Pov’s Ally

O som da água batendo contra minha pele e a sensação de liberdade foi o necessário para me fazer sorrir embaixo de um chuveiro. Os primeiros raios de sol já davam sinais de vida quando decidi tomar um banho no apartamento de Logan. Aproveitei que ele ainda estava dormindo para me arrumar, pois sair sem dar explicações é muito mais fácil do que sentar para conversar sobre uma noite que não significou nada para mim.

E também tenho que pegar Amber no aeroporto hoje. Ela não hesitou quando lhe ofereci a minha casa pra ela ficar por alguns dias o que me faz cogitar a hipótese dela estar apenas mentindo ou ser realmente maluca ao ponto de largar tudo e vir até aqui por conta dos meus motivos bobos.

Terminei de ensaboar o meu corpo e liguei o chuveiro novamente. Eram raras as ocasiões em que eu podia desligar a minha mente de tudo ao meu redor e apenas fingir ser uma pessoa normal como qualquer outra, mas tudo tem acabar uma hora. Não importa se é algo triste ou feliz porque no final os dois estão destinados ao mesmo caminho: acabar.

—Quem é você?-A voz de Logan soou abafada do banheiro em que eu estava.

Parece que não vou conseguir sair daqui sem dar explicações a ele, no entanto isso não é motivo para me preocupar. Estou cansada de perder a cabeça por bobagens e com pessoas inúteis. Começando por Cassidy. Ela consegue passar um dia inteiro sem dizer uma única palavra verdadeira e ainda assim ser amada por todos. Eu também posso fazer isso.

—Eu soube que ela passou a noite aqui. -Outra voz preencheu o lugar.

Desliguei o chuveiro ainda sorrindo para o nada e fiz um coque em meu cabelo. Nem me dei ao trabalho de pegar uma toalha e cobrir meu corpo exposto.

—Ele é um amigo meu caso se importe tanto assim. -Abri a porta do banheiro devagar e fazendo barulho de propósito para atrair a atenção deles.

Os dois homens parados no meio do quarto logo trataram de virar em minha direção. Pareciam não ter muito que dizer diante do que estavam vendo.

Logan estava quase desmaiando por conta do ar que já estava prendendo há quase um minuto enquanto que Austin tentava esconder o volume em sua calça pondo suas mãos em frente ao corpo.

—O que foi?Não é nada que vocês nunca tenham visto. -Dei de ombros e me abaixei para pegar minha calcinha jogada no meio do chão.

—Como assim?Ele não era apenas seu amigo?-A voz do moreno me fez gargalhar, mas nada, além disso, saiu da minha boca. EU não ia dar satisfações a ele.

Se eu soubesse que ter relações com ele seria tão entediante assim eu preferia ter ficando em cãs ame masturbando.

Austin pigarreou e logo tratou de explicar da melhor forma que pôde.

—Não é preciso estar com alguém para ver essa pessoa nua. -Austin caçoou dele. —Somos apenas amigos e por me preocupar tanto assim com ela vim até aqui para saber se ela ainda estava viva.

Direcionou seu olhar para mim e ali eu soube por seus olhos que ele estava furioso por dentro.

—Quem te disse que eu estava aqui?-Me aproximei dele e virei às costas em sua direção para que ele abotoasse meu sutiã.

—Dez consegue ser muito útil quando quer. -Afastou os cabelos da minha nuca e senti o toque dos seus dedos em minha pele.

Calma Ally, são apenas dedos.

—Imbecil. -Falei baixinho, o suficiente para que apenas eu escutasse.

—De todo jeito acho melhor irmos logo. Cassidy esta a ponto de surtar porque você desapareceu com qualquer um por ai.

Austin esbarrou seu ombro de propósito no de Logan ao vir em minha direção para entregar meu vestido.

Isso foi baixo demais até para o Austin.

—Desculpa ai, mas eu não fiz nada para você irmão. -Logan se atreveu a tocar no ombro de Austin e mordi o lábio inferior temendo o que poderia acontecer dali em diante. —E não vou deixar que fale de mim desse jeito na minha própria casa.

—Ah, é?Então porque não vamos lá fora e resolvemos tudo de uma vez?-Austin empurrou a mão de Logan com força.

O moreno que conheci noite passada estava prestes a dizer algo quando eu me meti entre os dois.

—Austin vai pro carro agora. -Falei entre dentes.

Ninguém vai brigar por minha causa aqui ainda mais duas pessoas que não tem motivos para isso. Conheço Logan a menos de doze horas e Austin não é nada meu. Seria idiotice fazer isso por mim sem um real motivo aparente.

Ele se recusou no primeiro instante a deixar seus olhos enxergaram algo além de Logan, mas quando finalmente me encarou parecia estar decepcionado comigo e por algum motivo aquilo me fez desabar por dentro.

O loiro deu uma última olhada em Logan e saiu do apartamento sem dizer mais nada.

—O que esse cara tem?-Logan perguntou franzindo a testa enquanto apontava para a porta por Austin havia acabado de passar.

—Arrependimento. -Suspirei alto.

Fui até minha bolsa e caminhei até a porta do quarto. Já estava na hora de ir embora.

—Depois nos falamos. -Menti.

Dei um sorriso irônico para ele justamente para que Logan percebesse que aquilo não iria acontecer novamente e fechei a porta logo atrás de mim. Recompus meu corpo e caminhei decidida até o elevador.

—O que você pensa que estava fazendo seu idiota?-Joguei minha bolsa com força em Austin quando cheguei ao seu carro e me sentei no banco do passageiro ao seu lado.

—Indo te buscar?-Ligou o carro como se nada tivesse acontecido.

—Combinamos em sermos apenas amigos Austin. –Me virei para ele. —Você por acaso vê alguém fazer isso com um amigo?-Gritei batendo no painel do carro.

Não tem como não perder a paciência com Austin Moon. Ele consegue me infernizar até em meus sonhos.

Ele por outro lado nem se deu ao trabalho de olhar para mim.

—Eu precisava de um favor, ok?-Tentou se desculpar da forma mais nojenta e vaga possível.

—E por isso precisava ir até lá?Você não me vê atrapalhando seus sexos com Cassidy. –Reclamei.

O loiro negou com a cabeça e fez uma careta, mas não disse mais nada até que eu me acalmasse.

Antigamente quando eu perdia a linha era exatamente isso o que ele fazia. Nada. Parece que é algum tipo de método para não terminamos magoando um ao outro.

—Já acabou?-Revirou os olhos e pisou fundo no acelerador. Ele precisou de cinco minutos para dizer isso.

Só então eu me dei conta de que estava em um carro com o Austin. Meu estomago embrulhou o que me fez me ajeitar melhor no assento. Eu estava desconfortável com aquilo.

—Você esta bem?-Questionou preocupado comigo.

Sua raiva finalmente parecia ter se dissipado e preferi deixar por isso mesmo.

Afirmei com a cabeça e contei até três mentalmente.

—Porque precisa de mim Austin?Vou começar a cobrar pelos serviçinhos. -Pus a mão em minha testa tentando afastar a dor de cabeça e nossa pequena discussão.

—Lembra quando namorávamos?

Lá vem ele de novo.

—Pelo amor de Deus cara. -Bufei. —Supera logo que terminamos e segue em frente.

Ele arqueou a sobrancelha e riu debochadamente de mim.

—Eu iria falar sobre a minha conta que esta no seu nome amor, mas se você não superou ai já é outro assunto para outra hora. –Ele não fez questão de esconder seu sorriso com o que acabara de ouvir.

—Fala logo o que é. Tenho muito que fazer ainda hoje. -Amber veio em minha mente mais uma vez

Preciso buscá-la pela tarde.

—Eu parei de usar aquela conta há anos e agora preciso dela de volta, mas é a sua digital que esta nela o que te faz a única pessoa a poder desbloqueá-la. -Ele virou em uma curva e me remexi mais um pouco, ainda sem me sentir confortável.

—E não pode simplesmente abrir outra conta?Você é mais fracassado do que eu esperava. -Ri da cara dele.

Não era nem essa a minha intenção, mas eu precisava distrair a minha mente com qualquer outra coisa.

—Agora esta mais calma?-Perguntou voltando a olhar para mim.

Será que ele ainda não aprendeu que quando se esta dirigindo o foco é a estrada?

—Acredite. -Olhei pela janela. —Só irei ter paz quando você desembuchar tudo de uma vez.

Fazia anos que eu não andava pelas ruas de Miami desse jeito. Já quase havia me esquecido de como é divertido ver os shoppings, pessoas, prédios e tudo o que a cidade tem pra oferecer.

—Qual o problema em acreditar que é só isso mesmo?-O tom de indignação em sua voz não me convenceu nenhum pouco o que me fez arquear a sobrancelha e cruzar os braços.

—Quer a verdade?-Sorriu para mim.

—O que você acha?-ironizei.

Ele demorou exatos vinte segundos para começar a falar. Enquanto isso meu pé não conseguia parar de mexer sem motivo algum. Talvez fosse a ansiedade ou o nervosismo, porém de qualquer forma os dois são péssimos.

—Eu estive pensando essa madrugada. -Começou. —Em menos de um mês eu irei me casar com a sua melhor amiga e você irá voltar para Nova Iorque o que quer dizer que iremos nos ver provavelmente apenas no natal e no aniversário da loira. -Seu tom de voz sacana e descarado me fez continuar calada.

Eu não iria discutir com ele novamente.

—Então porque não podemos ter nada?Falamos sobre isso em Paris e quase deu certo. -Desacelerou um pouco o carro quando o banco já começava a aparecer no horizonte.

—Você esta sugerindo que tenhamos um caso?

Por mais que eu não quisesse me interessei pelo assunto, Cassidy irá amar saber sobre isso.

—Chame do que preferir. -Estacionou em frente ao estabelecimento.

—E o que eu ganho em troca?

Da ultima vez que perguntei isso a ele terminei parando na ponte do Rio Sena.

—Quer a Gucci só pra você?É sua. -Desligou o automóvel e se virou em minha direção.

—Então você esta tentando me comprar com a coisa mais valiosa no mundo pra mim?-Debochei.

—Estou tentando fazer com que não venhamos a nos arrepender daqui a um mês quando eu disser sim na igreja.

Se a situação não fosse tão complicada quanto em minha mente eu provavelmente estaria gargalhando agora, mas se ele realmente acha que chegará a por os pés na igreja, então tudo bem.

—Sem sentimentos?-Perguntei olhando pela janela. O banco parecia ainda estar vazio a essa hora da manhã.

Eu não tinha muito tempo pra decidir sobre o assunto. Sim ou não. Apenas isso, mas ainda assim eu tentava de toda forma arranjar tempo. Não seria tão fácil assim manter tudo escondido de todos, principalmente de Cassidy e agora com Logan na jogada o mesmo vale pra ele.

—Sem sentimentos. -Confirmou.

—Sem compromisso?-Arqueei a sobrancelha.

—Sem compromisso. -Me olhou entediado.

—E sem amor?-Olhei em seus olhos.

Eles estavam quase tão vazios quanto os meus naquele instante.

—Você já falou demais por uma única manhã Ally.

Suas mãos me puxaram para si antes que eu pudesse retrucar algo. Puxei seus fios loiros com força, uma parte de mim fez aquilo por ainda estar furiosa com ele e outra por querer encontrar alguma forma de aproximar ainda mais nossos corpos.

Quando suas mãos vieram de encontro as minhas coxas pude ouvir o carro buzinar o que me fez interromper o beijo com o susto. Eu estava praticamente sentada em cima do volante.

—Um carro não é o lugar mais adequando para se fazer sexo Austin. -Mordi seu lábio para tentar abafar um gemido quando senti sua mão direita tocar a alça da minha calcinha.

Acho que exagerei um pouco quando senti o gosto de sangue invadir meus lábios, mas Austin parecia nem ter notado isso ou ouvido o que eu acabara de falar. Ele estava quase tão perdido em meu corpo quanto eu estava no dele.

—Sabe essa calcinha preta de renda que você esta usando hoje?Eu deveria arrancar ela com os meus dentes.

—Talvez mais tarde eu possa aparecer para você sem ela para facilitar o seu trabalho. -Ofegante voltei a beijá-lo.

—Nem se incomode.

Antes que eu pudesse cogitar algo minha calcinha já estava em pedaços no chão do carro e foi isso o que me fez voltar à realidade.

—Só depois de irmos ao banco loirinho. -Ajeitei seu cabelo e separei nossos lábios. Abri a porta do carro e ainda com as pernas tremendo consegui me equilibrar sobre o meu salto.

—Isso é sério?-O ouvi dizer logo atrás de mim.

—Tenho fetiches em transar em lugares públicos e carros estão fora de moda. -Tentei pentear meus cabelos com os dedos e controlar minha respiração ao mesmo tempo.

—Imagina a gente em um elevador. -Abriu a porta do banco para mim.

—Você de minissaia e eu por trás.

Deveria ser considerado crime o fato de o seu sorriso acompanhado dessa frase ter sido tão lindo. Ele parecia estar de bem com a vida como há tempos eu não o via e isso me fez sorrir também.

—Austin. -O repreendi ainda me divertindo com a situação.

—Podemos fazer isso hoje se você quiser. Ainda preciso te levar a minha casa, Talvez tenha chegado à hora certa. -Ainda animado caminhou até um dos caixas eletrônicos.

Sem que percebesse meu sorriso foi morrendo aos poucos, sendo que o motivo disso foi o fato de eu ter desbloqueado a tela do celular.

Eu podia ouvir o barulho da máquina em que Austin estava enquanto eu encarava o vídeo de Austin e Avery transando na tela do meu celular. Foram necessários quinze segundos para que eu tomasse coragem para enviá-lo a Cassidy.

—Acho que esta na hora de conhecer a sua casa.