Weaken escrita por Queen Jeller, Miss Solo, Wellers


Capítulo 8
Heart in snow


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, é bem incomum estarmos postando na quarta,mas...imprevistos....
De toda forma, mais um capitulo ai pra vocês, esperamos que vocês gostem ♥ :3



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—Boa noite, Jane. — digo lentamente enquanto encaro-a dos pés a cabeça. Ela estava linda, eu não podia negar.

— Boa noite, Kurt. — ela respondeu com um sorriso tímido nos lábios e eu quase sorri de volta.

Eu sabia que a Sarah estava planejando algo, ela nunca ficou tão animada numa noite de Natal quanto ela estava hoje. Insistiu que eu me arrumasse, arrumou o Sawyer... Eu deveria ter adivinhado que a surpresa seria Jane. Era a cara de a Sarah fazer esse tipo de coisa.

Nós ficamos nos encarando por um tempo até que a voz da Sarah me tirou dos pensamentos.

—Vem querido,ajuda a mamãe a terminar de colocar o jantar. — ela disse passando a mão na cabeça de Sawyer e juntos foram para a cozinha.

Os acompanho com o olhar até saírem de vista, pegando uma travessa na ilha da cozinha.

— A Sarah... ela me ligou...— Jane começa a falar timidamente, me fazendo lembrar o bem que ouvir a voz dela me faz.

—Sim, eu sei como a Sarah é. — digo e percebo algo na mão dela. Era uma caixa pequena, mal embrulhada com um papel vermelho.

Ela se aproxima de mim e eu recuo.  Ainda lembrando  da cena dela de mãos dadas a um homem.  Não um qualquer, e sim Oscar.

—Kurt, eu não quero deixar isso que nós temos acabar... E eu sinto que eu posso ter arruinado todas as nossas chances. —ela diz com a voz rouca e toca meu braço. Dessa vez eu não recuo.

Respiro fundo antes de respondê-la.

Você não deveria estar aqui, Jane... — vejo algumas lágrimas se formarem nos olhos dela e me sinto mal por isso.Por mais difícil que fosse, teria que ser daquela forma.

— Você tem razão.—Jane responde mordendo o lábio inferior e se afasta de mim.— Eu não deveria ter vindo. — ela diz em voz baixa e se vira para deixar a caixinha sobre a mesa de centro.

A observo fazer o caminho até a porta e não a sigo. Antes de ela sair, Sawyer aparece atrás dela.

— Tia Taylor por que você está chorando? – ele perguntou com a voz preocupada e Sarah também se aproximou de  Jane.

—Não é nada. Acho que algo caiu no meu olho. — Jane respondeu evasivamente passando a mão no cabelo dele e depositou um beijo em sua testa.  — Feliz Natal, Sawyer.

— Feliz Natal, Tia Taylor! — Sawyer respondeu e foi para a cozinha colocar a travessa de salada que ele segurava na mesa de jantar.

— Jane, você não tem que ir... — ouvi Sarah dizendo baixo esfregando o ombro de Jane e me encarando de relance.

— Sim Sarah, — ela faz uma pausa e por um momento eu acho que ela vai chorar, mas ela não faz. — Eu tenho.

Sarah acena com a cabeça e Jane se encaminha até a porta. Ela para e me encara por alguns segundos.

— Feliz Natal. — ela deseja tristemente.

Dizendo isso ela se vai. Suspirei fundo, já sabendo o que aconteceria. Sarah me empurrou até o corredor para longe de Sawyer.

—O que você fez Kurt? Ela estava aqui, ela veio até aqui por sua causa e agora ela se foi por sua causa também. Você viu o olhar dela? Ela estava tão triste Kurt...

—Sarah, você não poderia ter a chamado sem antes falar comigo. Você tem essa mania de achar que sabe o que é melhor pra mim...

— Jane é o melhor pra você, Kurt! —ela grita e depois fala mais baixo — Você sabe que é verdade. Eu posso ver nos seus olhos o quanto você está sofrendo por estar longe dela. Por que você mantém essa muralha entre vocês dois?

Aceno negativamente com a cabeça desviando meu olhar para qualquer lugar que não fosse ela.

— É mais complicado do que você pensa, Sarah.

— Sim, isso é sempre o que você usa como desculpa.— ela estava irritada.— Como justificativa para afastar as pessoas que se importam com você. Kurt, você acha que ela vai correr atrás de você até quando? Uma hora ela vai se cansar. E quando isso acontecer... Você sabe o que acontece quando as pessoas cansam de insistir em algo sem retorno. E eu sei que você quer retribuir tudo isso o que a Jane tá te dando, Kurt.— ela me encara por um tempo e eu permaneço em silêncio.Sarah faz menção de sair para a sala, mas antes se vira novamente para mim. — Eu espero que dessa vez... Pelo menos dessa vez, você não deixe que isso vá muito longe. Você sabe que Jane não é uma pessoa ruim. Você não esperou 25 anos para ter ela de volta e ficar com raiva dela.

— Eu sei Sarah, mas você poderia ao menos tentar entender o meu lado? Isso não tem haver com ela ser a Taylor ou não. Tem haver com algo que está acontecendo na nossa vida... — percebo que falei “nossa” e me retrato . — Na vida dela, algo que só ela pode resolver.

Sarah volta para perto de mim.

— Você pode se fazer de durão Kurt, mas nós dois sabemos que essa é só uma casca. Casca essa que a Jane consegue quebrar. —ela suspira – Por que você não tenta ajudar ela a resolver esse enorme problema?— ela faz uma pausa. — Sair de uma mala na Times Square, coberta de tatuagens que ela não faz ideia de como foram parar lá, o seu nome nas costas e uma memória vazia não deve ser fácil. Você não acha que ela já tem problemas suficientes? —tomo essa pergunta como retórica e não respondo. —Você já parou para pensar que da mesma forma que é difícil pra você, pode ser difícil pra ela ter que lidar com tanta coisa sozinha?

Outra pergunta retórica e ela me encara por um tempo antes de voltar para a sala. Quando aquilo acaba eu vou para meu quarto. Eu precisava pensar por um tempo.Eu entendo que Sarah só está preocupada comigo, mas ela não sabe o quanto também está sendo difícil para mim ficar longe de Jane. Eu tinha meus motivos.

Desabotoei a camisa, tirei os sapatos e deitei cama. Talvez se eu conseguisse dormir eu poderia esquecer toda essa situação.

+++

06:00

Meu despertador toca me tirando do meu sono. Por um momento quase esqueci que eu não teria que ir para o escritório.

Começo a pensar em tudo o que Sarah falou. Sobre afastar as pessoas, sobre não deixar isso ir tão longe... eu não conseguiria formular nada ficando aqui. Precisava de um lugar calmo, de algum tempo sozinho, e eu já sabia onde ficava esse lugar.

Levantei da cama, tomei um banho rápido e troquei de roupa. Peguei uma mala pequena e coloquei algumas camisas, um pijama e alguns shorts.  Eu não esperava passar muito tempo fora.

Encaminhei-me para cozinha deixando a mala em cima de uma cadeira e vi algo se mover na sala.

Sarah estava embrulhando um dos presentes do Sawyer.

—Bom dia.

Peguei um copo térmico, colocando um pouco de café. Sarah ficou do outro lado da bancada.

— Você vai para a Pensilvânia?— ela deduziu após olhar a mala. Apenas aceno confirmando como resposta.

 Termino de me servir e pego a mala, dando a volta na bancada.

— Me desculpe por ontem, eu não queria deixar você e o Sawyer passarem a noite de Natal sozinhos. Eu só precisava pensar em tudo.

— Eu sei, eu conheço você. — dou um sorriso com resposta dela. — Só não fique pensando até o final da vida.

Encaro-a e sigo para o quarto de Sawyer, dou um beijo na cabeça dele e desejo feliz Natal baixinho para ele não acordar e volto para a sala.

— Coloque na sua mala, eu acho que pode ajudar você a pensar melhor. — Sarah me entrega um embrulho pequeno que eu reconheço ser da Jane — Além de que... é bom ter um presente para abrir na manhã de Natal.

Encaro o embrulho por um tempo e imagino o que deve ser, só então percebo um bilhete na parte de baixo da caixa. Na frente havia uma única palavra: Jane.

Coloco o embrulho num cantinho vazio da mala e caminho até a porta.

— Eu não vou passar muito tempo, se precisar de alguma coisa você sabe onde eu vou ficar. — ela acena com a cabeça e eu saio.

—___________________________________________________

Não foi como se eu tivesse conseguido dormir bem nas últimas duas noites. Eu posso ter caído no sono por alguns minutos, mas nada suficiente para me manter de pé durante os dias.

Passaram-se duas noites desde aquele fatídico jantar de Natal que não aconteceu. Dois dias sem noticias do Kurt, nem de Sarah. Talvez eles estejam apenas comemorando como qualquer outra família nessa época do ano. Não podia negar que por duas noites eu estive esperando meu telefone tocar e ser Kurt. Mesmo que não fosse uma chamada, mas sim uma mensagem, algo com palavras gentis. Eu ainda esperava por isso, para ser sincera.

Olho pela janela e vejo a neve cair. Sempre intensa, branca e fria. Lembro-me de quando Kurt dormiu aqui e vi com ele a primeira nevasca cair. Inconscientemente abro um sorriso com essa lembrança. Ela não era preta e branca em um tempo distante. Era colorida, viva.

Ouço meu celular tocar e imagino ser Kurt. Não era, mas é Sarah. Sei que não é culpa dela tudo que está acontecendo. Eu só não estava com vontade de falar com mais ninguém.

Jane? – a voz soa do outro lado da linha.

— Sarah...

Oi Jane,—ela não me deixa falar.—Me desculpe pelo Kurt naquela noite, eu sei que eu não deveria ter forçado nada. Na verdade não cabe a mim isso, eu sei, mas... — ela suspira e eu deixo ela continuar — Eu não aguento mais ver Kurt desse jeito.Ontem eu liguei para pedir notícias e ele estava extremamente bêbado. Reconhecendo a voz dele, parecia ter bebido muito. Eu estou muito preocupada com ele, Jane.

Respiro fundo antes de respondê-la.

—É tudo culpa minha Sarah.  Se ele está triste e desse jeito que você falou, é por culpa minha – sinto algumas lágrimas se formarem em meus olhos, mas elas não chegam a cair.

Olha Jane, eu não sei o que está acontecendo e nem tenho que saber, mas seja o que for que você fez... Ainda dá tempo de você consertar, nunca é tarde.

Penso bem no que a Sarah falou.  Ela poderia estar fazendo jus ao seu papel de irmã mais nova e exagerando, mas não, eu sinto na voz dela que ela está realmente preocupada com o Kurt.Provavelmente tanto quanto eu estava depois do que ela me disse — E como eu posso ter ele de volta? O que eu mais tenho feito nos últimos dias é insistir nele. Eu já tentei todas as coisas, Sarah. Eu estou tão... — paro e suspiro. Segurando novamente as lágrimas. — Cansada. Eu sei que é ele que eu quero, mas ele só dificulta meu caminho. — falo um pouco descrente que a Sarah tenha uma ideia boa suficiente para fazer o Kurt me ouvir.

Vá atrás dele, Jane. Ele pode ser cabeça dura, eu sei, mas ele gosta mesmo de você. Ele não seria capaz de fazer alguma coisa que te deixasse triste. —ela fala suavemente.

Suspiro e avalio todas as possibilidades, ou pelo menos as que eu consigo imaginar vindo de um Kurt no estado que a Sarah falou.

— Onde ele está? Não importa o que eu fale, ele sempre vai ter motivos pra me manter afastada.

Ele foi para a nossa antiga casa, na Pensilvânia.  Ele disse que precisava pensar, ver você pode o fazer pensar com mais clareza e chegar a uma decisão certa.— ela ficou em silêncio esperando uma resposta minha.

Se eu fosse, seríamos apenas nós dois. Sem mais ninguém. Nós poderíamos conversar e talvez ele conseguisse entender o meu lado.

— Essa é a última vez que eu vou atrás dele Sarah. — Ouço um som, como um sorriso tímido de vitória. Sarah...—Você pode me passar o endereço?

+++

Depois de muito pensar, resolvi colocar as dificuldades e dúvidas de lado e tomar a atitude de ir até ele.

 Disquei o número da Patterson e ela atendeu no segundo toque.

Jane? Está tudo bem?—ela perguntou preocupada.

— Sim, sim. Tudo bem. — falo rapidamente - Eu preciso de um favor seu...

Escuto como se fosse alguém se movendo e depois uma porta fechando.

 – Pode falar.

— Eu preciso do seu carro emprestado, é urgente.

— Aconteceu algo?

— Não, eu apenas preciso resolver algumas coisas com uma pessoa.

Eu nem vou perguntar a você por que, mas sim quem?— ela fala provavelmente desconfiada.

— Alguém importante, e eu preciso agir rápido. — falo firme.

Se você diz... Eu estarei aí em alguns minutos, ok?

—Okay, obrigada Patt.— Agradeço e ela desliga o telefone.

+++

Seja o que for que o Kurt estivesse fazendo na Pensilvânia, com certeza incluía ficar sozinho e beber muito. Eu aparecer lá poderia arruinar tudo mais uma vez. Por outro lado não aparecer poderia me fazer perder todas as chances. De tudo que a outra eu me fez perder, ela me fez ganhar o Kurt, e eu não iria perdê-lo.

Ouço batidas na porta e saio de meus devaneios.

— Jane!  É a Patt.— ela batia mais forte. — Jane!

Sorrio da incomum impaciência dela. 

—Já estou indo!—abro a porta e a vejo coberta de neve.

— Só você para me fazer sair de casa nesse frio. — ela diz empurrando a neve para fora do ombro e eu dei espaço para ela entrar.

Sorrio.

— Me desculpe, mas você foi a primeira pessoa que eu pensei.—digo enquanto coloco uma jaqueta quente e uma das toucas que ela tinha comprado pra mim.

Ela pega um par de luvas e me entrega.

— Não esqueça isso.—coloco o par de luvas e agradeço. — Não se esqueça disso também. – ela balança as chaves do carro na minha frente e eu as agarro.

— Obrigada, Patt— foi a única coisa que eu consegui dizer.

—Jane, eu já faço alguma ideia de quem seja essa pessoa importante. — ela inclina um pouco a cabeça para o lado. —Só uma pessoa te deixa nervosa desse jeito... e você está totalmente certa em ir atrás dele. – ela dá um sorriso. Vai logo! O que você está esperando?

Ela abre a porta e nós saímos. Tranco a porta e dou um abraço nela.

—Eu vou fazer a coisa certa dessa vez.


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Notas finais do capítulo

Jane sempre indo atrás do Kurt... será que ela consegue pegar de vez esse cabeça dura do Weller?
Nós vemos vocês na próxima semana (na terça...kkkkk)



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