Divided escrita por Pat Black


Capítulo 25
You and I


Notas iniciais do capítulo

DEIXO UM MUITO OBIGADA PELA RECOMENDAÇÃO DIXON GIRL. MINHA LINDA, MINHA AUTORA FAVORITA DE TWD, EU AMEI, FIQUEI COMOVIDA E JÁ TE DISSE ISSO, MAS TENHO QUE TE AGRADECER DE CORAÇÃO POR QUE FOI MUITO ENCORAJADOR TUDO O QUE VOCÊ DISSE NA RECOMENDAÇÃO, PRINCIPALMENTE PARA UMA AUTORA TÃO INSEGURA COMO EU. BEIJÃO.
*****
Música do capítulo se chama "Dressed In Black - Sia" e é a minha música preferida dessa cantora, por isso a escolhi para esse capítulo, para a primeira parte do capítulo mais precisamente. Eu amo a letra, que apesar de ser sobre Deus e não romance, cabe muito bem nos sentimentos da Sam pelo Rick e do como ela se sentia antes de encontrá-lo.
Eu nunca consigo ouvir essa música sem chorar, então, desculpem o modo muito sentimental que ficou a primeira parte.
Caso se interessem na música e tradução: https://www.youtube. com/watch?v=nZXPrq_ls8E



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677698/chapter/25

Sam acordou com ele ainda lhe abraçando, o calor de seu corpo afastando os resquícios do fim de noite, encaixados em um abraço em que se sentia protegida, realmente protegida, desde que o mundo todo se transformara no inferno.

Suspirou feliz, inspirando de seu cheiro, terra e suor, pólvora e a essência dele, e sorriu, por que se esqueceu de todos os problemas e razões que podiam separá-los.

Aquele homem, que a mantinha segura entre seus braços, derrubava cada uma das barreiras que criara para se proteger, fazia-se necessário a cada dia para que sua existência tivesse sentido e, sim já o amava, por que a dor era quase física quando tomava atitudes para abdicar de possuí-lo.

“Temos que ir.” Ele disse baixo, acordado, quem sabe há algum tempo.

Sam pensou em tudo que ele dissera no dia anterior, nas suas tolas tentativas em mante-lo distante, mas por si mesma e pelos seus medos, do que por qualquer outro motivo. E descobriu que nao podia mas lutar contra o que sentia por ele.

“Queria poder ficar com você assim, em paz, minha vida toda.” Ela sussurrou por que estava cansada de lutar contra o que sentia, quando ele lhe demonstrara que seus sentimentos por ela não eram frutos de sua frustração em um casamento falido, ou por que desejava seu corpo para uma satisfação momentânea.

A conversa que tiveram na estrada tinha calado fundo no coração de Sam, mostrando facetas de Rick que ela não queria observar, por que sabia que o amaria ainda mais se o fizesse, e isso fatalmente destruíra toda e qualquer decisão de não se aproximar dele. Exatamente o que tinha acontecido.

“Isso, você aqui, está perfeito.” Ela continuou, depois ergueu os olhos para ele.

Sam sentiu que, de alguma forma, em algum lugar, aquilo, aquela paz, a certeza de que poderiam ficar sempre juntos, lhes fora negada. Que a história deles parecia sempre fadada a percalços e dificuldades, e que sempre viveriam intensamente para depois se perderem.

Aquela sensação era tão poderosa, ali, naquele terraço, que tê-lo colado a seu peito, sentindo sua respiração contra a testa e o seu coração acelerado na curva do pescoço, onde encostava seus lábios, não podia se repetir em nenhum outro lugar e momento, não daquela forma tão correta. Por esse motivo, não poderia se negar a lhe dizer o quanto ele significava para ela, mesmo que os sentimentos dele ainda não fossem os mesmos.

“Eu te amo.” Disse se apertando contra ele. “Não precisa se preocupar em sentir o mesmo, e dizer o mesmo, não espero que seja assim.” Continuou ao notá-lo completamente tenso, as mãos crispadas contra suas costas. “Apenas queria que soubesse.”

“Por que agora? Depois de tudo o que disse ontem?” Ele soprou se afastando um pouco para se fixar em seus olhos.

“Por que cansei de fingir e me esconder, como você disse que faço.” Sam revelou. “Tenho medo da vida Rick. Sempre perco as pessoas que amo, não queria perder você também e sofrer por te deixar entrar em meu coração. Mas você já está aqui, e não posso viver sem que você saiba disso."

Ela se estreitou mais a ele temendo assustá-lo com a intensidade de seus sentimentos.

"Quando cruzou meu caminho eu estava de luto, ainda estou de muitas maneiras, me protegendo contra tudo de ruim, e de bom também, mas você fica derrubando minhas barreiras e cansei de erguê-las o tempo todo... Assim me tem, estou rendida.”

“Não perdeu Linn, ou Chase, e não vai me perder.” Ele pronunciou com convicção, sem saber o que dizer diante da forma sincera e simples com que ela lhe abria o coração.

“Então vai perder você a mim em algum momento.” Ela disse como se recitasse uma profecia.

Ele a beijou com delicadeza, depois ergueu a mão e tocou em seu rosto.

“Não vai acontecer. Desde que lhe vi naquele galpão, quis te agarrar e não deixar que me abandonasse nunca mais.” Ele revelou um pouco envergonhado. “Não vou perder você, me aceitando ou não, mas preciso desesperadamente que esteja comigo.”

Rick sabia que, dizer o amar e aceitá-lo para iniciarem uma relação, eram coisas distintas para aquela mulher, mas precisava que Sam soubesse que não poderia viver apartado dela. Queria Sam ao seu lado, sempre. Não sabia se a amava, ainda tinha os sentimentos em uma bagunça tão grande, que seria leviano lhe prometer algo tão poderoso como amor, ainda mais descobrindo que Sam, onde as emoções pareciam ser profundas, o amava e poderia se machucar se não chegasse a lhe amar com a mesma intensidade.

“Se me ama, precisa aceitar que não podemos ficar separados.” Disse lhe olhando fundo.

“Vai ser complicado.” Sam soprou depois de alguns segundos, em que aceitou que não havia mais volta.

“Sei disso.” Ele traçou a linha de sua sobrancelha, nariz e lábios, memorizando cada traço de seu rosto. “Sei que teremos que esperar um pouco, não por mim ou pelos outros, não me importo com o que podem pensar, mas há Carl.” Rick recitou o nome do filho com preocupação e pesar. “Ele não vai entender.”

“Não me importo em esperar. Mesmo que nunca aconteça, sempre teremos essa noite e esse momento.”

“Teremos muitos momentos mais.” Ele falou com convicção, algo que Sam não possuía, e lhe beijou novamente, com mais paixão.

O céu, que estivera cinza escuro, agora estava matizado de vários tons entre o vermelho e o laranja. Sam afastou os lábios dos dele e acariciou sua barba, antes de olhar por sobre seu ombro.

“O amanhecer.” Ela sorriu para o sol que nascia. “Sempre me sinto viva quando consigo assistir um amanhecer.”

Ele apenas a abraçou e ficaram assim até que o sol nascesse completamente. Depois levantaram, guardaram a manta, Rick pegou a sacola de armas e desceram para entrar no carro e seguir de volta a prisão.

Antes que entrassem pelo portão do pátio, viram Maggie e Michonne e suspiraram aliviados, olhando um ao outro, cheios de ternura e cumplicidade.

Ele segurou sua mão durante um momento antes de saírem do veículo, com Sam apertando seus dedos de volta, retendo seu calor em sua mão, e uma tênue esperança de que passariam aquela provação com vida, contra o grupo hostil do Governador, alagou seu coração.

“Ficamos preocupadas com vocês” Maggie abraçou Rick e depois Sam, para espanto desta última. “Conseguimos nos livrar dos que nos perseguiam na estrada e pensamos em voltar, mas você mandou esperarmos em Cynthiana. E logo o lugar estava tomado de errantes, que surgiram do nada e tivemos que partir.”

Maggie parecia consternada por tê-los deixado para trás, mas tanto Rick, como Sam, sabiam que elas tinham agido corretamente por voltarem a prisão. Não só por que estariam seguras e não tinham como lhes ajudar retornando, mas também por que carregavam no veículo todo o arsenal que conseguiram para proteger a todos. E o grupo, sempre seria muito mais importante que apenas um indivíduo.

“Você fez bem.” Rick tocou o ombro da amiga. “Sam conhecia muito bem a região e demos conta dos que nos perseguiam.”

Com aquilo resolvido se afastou e entrou.

“Alguma novidade?” Rick perguntou após abraçar Carl e beijar Judy.

“Tudo calmo.” Daryl respondeu. “E não gosto disso.”

“Nem eu.” Rick olhou ao redor. “Ele deve estar planejando atacar em breve, precisamos de um plano.”

Rick já possuía uma ideia de como podiam se defender, baseada nas informações que Merle lhe passara sobre os habitantes de Woodbury.

O inimigo não possuía muitos combatentes treinados, o que resultaria em que ele acabaria por utilizar muitos dos moradores do refúgio. Entretanto, segundo o Dixon mais velho, a maior parte da cidade era constituída de idosos e crianças, e, mesmo aqueles que poderiam lutar, não possuíam nenhum treinamento, pouco sabendo sobre como lidar com errantes ou do uso de armas.

Sam tinha deixado Rick com os demais, traçando os planos para lidar com o inimigo e caminhou para encontrar Linn e Chase que não havia visto no pátio ou no refeitório.

“Linn?” Chamou e não a encontrou. “Chase?”

“Eles estão no Bloco D.” Carl avisou se aproximando e Sam suspirou aliviada. “Eles queriam sair para procurar você e meu pai, quando Maggie e Michonne chegaram e vocês não.” Carl revelou. “Mas Daryl disse que vocês sabiam se cuidar.”

“Sim.” Sam balançou a cabeça concordando. “Mas seu pai me salvou.”

“Ele te devia.” Carl deu de ombros e se virou para ir.

Tinha hesitado um momento, como se tivesse algum motivo para estar ali, a procura de Sam, mas resolvera deixar para outra ocasião.

“Carl?” Sam chamou, remexendo na mochila, afastando a manta e puxando o porta retratos.

Sua intenção era de entregar a Rick para que passasse ao filho, mas o xerife achara melhor que ela mesma entregasse. Ela e Carl eram tão afastados, quanto Sam era próxima de Sofia, talvez, com aquele pequeno gesto pudessem iniciar alguma relação de proximidade, ele ponderara no caminho de volta.

“Isso é para você e sua irmã.” Falou quando ele segurou objeto nas mãos, a cabeça baixa, o chapéu de xerife cobrindo parte de seu rosto.

“Foi você quem conseguiu?” Ele perguntou.

“Sabia onde ficava sua casa.” Sam explicou.

“Meu pai não quis ir lá, não é?” Carl questionou com a voz embargada. “Ele a odiava, e sei por quê.” Carl enxugou uma lágrima. “A odiei também e estava zangado com ela quando morreu.”

Sam se aproximou dele e tocou seu ombro e ergueu seu rosto.

“Estava zangada com meu pai também, antes que ele morresse.” Lhe revelou. “Mas ele me amava e eu o amava. Era meu pai e eu sua filha, não podia ser diferente. Não pude me desculpar, mas ele sabia que sempre o amaria.” Sam se afastou dele, e apontou para a foto. “Você a amava, e ela te amava também, os dois sabiam, e só isso importa.”

Carl ficou em silêncio um longo momento em que se fixou na foto, depois ergueu os olhos para Sam.

“Meu pai gosta de você.” Disse sério.

“Seu pai gosta de todos e nos protege, principalmente meus amigos, é algo que nunca vou me esquecer.”

“Não.” Carl balançou a cabeça. “Ele gosta de você. Ele te olha como costumava olhar para minha mãe antes da morte do Shanne. E você gosta dele.”

Olharam-se como competidores em uma arena. Sam, um pouco surpresa, não entendia como um garoto poderia ter percebido algo que nenhum dos adultos tinha sequer imaginado. Carl, por outro lado, lhe olhava com rancor, como se Sam fosse um inimigo contra o qual ele lutaria com todas as suas forças.

“Obrigada pela foto.” Disse, lhe olhando com fúria, e se foi.

Sam teve a certeza de que esse garotinho jamais aceitaria qualquer tipo de relação dela com seu pai e isso a machucou. Havia lutado contra o que sentia por Rick, não fez nada para conquistá-lo, manteve seus sentimentos para si mesma, e sofreu, por que estes só faziam crescer e não havia esperanças de que vissem a luz algum dia.

Agora que, por fim, os libertou, não por causa da morte de Lori, mas sim por que Rick estaria livre de qualquer maneira e a queria, descobria que a única pessoa a poder separá-los a odiava.

Suspirou desalentada, imaginando com diria isso a ele e o que isso faria com essa relação recém-nascida.

Como sempre fora alguém prática, Sam sabia que não poderia fazer nada nesse momento para mudar a opinião de Carl, por isso, deixou para se preocupar com aquele problema quando fosse realmente necessário.

Saiu da cela e rumou para o bloco D, pelo caminho da segunda passarela, que era o único que estava livre de possíveis errantes.

Encontrou Linn subindo as escadas, seguida por Chase, agitada. Ela correu em sua direção e lhe abraçou quando lhe avistou. Sam retribuiu o carinho com todo o amor que sentia pela amiga.

“Fiquei desesperada.” Linn disse tomando suas mãos e as retendo junto ao peito.

“Quase não consegui impedi-la de ir atrás de você.” Chase falou um pouco afastado.

Sam estendeu a mão e tomou a dele.

“Está bem?” Ele perguntou, enquanto os três se tocavam, felizes em estarem juntos novamente.

“Sim.” Sam respondeu e sorriu, o rosto iluminado, radiante, de um jeito que ela nunca poderia perceber de si mesma, mas seus amigos a fitaram surpresos.

“Precisa me contar tudo.” Linn falou lhe olhando fundo, sem mágoas ou ciúmes, entendendo que, de alguma forma, Sam e Rick tinham se entendido.

“Diga-me primeiro você como está.” Sam pediu, notando que Linn parecia mais disposta, com muito mais de si mesma, ainda que não totalmente recuperada.

“Estamos em guerra.” Ela começou. “E já estive na guerra. Por isso, sei que não posso estar abatida. Não fui a primeira e nem serei a última a passar por algo assim, não vou deixar o que aquele homem fez me derrotar.”

Sua voz soou um pouco trêmula e doída, entretanto, seus olhos pareciam queimar com ódio, e Sam sabia a quem esse ódio se dirigia e que esse sentimento poderia sustentá-la e manter a amiga firme até estar recuperada.

“Vou verificar se Rick e Daryl precisam de algo.” Chase falou e partiu.

“Ele queria nos deixar sozinhas.” Linn abanou a cabeça e observou o amigo sair pela porta corrediça. “Ontem conversamos muito, eu e ele. Me disse coisas que eu precisava ouvir, e me ajudou a ver que não posso me abater, nunca.”

“Chase sempre tem bons conselhos.” Sam soprou.

“É o meu melhor amigo, depois de você.” Linn sussurrou a voz traindo algum tipo de conhecimento sobre Chase. “Não quero perdê-lo Sam. Entende?”

Sam viu nos olhos de Linn que ela, por fim, tinha compreendido os sentimentos de Chase, mas que não os retribuía da mesma maneira.

“Me conte o que ocorreu lá fora, depois que você e Rick se separam de Maggie.”

Ambas sentaram nos degraus da escada e Sam contou os acontecimentos, mas deixou de fora a conversa que tiveram na estrada e depois, abraçados no terraço.

“Algo mais aconteceu.” Linn meneou a cabeça. “Mas não te culpo por não querer compartilhar comigo. Não depois do modo como lhe tratei.” Linn olhou para as mãos e suspirou triste.

Ela e Sam costumavam compartilhar tudo, mas o que sentiam por Rick mudara isso.

“Eu confio em você.” Sam tomou suas mãos. “Eu... só não quero que se sinta triste, nem me odeie novamente.”

“Vocês se acertaram, não foi?” Linn perguntou.

“Ele me disse que se sentia atraído por mim e eu disse que o amava.” Sam explicou de forma resumida, envergonhada e triste por magoar Linn com o que parecia o início de sua felicidade.

“É bom saber que você terá um pouco de felicidade.” Linn lhe disse com muita sinceridade, os olhos úmidos e ternos, pelo tanto que amava Sam e a queria feliz, com mais daquele sorriso que iluminava seu rosto agora.

“Eu ainda tenho dúvidas.” Sam deixou escapar. “Não acho que vai dar certo.”

“Sam.” Linn ficou muito séria. “Não tenha dúvidas e não tenha medos. Conheço você muito mais que qualquer outra pessoa, você jamais diria amar alguém se não o sentisse no mais profundo do seu coração.”

“Linn...”

“Não. Sabe que eu o amo, eu lhe disse e isso não mudou. Mas se ele te quer, Rick não poderia escolher ninguém mais especial para amar.”

“Ele não me ama Linn.” Sam deixou escapar com um acento de dor.

“Ele ama sim.” Linn retrucou. “Ele só precisa de um pouco de tempo para perceber.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!