Gota a gota [HIATUS] escrita por Tamires Vargas


Capítulo 3
Solidão a dois


Notas iniciais do capítulo

Yo!! Caraca quase que faz um mês hein?

Gente, desculpem a demora para atualizar. O motivo foram minhas outras fics que estavam sem atualização há muito tempo (uma quase fez quatro meses e eu estava quase largando dela, atualizá-la foi algo tipo: ou vai ou adeus -.-)
Espero que alguém ainda acompanhe.

Obrigada a Clara, Lhu, Sayuri, Puppy e Laís Kaori por comentare! ♥
Obrigada duplo a Sakurita1544 e Hell Chan por comentarem e favoritarem! ♥♥
A quem colocou nos acompanhamentos de forma oculta: obrigada e apareçam!

Podem ler minhas outras fics no intervalo dos capítulos de GG. u.u



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Mikoto despertou suavemente, fitando o teto de seu novo lar com certa estranheza, espreguiçou-se soltando um enorme bocejo e, por fim, levantou decidida a encarar o primeiro café da manhã com o marido.

Chegou à pequena cozinha carregando um amável sorriso que murchou ao constatar que Fugaku não estava em casa. Não havia bilhete ou vestígio, nada fora do lugar, sujo ou com aparência de que foi tocado, como se ele não tivesse pisado ali. Imaginou que o volume de afazeres o arrancara do leito àquela hora da manhã, obrigando-o a sair sem avisar. Fazia uma quinzena desde o falecimento do antigo líder, e havia muitos assuntos a tratar. Cuidar de um clã daquele tamanho era uma grande tarefa. Maior ainda para alguém que não podia viver o luto devido à necessidade de honrar com seus deveres.

Os olhos negros da jovem se curvaram ao chão enquanto meditava sobre o fato de ter se tornado uma das obrigações impostas a Fugaku e se um dia passaria disso. Se a palavra esposa deixaria de ser somente um título ou perduraria como um acordo em prol do equilíbrio de sua raça.

O gato se espreguiçou no chão, preparando-se para voltar ao cochilo do qual saíra quando percebeu a chegada do rapaz. Balançou a cauda num movimento quebrado e miou ao receber o afago na cabeça. O carinho se estendeu por mais minutos que o de costume, e o felino soltou um miado longo que parecia tanto uma reclamação quanto um questionamento. O som não foi compreendido pelo autor do toque, que o continuou pensando com amargor: “daqui a algum tempo será você a deixar esse mundo.”

Fugaku não conseguia evitar as gotas de tristeza que umedeciam seu íntimo. Elas evaporavam e garoavam num ciclo constante e inquebrável. Às vezes, caíam em pancadas fortes, submergindo as outras emoções, arrastando-o para um oceano de torpor.

Deixou a companhia do bichano e adentrou a sede da polícia, ouvindo o burburinho que ecoava por seu interior.

— Com certeza, ele vai chegar de bom-humor hoje, nada que uma noite bem vivida para animar um homem! E com uma mulher como a Mikoto... — Teru exprimiu com um sorriso malicioso que murchou ao perceber os olhares tensos de seus colegas.

— Capitão! — Todos os presentes disseram, abaixando um pouco suas cabeças num sinal de respeito que também servia para evitar os olhos do líder.

— Vejo que lhe sobra bastante tempo, Teru. — Parou ao lado dele, observando o nervosismo estampado em seu rosto. — Use-o para o trabalho em vez de tricotar sobre a vida alheia.

— Sim, capitão!

— O que está esperando? — questionou ao notar que o soldado permanecia no recinto, fazendo-o engolir a saliva e sair de imediato. Os outros procuraram afazeres assim que fitados, exceto Yashiro que assistiu a cena com certo divertimento. — Você também tem algum comentário a tecer sobre minha vida? — articulou em tom grave, recebendo uma negativa em resposta.

Ele caminhou até a mesa que evitava todos os dias. Ela ainda continha objetos que não lhe pertenciam e, por falta de coragem, não os retirava nem permitia que alguém fizesse. A poeira acumulava formando uma fina camada, envelhecendo as lembranças de um passado próximo, ferindo o presente que se desgarrava cambaleante. Apoiou a mão na madeira como se o gesto o transportasse para a época sem dor, rememorando o olhar e a expressão serena de quem tudo lhe ensinou. Guardou a imagem atrás de suas pupilas, alocou-a no maior espaço de seu coração e inspirou devagar, sentindo o ar invadir suas narinas aos poucos como se encontrasse obstáculos no caminho. Fitou o móvel por mais alguns minutos e, guiado pelo ímpeto livre de pensamentos, pôs-se a organizá-lo.

— Capitão, uma mensagem do Sandaime. — Yashiro informou, observando nas mãos do líder, a estrela de quatro pontas talhada em madeira.

Fugaku leu rapidamente o pergaminho. Nele Hiruzen solicitava sua presença para discutirem assuntos que interessavam ao clã e a Konoha. Não havia hora marcada para o encontro, o que deixava implícito que deveria ir de imediato.  

— Cuide de tudo enquanto eu estiver fora — pediu ao subordinado.

Yashiro assentiu, notando a precisão dedicada na devolução da peça, exatamente no retângulo demarcado pela poeira. “Não é fácil”, pensou consigo. A memória daquele homem estava impregnada em tudo como se ele ainda caminhasse por entre os vivos. Isto conferia ao seu filho um voto de confiança, entretanto também se traduzia na imensa expectativa de que o jovem seguisse o caminho do pai.

A reunião com Hiruzen foi tranquila. De início, houve um pedido de desculpas pelo chamado no dia posterior ao casamento, que foi justificado pelas semanas que se completaram após a morte do antigo capitão. O desconforto se fez notável no semblante de Fugaku, mas logo deu lugar a expressão serena e forte. Posteriormente, e de forma sutil, os assuntos foram colocados em pauta. A todo o momento, o Sandaime avaliava as reações do rapaz a fim de perceber se estas espelhavam as de seu pai ou de desviavam delas. Para alívio do Hokage, ele possuía uma postura serena e confiável e suas opiniões eram destituídas da rebeldia da idade.

O diálogo não demorou a se findar, e as gentilezas típicas das relações entre aliados foram aplicadas. No entanto, a cordialidade marcou os dois homens de formas distintas: para Hiruzen, era a afirmativa de que o bom relacionamento entre Konoha e os Uchiha perduraria, para Fugaku, apenas a sensação de mais um dever cumprido e um problema a menos.  

Mikoto lamentou por não conhecer a rotina do marido, por ter cozinhado mais que o necessário e esperado-o para o almoço. Pela tarde ter passado devagar enquanto procurava algo para se distrair depois que terminou todos os afazeres, de repetir alguns por esquecimento e inquietação, pelo vazio que se aconchegava em seu peito, estendendo suas asas para preenchê-lo por completo.

O sentimento caminhou ao seu lado conforme os dias passaram e a voz de Fugaku era ouvida somente nos momentos em que este lhe respondia alguma pergunta. Aumentou com a percepção de que ele não lhe dirigia o olhar e frequentemente parecia se esquecer de sua presença na casa. Chegava sempre tarde da noite, não tocava na refeição e fazia questão de cuidar de tudo que o pertencia.

Vê-lo se tornava cada vez mais raro, e Mikoto se acostumou a tomar ciência de suas chegadas e saídas através dos mínimos sons que ele provocava. No começo, a jovem ia rapidamente até ele, mas logo percebeu que não encontrava um marido e aos poucos aprendeu a conviver com o estranho. Como Fugaku lhe ensinara, ela não mais olhava ou falava e do mesmo modo ignorava. As exceções se davam por bilhetes usados para comunicar sobre o uso de dinheiro e outros assuntos relacionados à casa, sempre com linguagem formal e grafia firme, de forma seca e direta, que eram lidos e respondidos com um simples “ok” ou “faça como preferir”.

A situação ziguezagueava entre infligir tristeza e fortalecer sua resignação. Conformar-se parecia a melhor opção para suportar o relacionamento, contudo adotar essa postura não garantiria deixar de sentir as emoções que se acumulavam nem impedir o questionamento sobre a escolha feita, que assaltava sua mente e a enchia de hipóteses sobre um futuro não mais possível, enterrado quando ela pronunciou “sim”.


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Notas finais do capítulo

E aí?
Fu ainda frio que nem nevasca, né? Mas podem ficar calmas que a partir do próximo, as engrenagens vão começar a girar e algumas coisas serão explicadas.
Obrigada a quem leu!
Bjs!♥♥♥



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