Entre seda e veludo escrita por lobinha


Capítulo 5
5




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— Que tal romântica? Ou a gótica?

Fazia mais de meia hora que ele vagava pela internet procurando locks que lhe agradassem. Apenas revirei os olhos para a sua pergunta e continuei a fazer meu café bem forte.

— Você tem que gostar de algum. Qualquer um.

Ele me olhou suplicante por cima do computador na mesa da sala. Eu respirei fundo mais uma vez.

— Que tal ir de eu mesma?

Ele me olhou sorrindo, depois de ver meu rosto serio ele perdeu todo o sorriso e me encarou com uma expressão de descrença.

— Não está falando sério né? Por favor Mor, suas roupas são de uma professora do interior em uma escola de quinta categoria.  Já viu as namoradas do meu irmão? Os cachorros delas se vestem melhor que você. Todo mundo espera que minha namorada chegue pelo menos perto disso.

Ele disse aquilo com tanta sinceridade que me ferio fundo. Eu sei que não visto bem, mas poxa não deve ser tão mal. E ouvir o que toda pensão assim na cara, dói.  Acho que devo ter deixado transparecer, por que ele der repente ficou sem expressão.

— Mor... Você sabe que...

Eu respirei fundo.

— Eu sei, por favor, eu estarei lá no horário marcado, então, você pode ir embora se arrumar.

Ele abriu a boca, como se quisesse falar alguma coisa. Eu já estava na porta, abrindo ela e me colocando ao lado. Ele fechou a boca, levantou arrumou suas coisas e saiu, do lado de fora ele se virou. Olhou para mim com aqueles olhos de cachorrinho.

— Eu estarei lá no horário, não se preocupe.

Eu fechei aporta sem deixar ele falar, seja lá o que ele queria falar. Deixei a minha sala com passos raivosos e me joguei na cama. Nunca me importei com roupas e assessorias, muito menos com seja lá o que falam de mim. Minhas roupas não fazem quem eu sou. Porém, ouvir Jack falar do meu modo de vestir, doeu, afinal eu sou mulher, e como toda mulher sou vaidosa. Nem que seja apenas um pouco, mas sou. E as palavras dele encontraram essa minha parte vaidosa e atacaram ela. Lagrimas traiçoeiras sujeitam a se suicidar de meus olhos. Todas as vezes que estou com raiva, eu choro, como se meu corpo se recusasse a ficar com raiva.

Meu telefone toca, naquela irritante música da lady gaga. Ignoro ele, sei que a culpa não é dele, mas se atender eu irei trata-lo mal, então prefiro não atender. Deixo a música tocar e tento relaxar, deixa tudo para lá, porem imagens de mim mesma em frente ao espelho do trabalho me passam a mente. Com aquelas roupas grandes de mais, escondendo a mim mesma por trás de camadas de roupas gigantes, escondendo uma bela garota de corpo bonito, que se mostra toda vez que Q faz sua mágica... Q...

Puxo meu telefone, desligo a quinta ligação de Jack. E chamo o telefone de J.

— Bruxinha?

Ele me atende confuso.

— J cadê o Q? Preciso falar com ela.

Ele ficou surpreso, então pigarreou e respondeu:

— Já vou passar o telefone para ela.

Esperei apenas alguns segundos, ouvindo pelo telefone as passadas de j.

—Ola? Gostaria de falar comigo?

Fiquei imaginando onde eles estavam para estarem juntos.

— Gostaria de um favor.

Falo baixinho, não acreditando em mim mesma. Não acreditando no que estou preste a fazer. Nunca pensei me tornar esse tipo de garota, mas acho que no fim não é um tipo, todas se importam com beleza, afinal faz parte da nossa sociedade, somos assim, sempre preocupados com o que os outros vão pensar de nos.

— Claro meu amor, quer que eu peça para o K desmarcar seu compromisso.

Ela falou tensa. Não havia pensado nisso desde que Jack chegou em casa.

— Não, não é sobre isso. Preciso de uma ajuda sua para um almoço que eu tenho que ir.

Tento afastar, enquanto falo, aquela voz melodiosa.

— Como eu poderia te ajudar?

Ela me pergunta solidaria, acho que posso até imaginar seu sorriso nesta voz.

— Eu tenho que ir para um almoço importante com a mãe do meu... meu namorado, ela é muito rica e se veste muito bem e não quero passar vergonha.

Não sei como me referir a Jack, mas falar “jantar com a mãe de um amigo” não faria o mesmo efeito que namorado.

— AI MEU DEUS, claro que eu te ajudo meu anjo. Bom, nós poderíamos nos encontrar no trabalho, vou ver a roupa perfeita. Que horas é o almoço?

Q parecia uma adolescente que vai ajudar uma amiga a ter seu primeiro encontro. Eu sorrir com isso, pelo menos alguém está animada para esse almoço.

— Ao meio dia.

Olhei para o relógio, já eram dez e meia. O tempo passa rápido, acho que o coelho tinha razão.

— Bom, estou indo para lá arrumar tudo, esteja lá as onze me ponto, ok?

— Sim, estarei lá.

— Mor?

Ela me perguntou, um tempo antes de que eu pudesse desligar.

— Sim?

— Pega um taxi. Moto e roupa formal para um almoço chique não combina.

Eu rir.

— Sim, pegarei um taxi.

E então desliguei o telefone. Olhei para o teto branco do meu apartamento, sem pensar direito. Então levante, peguei meu café e tomei todo de uma vez. Foi esquentando minha garganta até meu estomago. Me fez muito bem e me acordou. Arrumei minha cama e logo após tomei um belo banho, lavando meus cabelos e os deixando com cheiro de hortelã.

Meu telefone toca novamente com aquela música da lady gaga.  Desta vez eu atendo, uma hora tenho que voltar a ser adulta.

— Mor, estou te ligando a um tempão.

Ele está com aquela voz de criança birrenta, imagino ele até fazendo biquinho.

— Eu sei.

Tento soar indiferente.

— Mor, me desculpa.

Eu respiro fundo.

— Não estou com raiva de você, me manda o endereço, vou para lá de taxi.

Depois disso desligo o telefone. Sei que é infantil, mas não consigo me conter. Agindo assim como uma adolescente, que no fim eu sou. Respiro fundo. Meto a mão entre os cabelos molhados.

Visto um moletom cinza simples e um tênis de corrida. Arrumo minha bolsa para o trabalho e saio de casa as dez e cinquenta em ponto. Enquanto ando pelo corredor do meu prédio. Cumprimento as pessoas que passam por mim com um sorriso, como minha mãe me ensinou.

Pego um taxi rapidamente e paro a uma quadra do meu trabalho. Ando rapidamente até lá, mas mesmo assim chego lá as onze e dez. J está na porta e rapidamente eu entro e sigo até o meu camarim. Ele é diferente de dia. A luz que entra pelas persianas altas, que eu nunca havia reparado, deixa o lugar parcialmente iluminado de um jeito muito bonito. Tira um pouco daquele clima cabaré e deixa mais um clima de castelo mal-assombrado, sabe, aqueles de filmes de vampiro, sempre tão negros e vermelhos, cheios de caixões e pescoços expostos.

O lugar também estava arrumado, as roupas estão dobradas dentro das gavetas, os sapatos arrumados no canto, as faixas arrumadas nos cabides e as maletas de maquiagem arrumadas por ordem em cima das penteadeiras. Parece um outro lugar, também muito bonito, mas diferente do que estou habituada.

— Venha. Não temos muito tempo.

Ela estende a mão em direção a uma das cadeiras. Eu me sento lá e ela rapidamente começa a secar meus cabelos. Ela tem todo uma técnica, é sempre tão rápida, fico imaginando a quanto tempo ela já deve fazer isso. Acho que um bom tempo, por que muito rapidamente meus cabelos estão secos e muito lisos.

Ela me vira para ela, retirando minha visão do espelho, e começa a me maquiar, arrumar meu cabelo, ela me ajuda a vestir a roupa e a me mostrar como deve arrumar os assessórios, ou até mesmo a roupa. Nunca imaginei que vestir uma roupa fosse tão difícil e cheio de pequenos detalhes.

As onze e quarenta e cinco eu estou pronta e com uma grande confiança em mim mesma. Agradeço a Q e vou me embora, passando por J, que estava ainda perto da porta, ele sorrir para mim e me abre a porta.

Quando eu vejo o mundo lá fora, eu paro, uma coisa estranha me atinge. É a primeira vez que irei sair assim na rua. Como a garota que sou dentro deste cabaré,  ops, modo de falar. E eu tenho medo de como o mundo vai reagir.

Me sentindo como Alice após deixar a toca do coelho para voltar para a sua família eu saio e andando algumas quadras eu pego um taxi. O taxista me olha admirado, e eu apenas o ignoro, olhando para o outro lado, para fora da janela. Agora sou como uma daquelas madames, nos seus carros de luxo, andando pelas ruas de Londres.

Meu destino é o melhor restaurante de Londres e um dos melhores e mais caros do mundo. O taxi para bem em frente a ele, exibindo sua grandiosidade. Eu pago o taxista e desço do taxi. Em frente a entra se encontram três pessoas, que parecem está esperando alguém. Olho para meu relógio. São meio dia e três minutos, não foi tão ruim no tempo de atraso.

Caminho até eles, um deles sendo Jack, como se me encontrasse em uma passarela. Eu chamo atenção de algumas pessoas que me olham. Jack é uma delas. Ele me olha e fica boquiaberto. Eu sorrio para ele, ele fica ainda mais atordoado.

Olho para mim mesma em um dos espelhos pelo caminho. E sinceramente? Coloco muitas modelos no chinelo.

Estou com uma bota de cano curto brancas, com pequenas correntes caindo sobre ela. Belas pernas a mostra. Um vestido de couro tomará que caia e colado, até os joelhos, deixando evidente as tantas curvas escondidas por tanto tempo. Um casaco de couro branco, com detalhes em prata. Uma bolsa de couro branco cheia de correntes caidas. Pulseiras, colares e brincos de pérolas em formato de pequenas borboletas. Meus cabelos negros estão soltos lisos na minha costa, agora enquanto ando eles esvoaçam ao vento. Meus olhos foram muito bem delineados e demarcados, concebendo a mim um “olhar fatal”. Minha boca, toda bem delineada se encontrava em um tom nude. 

Estou bem diferente de mim novamente. Não sou a Morgana tradicional, mas também não sou a sexy cantora. Sou agora uma altiva mulher de negócios. Muito mais bonita do que a “professora de jardim de infância”, mas ainda sem chegar aos pés da beleza es sensualidade da cantora de fim de noite.

Jack vem até mim, me abraça, me olha nos olhos e pergunta.

— Quem é você?

Eu sorriu pela sua pergunta e respondo em uma voz doce:

— Sua namorada.


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