Horas depois estão no laboratório entregando seus relatórios a Russel.

— Obrigado gente! Sara, posso ter uma palavrinha?

Sara já estava incomodada o suficiente e aparentemente hoje sua mascara não funcionou tão bem.

— Claro!

— Até amanhã! – Cumprimenta Nick e sai da sala deixando Russel e Sara a sós.

— O que houve?

— Nada de mais, só queria saber se você está bem com a presença de Doug.

— Por que não estaria?

— Sara... Juls me contou o quanto ele mexeu com você da ultima vez em que esteve aqui e sei que andou tendo tempos difíceis com seu marido... Só quero o seu bem, não quero te ver sofrendo...

— Obrigada Russel, de verdade, mas não há com o que se preocupar, eu estou bem!

— Ok! Se precisar de alguma coisa sabe que estarei aqui Por você certo?

— Claro!

...

“algumas horas depois no outro lado do mundo”

Estava Gil perdido em seus pensamentos, acabou de iniciar se intervalo na pesquisa que estava fazendo e estava em seu quarto de hotel que deixava a desejar no conforto, mas que era bem melhor do que dormir no acampamento, os intervalos eram revezados entre os cinco pesquisadores, cada um tinha um dia na semana que poderia deixar o acampamento, nos demais dias teriam de ficar no acampamento. Essa etapa da pesquisa teria duração de quinze dias e Gil achou que seria ideal para tentar tirar Sara de seus pensamento, desde que decidira terminar seu relacionamento que a ideia de ter tomado a decisão errada povoava seus pensamentos.

Ele estava tomando um banho demorado, demorado até demais, ficou em baixo do chuveiro deixando a água correr e pensando no que Sara poderia estar fazendo agora, se ela ainda pensava nele assim como ele pensava nela.

Depois de longos minutos debaixo do chuveiro resolveu deitar um pouco na cama de solteiro do minúsculo quarto de hotel e se dar o luxo de dormir, porém para sua surpresa o cansaço físico era tão grande que não conseguia dormir. O que lhe rendeu devaneios sobre uma vida que poderia ter tido com Sara se não insistisse em colocar sua carreira acima de tudo e de todos em sua vida.

Estava no topo de sua carreira, onde poderia escolher a dedo onde iria trabalhar, mas mesmo assim optou pelo que o deixava mais distante de sua esposa, um verdadeiro suicídio para o relacionamento que desde sempre sofria com suas indecisões.

Pega o celular e lembra que a ultima vez que falou com ela já faziam semanas, para ser mais específico um mês, já não suportava mais a saudade e resolve ligar pra ela. Na semana seguinte seria aniversário dela e ele lembrava que bem mais cedo tinham reservado um hotel para um dia de SPA, a compra foi feita devido a uma promoção online que encontraram e Gil achou que seria um bom presente para ela. Quem sabe poderia fazer uma visita a ela, por mais que não passasse o dia com ela como havia planejado, mas acreditava que ela iria gostar da surpresa, não iria? Não sabia ao certo!

O local onde estavam fazendo a pesquisa era muito ermo e isolado, devido a isso o sinal de celular era péssimo, não conseguiu completar a ligação para sua frustração. Tentaria no dia seguinte, tinham lhe incumbido a missão de ir a cidade comprar algumas coisas para continuarem a pesquisa e como no centro da cidade o sinal era melhor ele tentaria novamente contatá-la.

No dia seguinte Grissom está em uma loja se munindo dos tais itens e ao termino foi a uma fila gigantesca para pagar, vendo que demoraria bastante para sair dali pegou o celular e tentou fazer a ligação.

Viu a ligação chamar até cair, pensou inicialmente que talvez ela não quisesse lhe atender, que estaria chateada de mais para manter pelo menos uma amizade com ele, mas não desistiu, tentou mais uma vez e nada, na terceira vez sua ligação foi atendida.

— Alô? — Ouviu uma Sara sonolenta do outro lado da linha, só então se atentou a hora, para ele estava cedo da manhã, mas contanto com uma diferença de fuso horário e o fato de que ela trabalhava a noite sabia que deveria estar no meio da tarde.

— Perdão querida! Não me toquei da hora, só precisava falar com você!

— Gil?

— Sinto sua falta, pensei em ti visitar no seu aniversário, o que acha? – Ficou alguns instantes só ouvindo a respiração dela, mas sem uma resposta. – Sara, eu não estou pedindo pra voltarmos, mas gostaria muito de continuar com nossa amizade, você sempre foi minha melhor amiga.

— Gil, me desculpe, mas eu marquei um jantar com um amigo no meu aniversário e não creio que sua presença será bem vista por ele.

— Como assim? Do que está falando?

— Gil, você terminou comigo esqueceu? Passou um mês sem me ligar uma única vez, tem noção do quanto eu sofri com mais uma rejeição sua? O que eu quero dizer é que eu segui em frente como você queria e desejo que você faça o mesmo.

— Então essa pessoa é mais que um amigo...

— Entenda como quiser, só não creia que ficarei lhe esperando pra me fazer companhia! – Desligou o celular.

Gil ficou estático com aquela noticia, não acreditava que ela conseguisse passar por cima de tudo que eles viveram assim tão rápido, imaginou que quando isso acontecesse ele também já teria superado e não iria lhe doer tanto quanto agora. Abandonou o carrinho na fila e saiu dali com lagrimas nos olhos.

...

Em Vegas...

Sara desligou o celular e em seguida desatou a chorar, choro esse que lhe doía mais que no dia em que ele terminara o relacionamento. Depois de se recompor olhou para a cabeceira da cama e viu no relógio que já eram quatro da tarde, tinha que fazer uma rápida limpeza em casa antes de ir trabalhar e tinha prometido a si mesma que não deixaria que seu relacionamento com Grissom viesse a lhe atrapalhar novamente.

Levantou e foi  se ocupar de suas tarefas, horas depois havia tomado banho e jantado, estava terminando de se arrumar para o trabalho quando abriu uma gaveta do criado procurando seu crachá e achou as reservas de seu aniversário, ao vê-las sua vontade foi rasgá-las pela lembrança que lhe trouxeram, mas sabia que se arrependeria, afinal de contas seria no dia de seu aniversário e queria mais que todos os outros dias que esse fosse relaxante e tranquilo.

Pegou seu crachá e chaves e foi para o trabalho, chegando ao laboratório vê seus colegas na sala de convivência conversando tranquilamente, pensa rapidamente em fazer a oferta da segunda entrada do SPA pra Morgan, ou quem sabe para Fin e segue para lá quando é puxada pelo braço.

— Que Diabos Hodges?

— O que está acontecendo Sara?

— O que você quer dizer?

— Esse cara fica te rondando como se você pertencesse a ele...

— Do que está falando?

— De Doug Sara! E Gil? Como fica ele?

— Eu não vou te responder... – puxa o braço que ele ainda segurava e segue para a sala de convivência não mais tranquila como ficou ao ver seus amigos.

  Entra na sala se serve de café e senta na mesa distraída de mais para perceber alguns olhares ou lembrar de convidar alguém para lhe fazer companhia no aniversário. Morgan se aproxima dela e tenta descontrair:

— Ei Sara? Fiquei sabendo que semana que vem é seu aniversário, o que vai fazer? Podemos organizar uma festinha...

Quando Sara ouve a menção de festa levanta os olhos assustada com a ideia.

— Não!

— Tudo bem, não precisa ser bruta! – Diz Morgan com um sorriso amarelo.

Sara fica mal pela reação que causou na amiga, não queria magoá-la, só não queria ser o centro das atenções quando tentava a todo custo se esconder de seus amigos para que não percebessem seus problemas.

— Morg, me perdoa, não quis ser chata. É só que já tenho um compromisso, tenho um dia no SPA e a noite um jantar e não teria tempo para vir aqui. Me desculpa se te magoei.

— Hummm, parece que alguém vai ter um dia de princesa, aposto que o jantar será com seu príncipe em? Tudo bem! – Abraça Sara que está ainda sem graça principalmente pela ideia do seu príncipe não estar incluso no seu pacote de aniversário não aguentando mais levanta e sai sem dizer nada.

Todos tinham voltado as suas conversas e distrações, portanto sua saída não foi tão notada, a não ser por Doug que assistiu com preocupação a reação de sua amiga. Levanta discretamente e sai atrás de Sara, quando a alcança começa a caminhar a seu lado em silencio. Colocou os braços em volta de seus ombros e viu que apesar de tentar consolar seu choro silencioso só a fez soluçar mais. Parou por um instante e a puxou em um abraço que foi aceito por ela que estava realmente precisando de um ombro amigo.

Se afastou o empurrando gentilmente e lhe deu um beijo no rosto.

— Obrigada Doug!

— Gostei da sua forma de gratidão... – Sara sorri e lhe dá um tapa no braço.

— Coisas quebradas nem sempre podem ser concertadas Doug, não se iluda porque infelizmente não poderia retribuir ao que você me pede.

— E eu já te disse que não precisa, só te peço que nos dê uma oportunidade, sei que hoje você pode não sentir nada por mim a não ser carinho, mas poderá desenvolver algo mais e você sabe disso, só tem medo de que possa ter essa certeza.

Sara o olha nos olhos e repete o tapa.

— Ei! Não disse nada.

— Mereceu mesmo assim.

Riram os dois e depois de Sara se recompor voltaram para a sala de convivência onde Russel já se encontrava com as tarefas a serem feitas. Pegaram o fim da conversa e Sara iria fazer dupla com Fin que logo lhe enlaçou o braço e saiu a puxando, fora da sala ela da um cutucão na cintura de Sara.

— Ei? Tenho uma coisa pra te pedir, ou perguntar.

— Como assim Fin? – Diz em meio ao riso.

— Sabe o bonitão que você disse que não tem nada entre vocês?

— Ele tem nome sabia? É Doug.

— Pois que seja. Sei que ele arrasta uma super asa por você, mas como você diz que não tem nada com ele queria lhe pedir seu aval para investir no partidão.

Sara dá uma gostosa gargalhada.

— Fin! Não precisa me pedir permissão pra isso, tá louca?

— Sei lá! Não quero ser fura olho.

— Vai fundo!

— Mesmo?

— Claro! – As duas sorriem e seguem para o trabalho.

Horas depois em sua saída depois de Russel liberar a todos Doug a persegue novamente nos corredores.

— Ei?

— Oi Doug? Não estou precisando de um abraço agora ok!

Ele levanta as mãos em sinal de rendição.

— Não era pra isso, mas não acharia ruim se você aceitasse.

— Desembucha! – Falou lhe provocando.

— Você mandou a Fin dar em cima de mim?

Depois de uma risada discreta. – Não exatamente, ela me perguntou se eu me chatearia se ela o fizesse e eu disse que não. Rápida né?

— Ok! Esse foi o fora mais criativo que você poderia me dar, eu oficialmente desisto senhora Sidle. – Diz e sai disfarçando um olhar de decepção.

— Doug?

— Oi? – Para, mas responde sem lhe dirigir o olhar.

— Eu amo o Gil, e você sabe disso, nunca daria certo entre nós desse jeito, não quero que se prive de viver por minha causa.

— Que seja! – Segue ainda sem olhá-la.

Agora ela se sentia mal por ter magoado quem até agora tinha sido seu melhor amigo nesse momento delicado de sua vida, mas talvez fosse melhor assim.

— Pensando bem...

Ela dá meia volta e o alcança ainda no corredor, imita o que ele fez com ela mais cedo e anda ao seu lado por alguns metros sem dizer nada e em seguida enlaça seu braço.

— Tudo bem! Semana que vem será meu aniversário e tenho duas reservas para um dia no SPA e um jantar, me acompanhe e veremos no que vai dar.

Ele que ainda estava sem reação quando ouviu o fim da sua proposta sorriu e lhe encarou pelo canto do olho, alguns instantes mais e lhe confirmou um sim com a cabeça e sem que ela esperasse lhe tasca um selinho que a faz parar, mas ele continua andando sem dar importância ao susto que lhe causou.