckpay logo em seguida.
Nós teríamos longos dias para prepararmos nossa estratégia, então é melhor que comecemos a pensar em algo o mais rápido possível.
**************************
— Como ele espera que entremos lá?-pergunta Adam enquanto pegamos nossa bandeja do refeitório e caminhamos até a mesa principal para pegarmos nosso café da manhã de sempre. Café e torradas acompanhado de frutas ou bolo.- Nós nem sequer temos como entrar lá antes para fazer um reconhecimento de campo ou um mapa, eu não saberia dizer.
— Eu também não sei o que poderemos fazer sem um mapa.-digo tirando minha torrada recém feita daquela máquina esquisita para esquentar o pão. Era uma coisa meio sem sentido e nova, mas funcionava muito bem. A sorte é que Romckpay patrocinava um inventor maluco para fazer essas coisas para nós.- Mas de uma coisa temos certeza, vamos ter que nos arriscar um pouco mais e espionarmos aquelas criaturas antes de entrar lá.
— Como se fossemos detetives?-me pergunta Adam.
— Eu prefiro fazer a comparação com Sherlock Holmes, se você não se importar.-digo dando de ombros e me sentando à frente dele em nossa mesa de sempre.- Não podemos simplesmente entrar lá e esperar que saibamos onde ir.
— E no que você está pensando, exatamente?-me questiona.
— Disfarce?-tento uma hipótese.- Poderíamos fingir ser um deles e entrar lá. Acho que funcionaria melhor do que sair atirando e arriscarmos botar tudo a perder.
— Mas e quanto ao nosso cheiro?-pondera Adam entre uma garfada e outra.- Está se esquecendo que eles podem reconhecer algo que não podemos esconder: a nossa humanidade.
— Está tudo bem, Adam.-digo dando um meio sorriso.- Esta parte eu posso resolver sozinha, só concentre-se em decidir o que vamos fazer quando estivermos lá dentro.
— Não sei o que você pretende, só tente não se meter em confusões demais para isso, certo?-ele me pede.
— Pode deixar.-respondo convencida de que o que eu estou pensando vai dar certo.- À propósito, você sabe como consigo entrar em contato com Robert?
— Saphira, o que você está pensando em fazer que precisa daquele maluco que acha que pode mudar alguma coisa com as suas invenções idiotas?
— Preciso do talento dele.-respondo.- Para concretizar a ideia que acabei de ter.
— Sei.-termina Adam desconfiado.-Espero que saiba bem o que está fazendo.
Ele tira de seu bolso um cartão de contato branco e o estende para mim por cima da mesa. Ao ler, vejo o nome de Robert Fletcher e um numero de telefone para ligar para ele.
— Pode deixar, Adam.-digo retirando o papel de sua mão.- Vai dar tudo certo. Aliás, somos treinados para isso. O que pode dar errado?
********************
Naquele mesmo dia, deixo Adam fazendo anotações e escrevendo nos nossos mapas da cidade para telefonar para Robert e tentar marcar uma hora para ir até sua oficina em sua casa.
— Robert Fletcher!-chamo assim que ele atende o telefone. O barulho de fundo era extremamente desagradável e com certeza ele estava no meio de alguma experiência sem noção dele.- Robert, será que dá para desligar essa coisa que está fazendo esse barulho horrível?
— Desculpe, senhorita.-grita Robert por sobre o barulho.- Não posso desligar agora, mas o que a senhorita precisa de mim?
— Meu nome é Saphira, eu sou Caçadora.-respondo.- Tenho uma missão importante e preciso que você me ajude em uma coisa, disfarce, na verdade. Será que tem como eu encontrar você algum dia desses? Para conversarmos?
— É claro, senhorita.-diz.- Ficarei feliz em ajudar os Caçadores da Meia-Noite mais uma vez. Você pode vir até minha oficina essa noite, depois do jantar?
—Sim, eu posso.-falo, pegando um papel de cima da mesa da enorme biblioteca em que eu e Adam estávamos já fazia algumas horas, e não me importo em pegar algumas folhas em branco para escrever uma mensagem à Romckpay dizendo que precisaria sair cedo hoje.-Eu chegarei em sua casa às 19:00h em ponto. Esteja pronto na hora, ou seja, limpe sua bagunça e tome um banho!
— Sim, senhorita Saphira.-fala Robert seguido de um ruído de algo que caiu no chão. Com certeza ele havia deixado o telefone cair.- Desculpe, senhorita. Até mais tarde, senhorita.
— Pare de pedir desculpa, Fletcher.-falo irritada.- E pare de me chamar de "senhorita".
— Desculpe, senhori...-ele se interrompe.- Até mais tarde, Madame.
— Maravilha.-desligo o telefone sem me importar em me despedir.
Depois disso, aviso Adam que precisava sair por um tempo e levo a mensagem até o escudeiro de Romckpay para levar meu bilhete até ele. Na volta a sala de mapas com Adam, decido que é melhor ajudá-lo enquanto posso porque iria precisar ir até a sala dos troféus antes de sair. Para que meu plano desse certo, iria precisar de um espólio de guerra em especial.
Às 18:00h saio do meu quarto segurando uma pequena bolsa de veludo e vou até a sala de troféus, se for aceitável considerar verdadeiros espólios de guerra monstruosos como troféus. Havia tanta coisa retirada de criaturas mortas por antigos Caçadores, desde partes dos corpos humanos modificados pelo sangue demoníaco dos submundanos, até pertences valiosos e armas roubadas dos mortos ou presos. Até mesmo cabeças e asas de demônios eram mantidas como múmias para estudo dos cientistas que trabalhavam para Stewart Romckpay. Provavelmente, Romckpay tinha mais gente o servindo do que Caçadores da Meia-Noite treinados por ele.
Era tudo tão horrível é desprezível, que nós não costumávamos conversar sobre isso, apesar de todos sabermos da existência dessa sala no corredor escuro e pouco movimentado do Instituto Millenium.
À essa hora, estavam todos se arrumando para jantar. Estava apenas aproveitando a oportunidade para sair sem que ninguém me percebesse. Descrição era a palavra agora.
Eu havia feito um lanche um pouco mais cedo e não iria jantar mais, não teria tempo. Na sala de espólios, vou até uma máquina de metal como um freezer que mantinha tudo conservado, o mesmo sistema que usávamos para conservar por mais tempo as carnes que comprávamos. Com cuidado, abro a gaveta de sangue recolhido de criaturas do submundo como amostras para o caso de precisarmos de vacinas ou algo parecido. Havia todo tipo de sangue aqui. Vampiros, lobisomens, fadas, elfos, todo o tipo de criaturas que já estávamos familiarizados em caçar. No entanto, eu só precisava de um único tipo sanguíneo. Minha esperança era que o sangue de um deles os confundisse quando eu e Adam conseguíssemos entrar no Blaze Baley. Não precisava de muito sangue para fazer com que eles se confundissem, mas iria precisar de Robert Fletcher para criar algo que pudesse servir de recipiente para o sangue de lobisomem que agora eu segurava nas minhas mãos. E eu esperava mesmo que fosse o suficiente.


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