Entre seda e veludo escrita por lobinha


Capítulo 6
6




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 - Me explica depois.

Ele me diz e sorrir. Nunca vou poder me explicar para ele. Ele nunca vai saber, e se souber não vai entender.

Coloco meu melhor sorrisos e caminho do seu lado.  Paramos a um pequeno espaço das duas pessoas que estavam com ele. Primeiramente ele chama a mulher.

 Uma mulher muito bonita. De sorriso fácil e olhos gentis. Ela é muito elegante. Com um conjunto bege de saia e blusa de seda. Ela usa diamantes, mas mesmo assim ainda parece tão simples. Quando Jack me apresentou como sua namorada ela franziu o cenho, mas mesmo assim sorriu e me cumprimentou com toda gentileza do mundo.

Ela é mais velha e já tem os cabelos negros e cacheados todos grisalhos. Porem ela levava nos olhos verdes uma jovialidade que nunca ficaria apagada.

— Prazer, Morgana S.R. é um imenso prazer conhece-la.

Digo de forma cortes e sincera.

— O prazer é todo meu, pode ter certeza.

Ela me responde com uma docilidade inesperada. Jack revira os olhos discretamente, eu o repreendo com o olhar.

— E Mor, esse é Benjamim, meu irmão.

Eu me virei para o meu tão ilustre patrão. E meu Deus. Essas garotas não exageraram na beleza dele não. Fiquei boquiaberta com a visão dele, sorte é que me ajeitei rapidamente. Ele era um baita de um homem. Com os seus ombros lagos, altura acima da média para qualquer homem que não fosse um deus do olimpo, seus braços fortes e pernas musculosas. Tudo isso encoberto por um belo terno sobre medida cinza. Seu queixo era quadrado e tinha uma bela barba por fazer encobrindo. Sua pele amorenada pelo sol de algum lugar quente contrasta perfeitamente com seus olhos verdes. Seus cabelos alongados batem certo na altura do queixo, num castanho avermelhado, de forma bagunçada.

Ele tinha um magnetismo natural, que deixava qualquer uma de quatro, e devo admitir que eu não fiquei imune. Queria suspirar alto, aquilo não era um homem, era uma pintura de miquelangelo. Mas para minha sorte, Jack segurou forte meu braço e eu me recompus antes que alguém notasse meu deslize.

— Bem, essa é minha namorada.

Benjamim, apenas me olhou, balançou a cabeça em concordância e se voltou novamente para o celular na sua mão. Sabe a vaidade escondida? Foi atacada novamente. Sei que não sou uma das deusas com quem ele anda, mas um comprimento melhor seria aceitável. Ele nem se quer me olhou. Toda a admiração por sua beleza passou rapidamente.

Seguimos para dentro do restaurante até uma mesa reservada. O almoço era muito apetitoso, porém a conversação entre os integrantes da mesa não fluía de jeito nenhum.  De vez em quando alguém tentava, puxava um assunto besta, mas nenhum dos outros ajudava muito na fluidez desse assunto. Parecia que de “que belo dia” estivéssemos falando “matei três ontem, com tiro na cabeça”, ou algo por ai.

— Você faz o que, Morgana?

A mãe de Jack me perguntou numa destas tentativas.

— Arquitetura. Jack e eu fazemos o mesmo curso, foi onde nos conhecemos.

 Ela sorriu docemente.

— É um belo curso, de pessoas com criatividade e muita visão.

Eu sorri para ela. Muitas pessoas consideram arquitetura como algo sem utilidade, apenas enfeite. Gosto de encontrar pessoas que tem uma visão diferente do que eu quero para a minha vida. Do que eu quero para minha eternidade.

— Obrigada.

Jack apenas revira os olhos na minha frente. Piso no pé dele com o salto da minha bota, ele arregala seus olhos para mim. Eu o repreendo com o olhar. Reparo que ao redor da mesa enquanto comíamos todos tentamos conversar, o único ausente desta tentativa foi benjamim. Ele estava intertido de mais com o seu celular.

Ele parecia estar tratando de negócios muito importante. Olhava serio para o aparelho na sua mão. Digitava com muita velocidade e parecia levemente satisfeito com seja lá o que estivesse fazendo.

— Ben, por favor, largue esse celular um pouco e converse conosco um minuto.

Ao som da voz de sua mãe, Benjamim, ao lado de Jack, levanta os olhos do aparelho celular e sorrir como uma criança pega com a mão em um pote de biscoito, minha nota sobre a sua beleza aumentou ainda mais.

— Desculpa mãe. É que eu estou tentando resolver um pequeno negócio de última hora. E os detalhes tem que ser acertados o quanto antes. Se não o investidor desiste do contrato.

Ele se dirige a mãe de forma muito educada, porém nem se dar ao trabalho de olhar ao redor.

— Deixe o trabalho para depois meu filho. Tenho certeza que o investidor vai entender que você precisa se alimentar.

Benjamim escreve rapidamente com seus longos dedos e ao terminar o que estava fazendo, ele pela primeira vez, coloca o celular no bolso e come seu prato intocável.

— Qual era seu trabalho tão importante?

Pergunta Jack com uma voz cínica, implicando deliberadamente com Benjamim. Fiquei curiosa. Por que ele implicaria com Benjamim sobre trabalho? Até onde sei Benjamim anda o mundo inteiro trabalhando para poder melhorar cada vez mais o nome da empresa e administrar cada uma das sedes. Ele é bastante trabalhador e muito responsável com o seu trabalho.

— Nada que interesse a um mero arquiteto, deixa que o engenheiro ajeita tudo, vá se preocupar com as cores da parede de seu quarto, acho que rosa ficaria bem.

Ele falou até certa forma brincando, implicando com o irmão mais novo. Porém do modo que Jack era ele não soube levar essa brincadeira na esportiva como qualquer pessoa normal levaria, implicando de volta. Ele bufou de raiva, como se Benjamim tivesse ofendido sua alma.

— Grande coisa você ser engenheiro. O que você faz? Quase nada. Apenas vai tirar do papel a criatividade de outra pessoa, vai ser meramente um dos empregados, o nome que será vangloriado é o meu, por ser a mente criativa por trás de tudo.

Após falar tudo isso Jack simplesmente levanta e vai embora. Fiquei boquiaberta, sem saber o que fazer. Sem saber como agir diante de tudo aquilo. Benjamim abaixou os olhos, de certa forma arrependido. Não reparei na expressão da mãe deles, acho que ela está atordoada.

— Desculpa. Eu sinceramente não sei o que deu nele.

Falei sem pensar, como faço para qualquer pessoa que presencia os famosos ataques de Jack, apenas não lembrei que essa era a família dele, devem estar mais acostumados com isso do que eu.  Contudo eles nada me disseram. Eu me levantei, peguei minha bolsa e sai, atrás de Jack antes que ele possa bater em algum escoteiro inocente.

Andei por todo lugar, ele não estava por perto. O senhor que cuida dos carros me avisou que o carro dele não estava mais lá. Liguei para Carlos.

— Alo?

— Carlos vem me buscar por favor. Jack fez uma cena, e saiu com raiva. Sabe como ele é, e eu não sei onde encontrar ele.

Ele ficou em silencio, Carlos é muito melhor de lidar do que Jack, não sei como ele pode namorar alguém como Jack, eles são tão opostos.

— Não se preocupa Mor, acho que eu sei onde ele pode estar. Vou ver ele. Pode ir para o trabalho, não se preocupe com ele.

E então ele simplesmente desligou. Fiquei sem chão, parada como uma estátua adornado a entrada do grande restaurante. Por mais uma vez naquele dia eu não sabia o que fazer. Meu dinheiro todo tinha acabado, eu tinha que sacar mais no banco e pelo o que eu reparei não havia nenhum banco por perto. Não havia ninguém para quem ligar, pelo menos ninguém desocupado. Olhei de um lado a outro da rua, sem saber o que fazer.

— Não se preocupe com ele, ele é sempre assim.

Benjamim estava aparado ao meu lado. Acho que no fim, ele não é tão desinteressado pelo irmão assim, como Jack não para de falar.

— Eu sei. É só que ele é uma criança que tem que ser cuidada e que não vive sem a supervisão de um adulto.

Suspiro alto.

— Sei bem como ele é. E acredite, ele é assim desde criança.

Ele sorrir docemente ao falar isso do irmão. Depois ele simplesmente me olha, acho que pela primeira vez durante todo o momento em que estivemos juntos. Ele me olha da cabeça aos pés, uma... duas... três vezes. Depois ele franze o cenho, como quem tenta decifrar aquelas charadas muito difíceis.

— Não nos vimos antes?

Ele me pergunta, com sua voz uma oitava mais baixa. Penso um pouco no que ele perguntou. Algo me faz lembrar dele agora, como aquelas pessoas que olhamos na rua e achamos conhecer. Algo me faz lembrar, algo dentro de mim. Contudo acho impossível esquecer tão belo homem se já o tivesse visto.

— Tenho certeza que nunca nos vimos.

Falei sinceramente e até de certo modo um pouco sedutora, como quem estivesse flertando. Com aquela voz melodiosa, meio cantada. Me parei rapidamente, tecnicamente estou namorando Jack, não posso simplesmente flertar com o irmão dele.

Após eu falar, algo dentro dos olhos dele se acendem. Como a luz nos olhos daquelas crianças que pela primeira vez responderam certo uma questão.

Meu celular toca der repente, me fazendo levar um susto. Pego ele no fim da bolsa e o atendo rapidamente.

— Bruxinha?

Merda, J. pior hora para ligar.

— Sim, sou eu.

Tento manter a voz profissional.

— K gostaria de dizer que acertou tudo com o cliente. E que não é para você esquecer de sexta feira.

Pensar no meu cliente me deixou atordoada e totalmente vermelha, da cabeça aos pés.

— Ok... eu não esquecerei.

Minha voz saio rouca e eu rapidamente desliguei o telefone. Benjamim está me olhando curioso. Eu desvio meu olhar do seu enquanto coloco o celular na bolsa e pego de lá de dentro uma liga com a qual amarro meu cabelo em um rabo de cavalo.

Meu celular toca novamente, eu retiro ele de lá novamente. Todo mundo resolveu lembrar que eu existo e me ligar justo agora?

— Mor? Onde você está?

É kelly. Olho para meu relógio. Já são 13 horas e meia. Estou atrasada para o estágio e não vai dar para parar em casa.

— Já estou indo. Chego aí em menos de dez minutos.

Não sei como vou conseguir isso, mas não posso me atrasar tanto.

— Como você vai conseguir fazer isso? E onde você está?

Kelly está preocupada comigo, posso reparar isso pela sua voz. Ele é como um gavião para cima de mim, por eu ter me atrasado deve ter pensado em todas as coisas ruins que podem ter acontecido comigo.

E pensando bem acho que ela tem razão, não sei mesmo como chegar lá tão rápido assim.

— Você precisa de carona?

Me assunto com a voz perto de mim, ela me faz arrepiar todinha. Olho para ele e Benjamim está solicito, com a chave de seu carro na mão, que estava a poucos metros com um dos funcionários. Em qualquer outra circunstância eu não aceitaria, mas hoje acho que o dia não pode ficar pior.

— Eu iria adorar.

Sorrio para ele de forma agradecida.

— Mor quem é?

Kelly já identificou uma voz masculina comigo e deve estar preocupada novamente.

— Depois conversamos, tenho que ir.

E assim desligo o telefone. Sei que isso deve ter deixado ela morrendo de raiva de mim, mas agora eu tenho outras coisas para resolver. Como por exemplo, caminhar sem cair nesses saltos, por que der repente benjamim me deixou de perna bamba, sem que eu entenda o porquê.


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