Andei até minha cama e me sentei , olhando para as paredes sujas ao redor de mim.

O silêncio era assustador e minha pele estava arrepiada. Um frio repentino começara a circular pelos corredores, já era noite.

Me deitei tentando dormir, quando um grito arranhado e agonizante veio do fundo do corredor.

As luzes piscaram e apagaram. Meu corpo se ergueu e olhei tensa para fora de minha cela, o corredor estava sendo iluminado por luzes vermelhas de emergência.

Mais gritos surgiram e pareciam cada vez mais próximos, junto eu conseguia ouvir barulho de passos rápidos.

Duas enfermeiras correram para dentro de repente.

—vá para fora agora!

Me levantei e andei para fora, escorando-me na parede. Elas estavam demorando muito pra sair.

Olhei para dentro de minha cela, e elas simplesmente não estavam lá.

Uma sensação ruim percorreu meu corpo. Eu andei até o meio do corredor e olhei para os dois lados, tinha de saber de onde os gritos estavam vindo.

Andei em passos leves até a próxima cela. Vazia. Eu estava tremendo.

Mais um grito foi ouvido, acompanhado de barulhos de grades batendo.
De repente muitos gritos soaram juntos e eu comecei a entrar em pânico. Corro para o lado contrário, esbarrando em pacientes nervosos.

Tate. Eu preciso encontrar Tate.

Sua cela estava fachada. Escutei mais gritos e comecei a chorar.

Meu sangue gelou quando vi seu corpo se mover lá dentro.
Ele segurava o lençol da cama, com uma ponta pendurada no teto. Oh não.

—Tate! TATE pare com isso! PORRA TATE ME OUÇA!

Ele mantinha os olhos fechados, a boca aberta dizendo palavras que eu não conseguia entender. Mas o pior, foi quando eu percebi que tinha alguém com ele.

Duas mãos seguravam seus ombros, provavelmente o mandando fazer aquilo.

Passos mais rápidos. Gritos mais altos.

—TATE ACORDA!

Pude jurar que pensei que era apenas um sonho, quando a pessoa que estava atrás dele tirou as mãos de seus ombros e as passou por sua cintura, os braços eram desumanamente compridos. Estavam machucados e pálidos em um tom doentio de azul, quase apodrecidos.

A primeira coisa que vi foi a cabeça, uma mulher com cabelos curtos e sem cor, praticamente brancos, passou por baixo do braço esquerdo de Tate. Depois o tronco e as pernas giraram em um ângulo assustador. Se enrolando em Tate como uma cobra.

Sufoquei um grito de horror quando ela caiu no chão, praticamente partindo alguns ossos pelos estalos que ouvi e ficou de pé. Bem na minha frente.

Seu rosto tinha olheiras enormes e seus olhos eram brancos. Quando ela sorriu , a pele e a carne de suas bochechas se rasgou e seus dentes pontudos e quebrados ficaram a mostra.

O corpo de Tate caiu no chão inconsciente. Mas vivo. Não vi mais nada a fazer, se não correr.

Gritei em pânico quando ela se esticou para fora da cela e começou a me perseguir, correndo e mancando, assustadoramente rápido.

Não tinha ninguém nos corredores e a única coisa que eu ouvia agora eram meus próprios gritos.

Raspei meu braço na parede, espalhando um pouco de sangue, olhei para trás sem parar de correr.

No fundo do corredor, não muito longe de mim, ela estava me olhando. Com a cabeça inclinada para o lado, agachada, pronta para me pegar. Na exata hora em que alguém me arrastou para dentro de uma cela escura.