Divided escrita por Pat Black


Capítulo 35
Hard paths


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Segue um pouco do que aconteceu com cada um deles. Acho que ficará subentendido o que aconteceu com os dois primeiros grupos, mas o último estará mais explícito.
Valeu por ainda estarem aí.
Obrigada a Cami Barbosa por acompanhar, me passei em agradecer.



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Sofia olhou para sua mãe e ela parecia um tanto perdida. Mesmo assim seguiram pela floresta, por que ouviram alguns tiros e não podiam deixar de pensar em Daryl e nos outros.

De todos Sofia pensava e se preocupava com Daryl e Sam, muito mais no que dos outros, mesmo que estivesse preocupada com Linn e Chase.

Tinha sido Sam quem lhe salvara na floresta quando fugia do horrível errante que lhe perseguiu muito tempo depois de se afastar de Andrea, quando escorregou e caiu no riacho, seguindo rio abaixo, perdendo Cindy, sua boneca, e conseguindo chegar à margem para ser caçada por outra daquelas malditas coisas. Naquela época em que ainda tinha medo deles. Ainda possuía algum agora, mas já sabia como lutar e como vencê-los e isso Sam também lhe ensinara.

“Fique atrás de mim Sofia.” A mãe lhe disse quando ouviram os primeiros grunhidos.

Sofia apenas pensou que a mãe não entendia que já não era mais a menina que havia se escondido embaixo de um carro e correra para a floresta com medo de um zumbi tão esquálido, que tinha vergonha só de se lembrar.

Sua mãe ainda achava que ela não sabia se proteger. Mas Sofia já sabia atirar e tinha melhor pontaria que muito adulto do grupo. Além de saber manejar a faca muito bem e o que fazer para atacar e derrubar um inimigo maior.

Mas não ia desobedecer a sua mãe. Se houvera algo que aprendeu com Sam, Linn e Chase, além de lutar, foi seguir ordens.

Quando pararam de correr ficou atrás de sua mãe, a arma na mão, afastando-se para poder ver além do corpo dela a sua frente e avistar Lizzie e Mika, uma de costas para a outra, a atirar assustadas contra vários errantes que se aproximavam.

Sua mãe avançou atirando em dois e os derrubando muito certeira. No que Sofia a seguiu atirando em um que vinha pela esquerda. Parando para mirar em uma mulher descarnada que se aproximava pelas costas de Mika, enquanto sua mãe segurava um e enfiava a faca em seu cérebro.

De tudo que apreciou quando retornou para o grupo do Xerife, o fato de saber sua mãe mais forte e preparada, tanto quanto Sam e Daryl, foi sua melhor surpresa.

Tinha orgulho dela agora. 

“Estão bem meninas?” Carol perguntou para as Samuels.

Elas se aproximaram, com Lizzie muito série e Mika chorando um pouco.

“Tive tanto medo Carol.” Mika falou abraçando sua mãe pela cintura e enterrando o rosto em sua barriga.

Sofia não ficou com ciúme, gostava de Mika. Mesmo ela sendo mais nova e um tanto inocente, gostava do jeito dela de encarar a vida, os errantes e tinha sido muito triste imaginar que elas podiam ter morrido na prisão.

Ainda bem que estava bem. Pensou, mesmo não indo muito com a cara da Lizzie.

“Estão sozinhas?” Carol perguntou e Mika negou com a cabeça.

“O Tyrese estava com a gente, mas ele ouviu gritos e foi ajudar.” Lizzie respondeu.

“Para que lado ele foi?”

Lizzie apontou e Carol seguiu com a arma naquele caminho.

Encontrou Tyrese em uma estrada, onde trilhos pareciam mostrar o caminho que deviam seguir. Ele usava seu martelo em um errante, completamente coberto de sangue e parecia ter perdido a razão, martelando a coisa sem necessidade, cercado por uma mar de corpos, no que Carol pode perceber que um homem estava ajoelhado e ainda vivo logo atrás dele.

“Tyrese?” Chamou e ele estancou, voltou-se e a encarou sem acreditar, avistando as meninas e também Sofia.

“Carol.” Chamou com ele virando e voltando à razão, levantando e se aproximando dela. “Está viva.”

Parecia feliz e Carol sentiu uma ponta de remorso, por que a morte de Karen ainda pesava em sua consciência. Saber o seu assassino e esconder aquilo de todos, principalmente dele, ainda lhe angustiava também.

Olhou para além dele e o homem falou algo sobre seguirem os trilhos, para se afastarem depois sem um tanto de destino, apenas seguindo a maldita trilha por falta de opção e o deixando para trás a prantear o filho devorado.

“Viu algum dos outros?” Ty lhe perguntou alguns minutos depois.

Carol sacudiu a cabeça negando.

Tinham escapado, ela e Sofia, pelo lado da caldeira, seguindo para a floresta por aquele ponto, sem oportunidade de voltar para encontrar com Daryl, sabê-lo bem ou não.

“Viu o Daryl?”

“Ele estava vivo antes que eu pegasse as meninas e escapasse.” Ty tentou lhe dar esperanças. “E se alguém tem chance de estar bem, com certeza é ele.” Finalizou com um sorriso encorajador.

“Tenho confiança nisso.” Ela sorriu de volta. “Apenas... Tenho medo de não encontrá-lo de novo.”

“Ele é um rastreador. Vai acabar encontrando você.” Ty tinha fé nisso.

Carol olhou para as meninas e observou como sua filha seguia em uma conversa animada com Mika, mas Lizzie seguia atrás e não parecia muito feliz.

Foi uma caminhada triste. Sem rumo e direção. Até que se bateram com um grupo de errantes e tiveram que abandonar os trilhos, seguindo para a floresta e encontrando uma casa perdida no meio da mata.

Verificaram o lugar e parecia tão bom como qualquer outro para se abrigarem por algumas horas,o que acabou se transformando em um dia e logo eram dois. Por que, além de estarem em segurança, o lugar ficava próximo o bastante da prisão para que Daryl pudesse encontrá-los.

“Se se perder, procure sempre manter a sua posição, ok? Claro, se isso não te deixar em perigo.” Daryl lhe alertara uma vez.

E seria isso que faria agora. Ficariam ali. Mantendo a posição. Deixando pistas pela floresta, algo que apenas Daryl entenderia. Tentando encontrá-lo também seguindo um perímetro, como aprendera dele quando nas buscas por Sofia. O caçava e tomava providências para que ele a encontrasse.

Não podia viver sem o seu caçador. O amava demais e sabia que ele a amava também. Ele lhe procuraria. Encontraria. Estava contando com isso.

***

Chase se arrastou durante boa parte do caminho na estrada. Seu ombro doía como o inferno e sua perna seguia pelo mesmo caminho. Além de tudo, ainda respirava com dificuldade, o peito doendo a cada tragada de ar. Custou três horas para vencer um trecho que não teria levado meia se estivesse bem. Ainda mais que parava para se esconder de grupos de errantes. Desviando aqui e ali pela floresta, para depois retornar seguindo pelo asfalto.

Em um momento ouviu o barulho de um veículo e avistou um caminhão. No que se afastou da beira da estrada para dentro da floresta novamente. Não havia caminhões na frota da prisão e não sabia se havia algum sendo usado pelo grupo que atacara o lugar.

Escondido entre as árvores, pode ver com clareza três pessoas em seu interior. Um ruivo com cara de mau a dirigir a maldita coisa. Desconhecidos. O que os tornava hostis. No que recuou um tanto mais e se pegou em perigo quando ouviu um grunhido a sua esquerda.

Assustou-se pelo inesperado, jogando-se para trás e se afastando para o interior da mata com aquela coisa a lhe seguir.

Arrastavam-se. Ambos. Ele por que não avistava nada que pudesse usar como arma, além de estar todo estropiado. A coisa, por que já estava descarnado, uma das pernas quase que músculos e osso.

Quando se aproximou de um declive, Chase se escorou em uma árvore e esperou pele errante. Quando estava próximo o empurrou e este caiu rolando, para bater em algumas pedras no fundo e ali ficar a tentar se erguer.

Respirando com dificuldade Chase deslizou pelo tronco e se sentou, amparando as costas no tronco nodoso, enterrando o rosto nas mãos, cansado e abatido.

Foi quando ouviu o primeiro grito. Mulher. Próximo. Poderia ser um dos seus.

Ergueu-se com muito de dificuldade. Não imaginava que seria de muita ajuda, mas não podia ficar parado quando alguém estava em perigo.

Arrastou-se na direção que imaginava ter vindo o grito, descobrindo que estava no caminho correto quando ouviu um novo, mais próximo, o bastante para se virar e ser atingido por alguém, agarrar a pessoa por reflexo e segurá-la quando ambos foram ao chão.

Sabia que não podia ser um errante. As bestas não corriam, nem gritavam.

A garota ergueu a faca, mas parou antes de completar o gesto, até antes que Chase pudesse esboçar um gesto de defesa.

“Beth.”

“Chase.”

Ela ficou mais séria quando percebeu o rosto dele assustado. Chase fez um esgar, lhe agarrando pelos ombros e rolando quando avistou uma sombra a se jogar sobre eles.

Foi bem em tempo, por que o errante caiu ao seu lado e tentou agarrá-los novamente, se arrastando para eles, a mão erguida, mas Chase já se jogava com Beth para mais longe.

“Dê-me a faca.” Pediu e ela a jogou em sua direção.

Chase a pegou, no momento em que o errante se ergueu se atirando novamente sobre eles, o atingindo por baixo do queixo, com a coisa podre o bastante para que faca que não encontrasse resistência.

Arrancou a faca e o empurrou para longe. Arfou e sacudiu a lâmina para se livrar do sangue, e voltou a observar Beth.

A garota tinha os olhos azuis muito abertos, como pratos, a lhe observar.

“Podia ter me livrado dele.” Ela disse ficando um tanto vermelha.

Ah, tá, claro! Chase pensou a lembrar de seus gritos.

“Está sozinha?” Perguntou fazendo um esforço para se erguer, a mão procurando o apoio de uma árvore próxima, no que Beth se aproximou para lhe auxiliar.

“Estou.” Ela respondeu e Chase ficou em pé se sentindo tonto.

“Viu alguém do grupo? Sabe de alguém mais que escapou?”

“Vi Daryl invadir o Bloco D. Acho que ele estava procurando pela Carol.” Beth estendeu a mão para que ele lhe desse a faca, mas Chase negou com a cabeça e a colocou no suporte de seu cinto.

“Mas ninguém?”

“Todos atiravam para todos os lados, entrei a procurar as crianças, Judy, mas não encontrei nenhuma delas... Acho que estavam no ônibus.”

“Não estavam.” Chase sacudiu a cabeça.

“Como sabe?”

“Eu estava no ônibus.” Chase informou e deu uma olhada ao redor, um tanto perdido, tentando lembrar para que lado ficava a estrada.

Sol à direita, caminho da prisão. Lembrou-se e começou a caminhar naquela direção.

“Estava?” Beth começou a lhe seguir. “Minha irmã e Glenn estavam nele?”

“Não.” Disse sem olhar a garota.

“Quem estava?”

“Não importa.” Chase lhe disse um tanto brusco.

“Por quê?”

“Por que todos estão mortos.” Chase disse parando e lhe encarando com muito de culpa, para que Beth parasse também e ficasse em silêncio.

Quis dizer algo, mas ele voltou a andar e resolveu segui-lo.

“Está indo em direção à prisão?” Ela falou após alguns minutos. “Não deveríamos seguir na direção contrária?”

“Tenho que encontrar Linn ou Sam.” Chase meio que rosnou, como se ela não soubesse.

Beth parou. Chase ainda seguiu um tanto, mas ao perceber que ela não lhe seguia parou também e se virou para lhe encarar.

A garota tinha o rosto tomado pelas lágrimas, depois virou o rosto para o chão e sacudiu a cabeça desolada.

“O que foi?” Chase perguntou retornando, erguendo a mão e tocando em seu braço, sabendo que algo estava errado.

“Meu pai e Linn, Michonne também.” Ela falou e começou a soluçar. “Ele matou todos... O governador... matou eles.”

Chase apertou o braço dela com mais força, para soltá-la e se afastar incrédulo.

“Não.” Disse e sacudiu a cabeça.

“Ele acertou Michonne com a espada. Depois atirou em meu pai e em Linn.” Beth tinha o lábio a tremer, o corpo também e se abraçou. “Vi meu pai e Linn quando caíram. Fiquei lá e eles não levantaram.”

“Não.”

“Alguém me mandou procurar as crianças e eu fui. Não sei por que, mas fui.” Ela continuou e Chase se apartou de lhe olhar, virando para nada ver e ficar assim parado, fitando o vazio por muito tempo.

“E Sam?” Perguntou como se algo mais lhe importasse, quando nem mesmo a amiga podia fazê-lo.

“Ela estava na passarela pouco antes do tanque explodir aquilo.”

Chase estremeceu por que não sabia sobre um tanque, não imaginando o tipo de ataque que estiveram a sofrer, nem o tanto de pessoas que perderam.

“Viu Sam morta?” Perguntou em um fio de voz.

“Não, mas...”

“Se não viu, ela pode estar bem.” Chase sabia que Sam possuía mais vidas que um gato.

Mas sua dor estava no que Beth dissera antes. Em Linn. Sempre estaria.

Viu a imagem de Linn bailar em sua mente, o cabelo ruivo, o sorriso atrevido, colorida, mesmo naquele macacão cinza em que a encontrou pela primeira vez.

“Vai ficar parado aí ou vai nos ajudar?” Ela dissera atirando em um errante, enquanto ele estava parado sem saber o que fazer. Perdido depois de Kelly se matar.

E aquela nova Kelly aparecera para lhe mostrar que ainda havia esperança no mundo. Felicidade. E agora ela estava morta. E Chase sentiu que nem mesmo a possibilidade de encontrar Sam poderia lhe trazer uma nova esperança.

“Chase?” Beth chamou e o tocou no braço, encostou ali a testa, tão triste quanto ele se sentia.

Deu-se conta de que ela havia perdido o pai e talvez a irmã. O mundo de Beth estava tão destruído quanto o seu.

Pensou em abraçá-la, precisava de consolo, necessitava chorar e dividir com alguém aquela dor, mesmo com uma garota com a qual não chegara a trocar muitas palavras em todos aqueles meses.

Não o fez.

E lá estavam eles novamente. Aquelas coisas que nunca deixavam de aparecer. Que nunca sumiriam. Havia mais deles que dos vivos. Sempre haveria. 

“Vamos!” Disse e agarrou Beth pela mão, começando a correr do jeito que podia, arrastando-se e a ela entre as árvores.

Logo aquelas coisas ficaram para trás e Chase parou ao lado dela. Sentaram. Um em frente ao outro.

Escurecia.

“Precisamos fazer uma fogueira.” Ela disse e parecia recomposta, muito mais que ele, com certeza.

Sacudiu a cabeça em um não.

“Vai atrair eles.” Soltou.

“Então precisamos continuar.” Beth se ergueu.

“Para onde?” Chase esticou seus olhos para ela cheios de lágrimas.

“Encontrar os outros.”

Fora justamente o que Chase dissera a Chloe e Phill na estrada. Agora percebia o quanto estava sendo ingênuo.

“Você aprendeu a rastrear com Daryl.” Beth lembrou.

Chase sacudiu a cabeça novamente e olhou para o chão. O pouco que tinha aprendido não lhes serviria agora.

“Droga Chase!” Beth quase gritou e ele se ergueu com raiva dela.

Por que essa criatura fraca tinha sobrevivido e não Linn? Perguntava-se a lhe encarar. Por que ela e não Sam? Onde estava Daryl e Rick? Não queria estar sozinho com Beth, responsável por essa criança, quando mal conseguia se manter em pé. Não podia ligar para cuidar de alguém quando não ligava para se importar cosigo ou nada mais.

“Não vou conseguir sem você.” Ela disse com sua voz levemente infantil.

Chase a encarou com um tantos de sentimento. Ela era como Sofia. Uma criança e precisava de quem lhe protegessem. E Chase era como Sam, precisava de alguém a quem proteger. Sempre.

A despeito de tudo, o rosto de Chase se suavizou, e ele sacudiu a cabeça em uma afirmativa. Por que ela precisava. E Chase também necessitava dela. Não sobreviveria sozinho. Não iria tentar sobreviver se estivesse sozinho.

***

Pensou em correr em direção ao bloco de celas, após dar conta dos três que atiravam em sua direção, quando o maldito taque acertou a passarela, bem onde Sam estava a lhe dar apoio.

“Filho da puta!” Gritou e correu com a ideia da granada.

Atirou a coisa para dentro do maldito veículo e correu na direção contrária, em busca de abrigo. A porra explodiu, mas antes um dos malditos escapou.

“Não por muito tempo.” Murmurou se aproximando e erguendo a besta.

O cara estava de costas, por isso não atirou. Esperou que virasse, que lhe visse e soubesse quem iria lhe matar, o odiando, como a todos os que estiveram ali ao lado do governador, destruindo seu lar e matando sua família.

Olhou em volta e não viu ninguém vivo.

Recuou e correu em direção ao bloco de celas, para avistar um corpo sobre os escombros da passarela. Viu o cabelo e a jaqueta e levou um susto, parecia Sam.

Deu um passo naquela direção, mas diversos errantes se aproximaram e sua arma já estava descarregada. De costas recuou até a entrada do bloco, fechando o portão ao entrar, erguendo a besta, e virando alerta, os olhos se acostumando a pouca iluminação do ambiente.

Não havia corpos ou errantes ali.

“Carol! Sofia!” Chamou a gritar com seu sotaque inconfundível, mas não houve resposta.

Olhou em volta, mas ali não havia rastros que pudesse seguir. Sabia apenas que ela não saíra do lugar, não tinham atravessado a passarela, o fogo era cerrado naquela direção por causa de Sam e do estrago que fazia com os que se aproximavam.

Tinha visto Tyrese fugir com as crianças, as meninas Samuels, e esperava que ele tivesse levada a Bravinha também, por que a cadeirinha estava largada no pátio e havia lhe dado calafrios olhar para a coisa, ali solitária e vazia, como um mau agouro.

Parou um instante e se escorou em uma parede. Com raiva chutou uma garrafa de refrigerante, querendo gritar e chorar, mas sem o conseguir.

Estava tudo acabado.

Olhou em volta. Nada restava do sonho que tinham começado a criar ali.

Das pessoas que salvaram, a maioria estava morta, e quem não estava, seguia em direções tão distintas que não sabia se poderiam se encontrar.

Vira Hershel ser baleado e cair. Linn parecia que estava viva, mas não a viu depois, ou Rick, assim que o tiroteio começou a ficar pior e o grupo inimigo se aproximou precedido pelo tanque. Maggie ou Glenn, não viu. E achava que Sam estava morta.

Mas sua companheira estava viva.

Carol já não era aquela mulher assustada que salvou do hospital, que tinha entrado em depressão após pensar que a filha havia morrido. Ela tinha despertado para a vida, para se tornar um ser mais forte que muitos que conhecera antes e depois daquela merda toda de doença e errantes.

Ela devia ter dado um jeito de escapar. Estaria a levar Sofia para ficar em segurança. Sabia que ele a seguiria, rastrearia, era bom nisso e ela seguiria a lhe deixar pistas. Só precisava de um ponto de partida.

Pesou suas possibilidades de saída do local. Se fosse Carol, tendo que proteger a filha deles não seguiria onde estava a ação, procuraria outra forma de escapar daquele lugar.

A caldeira. Lembrou.

Seguiu naquela direção, sem ligar para nada que deixava para trás. Não queria as lembranças daquele lugar.

Correu pelas galerias, encontrando um e outro errante, os abatendo com a faca. Percebendo os corpos de alguns ali. Sabendo que tinha sido obra de sua Carol. Os errantes terem entrado também era um sinal de que aquele podia ser o caminho certo.

Saiu e correu em direção a cerca, sem ligar para alguns que estavam vagando pelo local. Atirando com a besta em um mais próximo, recuperando a flecha e avistando pegadas. Dois pares, adulto e infantil.

Soube que eram elas.

Seguiu naquela direção por muito tempo, até se encontrar em uma clareira na floresta e notar que ali mais pegadas se aliavam as primeiras. Alguns errantes caídos. Para ouvir um barulho e virar para ser jogado no chão por um errante solitário.

Reconheceu um dos habitantes de Woodbury. O jogou para o lado, rolou e sacou a faca para atingi-lo na parte de trás do pescoço.

Agarrou a besta e se ergueu. Respirando fundo, passando a faca na calça para guardá-la e olhar em volta.

As pegadas eram muitas e estavam uma bagunça só. Não podia precisar qual delas podia ser de Carol e Sofia, por que havia outras tão pequenas quanto às da menina.

Não sabia qual caminho seguir. Não havia rastros indicativos. O chão estava todo revirado.

“Que inferno!”

Não imaginou que elas seguiriam na mesma direção de que o errante viera. Assim, resolveu seguir na direção contrária.

Caminhou a buscar novos rastros, mas só conseguiu identificar os de novos errantes, no que desviava. Estava fraco, não tinha comido ou bebido um gole d’água durante todo o restante do dia. Não daria conta daquelas coisas se batesse com um grupo grande.

Dormiu e não dormiu quando a noite veio. Seguindo durante todo o dia para encontrar uma cabana no meio do nada.

Abrigo e bebida em seu interior.

Não tocou na maldita coisa, não fizera nada que prestasse a última vez que estivera bêbado e a lembrança das palavras duras que dissera a Carol então ainda lhe perseguiam.

Encontrou água e bebeu o que pode, sentia que estava desidratado.

Quando o dia amanheceu permaneceu ali, ainda fraco e abatido. Imaginou o que podia ter acontecido com os demais e pensou o que faria se não encontrasse Carol e Sofia? O que seria de sua vida sem elas?

Olhou para fora e a casa estava cercada de errantes. Resolveu ficar quieto, imaginando que podiam ir embora. Não daria conta de todos, mas os malditos apenas surgiam a pipocar daqui e dali.

A noite se aproximava e se eles continuassem a aparecer daquela maneira não teria como escapar.

Olhou em volta e viu os frascos de bebida, o que lhe deu uma ideia. Glenn foi quem a teve pela primeira vez quando ainda passavam o inverno na estrada.

Derramou a coisa por todo o lugar, ateou fogo e saiu pelos fundos onde eles ainda eram poucos. Contemplou a cabana por um instante a queimar e atrair as malditas coisas, dando-se conta que ela se parecia, e muito, com a que morou com seu pai e Merle. No que talvez tenha sido a razão para se demorar ali por tanto tempo.

A lembrança do irmão calou fundo. Não queria perder mais pessoas da família. Precisava fazer parte de alguma coisa, ter perspectiva, rumo, objetivo.

Não queria estar sozinho. Não poderia conviver novamente com a solidão.

Por isso, quando eles apareceram no dia seguinte, no meio de uma estrada, onde decidia para onde seguir, se sentiu compelido a segui-los.

Pareciam caçadores, como ele. Certamente não eram boas pessoas. Mas não imaginava que fossem demônios. Não mesmo.


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Notas finais do capítulo

Difícieis caminhos



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