Caçadora da Meia-Noite escrita por Ginger Bones


Capítulo 17
Capitulo 17


Notas iniciais do capítulo

Segundo capitulo da semana! Quero dedicar o capitulo para a Yuuki Alecardia que comentou em todos os capítulos e foi uma fofa ♥ Vocês podiam comentar tbm... Enfim, aproveitem o capitulo! O próximo sai na Terça-Feira.



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Meu deus!, penso tentando não demonstrar meus sentimentos na frente de Courtney dessa forma. Eu sempre me contive na frente dos outros e não vai ser agora que isso vai mudar.
–Mas a maioria dos sobrenaturais não vivem na Inglaterra?-pergunto enquanto tento assimilar todas as informações. Eu o vejo assentir brevemente e me olhar serio. Deus, isso é quase um milagre se considerarmos quem ele é.-Então, isso significa que...
–90% da população de sobrenaturais deve morrer dentro de três meses.-ele me interrompe.-Ou pelo menos foi o que eu ouvi.
–Três meses?-questiono perdida em pensamentos.
–Sim.-ele explica.-Foi o tempo estimado para o projeto estar pronto agora que eles tem o que precisam.
–E quanto aos sobrenaturais que vivem em outras partes do mundo?-pergunto tentando manter-me calma.-Romckpay pretende deixa-los livres?
–Não! Romckpay nunca faria isso.-Courtney diz.-Ele fez acordos com alguns governos por meio da Rainha. Alguns caçadores vão ser mandado para outros países e vão se juntar às Organizações responsáveis em outras partes do mundo. Com uma quantidade tão reduzida de sobrenaturais restantes, vai ser fácil subjuga-los e logo vamos controla-los totalmente. Eles não vão mais ser um empecilho para nós.
–É dessa forma que Romckpay e Cinclair pretendem vencer essa guerra ancestral?
–Sim.-ele disse, parecia sério, mas talvez ele estivesse mais animado com essa conversa do que eu gostaria.-Depois que ele acabar, Romckpay e Cinclair vão nos deixar livres. Fiquei sabendo que eles irão nos dar uma escolha. Podemos fazer parte do exercito britânico ou simplesmente irmos embora. Recomeçar nossas vidas. Não parece uma boa noticia?
Sim, o único preço é morte de milhares de seres sobrenaturais inocentes, pensei. Que ideia genial! Romckpay vai suborna-los com uma vida normal para que não tentem impedi-lo de matar todo e qualquer submundano inocente. Assim ele pode controla-los sem ser questionado.
–Sim, é uma noticia muito boa.-respondo.
–Acho que já falei tudo que sabia.-ele sorri.-Agora já cumpri minha parte do trato. Eu só não queria ser um submundano agora.
–E se você fosse, para onde iria?-pergunto sem pensar e quase arregalo os olhos diante da minha burrice. Espero que ele não note meu tom apreensivo.
–Se eu fosse submundano...-ele começa e parece realmente pensar nisso.-Eu iria para o mais longe possível do Reino Unido. Talvez a América seja mais segura agora, mas duvido que qualquer um tenha tempo suficiente agora. A outra opção seria procurar a Cidade da Aurora, mas duvido que ela realmente exista.
Eu apenas assinto concordando.
Cidade da Aurora. Todos a conhecem. Existem diversas historias sobre ela e como uma boa lenda, sempre tem suas variações, então não há como ter certeza dos fatos. Tudo que podemos dizer sobre a Cidade da Aurora é que há muito tempo, em uma floresta primordial, Seelies e Grão-Feéricos transformaram um lugar remoto e totalmente isolado do resto do mundo em um santuário de seres sobrenaturais. A lenda diz que as duas espécies comandam a Cidade da Aurora até hoje e estão dispostos a aceitar qualquer um que busque a proteção da Cidade desde que os obedeça e faça sua parte para manter o lugar permanentemente isolado, a única exigência para entrar é ser submundano. A Cidade nem sequer pode ser vista por humanos e só tem esse nome porque só há um horário para ir até lá, durante a aurora. Todos os dias, enquanto o sol nasce no meio das arvores, é possível ver as muralhas de vidro Seelies se materializando no meio da selva e quando o sol atinge seu auge, as muralhas se solidificam e todos os sobrenaturais tem permissão para solicitarem uma chance de estarem do lado de dentro do lugar. Conheço historias de pessoas que procuraram pelo lugar a vida inteira e quando achavam que haviam achado o rastro da Cidade, partiam e jamais voltavam. Muitos camponeses da aldeia em que vivia quando era apenas uma criança já tinham partido achando saber onde procurar, mas nunca mais foram vistos e chegamos a conclusão de que morriam na selva. As vezes de fome e sede, as vezes eram comidos por animais. A verdade é que não dá pra saber. Como todas as lendas, ela parece forte, mas não há evidencias concretas de sua existência. Conhecendo o mundo sobrenatural, posso ter certeza de algo sobre a Cidade da Aurora que sempre é recorrente em suas versões. A forma precisa com que ela aparece. Ela não era desse mundo e com certeza as muralhas eram nada mais nada menos do que um portal para uma outra dimensão. Qual delas eu realmente não sabia. Considerando essa situação toda, a América era mesmo a melhor opção.
–Preciso ir embora agora, Saphira.-Courtney diz me olhando sério.-Os meus amigos já devem estar me procurando, e acho que os seus também. Você não quer que nos vejam juntos, não é?
–Não.-concordo ainda no modo automático.-Não quero que pensem algo sobre a gente que nunca irá existir.
–Tem razão.-eu notei um tom magoado em sua voz?-Acho que você acabou de me dispensar. Boa noite, Saphira.
Ele se levanta e ao dar a volta na mesa aperta meu ombro de forma carinhosa e vai embora. Espero ele sair para finalmente desabar. Eu não choro, mas toda essa historia que Courtney me contou vai ser literalmente minha ruína. Encosto minha cabeça entre minhas mãos, deslizando-as até a testa e tirando o cabelo do rosto enquanto apoio os cotovelos na mesa. Dessa forma, ninguém pode ver meu rosto. Eu preciso ir embora daqui o mais rápido possível. Eu não posso fazer parte disso. Eu não quer fazer parte desse massacre. Eu já me decidi. Eu vou embora, e não vai ser amanhã ou depois, vai ser hoje. Agora. Quanto mais tempo passo aqui, menos tempo tenho para fugir. Não posso sentir culpa por fugir dos meus problemas agora, preciso ir para o mais longe possível daqui enquanto eu tenho chance.
As pessoas na sala de estar não devem nem ter notado minha presença, considerando como estão ocupadas em suas conversas e brincadeiras com seus amigos. Aproveito a oportunidade para me recompor e deixar a sala antes que alguém me faça perguntas. Não posso responder ninguém agora.
Quando não há ninguém por perto, corro para o meu quarto, fechando a porta às minhas costas. Puxo a mala usada nas missões mais longas que todos os soldados recebem debaixo de minha cama e começo a arrumar minhas roupas e pertences o mais rápido possível. Eu vou apenas botar tudo o que couber nessa mala, já que não vou voltar, preciso pegar tudo que conseguir e me livrar do resto para que quando venham até o meu quarto tentar descobrir até onde eu fui, não tenha nada que possa me denunciar. Meus sapatos, minhas roupas, meu uniforme, meus livros, coloco até mesmo minhas armas pessoas e meus pertences pessoais e o kit de primeiros socorros. Quando estou arrumando minhas roupas o mais cuidadosamente possível dentro da mala, ouço a porta abrir e imediatamente largo a camisa que estava segurando e fico imóvel. Como estava pensando que já haviam descoberto sobre mim, me assusto ao ver Adam entrar no quarto e parar ao lado da parede como sempre fez, esperando permissão para entrar.
–O que está fazendo aqui, Adam?-pergunto.
–Eu não sei, me diz você.-ele fecha a porta silenciosamente e se aproxima de mim alguns passos.-Estávamos todos te procurando. Você saiu tão apressada do refeitório e não falou nada com a gente no jantar. Eu pensei que você estava passando mal ou estava muito machucada. Ou então...Espera, porque você está arrumando essa mala? Você foi convocada para alguma missão e não me falou nada? Saphira, eu pensei...
–Não é nada do que você está pensando.-eu digo o interrompendo.-Eu vou embora.
–O que? Como assim embora?-ele soa preocupado.-Você não pode ir embora. Você quer fugir? Não pode fazer isso.
–Eu não vou fugir.-tento não gritar. Gritar não é a melhor ideia agora.-Não exatamente.
–Então é o que?-ele pergunta.-Você não pode simplesmente sair de malas sem ter permissão. Por que está indo embora?
–Porque não é seguro aqui.-resolvo responde-lo com parte da verdade.
–É por causa dos Inquisidores?-ele pergunta.-Você sabe que eles são inofensivos para nós. Eles não vão atrás de retaliação por você ter dado uma surra em um dos amigos deles. Não precisa se...
–Não é por isso, Adam.-falo.
–Por que então?-ele pergunta. Vejo seus olhos se acenderem e sei que ele lembrou de alguma coisa importante.-É a nossa missão do D'mont, não é? Eu soube da história. Romckpay nos disse durante o jantar, ele chegou lá pouco depois de você ter saído. Alguém deve ter te dito, provavelmente. Por que você está tão chateada com isso, você vai voltar a ter uma vida normal. Vai voltar para sua família. Pode recomeçar. Isso deveria ser bom, é bom.
–A questão é que minha vida nunca foi normal e nunca mais vai ser.-digo por fim.
–Por que?-ele pergunta.-Por causa dos Caçadores da Meia-Noite? Depois que isso tudo acabar e entregarmos nossos uniformes não vamos mais nos preocupar com nada. Provavelmente com o seu histórico, vai poder fazer parte do exercito se quiser. Mesmo sendo, você sabe, mulher.
–Não é por isso que vou embora, Adam.-explico de cabeça baixa. Eu não quero ter que falar.
–O que é então? Você vai poder ter a vida que quiser, Saphira.-ele soa magoado pelo que eu falei. Mas ele não faz ideia. Viro o rosto para o outro lado, para o teto, para o chão, as paredes. Qualquer coisa que não sejam os seus olhos. -Saphira! Por favor, me diz o que está acontecendo!
–Eu não posso!-quase grito.
–Por que não?-ele fala no mesmo tom.-Você é minha melhor amiga, pode me dizer qualquer coisa! Confie em mim, por favor. Saphira, por favor!
–Eu sou lobisomem!-explodo. Pronto. Agora ele já sabe a verdade.-Eu sou lobisomem já fazem 3 anos. É por isso que estou indo embora. Não posso ficar aqui, por que se ficar, vou morrer. Preciso ir para o mais longe da Inglaterra que conseguir antes que esses três meses se esgotem. E se você foi mesmo meu amigo em algum momento, nem que seja por alguns instantes, você não vai dizer nada para ninguém e me mandar para a minha execução.
–Saphira, isso é...Meu deus, eu não imaginava.-diz totalmente atordoado se sentando em minha cama e parecendo derrotado. Não é uma noticia fácil de receber para um Caçador, eu sei. Foi difícil até para mim.-Você tem certeza? Não tem como reverter ou...
–Não posso fazer mais nada.-respondo. Me concentro e deixo minha visão canina brilhar por um momento. O suficiente para que Adam veja meus olhos brilharem em um tom de amarelo como os olhos de um lobo. Apenas para que eu possa confirmar a verdade que ele não quer aceitar. Quando meus olhos voltam a ser negros e humanos, minha visão para borrada em comparação com a visão excelente que minha versão lupina tem. -O que está feito, está feito. Já é tarde demais para tentar reverter a situação. Depois de três anos já tenho todo o controle que precisa ter para não matar ninguém involuntariamente enquanto estou em minha forma de lobisomem.
–Bem, isso explica muita coisa.-ele diz mais como um suspiro.
–Que coisas?
–A forma estranha como você agia em todas as luas cheias, como ficava escondida por dias, como passava horas e mais horas trancada nesse quarto sem nem sequer abrir a janela.-ele recita.-Como costumava se esconder da lua todos os meses. Você estava se protegendo.
–Sim.-digo.-Agora, Adam, eu preciso saber: o que você vai fazer com essas informações?
–Saphira, se senta aqui do meu lado por favor.-ele bate com a palma da mão brevemente no seu lado da cama e me olha. Hesito por um momento, mas decido confiar nele mais uma vez e me sento do seu lado.-Sabe o que eu vou fazer agora que sei que você é lobisomem? Nada. Sabe por que? Porque você é minha melhor amiga e você ser lobisomem ou não, não muda isso. Eu nunca seria capaz de contar sobre você para alguém. Eu não quero que você morra.
–Obrigada.-agradeço sinceramente.-Eu até pensei em te contar antes, mas eu não sabia qual seria sua reação.
–Mais alguém sabe?-ele pergunta interessado.
–Não. Você é o primeiro a saber.-ele sorri.-Caso queira saber, eu não fui mordida nem nada do tipo. O gene da licantropia já existia em mim, mas estava adormecido há anos. Eu nem sabia que tinha esse gene, se soubesse, teria tomado mais cuidado.
–Mas para ativar o gene da licantropia é necessário matar um inocente.-eu assinto para que ele entenda.-Como? Quem você matou?
–Como eu disse, se eu soubesse teria tomado mais cuidado.-tento escolher bem as palavras diante de seu olhar ferido por saber que eu já matei alguém inocente.-Você provavelmente se lembra da minha primeira missão, quando eu tinha 14 anos. Quando eu fugi dos Rarzut's, um garoto me ajudou. Eu não me lembro muito dele, só me lembro que seu nome era Thyago. Aquela noite ainda é muito confusa para mim. Você deve se lembrar disso. Eu o apunhalei no coração em um momento de pânico cego. Eu o matei. Quando eu fiz isso, ativei a licantropia. Um mês depois, na lua cheia, senti muita dor no corpo inteiro e me lembro de ter desmaido. Quando eu acordei, estava de volta a minha forma humana, seminua e cheia de sangue e uma carcaça de um touro enorme perto de mim. Estava tudo deserto e não vi nenhuma alma viva no caminho de volta. Consegui um vestido de camponesa em uma loja de uma velhinha esquisita em troca dos chifres do touro. Ela me olhou estranho, mas não perguntou nada. Agradeço por isso. Considerando o lugar, uma adolescente seminua com uma carcaça sangrenta a tira-colo não devia ser a coisa mais estranha que ela já deve ter visto.
–Você se lembra de mais alguma coisa?-ele pergunta. Calmamente põe sua mão sobre a minha, um gesto para tentar me confortar. É bom saber que ele ainda é só Adam, meu melhor amigo.-Você sabe se matou mais alguém?
–Pará ser sincera, não.-explico.-Os primeiros meses foram muito confusos para mim. Eu perdia toda a minha racionalidade quando me transformava. Demorou bastante tempo até eu aprender sozinha a controlar a transformação, a continuar sendo eu mesmo em forma de lobisomem. E embora eu me esforce, algumas memórias são impossíveis de recuperar. Eu já tentei de tudo. Não me lembro de nada que fiz naquela noite e nem nos outros meses. Não que eu não me preocupe com isso.
–Não precisa mais aguentar tudo sozinha.-ele sorri apertando minha mão mais forte.-Eu estou aqui com você agora.


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Notas finais do capítulo

E então, as coisas estão começando a acontecer, né? Eu to tendo um bom retorno ao meu ver, então se continuarem assim, talvez poste mais vezes na semana ♥



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