Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 42
Capítulo: Não é um adeus


Notas iniciais do capítulo

Peço perdão pela atualização do capítulo anterior. Eu postei de tarde com um pouco mais 6000 palavras.
Eu fiz uma atualização pela noite e ficou com mais de 7000 palavras.
Quem leu antes da atualização, perdeu alguns acontecimentos.



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Os sentidos de Naruto, contrariavam sua mente, que não aceitava que o coração de seu pai, não mais bombeava sangue pelo corpo.

Uma energia vermelha insinuava em se elevar. 

Se Naruto se transformasse novamente, não sobreviveria.

Seu corpo ferido se encontrava a beira da exaustão. 

Nesse raciocínio, veloz, Hana ousou se aproximar e desferir um golpe na nuca do loirinho, fazendo-o desmaiar.

A visão de Naruto escureceu, ele caiu de frente contra o solo.

Hinata se ajoelhou ao lado do meio kitsune.

Dela fluíam muitas lágrimas, assim como na maioria dos amigos do hanyou.

Kiba sustentava triste olhar e evitou fitar o corpo de Minato.

Retirou-se dali, passando em meio aos adultos, que antes longe, agora se movimentavam de encontro ao corpo do Namikaze e das crianças que rodearam o hanyou.

Inúmeros olhares se voltavam para os komainus.

Àquela altura, inexistia grande temor contra os gêmeos.

Talvez somente receio.

Mas todos ali assimilaram que seja o que fossem aquelas criaturas, atuaram a favor das crianças e até o presente não atacaram nenhuma pessoa. 

 

~

 

O sol surgiria em duas horas.

Os refugiados da aldeia permaneciam no acampamento.

Os guardas que perduraram no acampamento receberam a mensagem de que o perigo acabou, contudo, esperariam o amanhecer, para noticiarem aos aldeões.

O menino Inuzuka se manteve isolado na floresta, mas não tão longe, para que seu cheiro fosse detectado pela sua família.

Queria que seus parentes soubessem que não se distanciaria mais do que o devido.

Só queria ficar sozinho.

Hana considerou que foram horas demais sozinho, e foi atrás do irmão, sem a companhia dos Haimarus.

Avistou-o sentado sobre uma pedra, com Akamaru encimado nas coxas. 

Cessando a cinco passos atrás do irmão, pediu-o: 

— Perdoe-me. 

— Eu já a perdoei. —  Ele fitava os pelos brancos de seu amigo. — Eu não a odeio, onee-san. 

— Eu não me refiro a isso, eu deveria ter tirado o Sr. Minato do buraco, mas eu permiti que ele...

— O Sr. Minato sabia do risco, onee-san. — Kiba a interrompeu. — Não foi culpa sua.

Hana segurou os dedos, as mãos abaixo do ventre. 

— Me deixe sozinho com Akamaru, onee-san.

A voz do menino saía calma, com um pouco de rouquidão. 

Hana virou as costas, todavia não avançou nenhum passo. 

Após um momento reflexivo, ela mudou de ideia, e deu meia volta, chegando mais perto do irmão.

— Lie, você se isolou bastante. — Posicionou-se frontalmente para o menor. Esticou seus braços, querendo que ele fosse até ela. — Deixe-me confortá-lo, onegai. 

Kiba queria negar, mas ele não suportava mais a dor devorando seu coração. 

Ergueu-se e se jogou aos braços da irmã, com Akamaru sendo espremido entre os dois. 

— Onee-san. — Os olhos e o nariz do menino Inuzuka vazavam. — Eu serei muito forte para ser muito útil. 

— Tenho certeza que será, tenho certeza.

Ela o apertou com toda força possível, sem que o machucasse. 

Kiba lamentava por tudo, pela situação do amigo hanyou, pela perda de Minato, e das pessoas que se foram com a tragédia, mas principalmente, por se sentir um péssimo amigo, por se sentir inválido, por não conseguir fazer nada de relevante. 

Talvez seja porque ele viveu anos alimentando uma ideia errônea contra o meio yokai, a ideia que a aldeia perpetuou por muito tempo, e ainda sim, Naruto se mostrou feliz em ser seu amigo, aceitou sua amizade muito rapidamente.

Queria poder retribuí-lo da melhor forma, todavia ainda não conseguiu.

Sentia-se um fracassado. 

 

~



Para o meio yokai, a semana que se seguiu, parecia um sonho.

Seus ferimentos se transformaram em marcas escuras, um degradê de roxo para preto. 

Em alguns dias, elas sumiriam. 

Desde que acordou, viu-se em sua cama de palha, e não saiu mais dela. 

Via pessoas saindo e entrando em sua casa.

Inuzukas, Hyuugas e pessoas sem clã, uniam-se para reconstruírem o teto.

E algumas regiões das paredes, que também foram atingidas pela destruição, de quando o hanyou se transformou na kitsune de cinco caudas. 

De vez em quando, um ou outro adulto sorria para ele, no entanto, ele não correspondia a nenhum gesto. 

Os rotundos azulados, também viam seus amigos com frequencia. 

Estavam todos os dias, em sua casa, tentando não atrapalhar os adultos trabalhando. 

Neji e Hinata o ajudavam a se pôr sentado; e davam-lhe de comer. 

Kiba com seu olfato desenvolvido identificava rapidamente quando o amigo meio kitsune vazava de fezes ou urina. 

E tratava de preparar um banho para limpá-lo e depois trocá-lo.

Chouji o ajudava nessa tarefa. 

Yakumo fazia carinho na cabeça do hanyou até que ele adormecesse. 

Kaede trazia novas roupas para o meio yokai. 

E Tenten fazia o hanyou ficar de pé, intuindo exercitá-lo. 

O loiro não os impedia, tornara-se um boneco, do qual eles cuidavam com carinho. 

Naruto não chorava, não sorria.

Ele apenas demonstrava uma expressão desentendida, todavia, não perguntava nada.

E quando não demonstrava confusão em sua face, simplesmente, punha-se em inexpressividade, sem saber no que refletir. 

— Arigatou.

O hanyou agradeceu, durante uma noite, quando Hinata o fez comer um rolinho de feijão.

Um sorriso iluminou a face da menina. 

O sabor do natto, em Naruto, trouxera lembranças de vários momentos deliciosos que experimentou ao lado da pequena perolada.

— Não foi nada senhor raposo, amanhã trago mais. 

— Traga muito mais para Naruto guardar para o otou-san. Otou-san gosta bastante do rolinho de feijão. Huuum — o meio yokai segurou o queixo, esfregando-o. — Que estranho, o otou-san está demorando hoje. 

Neji que estava na porta, escutou e fechou suas pálpebras.

Hinata abraçou o corpo do hanyou que não entendeu o porquê de ela começar a soluçar.

 

~

 

— Ise... eu quero abraçar o meu bebê. — Fuso pediu, sofrendo.

— Não é o momento. Deixe que os amigos dele continuem o confortando. — Ise determinou e praguejou algumas palavras, em volume baixo. — Quando ele conseguir lidar com o luto, a gente se aproxima dele. 

Ise apertou a mão de Fuso, ele escutava o coração dela se acelerando. 

— Mas não é para insistir, escutou? Se ele não quiser, aceite a resposta dele. Caso não, eu a arrasto de volta para casa.

Ela assentiu, seu peito se enchia de anseio para abraçar o meio yokai.

O casal Uzumaki se encontrava em forma humana e viviam nas proximidades de Konoha, escutando tudo o que se passava no lar do meio yokai. 

Foi uma raposa comum que chegou até o território Uzumaki e relatou à família de Pain, que o meio yokai corria o risco de ser abatido, por estar na forma de uma kitsune de cinco caudas. 

Ise não pensou duas vezes em partir de seu lar, Ise foi atrás dela e encarregou Pain em cuidar da morada. 

Como Ise esperava, chegaram tarde demais.

Mesmo na maior velocidade de yokai, por conta da distância, dificilmente chegariam a tempo. 

 

~

 

Foi em uma madrugada, que Naruto despertou e quando não viu ninguém na cama de palha de Minato, que abriu a boca e soltou um escandaloso choro. 

E confirmou que todas as lembranças dolorosas, que tentava evitar, eram verdade. 

Elas despencaram sobre ele. 

Uma chuva de pedras.

— OTOU-SAN! OTOU-SAN!

Arregalando os olhos, corria pela casa.

Para onde quer que olhasse via o seu pai.

Seja preparando takaki no kamado, seja arrumando o quarto, seja costurando ou construindo algum brinquedo.

Infelizmente, nenhuma das imagens era verdadeira.

Abriu a porta e saiu correndo para fora de casa.

Continuou gritando. 

Seus gritos ecoaram alcançando os guardas do daimyo a vigiarem os arrozais. 

Nenhum deles se moveu. 

O meio yokai viu seu corpo envolvido por braços femininos.

Bastou o primeiro grito do pequeno, para Fuso sair de seu esconderijo e chegar até ele.

Ise veio logo atrás.

Não impediu Fuso.

De madrugada, os amigos não estavam disponíveis para o hanyou, mas os dois estavam. 

Fuso virou o hanyou de frente para si e se sentou no solo, cruzando os tornozelos, acolheu o pequeno em seu colo, apertando-o com todo seu amor.

Naruto enterrou o rosto, contra o busto da ruiva, continuando a chorar de forma escandalosa, a rasgar os pulmões. 

Todavia, o barulho não incomodava nenhum dos Uzumakis. 

Fuso começou a se balançar, embalando seu neném. 



~NH~

Quarto mês do ano

Segunda semana

Sétimo dia

~NH~

 

 

Hana e Kiba rumavam para a casa do hanyou.

Ambos trajados de branco.

Recentemente, saíram da cerimônia de despedida do corpo de Hiruzen Sarutobi, agora partiam para presenciarem a despedida do corpo de Minato Namikaze.

Konohamaru chegou a alcançar Kiba e repassar o aviso de que ele e Abiru não iriam ao enterro de Minato porque queriam fazer companhia para a avó. 

— Avise para ele que meu avô deixou uma carta de confissão.

Revelou Konohamaru. 

— Confissão? — o Inuzuka alçou as sobrancelhas.

— Hai. O Shimura não ia para a casa dos anciãos por dizer que estava doente. Meu avô desconfiava que ele fazia algo incomum e escondendo dos outros anciãos, escolheu homens de confiança para vigiar o Shimura. Meu avô não queria acusar sem provas, por isso não disse nada a ninguém… mas…

Não precisou completar.

Deu no que deu.

Só por escrever a carta de confissão, o idoso mostrava que considerou o pior que poderia acontecer a ele. 

Hiruzen certamente se arrependeu por não seguir sua intuição e fazer com que seus guardas, antecipadamente, entrassem na propriedade de Danzou.

— Justo no dia que os guardas do meu avô vigiaram pouco, o Shimura saiu de casa. 

Como os dias foram passando, os horarios de vigia foram se reduzindo, e Hiruzen começava a crer que de fato Danzou se encontrava apenas doente, embora, na carta de confissão, Hiruzen deixou claro que a suspeita nunca o abandonou por completo.

— Minha avó achou a carta ontem a noite, assim temos mais uma prova de que Danzou foi o responsável pelo que aconteceu. 

— Isso é bom. Mas agora só quem não acredita na inocência de Naruto, com ou sem prova, é por conta de perdas que sofreram na destruição da aldeia. 

Konohamaru concordou, realizando um assentimento.

— Avise para Naruto que não carrego ódio contra ele. Meu avô quis salvá-lo. Se eu me alimentar esse sentimento ruim, a morte de meu avô terá sido em vão. 

— Eu direi sim. 

Konohamaru se curvou e correu de volta para casa de sua avó.

Sequer parecia aquele menino atrevido, todo cheio de si, que Kiba conheceu. 

Os irmãos Inuzukas continuaram andando. 

Seus pais ainda conversavam com algumas pessoas participantes da cerimônia de Hiruzen. 

Os filhos resolveram ir na frente.

Akamaru avançava ao lado dos pés de Kiba.

Hana deixara seus Haimarus em casa. 

Após o menino Sarutobi se afastar, Hana apanhou o punho do irmão e mudou o curso, indo para fora da aldeia.

— O que está fazendo, onee-san? Vamos nos atrasar!

— Serei breve. — Hana garantiu, parando de conduzir Kiba.

Rodeados por mato, a Inuzuka observou em volta, concentrou os seus sentidos, confirmando que estava a sós com Kiba.

E Akamaru, não podia se esquecer do cãozinho, mais crescido, que em breve chegou até eles.

— É sobre Akita. — Alertou Hana, algo consumia a mente dela, nos últimos dias. 

Algo que lhe tirava o sono. 

Akita seguia desaparecida, ela não retornou para a aldeia desde o dia do trágico acontecimento da kitsune de cinco caudas, que foi no mesmo dia, que grupos de busca do clã Inuzuka a ajudaram a procurar por Chamaru.

Com a ausência de Akita se prolongando, acreditava-se que ela soubera que o cão usado por Danzou, havia sido Chamaru, e por isso, ela não teve coragem de retornar.

Mais de um cão Inuzuka reconheceu o cheiro dos restos mortais caninos encontrados na casa do Shimura, sem brecha para desconfiança. 

— Akita-chan retornou? — Kiba perguntou esperançoso.

— Lie, e creio que nunca irá. — Hana repousou as mãos nos ombros do irmão. — Antes de falar sobre ela, tenho que contextualizá-lo: nos primeiros anos, após a destruição da kyuubi, vários Inuzukas tentaram caçar kitsunes yokais e encontrar o novo esconderijo delas. 

— Onee-san...

Kiba primariamente se surpreendeu em saber.

Secundariamente, refletindo, não compreendia como aquilo se relacionava à Akita.

Mesmo distinguindo a expressão confusa do irmão, Hana dera continuidade:  

— Em Konoha, com o ódio muito grande contra kitsunes, os Inuzukas sabiam que seriam glorificados se matassem muitas, seriam reconhecidos até mais que os Hyuugas. Mas... com o tempo, os anciões descobriram e proibiram essa ação porque temiam que isso acabasse atraindo kitsunes para Konoha. Mas após a proibição, alguns Inuzukas ainda se arriscavam. Os pais de Akita tentaram fazer isso e morreram contra uma kitsune yokai. 

— Como é?! Eu não entendo... eu pensei que eles morreram por causa de um parasita raro... como era mesmo o nome...

Hana abaixou as mãos, apertando o irmão, pelos braços, na altura do peito. 

— Kiba, para os Inuzukas que morreram indo atrás das kitsunes, são inventados motivos para se contar às crianças do clã, para que essa ideia não seja incentivada. Mas infelizmente há um ou outro adulto do clã que repassa a verdade para as crianças... meu amigo de infância tinha pais assim, e ele herdou esse desejo de ir atrás de uma kitsune yokai. Ele queria tanto vingar as vítimas que se foram com o ataque da kyuubi, quanto vingar as vidas de Inuzukas que morreram por kitsunes yokais e... e... para confrontar os anciões e mostrar aos aldeões que Inuzukas eram capazes de darem conta de kitsunes. 

— Era o Hosh? — Kiba se recordava do nome.  

— Hai. Eu gostava muito do Hosh e torcia para que ele encontrasse o novo esconderijo das kitsunes. Mas se tornou só mais uma vítima. Seu corpo foi encontrado da mesma forma que os outros Inuzukas que falharam no objetivo: com marca de garras profundas, abandonado em algum lugar da natureza, longe de qualquer civilidade. E também, em um lugar estratégico para ficar bem longe do esconderijo das kitsunes yokais. 

— Eu sinto muito, Hana. Akita-chan dizia que ele seria seu namorado.

— Éramos amigos. — Hana corrigiu. — Mas isso não importa mais, ele morreu, não é meu namorado e nem meu amigo agora. 

— Podemos falar como esse assunto chega na Akita-chan?  

Hana se agachou, abraçando as próprias pernas. 

Akamaru se colocou na frente dela, cheirando seu quimono.

— Estive pensando esses dias que... — ela começou — por mais que um Inuzuka fosse fraco, ele jamais perderia seu cão. Inuzukas e seus cães tem uma ligação especial. Os homens da unidade de Danzou estão sendo investigados, sob suspeita que um ou mais tenha sido encarregado pelo ancião de capturar Chamaru. Mas... mas... não acho que encontrarão um culpado entre eles.

— Hana...

Kiba murmurou, dando-se conta que até o momento a irmã não acrescentara o “chan” após o nome de Akita. 

— Eu estava na casa de Akita hoje... — Revelou Hana, de olhos lacrimejados — como todos os dias, cuidando do lar dela, na esperança de ela voltar. Mas na casa dela quase não tem móvel, só a cama. 

Sua atividade na casa dela resumia-se a livrar o chão da poeira. 

— E aí eu percebi que eu nunca a visitava, era ela quem sempre me visitava. Todas as vezes que eu me aproximava da casa dela... ela aparecia na porta, já pronta para querer andar comigo para algum lugar. — Colocou uma mão na testa. — Como eu nunca achei estranho?

— Eu não posso crer no que está supondo, onee-san. — Kiba visualizava o rosto gentil de Akita, em sua mente.

— E se o que conhecemos dela, foi apenas um personagem? Todo esse tempo... ela... ela... seria só mais uma Inuzuka que alimentou esse sonho besta de ir atrás de kitsunes yokais?

Para vingar os pais. 

Todo aquele papo de que ela não culpava as kitsunes... somando à personalidade doce e gentil...

Soava convincentemente.

Inuzukas que ainda defendiam aquela ideia de vingança, deveriam se sentir humilhados, ofendidos, quando foi aceito que o hanyou habitasse a aldeia, pior ainda, quando o próprio mestre dos monges ajudou a propagar uma nova visão sobre as kitsunes.

— Sinceramente, Hana. Eu prefiro mil vezes que Akita-chan tenha sumido apenas pela vergonha de não ter protegido bem Chamaru.

A irmã mais velha assentiu, também preferia. 

Ele estendeu o braço para ela, queria que andassem de mãos dadas. 

Kiba se sentia bem, por perceber que o teor da conversa era um segredo, um desabafo.

Hana entregava sua prova de confiança ao irmão.

Ela enxugou uma lágrima que deixou escapar e segurou a mão de Kiba.

Os dois retornaram para Konoha, um pouco mais apressados. 

Seguidos por Akamaru.  

~

Atrás da casa do hanyou, preparava-se o solo para receber o defunto. 

O teto estava cem por cento refeito. 

Primeiro, os homens Hyuugas retiraram todo mato e pedra encontrados, formando uma área circular, a qual marcaria onde o corpo de Minato seria enterrado.

Dali por diante, aquela região seria bem cuidada, para acolher o corpo do artesão-camponês.

Naruto segurava seu desenho, o desenho que seu pai mais amou. 

— Acho que já está bom. 

Avisou Tokuma e Koh assentiu. 

Os dois se afastaram e deram espaço para os outros dois Hyuugas, Tetsu e Hoheto. 

Cada um segurando uma extremidade do embrulho com seu formato inconfundível de abrigar um ser humano. 

Cuidadosos, encaixaram o embrulho na cova.

A cabeça do defunto foi posicionada ao norte, como se esperava do costume.

Tokuma avisou:

— Já está pronto para ser enterrado, Naruto.

O pequeno N. Uzumaki assentiu e caminhou seguramente até a cova, com cuidadinho, desceu, e dobrou seu desenho, pondo-o sob a cabeça do defunto. 

— Durma bem, otou-san.

Naruto passou sua mãozinha, sobre a testa do pai, e não se importou em deixar um beijo sobre o tecido que recobria o corpo de Minato. 

Seu beijo foi depositado sobre o nariz.

Em um momento, quando subia, parou.

Só para olhar para baixo e observar se seu pai realizava algum movimento.

E não sabia por que esperava isso. 

Mas apenas esperou. 

Após uma demora, saiu dali, retornando à superfície, e ninguém presente reclamou por ele ter demorado. 

O hanyou se aproximou de seus amigos. 

Colocou-se ao lado de Hinata, que jazia de nariz escorrido.

Hana se abaixou para limpar o nariz da filha, enquanto a pequenina Hanabi, desentendida, era segurada por Natsu. 

Do outro lado de Naruto, Kiba abraçava Chouji pelo ombro, o gordinho limpava o nariz, com o punho fechado. 

Ashitaba, Leo, Tenten, Yakumo, Fuki, Kaede e Ranmaru, lado a lado, davam-se as mãos, atrás do hanyou.

Teuchi a cada minuto passava a mão contra o rosto, secando as lágrimas.

Ayame o consolava, acarinhando seu ombro. 

Outros adultos se mantinham mais longe, e sustentavam suas expressividades de pesar.

Nem todos da aldeia se encontravam presentes. 

A terra começou a ser jogada sobre a cova e somente depois que foi coberta totalmente, iniciaram-se as orações. 

Kakashi Hatake assistia de longe, do alto de uma árvore, e resolveu descer, e saindo da floresta, direcionou-se à aldeia.

Pelo caminho, reconhecia alguns dos lugares recentemente reconstruídos.

O silêncio se rompia mais pela sonoridade de passarinhos do que pelas ruas comerciais da aldeia.

Assim que avistou a casa dos anciões, cessou alguns metros distantes, assistindo a idosa se retirando da construção.

Ela usava quimono roxo escuro de faixa vermelha. 

— Sr. Hatake, que surpresa vê-lo por aqui. — Koharu dissera, após se virar para ele. Aproximando-se do homem, avisou-o: — Estou indo me encontrar com o Daimyo.

— Eu sei, vim ver o hanyou.

Koharu parou a três passos do homem, estranhando-o:

— Não ficou sabendo que não precisará mais treiná-lo?

— Eu fiquei sim, o próprio Daimyo me avisou sobre o conteúdo da mensagem que a senhora o enviou.  Entretanto, há detalhes sobre os quais tive curiosidade em saber. 

— É para isso que eu vou até o Daimyo, eu não podia colocar tudo por escrito, é importante que eu o faça pessoalmente. Meu intuito com a mensagem, foi somente defender mais uma ausência do hanyou, que deveria tomar o tão esperado chá, com o Daimyo.

Na mensagem, a idosa fez apenas um resumo. 

Continuou andando, passando ao lado do Hatake. 

Kakashi pensou rápido e se impulsionou, caminhando ao lado da idosa.

— Meu intuito era conversar com o hanyou, sobre a situação. Eu adiei minha vinda, esperando não presenciar nenhuma cerimônia de luto, mas pelo visto, não adiantou nada, é o que ele está fazendo agora. — Lamentou o Hatake. 

— Então por que não me faz companhia, enquanto eu lhe repasso os detalhes?

— Seria muito bom, eu agradeceria. Onde está o Sr. Mitokado?

— Na casa dele, ele permanecerá na aldeia, ocupa-se com a seleção de candidatos para integrar ao Conselho dos anciões.

— Mas já?

— Hai, é o jeito dele de lidar com o luto, prefere manter a cabeça ocupada.

Assim que Kakashi avistou a liteira de cavalaria, apressou-se em ajudar a idosa a subir no transporte.

O homem que guiaria o cavalo da frente agradeceu ao Hatake.

A pedido da idosa, Kakashi se acomodou ao lado dela.

Assim que os cavalos se impulsionaram, a Utatane relatou:

— A cerimônia para os defuntos foi adiada, enquanto se reconstruía em Konoha, o que foi destruído durante o ataque. A reconstrução total ainda não foi alcançada, mas agora as coisas estão calmas o suficiente para nos despedirmos de quem precisa descansar em paz. Em outro lado da aldeia, mais cedo, ocorreu o enterro do Sr. Sarutobi e do Sr. Shimura.

No enterro do segundo não apareceu quase ninguém, apenas alguns homens da unidade do exército comandada pelo mesmo.

— E quanto a tal Fuso, ela vai mesmo cuidar do hanyou? Pelo que lembro, ele me comentou que ela estava proibida de vê-lo, estando sozinha.

— Hai, não somente ela. Fuso e Ise Uzumakis são kitsunes yokais. Estão dispostos a levarem o pequeno com eles. O hanyou já conheceu o lugar onde as kitsunes moram, está familiarizado.

— Entendo, isso será bom para ele. Mas algo é curioso. Deve ter gente que se revoltou com a aparição de kitsunes yokais na aldeia, depois de novamente, uma kitsune causar destruição na aldeia.

— Lie, Ise e Fuso estão em forma humana, a identidade deles continua sendo, em maior parte, segredo. O próprio hanyou contou para os amiguinhos, mas esses amiguinhos não espalharam por aí. Mas não creio que esse segredo se manterá por muito tempo.

— Como ele escapou da punição?

— Pela maioria de votos. Enquanto ele estava inconsciente, teve conflito entre aldeões. Mas a maioria venceu. A maioria que considerou a morte do pai, punição o suficiente para o hanyou. E no dia seguinte, com o que se descobriu na casa do Sr. Shimura, reforçou-se a argumentação da maioria.

O olhar do Hatake indicava que ansiava em saber o que foi descoberto.

— Tudo indica que ele fez um ritual para invocar um inugami. — E estudando a expressão, do único olho exposto do Hatake, perguntou-o: — Devo explicar essa parte também, correto?

— Se não for muito incomodo.

A liteira já estava fora da aldeia.

Pacientemente, a Utatane explicou:

— Lie, incomodo algum, eu mesma desconhecia a respeito. Somente os Inuzukas, que ao saberem da situação da casa do Shimura, explicaram do que se tratava. Inugami é uma criatura que pode ser invocada com o desejo de proteger quem a invoca ou de cumprir uma vingança de seu invocador. Para se alcançar esse feito, precisa-se fazer um ritual sombrio: enterrar um cão até o pescoço e colocar comida em torno da cabeça, sem que ele possa alcançar. Enquanto o cachorro vai morrendo de fome e sede, quem faz o ritual deve repetir algumas palavras. De acordo com os Inuzukas, bate com o ritual do “Deus Cão”, como chamam.

— Os Inuzukas são próximos desse ritual?

Kakashi receoso questionou. Ficaria assustado se a resposta fosse positiva. Afinal, o clã Inuzuka era próximo de cães. 

— Lie, no clã Inuzuka esse ritual ocorria milênios atrás, quando as guerras eram intensas e consideravam esse sacrifício válido para se protegerem, entretanto, o tempo cuidou de tornar a prática proibida. 

Kakashi assentiu, aliviado. 

O Hatake era dono de vários cachorros, tinha um apreço imenso pelos caninos e se sentiria desconfortado em visitar uma aldeia que permitisse ritual tão atroz.

— Como a invocação de um inugami colaborou para livrar o hanyou da punição? — Kakashi seguiu com suas dúvidas. 

— O Sr. Minato chegou a relatar que uma criatura matou o Sr. Hiruzen e quatro guardas que o acompanhavam. Uma criatura negra de olhos vermelhos, que de acordo com os Inuzukas, bate com a descrição de um inugami. E após o exame minucioso sobre os cadáveres do Sr. Hiruzen e dos guardas, constatou-se que as marcas são bem menores se comparadas as que se encontravam no Sr. Shimura. 

Confirmou-se assim que não foi Naruto, em sua forma de kitsune de cinco caudas, que matou o Sarutobi e o quarteto de guardas. 

Mesmo que viessem pessoas a não acreditar sobre a existência do inugami, existia a prova de que não foi o hanyou o responsável pelas cinco vidas perdidas.

— E uma semana depois da tragédia — prosseguia Koharu — o hanyou se encontrou disposto a conversar comigo e com o Sr. Mitokado. Ele relatou que Danzou apresentava o olho vermelho e que havia mostrado-o a cabeça de Minato, separada do corpo. Acredita-se que Danzou colocou o hanyou em uma espécie de ilusão. Uma ilusão bem cruel e que despertou a ira do hanyou.

— Essa ilusão seria uma habilidade adquirida depois de conseguir o pacto com o inugami. 

— Hai. 

— Conseguiram matar o inugami?

— Ele não foi encontrado, ninguém sabe se ele continua vivo. Como se trata de uma história tão antiga, muitas informações ainda são desconhecidas pelos Inuzukas, então as hipóteses se divergem. É possível que o inugami ainda esteja ativo, sustentando o desejo de vingança de Danzou Shimura, e outra possibilidade, diz que o inugami desapareceu no momento que Danzou Shimura morreu, acabando-se o pacto entre os dois.

— Que seja a segunda possibilidade. — Kakashi torceu. 

— Concordo, Sr. Hatake. 

— Eu estava tão empolgado com a ideia de ter um aluno hanyou. — O Hatake suspirou. 

— Bem, ele ainda está na aldeia, se quiser, tente-o convencê-lo a ficar. Muitas pessoas gostariam disso. Mas tem que voltar agora, pois ele partirá hoje mesmo de Konoha, assim que a cerimônia acabar.

Kakashi refletiu, quase teve vontade de fazer aquilo, mas mudou de ideia.

— Lie, eu perdi meu pai muito cedo também, e também era minha única família, eu sabia o que seria melhor para mim. Eu não gostava de ninguém tentando me convencer do contrário. 

E não se arrependia de suas decisões. 

— Independentemente de os resultados da escolha dele serem positivos ou negativos, que sejam consequencias da decisão dele. 

Finalizou o Hatake. 

~

Inari Okami contemplava a cerimônia de luto do hanyou, vinha planejando aparecer para ele, mas a divindade dos agricultores do arroz, aconselhou-o a não fazê-lo, não naquele momento. 

O kami das kitsunes, ponderou, e concordou, decidiu se reservar, para conversar com o hanyou, em uma fase que o próprio se encontrasse mais desenvolvido. 

As emoções humanas nem sempre casavam com raciocínio, e pretender que o meio yokai conhecesse a natureza de divindades, naquele presente, em que emoções tristes envolviam o coração, não seria uma boa ideia. 

Inari já tinha percebido a presença do meio yokai na Terra, mas quando Naruto se transformou na kitsune de cinco caudas e destruiu parte da aldeia, e ainda sim, permaneceu vivo nos dias decorrentes, atraiu a atenção total, toda a curiosidade do kami das kitsunes. 

~

A cova de Minato jazia inteiramente acobertada.

Teuchi, ajoelhado no chão, espalmava suas mãos no solo ao tempo em que encostava sua testa, no mesmo.

Emocionado, dizia na frente do hanyou:

— Arigatou gozaimasu, por confiar seu lar a mim. Cuidarei dele, como se fosse meu próprio!

— Arigatou gozaimasu. — Naruto agradeceu, curvando-se. 

E ao pôr sua coluna ereta de novo, fitou sua casa.

Aproximou-se dela, passando ao lado de Teuchi, e parou frontalmente à escadinha. 

Curvou-se e acarinhou o primeiro degrau.

Sussurrou:

— Naruto não vai demorar, otou-san. — Pensativo, acrescentou: — Talvez só um pouquinho.

Olhou para o lado, vendo o depósito fechado.

Não quis ir até lá.

Se abrisse o depósito e visse as coisas de seu pai, choraria. 

E não queria mais chorar. 

Estava cansado de chorar. 

Para se despedir de seu pai, não entregaria lágrimas. 

Entregaria uma calma despedida. 

Volveu suas costas para seu lar, e passou ao lado de Teuchi, outra vez.

O Ichiraku estava de pé novamente. 

Ayame se aproximou do pai e em seguida acarinhou os cabelos loiros do meio yokai, despedindo-se amorosamente do pequeno.

E conforme o hanyou foi avançando, em direção do casal de kitsunes que o esperava, recebia pelo caminho os gestos de despedida de cada pessoa presente. 

Os amigos do N. Uzumaki ficaram por último, eles realizaram o imenso abraço grupal e na hora de desfazerem o contato, Hinata foi a única que se recusou a se separar dele.

Naruto acarinhou o cabelo dela, e Kiba aproveitou para contar para seu amigo sobre a carta de confissão de Hiruzen. 

Enquanto o hanyou escutava o menino Inuzuka, o carinho nos cabelos azulados não parou.

O loirinho agradeceu a Kiba por transmitir a mensagem e fechou os olhos, sorrindo serenamente, pensando em Konohamaru.

Esperava que Abiru também pensasse da mesma forma que o primo. 

Questionou ao amigo Inuzuka: 

— Konohamaru falou algo da Sra. Sarutobi?

— Lie, não precisou. Na cerimônia de despedida do Sr. Sarutobi, quando ela recebeu os pesares de minha família, pediu para nós o enviar os lamentos dela, pela perda de Minato. 

O coração do meio yokai se abrandou em saber que Biwako Sarutobi não se mostrou ser alguém a promover uma atitude ruim contra ele. 

Não culpava quem tenha retornado ou mantido ruindades em pensamentos contra sua existência. 

Não aceitaria ser maltratado por eles, mas objetivaria convencê-los de sua bondade. 

Abrindo as pálpebras, concentrou-se em Hinata, avisando-a que ele partiria. 

— Senhor raposo, não vá! — implorava ela. — Eu vou cuidar do meu raposo pra sempre!

Ele sorriu e a segurou pelos antebraços, fazendo-a recuar, lentamente.

— Naruto quer cuidar do Naruto. — O timbre dele saía tão sereno quanto o brilho dos orbes azulados. Apesar de parte daquele brilho de sua personalidade se ausentar, sua determinação se mantinha intacta. — Naruto vai voltar forte e vai proteger Hinata e os bebês luas que Hinata vai ter.

— Lie! — a perolada balançou a cabeça, em negação. — Quero que o senhor raposo fique forte, estando perto de mim! Não quero mais ter bebês luas, vou conversar com Toneri! Quero casar com o senhor raposo, assim, não terá que partir! O marido tem que voltar pra esposa, tem que morar com a esposa! Vamos ter bebês com orelhinhas e cauda de raposa pra eu apertar todos os dias!

Os orbes azulados do loirinho chamejaram, imaginando como seria um paraíso aquela vida com a herdeira Hyuuga.

— Bebês raposinhas. — O hanyou murmurou. E sorriu. — Naruto vai voltar para ter essa vida com a Hinata.

— O senhor raposo promete?!

— Naruto promete.

Sim, ele estaria disposto a conversar com Toneri também, a convencer seja quem fosse, que precisava de sua menina com olhos de lua.  

Escutando tudo, Hana tremulou seus beiços, desencorajada a dizê-los para não terem esperança.

Não conseguia acabar com aquele momento bonito entre os dois pequenos.

Se Hiashi estivesse presente, ele logo lhe lançaria uma reprimenda. 

— Naruto tem que partir porque terá um lugar muito melhor para treinar, sem correr o risco de machucar mais alguém. Naruto retornará, pois aqui está o verdadeiro lar de Naruto. Onde Naruto foi muito feliz com o otou-san, e onde Naruto construiu muitos laços. E quando Naruto estiver mais forte e seguro de suas habilidades, vai poder ter Hinata como esposa.  

Ele estendeu o mindinho para ela, e sem hesitar, a perolada entrelaçou seu mindinho ao dele, selando a promessa.

Enquanto subiam e desciam com seus mindinhos entrelaçados, Hinata com a outra mãozinha esfregava seus olhos lacrimejados. 

A seguir, cada mão dele ficou sob uma axila dela e a ergueu, rodopiando duas vezes, pedindo-a:

— Cresça forte e bonita, Hinata!

Depositou-a no chão.

— Hai, senhor raposo. Não se esqueça de comer as verduras e os legumes. 

— Hai. 

— E não fique acordado até tarde.

— Hai. 

— Se fizer muito dodói nos treinos, espera sarar todos até continuar.

— Hai.

— Ore por mim antes de dormir, eu vou orar para o senhor raposo. 

— Hai. 

— Eu vou dá um jeito de visitar o senhor raposo, com os komainus.

— Lie. — Ele segurou os ombros dela. — Naruto só vai reencontrar Hinata, quando tiver o controle completo de suas emoções. 

Se manter distante não somente dela, mas de seus amigos, das pessoas que se preocupavam com ele, era uma forma de se punir.

— E também, as kitsunes se zangarão se ficarem sabendo que humanos podem começar a se aproximar do esconderijo para me ver.

— Pensando bem, eu não sei onde é o esconderijo mesmo. — Hinata comentou, envergonhada.

Ele apertou a bochecha dela e a beijou na testa.

— Hinata, quer acarinhar as orelhas de Naruto?

Ela assentiu duas vezes, esfregando os olhos outra vez. 

Ele se curvou e as mãozinhas brancas e pálidas acariciaram as orelhas de kitsune. 

A cauda do loiro não balançou, mas ficou elevada. 

Após um tempo, Hana se aproximou dos dois e se abaixou, com Hanabi adormecida nos braços. 

Hinata soltou as orelhas do loirinho e ele sorriu para a irmã da azulada.

Hanabi era um bebê bochechudo, mais do que nunca, parecia um tomatinho.

Hana Hyuuga beijou a testa do hanyou e ele esticou o sorriso. 

Ele se desviou da Sra. Hyuuga e seguiu seu caminho, cada vez mais perto de Ise e Fuso.

Ise assumia a forma de um homem alto de olhos e cabelos negros, os fios curtos e lisos, batendo na altura do pescoço. 

Usava quimono e hakama negro.

Fuso assumia sua forma de mulher ruiva e vestia o quimono que Minato a emprestara para o aniversário de Naruto.

Fuso se abaixou e segurou os lados do rosto do meio yokai, acariciou as bochechas dele, com seus polegares.

— Vou cuidar muito bem de você, meu amor. — Ela esfregou seu nariz ao pequenino dele. — Seremos muito felizes, você vai ver.

— Arigatou gozaimasu. — Ele agradeceu, de baixo olhar.

E o coração de Fuso se apertou.

O meio yokai se comportava doce e educadamente, todavia, notava-se a ausência da alegria espontânea da personalidade do hanyou.

Ela ficou de pé e respirou fundo, determinava-se a trazer a felicidade à vida do meio yokai. 

Agora ela tinha um novo filho!

Faria tudo que o fizesse feliz!

Naruto sorriu para ela, quando ela segurou sua mão e os dois andaram um pouco, o hanyou ergueu o queixo para Ise e depois para Fuso.

— Onde está o onii-san?

— Em casa, nos esperando. — Ise respondeu. — Coloquei-o para cuidar do nosso lar, eu precisava sair um pouco mesmo.

Naruto sorriu.

— Otou-san Ise ficou bem como humano. 

O coração de Fuso se derreteu, com o modo que o pequeno chamou seu companheiro. 

Ise desviou o olhar para o lado, sem jeito. 

Em sequencia pigarreou e retornou a fitar o hanyou, dizendo-o serenamente: 

— Sei que deve ter escutado muitas vezes, mas tenho que dizer... eu lamento pelo que aconteceu. Que meu lar possa confortá-lo e que um dia consiga enxergá-lo como seu também. 

— Arigatou gozaimasu.  — O meio yokai se curvou.

Soltando a mão de Fuso, Naruto se virou para trás, vendo o grupo de aldeões que ainda o assistiam.

Para eles, o pequeno Namikaze Uzumaki se curvou, realizando um último agradecimento: 

— Arigatou a todos aqui!

Os amigos dele expressavam mais dor, comparados aos adultos. 

Hinata segurava o quimono da mãe e mordia-o, enquanto seus cabelos eram acariciados por uma mão de Hana. 

A outra Hana, Hana Inuzuka, mantinha-se afastada dos aldeões, não se sentindo digna em participar da despedida, porém, recebeu uma surpresa ao perceber que o meio yokai lhe notou e lhe dirigiu um tchau.

Os beiços da Inuzuka tremularam, ela correspondeu ao gesto.

Por mais que o meio yokai se recordasse da antipatia dela, naquele momento, ela não lhe parecia alguém a se incomodar com ele. 

Inclusive, soubera que ela ajudou Kiba a preparar muita comida para que ele levasse até sua casa.

Gaku e Tsume chegaram a tempo para se despedirem. 

E então, quando enfim o hanyou se distanciava mais com sua nova família, Chouji gritou:

— Naruto! Não ouse retornar fraco, Naruto! Eu vou ficar muito forte! — seu nariz escorria.

— E eu também! — Kiba exclamou, fechando os punhos e elevando-os à altura do peito. — Vou ficar muito mais forte que você, você verá!

— Não mais que a mim! — Ashitaba entrou na onda. — Vou ser o melhor guarda da aldeia, liderarei um dos quatro exércitos dos anciões!

Hinata soltou o quimono da mãe e gritou:

— E-eu vou treinar meus komainus! Também serei muito forte para comandá-los e ajudar os outros no que puder!

— É assim que se fala, menina! — Tenten sorriu. — Eu serei a mais habilidosa das armas! 

— Pessoal, vamos proteger Konoha, todos juntos! — Leo dissera, motivado.

O meio yokai jorrou lágrimas, assistindo, todos aqueles adultos aglomerados, vestidos de branco.

Seus amigos na frente, e ao fundo, sua casa, na qual conseguia visualizar Minato na porta, sorrindo e lhe fitando docemente, esperando, pacientemente, pelo dia que retornaria a pisar em seu lar. 

— Naruto ama a todos! — arrastou seu antebraço contra seus olhos e estendeu os cantos dos lábios, conseguindo sorrir genuinamente. Aquele sorriso imenso, cheio de felicidade, do qual todos sentiram falta. O brilho completo de sua personalidade retornou naquele instante. — Esperem por Naruto!

Fuso retornou a segurar a mão do hanyou e o apressou a partir, enquanto o levava, o meio yokai observava por cima do ombro, ainda sorrindo, sentindo-se leve, tendo a certeza de que adquiriu força para seguir em frente. 

— Não demore senhor raposo. Não demore muito. 

Pediu a pequena perolada, apertando as mãozinhas na frente do corpo.

Suas lágrimas não desciam, mas se acumulavam em seus olhos, cintilando a cor perolada.

Fora de Konoha, deitado em uma ramificação de uma árvore, Idate usava um sombreiro e seu corpo se cobria com uma capa verde escura. 

Assistiu quando Ise e Fuso se transformaram em kitsunes.

Naruto montou sobre as costas da fêmea. 

E o casal pareceu sumir com o N. Uzumaki.

Entretanto, só usaram a velocidade de yokai. 

— Bem, eu também vou ficar muito forte. A gente se vê algum dia, Naruto. 

Idade dissera, levantando-se e saltando até o solo. Estava em uma aldeia distante, quando os boatos de que uma destruição aconteceu em Konoha. 

Quando retornou à aldeia, não demorou muito em saber tudo o que se procedeu. 

Em Konoha, não eram somente pessoas boas que queriam rever o hanyou.

Shigure mais uma vez se via incomodado porque tudo o que se falava e que se falaria por muito tempo, seria no bendito hanyou, e ficou furioso ao ver que mesmo depois do que aconteceu, o meio yokai ainda recebia muito apoio.

Não se importava que tenha sido Danzou a provocar a forma de kitsune yokai do Namikaze Uzumaki, o idoso apenas revelou do que a natureza de Naruto era capaz e por isso tinham que proibir a volta do hanyou.

Contudo, essa proibição se mostrava um sonho muito longe se realizar. 

Praticamente, um sonho impossível, haja vista que os laços que o meio yokai criou na aldeia apenas se fortificaram com o tempo e Naruto acreditava que quando retornasse, esses laços estariam ainda mais fortes.


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Notas finais do capítulo

Para quem está acompanhando apenas a história principal da fic, eu me despeço por aqui.
A fic se encerrará com o último capítulo que se passa no futuro. Um imenso abraço e bons sonhos.



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