Gota a gota [HIATUS] escrita por Tamires Vargas


Capítulo 4
Reações


Notas iniciais do capítulo

Yo, amoras! Voltei!
Acho que com essa atualização rápida me desculpo pela demora de quase um mês, né?^^

Bora agradecer!
— Mayaracris e British por favoritarem ♥
— Sakurita1544, Sayuri, Hell Chan (sempre me vem à cabeça inferninho XD), Ilucida e Puppy por comentarem ♥
— a quem colocou nos acompanhamentos ocultos ♥ (gente, eu sou legal, apareçam)

Só para deixar vocês sabendo, a fic chegou a 14 acompanhamentos. *.* Não esperava isso tão rápido por se tratar de um casal pouco usual no fandom.
Obrigada a todos os envolvidos nisso! ♥♥♥♥



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Os passos calmos da garota contrastavam com o nervosismo que corria dentro dela. Não gostava do que estava prestes a fazer e quase voltou atrás por diversas vezes. Seus pés retardaram a chegada enquanto a indecisão lhe consumia, retomaram a velocidade normal quando a certeza retornou e por fim aceleraram ao tê-la sedimentada. Entretanto, o incômodo de se imaginar ouvindo determinadas palavras não a abandonava, um sentimento de revolta misturado à resignação de saber que as merecia. 

Ela possuía razão. Na época não parecia e Mikoto chegou a pensar que sua avó havia dito aquilo motivada pelo zelo que sempre lhe dedicou, exacerbado devido a possibilidade do casamento.

— Você não deve se sentir pressionada a aceitar por ele ser o líder. Há muitas mulheres no clã para Fugaku desposar. 

— Não me sinto pressionada — respondeu de imediato.

A idosa pousou seus olhos na neta, observando a determinação em sua face, permanecendo assim por minutos até indagar:

— Devo dizer aos anciãos que você aceita? — pronunciou num tom carregado de seriedade a fim de fazê-la meditar sobre o fato.

— Sim — devolveu sem titubear.

Agora, Mikoto hesitava. Precisou respirar fundo antes de chamar por sua avó e exibiu um sorriso fraco ao vê-la. Adentrou a casa lembrando a última vez que esteve nela, envergonhando-se disso e do motivo pelo qual retornava. Pensou em escondê-lo e traçar um caminho diferente para a conversa. Afirmou a escolha, vacilou e ao fitar as íris negras e serenas, retomou a decisão.

— Desculpe demorar tanto a visitá-la.

— Eu não esperava o contrário. É uma mulher casada, muito do seu tempo deve ser usado com seu marido. — Emi pronunciou analisando as feições da neta.

O fio do diálogo se partiu e uma nuvem de silêncio cobriu o ambiente. As duas mulheres se olharam fixamente por minutos densos e longos, guardando a voz para o momento correto.

— Vovó... — Mikoto iniciou. — Queria falar sobre o casamento.

— Não precisa mantê-lo. Se não lhe faz bem, não há porquê continuar.

— Mas isso é um absurdo... — disse espantada.

— Eu vejo mais absurdo em segurar uma casa que está desabando — exprimiu com firmeza, suavizando o tom em seguida. — Percebi que algo estava errado assim que vi você e o único motivo possível era o casamento.

Mikoto se encolheu. O quão evidente era o seu desgosto? Pensar que se tornara uma mulher que exibia melancolia em seu rosto a jogava numa lona de frustração, aliás, esta palavra definia sua vida nos últimos dias. Sentia-se frustrada pelo relacionamento com Fugaku afundar sem chance para salvação.

— Não posso me separar... — murmurou, fitando o chão.

— Se não fosse você, seria outra. Não se amarre a infelicidade esperando ser feliz.

Fugaku acordou mais tarde naquele dia, uma pequena folga havia lhe proporcionado a regalia e seu corpo o obrigou a aceitá-la. Tomou o desjejum devagar, ainda sonolento, e ao terminar lavou a louça no mesmo ritmo. Correu as mãos em busca de um pano para secá-las e esbarrou num pedaço de papel, jogando-o no chão.

Sairei em missão pela manhã. Leu franzindo o cenho. Era impossível não ter ouvido qualquer ruído que denunciasse a saída de Mikoto. Como pôde não perceber a ausência dela? E de quando era aquele bilhete?

Andou pela casa até chegar ao quarto dela. Chamou algumas vezes e abriu a porta, encontrando o lugar impecavelmente organizado, livre de sua dona. Ousou colocar os pés nele e observou as mudanças que sofrera. Havia cores, perfume e transmitia uma sensação de leveza que surpreendeu e irritou Fugaku em igual proporção.

Ele fechou a porta com força, ecoando o encontro dela com o batente. O som lhe paralisou por segundos, levando-o ao próprio quarto.

Yashiro balançou a cabeça em negação, fitando o homem que falava com alguns soldados. Aquela teimosia não tinha jeito, arrefecia em umas horas e voltava em outras, ainda pior. O tenente admitia que a postura do jovem líder era admirável, porém se continuasse agindo como se tivesse que resolver todas as questões sozinho, logo se sentiria sobrecarregado ou taxado de prepotente. Fugaku se equilibrava no fio de uma navalha e cair seria doloroso para muitos.

— Capitão — cumprimentou-o. — Não ia chegar mais tarde?

— Não gosto de ficar ocioso.

— Compreendo, mas precisa descansar. Além disso, creio que sua esposa gostaria de passar mais tempo com você — jogou o último, e mais detestável em sua opinião, argumento que tinha no bolso.

— Não preciso de descanso, e Mikoto saiu em missão. Mas você parece não ter trabalho suficiente.

Yashiro se desculpou, notando Fugaku ignorá-lo e perder o olhar na movimentação. Depois como se saísse de um transe, pediu que o acompanhasse até a sede da polícia e lá lhe deu a incumbência de montar um relatório sobre o clã e a força policial.

Os dados solicitados eram numerosos, o que o deixou confuso e com certo receio de não conseguir levantar todos no tempo determinado, no entanto aceitou a tarefa sem esboçar reação. Algo lhe dizia que Fugaku surpreenderia com sua liderança e a vontade de ver isto crescia.

À noite, o eco estremeceu os ouvidos. Ele se propagava com a facilidade encontrada em cavernas e os ruídos outrora baixos adquiriram um volume insuportável. A meia luz se tornou um negrume faminto que engolia os cômodos da casa sem a menor piedade e quando a última lâmpada apagou, juntou-se ao silêncio devorando a quietude.

Ele dormiu graças ao cansaço, porém não sem antes rolar de um lado para outro procurando a posição perfeita que não existia. Acordou buscando sons, incomodou-se por não ouvi-los e escutou aqueles que não desejava. Saiu rápido, passou o dia fora, retornou no início da madrugada, repetiu o ciclo até perder a conta e não mais existir a necessidade dele.

Ainda eram cinco da tarde, contudo Fugaku tomava o rumo de casa. Seu corpo reclamava a devida atenção e prometia obtê-la por bem ou por mal. Ele tentou ignorar e continuar com seus afazeres, porém a estafa lhe ameaçou de tal modo que foi obrigado a seguir o conselho de Yashiro e se recolher mais cedo.

Assim que correu a porta de seu lar sentiu a diferença no ar. Ela impregnou suas narinas e o paralisou com a certeza da suspeita.

Mikoto passava uma pomada curativa no corte diagonal em seu braço esquerdo, perto dele havia outros desenhando a pele branca com linhas vermelhas, algumas profundas. A calma contida no gesto em nada fazia lembrar o que ele era de fato, parecia que ela estava no meio de um ritual de beleza tamanha a delicadeza de seus dedos ao tocar a pele.

— Como se feriu?

— A missão não exigia um médico ninja, mas fomos emboscados e tivemos que lutar. — Ela respondeu tranquilamente sem desviar sua atenção do braço.

Fugaku guardou a réplica, porém ainda se sentia inquieto.

— Pretende continuar a realizar missões?

— Sim. Isso o incomoda?

— Não.

Ele permaneceu observando-a, esperando que lhe dirigisse o olhar ou a palavra até constatar que não receberia nenhum deles. Deixou-a sozinha tendo a conversa em sua mente, repetindo as frases como se as espremesse a fim de obter a última gota. As respostas indiferentes intrigavam menos que sua própria indagação e esta foi apenas a primeira da lista que se formou. Havia uma que não emudecia, intrigando gradativamente e se transformando em um mistério indissolúvel, alimentando o desejo de elucidá-lo ao ponto de Fugaku dedicar vários minutos de sua rotina à procura da explicação.

Ele fitava o nada sentado à mesa que abrigava em sua última gaveta, os objetos que outrora ficavam sobre ela. Nenhuma das opções que lhe vieram à cabeça parecia correta, simplesmente não se encaixavam na personalidade de Mikoto.

Fugaku entrelaçou os dedos à frente do rosto com o olhar compenetrado de quem veria a verdade se despir a qualquer instante, então se lembrou que sua esposa era praticamente uma desconhecida e sabia menos sobre ela do que sobre seus subordinados. Bufou indignado com sua estupidez jogando fora as conclusões, de novo tinha um grande zero nas mãos e levantou pronto para fazer uma ronda quando se atentou a Yashiro.

O tenente, que havia percebido a inquietação do líder desde o começo, arqueou a sobrancelha, questionando-se e se preparando para o que viria. “É por isso que ninguém fica na sede...”, pensou se arrependendo de não fazer o mesmo.

— Você estava na reunião que os anciãos anunciaram o casamento? — indagou retoricamente.

— Sim.

— Sabia da escolha por Mikoto.

— Sim — pronunciou cauteloso.

— De quem foi? — O peso na voz não escondeu a urgência.

— Do seu pai. Os anciãos apenas a respeitaram. — Yashiro disse devagar, observando o espanto se formar no semblante do outro.

Fugaku saiu pelas ruas carregando a resposta que o inflamava de raiva. Por mais que respeitasse a decisão de seu pai não admitia que ele o tivesse deixado às cegas. Quanto tempo fora feito de tolo? E por quem? Ruminou a questão pelo resto da tarde, adentrando à noite e sua casa com a sede de mais uma réplica, encontrando Mikoto ajoelhada diante do pequeno lago tocando as águas suavemente.

— Precisamos conversar — exprimiu em exigência.


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Notas finais do capítulo

Eu quero ver duas coisas:
— quem vai pescar o peixe que tem nesse capítulo;
— quem vai acertar a dúvida que ronda a cabeça do Fu (essa vale dedicação no próximo ^^)
Ah, capítulo novo só mês que vem. Lembrem-se que tenho outras fics, não posso deixá-las ao relento. Sejam compreensivas comigo (e leiam as outras também, estão abandonadas tipo cenário de velho oeste com aquela bolinha de sei lá o quê rolando e tal, não é drama gente, está triste mesmo -.-)
Agora me digam tudo! Desesperos, reclamações, expectativas, anseios... Abram seu coração para a titia.^^
Bjs! ♥♥♥♥♥



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