Caçadora da Meia-Noite escrita por Ginger Bones


Capítulo 16
Capitulo 16


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora vou postar todas as terças e sextas! AEEEEEE



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–Bem, isso foi...Interessante.-diz Cinclair se levantando de sua cadeira acolchoada sem pressa.-Eu achei que nunca teria a chance de ver uma luta tão acalorada como essa. Os dois até que mostraram como são seus estilos de luta de verdade. Magnifico.
Seus elogios não podiam soar mais falsos para mim, ele queria nos ver lutar até desmaiarmos de cansaço ou dor. É isso que os nobres querem que nós, tanto Caçadores da Meia-Noite e Inquisidores, façamos. Tento me conter para não sorrir. Minha especialidade preferida é irritar os nobres.
Enquanto Cinclair continua seu discurso desnecessário, Courtney se levanta e se posiciona no meio do ringue, parecendo interessado no seu discurso. Sei que ele está fingindo, todos nós fingimos. Por um segundo, ele volta seu olhar para mim e depois acena discretamente o espaço ao seu lado. Entendo o que ele quer dizer, precisamos parecer o mais profissionais possíveis com Cinclair aqui. Mesmo que nosso desejo agora seja socarmos a cara um do outro. Isso ainda não tinha acabado e ele ainda me devia algumas respostas. Me solto de Adam enquanto ele continua me olhando preocupado com o que eu poderia fazer depois de ter que lutar com alguém como Courtney. Caminho até o lado dele parecendo o mais despreocupada possível, embora os olhares sobre mim me incomodassem.
–Tenho que admitir, você é boa.-sussurra Courtney se inclinando discretamente em minha direção.-Só acho que você deve cuidar com as suas companhias. Sei que você andou treinando escondido. Até onde eu sei, isso é trapaça.
–Não é, não.-respondo baixo o suficiente para que apenas ele ouça.-Não tente fugir das suas responsabilidades. Nós tínhamos um acordo, agora você vai cumprir a sua parte dele.
–Pretende me humilhar publicamente também, Caçadora?-pergunta irônico. Sei que ele não quer que eu responda e que está irritado por ter perdido para mim dessa forma na frente de alguém importante como Cinclair. E pior, na frente de seus próprios amigos. Ele não aceita perder assim como eu, mas não sou conhecida por ser gentil.
–Não, acho que essa luta já foi o suficiente.-digo e sorrio discretamente sem tirar os olhos de Cinclair.-Não concorda?
Ele bufa irritado e volta sua atenção para o nobre no momento em que ele termina seu discurso e dispensa toda a platéia a sua volta.
–Senhorita Saphira, se tiver interesse em uma promoção em seu trabalho, procure-me o quanto antes.-Cinclair diz enquanto as pessoas começam a se levantar e ir embora conversando sobre mim.-Sei que você precisa de um tempo para pensar, procure-me até o final da semana. Depois disso, irei embora da cidade.
–Sim, senhor.-respondo mais por educação, acho que ele já sabe qual será minha resposta.
–Você lutou muito bem esta noite. Meus sinceros parabéns.-Ele faz uma pequena referencia para mim e vai até a porta assim que a maioria dos soldados já haviam ido embora.
–Obrigada.-digo a ele antes que ele bata a porta às suas costas.
Virando-me para Courtney, sorrio diante de sua expressão irritada e o corto antes que ele falasse qualquer coisa.
–Te encontro na sala de estar em uma hora. Você tem muito o que falar comigo ainda. -digo.
Antes que ele tentasse me responder com alguma piada besta sua, viro-me e caminho até a porta. Adam me espera na porta apoiando seu braço para impedi-la de se fechar. Quando passo por ele, Adam acena para Courtney e o deixa para trás largando a porta e caminhando comigo até meu quarto. Ele se despede na porta e o vejo virar o corredor para ir até o refeitório. Eu também pretendia jantar antes de falar qualquer coisa com Courtney.
Após terminar de jantar, tento desconversar Adam que tentava me convencer a ficar com ele e seus amigos no refeitório e caminho até a sala de estar que tínhamos combinado de nos encontrarmos. A uma hora que tínhamos combinado já havia passado fazia um tempo, mas eu não estava preocupada, visto que Courtney sempre foi uma pessoa que não dá importância nenhuma à hora. Isso significava que ele com certeza iria se atrasar. Já estava acostumada em ignorar as conversas dos outros soldados ao meu redor, o barulho das varias vozes se misturando sempre costumou embaralhar meu cérebro e começou a piorar ainda mais depois que comecei a treinar de verdade. O motivo era um tanto irrelevante para mim agora, embora nunca iria deixar de ser meu grande defeito nesse lugar. Perdida em meus pensamentos em tentar decidir a melhor maneira de fazer as perguntas certas a Courtney sem que ele tenha a oportunidade de transformar em alguma piadinha idiota, enfio as mãos no bolso do meu casaco preto e tento me desligar do intenso barulho que já era tão comum no Instituto. Não achei que iria ficar tão surpresa em toda a minha vida quanto fiquei ao chegar até a sala de estar e encontrar Courtney sentado de forma despreocupada e meio jogado sobre o sofá no canto da sala, logo em frente à mesa que havíamos combinado de nos encontrar essa noite. Já passava das 22:00h da noite, mas eu não esperava que ele aparecesse tão cedo. Se eu não o conhecesse, diria até que ele tem o mínimo de intenção de cumprir sua parte do trato sem ter alguma coisa a se beneficiar com isso. Com certeza vou descobrir o motivo agora. Querendo ou não, ainda preciso saber o que Romckpay pretende fazer com aquele frasco. Sei que é uma arma, mas não posso esperar nada de bom vindo de algo que um feérico defendia com tanto gosto. E aquilo que ele me disse, "está cometendo seu maior erro", o que isso queria dizer? E por que ele havia me chamado de mestiça? Talvez o feérico de cabelos roxos soubesse bem mais do que estava disposto a dizer. Talvez eu devesse ter insistido mais.
Courtney continua parcialmente deitado no sofá quando entro na sala, e a julgar pelo seu braço apoiado sobre o rosto, ele ainda não tinha notado minha presença. Talvez ele estivesse cansado pelo dia longo e pela luta que tivemos, mas eu não iria deixa-lo dormir tão cedo. Decido pegar uma das maças de porcelana que serviam de decoração sobre um prato de aço polido sobre a mesa ao meu lado e lanço-a em direção à Courtney mirando a parte do seu rosto que estava descoberta pelo braço. Minha mira é algo que costumo me orgulhar, e, graças ao meu tempo treinando pontaria, consigo acerta-lo na área mais acima de sua bochecha, bem em cima do osso sobre a mandíbula. O grito que ele dá não é apenas surpresa por ter sido acordado dessa forma, noto também que há um resquício de dor quando ele se senta abruptamente no sofá esfregando a bochecha dolorida com uma das mãos.
–Isso é maneira de chamar minha atenção?-ele pergunta em um grito irritado. Chuta a maça de porcelana à seus pés, assistindo enquanto ela rola pelo chão até o canto da parede. Volta-se para mim com um olhar raivoso.-Sua maluca.
–Para você, é a única maneira que pretendo usar para te acordar.-dou de ombros. Sento em uma das cadeiras da mesa e indico com uma das mãos a cadeira em frente à minha.-Se levante e sente-se aqui, por favor. Por que de jeito nenhum eu vou me sentar no sofá com você.
–Com medo de não se controlar ao meu lado, amorzinho?-ele desdenha.
–Primeiro, não me chame de "amorzinho".-digo séria dando um tom desdenhoso à ultima palavra.-Segundo, não vou me sentar aí por que você não tomou banho até agora e já conseguiu impregnar o pobre sofá com esse seu suor.
–Como você sabe que eu ainda não tomei banho?-ele pergunta fingindo uma expressão surpresa e confusa e levantando seus braços para cheirar a camiseta fedida.
–Ah, ECA! Isso é nojento!-exclamo arqueando as sobrancelhas tendo que vê-lo fazendo isso.-É só que é muito obvio que você até agora não tomou banho! Olha para você, você está molhado de suor e eu consigo sentir que está sujo daqui. Por favor, você trabalha servindo à Rainha, não consegue ter o mínimo de classe?
–Até que não!-ele exclama voltando a sorrir debochado e se levanta caminhando para perto de mim.-Se formos pensar assim, você também trabalha, então por que não me dá um abraço.
–Não se aproxime de mim!-falo tentando manter a compostura e evitando olha-lo como faria uma dama da realeza quando ele estende os braços como se esperando que eu o abraçasse.-Não vai me tocar desse jeito. Se sente e vamos conversar como dois adultos. Se continuar agindo como uma criancinha, desisto de conversar com você e vou atrás daquele outro Inquisidor. Como é mesmo o nome dele? Theodore. Ele parece legal, tenho certeza que ele responde às minhas perguntas de forma séria. Além disso, ao menos ele tem o mínimo de noção de higiene.
–Saphira, você já sabe tanto assim dos Inquisidores?-ele exclama sorrindo em deboche e sei que ele vai fazer mais uma piada idiota.-Mas você não perde tempo, hein.
Reviro os olhos. Se essas insinuações continuarem, não é só aquela maça falsa que vou jogar nele essa noite. Minha mão já está quase coçando para fazê-lo ir dormir de olho roxo hoje.
–Não enche o saco!-peço com um tom de voz irritado, mas tentando manter-me com a voz baixa e não gritar.
–Eu não sabia que tinha um.-ele fala quase rindo.
–Vê se cresce!-exclamo arqueando as sobrancelhas.-Senta logo nessa cadeira e vamos conversar como adultos. Será que dá para ser?
–Claro.-ele diz puxando a cadeira de forma barulhenta para me tirar do sério e se senta apoiando os cotovelos na mesa. Ele continua sorrindo diante da minha expressão séria.-Você não tem senso de humor nenhum, né?
–Até tenho, só não com você.-digo.
–Booom!-grita levantando sua mão e esperando que eu faça o mesmo para que ele batesse na minha mão. Continuo olhando-o séria.-Droga! Essa foi boa mesmo.
–Que seja.-digo ignorando sua mão estendida.-Agora, vamos direto ao assunto. O que você sabe sobre o que Mestre Romckpay pretende fazer com aquele frasco que eu peguei para ele.
–É uma arma.-ele fala calmo abaixando o braço e tirando a sua expressão sorridente para ficar sério mesmo que seja só por um momento.
–Eu sei que é uma arma.-digo.-Ou pelo menos vai se transformar em uma. Eu quero saber como ele pretende transformar aquilo em arma e quem, exatamente, ele quer atingir com essa arma.
–Não estou tão alto na hierarquia para saber todos os detalhes, mas o que escutei de uma conversa entre Cinclair e Romckpay é que contrataram um inventor. O melhor inventor da Inglaterra, melhor ainda que o próprio Robert-mirrado.-ele começa a explicar e reviro os olhos por descobrir que ele ainda chama o pobre Robert Cruslet dessa forma. É claro que o contraste entre os dois é gritante. Que Courtney é forte e grande como um dos seguranças-armário da Rainha, mas não acho que ele tenha o direito de falar assim de alguém.-Pelo que entendi, ele vão usar aquela substância como o motor para criar uma maquina que irá transformar prata pura e todas as coisas que conhecemos que afete de forma profunda todo o tipo de Submundano para destruir todos eles de uma vez por todas. Eles já tem tudo, só precisavam do combustível. Parece que aquilo pode ativar todos os componentes tóxicos para submundanos e transformar tudo em uma massa mortal. Romckpay não quer mais esperar, ele vai exterminar todos os submundanos e todos que tem qualquer resquício de DNA do submundo em seu sangue. Ativando aquela maquina, toda a massa nociva se transforma em gás e mata todos os submundanos de forma lenta e dolorosa. É tudo que Romckpay sempre quis.
–Qual a distância que essa maquina alcança?-pergunto tentando não começar a gaguejar. Isso definitivamente não pode acontecer.-Você ouviu essa parte também? O alcance?
Ele assente me confirmando.
–Por todo o Reino-Unido.


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