Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 43
Capítulo (Futuro) - Final


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, querido público, trago o último capítulo, definitivo da fic.
Boa leitura.



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~NH~

1995

2 de julho

~NH~

— Karin-chaaannnn!

Azami gritava na frente da casa Uzumaki.

Usava macacão jeans claro, sob uma camisa verde menta e botas marrom avelã.

Com cinco aninhos, percebia-se, minuciosamente, que cresceu poucos centímetros.

Animada, balançava seu corpo pra lá e pra cá, abraçando uma melancia.

De algum lugar, de dentro da casa, soou a voz de Karin:

— Estou indo!

Asami se balançou mais animada.

No dia anterior, assim que Karin chegou em Konoha, as duas passaram o dia juntas, e mais Chen.

Foi passeio por Konoha de manhã, praia de tarde, e após retornar para casa; Karin desfrutou parte da tarde e noite, com a família.

No segundo dia, repetiriam o programa.

— Sem correr meu tomate, sem correr.

Escutou-se a voz de Karina e a seguir a porta se abriu, revelando a própria.

A mãe de Karin vestia calça jeans, sandálias brancas e camisa azul marinha de mangas compridas e largas, decotada em V.

Carinhosamente, convidou:

— Ohayou, pequena Azami, gostaria de entrar?

— Lie, eu só vim buscar a Karin-chan! — com as duas mãos, ergueu a melancia acima da cabeça e fincou um olhar sério. — Yeah!

— Uh, pelo jeito, o dia ontem foi animado, ainda tem energia sobrando. — Karina observou a tamanha empolgando transbordando da criança. — Mesmo assim, é melhor que a espere aqui dentro porque ela ainda está se arrum...

— Não estou mais! — Karin surgiu, abrindo espaço entre o corpo da mãe e o marco da porta. Saindo de casa, colocou-se ao lado da menina: — Estou pronta, vamos Azami-chan!

Karin trajava jardineira jeans de saia, sobre uma camisa amarelada, em tonalidade pastel.

Calçava tênis de dupla cor, azul claro e branco.

Seus novos óculos tinham armação de cor vermelho vinho.

Em suas costas, sustentava sua mochila alaranjada, com diversos bolsos e vários tamanhos.

Perguntou à menor:

— Onde está o Chen?

— Vendendo frutas, ele me deixou vender pra Karin-chan, eu disse pra ele que eu venderia sozinha. Yeah! — estendeu a melancia para a ruiva, orgulhosa.

A Uzumaki mais nova, não compreendeu o motivo desse desejo da pequena, mesmo assim, gentilmente, agradeceu-a:

— Bom trabalho, Azami-chan. 

A menor corou, mais orgulhosa.

— Por que não avisou logo, pequena Azami? — Karina se preocupou. — Vou buscar o dinheiro.

— Não precisa Sra. Uzumaki, o vovô disse que pode pegar o dinheiro depois de a gente voltar da praia.

— Tudo bem então, tomem cuidado. E Karin, não se esqueça que vamos ao templo hoje à noite.

— Não vou esquecer okaa-san. — Karin abraçando sua melancia, caminhava no ritmo quase dançante de Azami. — Aproveite para sair com o carinha das hortaliças, até mais tarde.

— Somos só amigos! — Karina gritou, cruzando os braços.

A filha percebera que a mãe evitava uma vida amorosa, depois da última decepção, na vida íntima.

Karin desde o ano anterior, encontrava-se em um processo de recomeço, recomeço para ser feliz, e sua mãe também merecia um.

Karina seguia se esforçando em manter um bom laço com a filha, e Karin não queria que a mãe sacrificasse desejos pessoais, para ser uma boa mãe.

— Estão cheios de plano de novo. — Nagato dissera, aparecendo na porta. Pelo ombro, abraçou sua irmã e observou as meninas já longe. Exclamou para sua sobrinha escutá-lo: — O titio aqui pode ir com vocês?!

— Não! — Karina e Karin responderam juntas.

Quando não podia ver mais as duas pequenas, a Sra. Uzumaki afastou o braço de Nagato.

Afastando-se dele, Karina o acusou:

— Você só quer arranjar desculpas para não estudar para a prova daquele concurso.   

— É que se eu passar na prova vou ter que trabalhar de terno e gravata... — Nagato fechou a porta e foi atrás da irmã, justificando-se com inúmeros motivos irrelevantes para não fazer a tal prova.

~

— Tive um passeio escolar, com minha nova turma, visitamos Reiko-zuka, a colina das raposas, lá tem mil raposas de pedra, elas são lindas. São as guardiãs da colina.

Karin compartilhava, sentada com Azami, no carro de mão de Chen, que também escutava a ruivinha.

— Quando eu tiver condição de viajar sozinha pelo país, vou conhecer todos os templos de kitsunes! — seus orbes engrandeceram e cintilaram: — Sabiam que existem, por volta de trinta mil santuários de raposas no Japão?

— Eu sabia, mas não imaginava que fossem tantos. — Chen respondeu, impressionado. Sorriu ao comentar: — Alguém está muito feliz na nova escola.

— Pois é. — Karin colocou as mãos atrás da cabeça e fez sua mochila de travesseiro.

A pequena Uzumaki conversou com a mãe sobre o bullying que vinha sofrendo na escola antiga e que começou a levar bem mais que empurrões de suas colegas.

Karina recorreu à diretoria, mas nada foi feito além de promessas.

Brigou com a diretora e no fim, colocou a filha em outra escola.

Na nova instituição de ensino, Karin escutava uma ou outra brincadeira sobre sua pessoa, mas não contou nada a mãe.

Comparada à escola antiga, sua nova escola, era um paraíso.

Ainda mais tendo feito duas amigas: Shiho Hisajima e Ameno Shida.

As três andavam se empolgando muito em sonhar futuramente com profissões relacionadas à área da saúde.

Sua vida estava boa, não sabia explicar, ou melhor, crer que fosse a oportunidade de ter convivido com sua avó, quando acreditava que não seria mais possível.

Teve uma chance que provavelmente ninguém no mundo teria e se sentiu premiada por isso.

Conseguiu se despedir de sua avó, como gostaria.

Em julho do ano passado, quando retornou ao presente, aproveitou o máximo das férias, permitiu-se conhecer novas crianças e a se comunicar com o povoado de Konoha.

Chen e Azami se tornaram sua companhia habitual nas férias e foi mais sofrido se despedir deles, do que do resto de Konoha.

~

Na praia, Karin retirou suas roupas, ficando apenas com o maiô rosa claro que usava por baixo.

Azami usava biquíni rosa de bolinhas brancas e se chateou pelas bolinhas, pois se elas não existissem, teria combinado totalmente com Karin.

Junto com Chen, realizaram o jogo da melancia e quem venceu foi ele que comemorou como se ganhasse na loteria.

Após se deliciarem com os pedaços da fruta, descansaram um pouco na areia.

As meninas aproveitaram para enterrar Chen até o pescoço.

E após um tempo deitadas, sob a sombra de um guarda-sol e aproveitando a brisa, Azami foi a primeira a se levantar, convidando:

— Vamos nadar agora Karin-chan!

Karin olhou para o lado, observando o Sr. Chen dormindo.

Sorriu e se ergueu, aceitando:

— Vamos.

Retirou seus óculos e guardou o objeto dentro da caixinha feita para ele.

Enfiou a caixinha dentro da mochila e se voltou para a ansiosa Azami, segurou a mão dela e juntas rumaram às águas.

Elas ficaram no raso, correndo e pulando, chutando a água uma contra a outra.

Em um momento, a visão embaçada de Karin, estranhou uma mancha distante, em uma região mais funda da água.

Entre várias pessoas que nadavam, a mancha se mantinha imobilizada.

Pelo formato da mancha, a ruiva tinha certeza se tratar de um indivíduo, e pela cor do que seria o cabelo, logo, lembrou-se de um, ou melhor, de dois alguéns que teriam a coloração daquele cabelo: Suigetsu e Mangetsu.

— Karin-chan? — Azami estranhou, pois continuou chutando água contra a amiga, todavia a ruiva não a correspondia. — O que foi, Karin-chan?

— Azami-chan, fique aqui no raso, conversarei com um conhecido.

Entretanto, quando a Uzumaki seguiu avançando, desviando-se de banhistas, teve um momento, no qual uma imensa boia, com alguém deitado em cima, passou pela sua frente e quando Karin tentou localizar novamente quem seria Suigetsu ou Mangetsu, não via mais ninguém.

— Karin-chan?! — Azami chamou, após a ruiva se prolongar imóvel, na região mais funda.

A Uzumaki então decidiu retornar para perto da neta de Chen.

Durante a noite, antes de dormir, refletia em Suigetsu, e pensava o porquê de ele não visitá-la.

Não era a primeira vez que pensava naquilo.

Afinal, como meio humano, ele podia transitar de um mundo a outro.

E existia algo que a incomodava, enxergava yokais em seu mundo.

Eram yokais tipo kappa, tipo que não falava sua língua, logo não conseguia se comunicar com eles, uma pena, pois gostaria de entender, como eles vagavam livremente pelo mundo humano.

Se ao menos reencontrasse Suigetsu...

Talvez ele tivesse uma explicação.

Olhou para o lado, e observou a concha encimada no móvel avizinhado.

Costumava deixa-la ali, desde as férias passadas, na esperança de escutar a voz dele.

Chateou-se.    

 

 

~NH~

Seis anos depois

~NH~

 

 

— Está tudo bem okaa-san. — Karin conversava pelo celular, sentada no banco traseiro, de um táxi amarelo, com uma faixa lateral branca. — Curta sua lua de mel, eu vou ficar bem com o ojii-san. Eu vou ficar bem.

A ruiva enfatizava, para acalmar Karina.

Escutando mais algumas palavras melosas da mãe, sorriu e desligou a ligação.

Com dezoito anos de idade, a jovem Uzumaki se encontrava na faculdade, cursando medicina.

Em mais umas férias, visitava sua tão querida Konoha, onde pretendia morar, assim que conseguisse um emprego.

Seria a primeira vez que Karina não iria com a filha para Konoha, uma vez que curtia a lua de mel com o marido.

Karina encontrou um bom homem que não desferia nenhuma imagem paterna para Karin, contudo, a jovem via nele, uma pessoa admirável e que entregava o mundo para Karina sorrir, e isso lhe bastava.

— Moço, pode parar aqui mesmo? — Karin pediu, observando o mar, por meio do vidro da janela. Assim que o veículo parou, abriu a porta: — Arigatou.

Tão logo, o motorista se retirou do veículo e contornou-o, indo abrir o porta-malas, ajudando a passageira com a bagagem.

Karin o agradeceu novamente e retirou o dinheiro de sua carteira, entregou-o, e segurou sua mala, após pôr as alças de sua mochila sobre os ombros.

— Tem certeza que quer ficar por aqui, moça? — ele perguntou, contando as notas nos dedos.

 — Hai, ficarei um pouco na praia. — Deu uma profunda inspirada.

— É que a estrada está deserta e não vejo sinal da cidade de Konoha. — Ele dobrou as notas e enfiou-as no bolso da camisa.

— É assim mesmo, estou acostumada. Na hora de voltar, tem sempre alguém voltando ou indo para a praia. É uma caminhada tranquila até a cidade.

— Mesmo quando fica noite?

— Hai, há pessoas que acampam por aqui.

— Estou indo então, tenha cuidado, moça. 

Despediu-se o taxista.

Ao tempo em que o taxi refazia o trajeto, a ruiva se impulsionava em direção do mar.

Cessou seu andar, retirando seus calçados antes de dar o primeiro passo na areia.

Agora uma mão sua segurava o par de sapatos e a outra se ocupava com a alça da mala.

Sobre a areia, com o pôr do sol prestes a acontecer, Karin se desfez de suas roupas, revelando-se com um biquini preto.

Ele era do estilo top, e de shortinho.

Ela retirou os óculos e o guardou em sua caixa pequena, depois, guardou-a em sua mochila.

Deixou seus sapatos ao lado da mala, sobre a qual descansava suas roupas dobradas e atrás, sua mochila.

Com animação foi se jogar nas águas e depois de mergulhar várias vezes, ficou boiando de costas, apreciando as cores misturadas do céu que pareciam uma aquarela.

O vento que a beijava, deixava tudo muito melhor.

Suas pálpebras se fecharam.

— Então aprendeu a nadar muito bem.

A voz assustou Karin, ela arregalou os olhos e logo se pusera em vertical na água, procurando o dono da voz.

Era ele!

Suigetsu!

— Vo... você... — Ela já havia perdido a esperança de que ele aparecesse.

— E aí? — ele sorriu, exibindo seus dentes mais longos e pontudos, fechando os olhos bem esticados. — Eu não aguentei. Ao vê-la sozinha, tive que me aproximar.

Os contornos dele estavam maiores, não mais infantis, também não adultos.

Estava com uma aparência, do que seria um adolescente, para os humanos.  

— Por... por que... — Karin encontrava dificuldade em soltar frases completas. Colocou uma mão sobre cada ombro dele, apertou-o bem, e conseguiu questioná-lo: — Por que só apareceu agora?!

— Por que me olha assim? — ele segurou os antebraços dela. — Até parece que demorei para vê-la?

— COMO OUSA DIZER ISSO?! — Karin sacudiu-o para frente e para trás. — SABE QUANTOS ANOS EU TENHO AGORA?! 

— Não exatamente, mas me impressiono como os humanos se desenvolvem rápido. — Ele fixou o olhar sobre os seios bem marcados no top da ruiva.

— SUSHI!

No próximo instante, Suigetsu sumiu da vista da ruiva, afundando ao escuro do mar.

Karin cruzou as mãos na frente do busto, de rosto avermelhado.

Momentos depois, o Hozuki retornou à superfície, visivelmente, aborrecido.

— EU VENHO VISITÁ-LA E É ASSIM QUE ME RECEBE? QUAL É A SUA?

— SOU EU QUEM PERGUNTA ISSO! NÃO TEM NOÇÃO NENHUMA MESMO! HÁ SEIS ANOS A GENTE SE ENCONTROU! SEIS ANOS NA VIDA DE UMA PESSOA É MUITO SE QUER SABER!

Suigetsu colocou a mão no queixo, reflexivo.

Sendo um hanyou, míseros cinco anos, equivaliam apenas cinco horas de tempo para um humano.

— Eu não sabia disso tá legal? — ele virou de costas para ela, jogando os braços cruzados para trás da cabeça. — E eu não podia me encontrar com você antes, segui a orientação de Mito.

— Minha obaa-chan?

— Hai, depois que você voltou para sua era, eu comecei a me encontrar com Mito na praia. Me tornei amigo dela.

— Você conviveu com minha obaa-chan? — admirou-se Karin e sorriu ao lembrar: — Bem que minha obaa-chan se ofereceu para informar Mangetsu tudo o que ele quisesse saber sobre mim. — Observou atrás de Suigetsu: — Seu irmão não veio? 

— Lie. 

— Uma pena. Bem, diga-o que estou ansiosa para revê-lo. Conte-me mais sobre a obaa-chan. Continuou convivendo com ela desde minha volta para minha era?

— Hai, ela me deixou segurá-la, quando você era um bebê.

— Como é que é?! 

— É o que está ouvindo, o que é difícil de entender?

— É que se você continuou a visitando, eu deveria me lembrar de você, conforme eu crescesse.

— Eu me encontrava com sua avó aqui na praia, mas chegou um dia em que ela me orientou a não aparecer mais. Para não bagunçar a linha do tempo, pois chegaria o dia em que você conheceria a minha versão que quer pegar o cordão. Inclusive... eu assisti a gente se conhecendo. — Apontou para umas rochas altas distantes. — Eu estava escondido bem ali.

O olhar da Uzumaki seguiu a direção apontada pelo hanyou, entretanto, não observou o tal lugar, por mais de um segundo.

Rapidamente, ela retornou a encará-lo e sua mente quase deu pane.

— Pera aí, pera aí! — Karin bagunçou os cabelos, buscando organizar sua mente, para seguir a linha de raciocínio. Acreditou que encontrou a lógica: — Ah claro... a versão que eu conheci de você era a do passado, existia uma versão sua vivendo na minha época.  Mas... — Irritada, fitou-o. — Por que não veio me visitar, depois que eu retornei para minha época?

— Ué, eu estou aqui agora, depois de você estar de volta à sua época. Já nos conhecemos, não há problema em eu visitá-la agora.

Ele se colocou na horizontal, flutuando de costas, não tendo problema em elevar sua cauda, haja vista que não detectava ninguém por perto.

— GRRR — Karin cerrou os punhos. — Então você não tem mesmo noção de tempo.

O Hozuki decidiu não comentar, todavia, experimentou várias vezes, como seria a noção de tempo para um humano.

Quando buscava salvar seu irmão, cada dia com Mangetsu em perigo, eram infinitos momentos de tensão; quando esperou por Karin, enquanto tomava conta dos kappinhas e esses seis últimos anos...

Horas se transformavam em séculos. 

— Se quer um motivo a mais... — Suigetsu acrescentou, ignorando a irritação dela: — Você sempre aparece na praia acompanhada de alguém, principalmente, daquele velho e da menina. Você se diverte muito com eles, então eu não queria atrapalhar.  

— Está falando do Chen e da Azami-chan? — ela emitiu um som com a boca, em sinal de que considerava o motivo que ele expos, uma besteira. E em tom suave, verbalizou: — Eles são legais. Se você aparecesse na forma humana eu o apresentaria a eles. Poderia ter se divertido com a gente todo esse tempo.

— Lie, eu gostava só de olhar. — Fitou o céu. — E finalmente chegou o dia de vê-la de mais perto.

Virou o rosto para o lado, contemplando a ruiva.

Os orbes arroxeados reluziram, gostando de apreciar os cabelos vermelhos compridos, e por algum motivo gostava da marca mais evidente das clavículas na pele alva e meio bronzeada.

Karin era magra e tinha as curvas perfeitas para ser a mais belas das sereias.

— Eu senti muitas... — Ele deteve a língua, breve momento depois, concluiu: — Senti falta.

Reformulou suas palavras para não parecer muito intenso, mas Karin adivinhara o que ele diria antes.

Ela se emocionou.

— Eu senti muitas saudades suas! — ela se jogou sobre o meio da barriga dele, declarando o que ele teria dito antes. — Por favor, não demore para me visitar novamente!

Suigetsu arregalou os olhos, observando como ela esfregava, carinhosamente, o rosto contra sua barriga.

— E quanto ao meu pitiu?

— Eu senti tantas saudades que até o seu cheiro eu queria de volta. — Divertida, ela o respondeu, seu nariz esfregando contra a pele gelada do hanyou.

Se a mão de Karin estivesse no peito do meio yokai, ela teria sentido o quão acelerado o coração dele se tornou, após as últimas palavras dela.

Os dedos da Uzumaki se mexeram, eles sentiam a acentuada definição abdominal do rapaz peixe.

— Nossa... você ficou muito forte...

Ela reparou o quão marcado eram o peitoral e os músculos abaixo.

Não era atoa que o Hozuki exibia uma estrutura larga.

Meio sem jeito, ela afastou as mãos, não querendo que seu olhar de admiração fosse confundido com desejo.

Mas... talvez fosse...

Ela considerou, com certo temor. Assustando-se consigo mesma.

— Treinei muito com meu irmão. — Ele revelou, de olhar fixo no céu e não gostando de as mãos femininas se afastarem do seu corpo.

— Tem algo que eu gostaria muito de revela-lo — Karin encontrou logo um assunto, para ganhar tempo e esfriar seu rosto, suspeitava que estivesse toda vermelha — eu continuo vendo coisas que não pertencem ao meu mundo.

— Ah isso... é por que desde que Kisame e sua gangue fizeram aquela cagada, não se abriu apenas uma passagem na barreira mágica, abriu-se várias, em vários lugares ao mesmo tempo, um monte de yokais, um monte mesmo, aproveitou para passar pra cá. Eu soube que todo ano, inúmeros yokais são mandados de volta para o segundo mundo, há alguns que até receberam permissão para ficar aqui. Outros devem estar bem escondidos.

— Como assim receberam permissão?!

— Criou-se um Conselho lá no meu mundo, para avaliar o comportamento de um yokai que está aqui no mundo humano. O Conselho envia alguém, esse alguém, avalia o comportamento do yokai, se ele não apresentar risco algum, ele pode permanecer por aqui. Aqueles que se comportam sob suspeita ou que apresenta grande risco para alguém, torna-se logo um alvo dos seladores.

— Caramba... mas ao menos isso facilitou a resolução para o problema que Kisame e sua gangue causaram. — Karin se espantava: — Como eles tiveram a proeza de abrir várias passagens ao mesmo tempo?

— Nem eles devem saber. — Sacudiu os ombros. 

— A obaa-chan chegou a saber da criação desse Conselho?

— Hai, acredito que ela chegou a ver yokais rondando próximos de Konoha.

— Isso explica o porquê da okaa-san um dia me revelar que a obaa-chan dizia que o cordão entregava a capacidade de se enxergar um mundo sobrenatural. Ela me contou, um ano depois de eu ganhar o cordão.

Com as duas firmando uma relação mais próxima, Karina compartilhou o motivo de não revelar antes, sobre o que Mito dizia sobre o objeto.

A Sra. Uzumaki contou os seus medos, sobre a filha acreditar naquelas coisas, para se sentir mais próxima da avó, entretanto, Karina, estando mais resolvida com a vida, não se importava no que a filha acreditasse, contanto que pudesse ser um porto de confiança para ela.

Karin ia bem nos estudos, era comportada, não dava trabalho.

Karina considerava sua filha, uma filha de ouro.

O sol quase sumia no horizonte, os dois apreciavam a vista, a primeira estrela no céu destacava o seu brilho.

Karin reparou no movimento da água, havia uma agitação suave, e passou a prender o seu olhar, na bela cauda do tritão.

Encantava-se com o brilho forte que as escamas dele emitia, pois parecia que elas roubaram rastro de estrelas. 

O sol agora se tornou apenas uma linha luminosa no horizonte.

— Eu vou morar aqui, no segundo mundo. — Suigetsu revelou.

— O que?! — Karin se impressionou.

— Eu me tornei um enviado do Conselho, me propus a vigiar uma família da kappas que se espalhou pela região perto da praia. Já que cada kappa prefere ocupar um ambiente sozinho, eu quero ter certeza de que não entrarão em conflito, quero resolver o problema, sem que seja necessário enviá-los de volta ao segundo mundo.

— Eu vi alguns kappas mesmo... — Karin sussurrou, e elevou a voz: — Isso é maravilhoso, significa que a gente se verá mais.

— Pois é.

— E como estão os nossos “filhos”?

— Bem, vários deles puderam passar para cá. Os mais levados continuaram no segundo mundo.

— Nossa, temos que visita-los! — ela apertou as mãos, diante o peito. — Será que vou reconhecer qual dos kappas são nossos filhos?

— Do jeito que era apegada a eles, acho que sim. Eles foram lá pra região onde ficamos com eles. Vou delimitar bem aquela área, para nenhum kappa invadir o espaço do outro.

— Nananinanão! — Karin protestou. — Vai ensiná-los que eles precisam se respeitar! Irmãos tem que saber se resolver entre eles.

— Não é assim que funciona, eles estão crescidinhos agora, instintos não são facilmente domáveis.

A Uzumaki se lembrou do gesto de agradecimento, que obrigava os kappas a se curvarem, e também, da história do pepino.

— Você me ensinou aqueles rituais para os kappas não atacarem. Basta ensiná-los um novo!

— Aquilo que eu ensinei serve para não atacarem humanos, não conheço nenhum para não atacarem outros kappas.

— GRRR — Com bico ela cruzou os braços, mas não por muito tempo, não queria ocupar aquele momento com emoções negativas. — Outro dia discutiremos isso. Onde pretende dormir?

— Por aqui, na praia mesmo.

— Se quiser uma casa, pode ocupar a da minha avó, ela só é ocupada durante um mês ao ano pela minha família. Você pode trazer o seu irmão, a casa é grande o bastante. 

— Ele não vem, ele morará no segundo mundo. — Suigetsu se colocou na vertical outra vez, com sua cauda fazendo uma curva na ponta.

— Sério? Mas vocês eram tão unidos, eu pensei q...

— Eu incentivei Mangetsu a se dar bem com outros yokais, eu também me sujeitei a isso... até que não é ruim, não foi fácil, mas fizemos muitos amigos. Descobri que meu irmão é muito sociável, mas acho que era algo que eu já esperava. Por isso, no fundo eu tinha medo de entrega-lo a outros. Não queria que ele me deixasse de lado.

— Seu irmão me pareceu ser um ser empático, e depois de tudo o que você fez por ele, tenho certeza, que ele nunca o deixará de lado, deveria ficar com ele, no segundo mundo.

— Lie, a gente já conversou, eu sei que o laço que eu tenho com ele, nunca será desfeito, não importa, onde estejamos. — Ele sorriu para a ruiva, e segurou as mãos dela. — Eu quero ficar aqui e cuidar dos kappas e da próxima geração de kappas que virá, quero vê-la mais vezes.

— Suigetsu... — Ela corou um pouco, aquele momento, parecia de um casal com planejamentos futuros.

— E como você morrerá em breve, e eu não pretendo morrer nesse trabalho de pobre, logo voltarei a conviver com meu irmão.

— SUSHI!!!

Suigetsu desceu, com um sorriso maldoso, já esperando que ela se enraivecesse com o seu comentário.

Quando desceu, não soltou as mãos da Uzumaki que se arrependeu de ativar as contas de subjugação.

Karin achou que se afogaria, mas ele colocou a boca dele, contra a dela.

Como o caminho até o solo do mar era muito longo, o hanyou conseguiu deter a descida, realizando imensa força.

E lentamente, começou a subir, abraçando a cintura da Uzumaki, enquanto sua boca se pressionava à dela.

Karin de bochechas rosadas, fitava os olhos de Suigetsu, aqueles arroxeados que sequer piscavam.

Naturalmente, sem qualquer constrangimento, ele proporcionava ar para ela, sem a preocupação de nadar rápido para cima, ele deixou que o próprio ritmo da flutuação os levasse de volta.

A Uzumaki sentia os dentes pontudos e o cuidado que ele tinha para não machucá-la.

Quando retornaram com suas cabeças para fora da água, as mãos de Karin se firmavam nos braços do meio yokai.

Suas bocas se afastaram.

— Hum... isso se parece com o que os humanos chamam de beijo, não é? — em tom de curiosidade, ele relacionou a respiração boca e boca, com o ato de beijar.

— Hai... — Ela confirmou, de coração bastante veloz e com o rosto aumentando a tonalidade, indo do rosa para o vermelho.

— Você me dá um? — Suigetsu se interessava pelo beijo.

— E-eu... — Karin empacou, estendendo-se em silêncio.

— Ah, é. — Ele se irritou, soltando-a e recuando alguns centímetros. — O meu pitiu.

— Lie, não é isso, é que beijo é algo íntimo. Algo que um casal faz, quando duas pessoas tem uma ligação amorosa. — Karin aceleradamente se justificou. — Um amor que não seja de amigo e nem de parente.

— É aquela coisa que só tem quando um casal de espécie copula?

— Falando desse jeito parece rude, mas de certa forma é sim, o amor de casal, resulta no ato de... nisso aí que você falou. — Esfregou seus cabelos vermelhos.

Suigetsu levou os dedos até os lábios.

Recorda-se de todos os beijos que viu na praia.

— Pensando bem... acho que eu nunca vou conseguir beijar. — Ele lamentou, seu olhar perdeu grande parte do brilho. — Meus dentes não me permitiriam.

Karin sentiu um pequeno aperto no peito, percebendo que era algo que ele gostaria de conhecer.

— Suigetsu...

Ele a observou, erguendo uma das sobrancelhas.

— O que acha de... de... — Ela engoliu a seco, e a seguir, ofereceu-se: — Me beijar? Acho que não tem problema a gente não ser um casal.

— Não teme se machucar com os meus dentes?

— Lie... você não teria intenção de me machucar, e também, podemos fazer devagarinho.

— Tudo bem! — ele se empolgou e espremeu os lábios várias vezes, ansioso.

— Mas...

— Mas? — ele se atentava, imensamente.

— Há pessoas que consideram o primeiro beijo especial, tem certeza que quer dá-lo comigo?

— Você é uma dessas?

— Se eu pudesse voltar no tempo, eu seria. Mas agora já foi... eu nem lembro o nome de quem foi meu primeiro beijo.

Suigetsu quase fechou a cara, todavia, dominou aquela vontade. E se concentrou na parte de que Karin não considerou algo relevante na vida dela.

— Eu gosto de você. — O Hozuki declarou, lutando um pouco com a timidez. — Mesmo que eu encontre uma pessoa especial no futuro, se o meu primeiro beijo for com você, ele será especial.

O coração da Uzumaki disparou, apreciando tanta pureza na reação de alguém, em relação a um beijo.

Ele quem reduziu a distância entre os dois e não parou de mirar os lábios rosadinhos da ruiva.

Cada mão de Karin se elevou, e cada palma se colocou em uma bochecha do rapaz peixe.

Ela fechou os olhos e encostou seus beiços no dele.

Suigetsu sentiu que envesgaria se não fechasse suas pálpebras, então fechou-as também.

Ela recuou o rosto, após alguns segundinhos.

— Eu errei? — ele se preocupou.

— Lie, é que você pode abrir a boca, só um pouquinho. Só não os fecha, quando minha boca estiver na sua.

— Entendi! — ele respondeu, determinado, em não falhar.

Ela achou engraçado, mas evitou de rir.

Ela retornou a encostar seus lábios aos dele, e quando ele entreabriu a boca, ela colocou a língua e sentiu as pontas dos dentes roçando.

— “AI MEU KAMI! JÁ ESTÁ MELHOR QUE O MEIO BEIJO NA PRIMEIRA FESTA DA FACUL!”        

A mente da Uzumaki explodia.

Não era um beijo fogoso.

“Beijo desentupidor de pia”

“Ele só faltou te engolir”

Lembrava o que Shiho e Ameno diziam sobre o carinha de piercing no meio do beiço inferior, com o qual se agarrou.

Sentia que a boca do hanyou queria fechar, tremia um pouco, mas o Hozuki tinha sucesso em mantê-la meio aberta.

Mais um momento, e Karin recuou.

Suigetsu passou os dedos nos lábios, e nos dentes, analisou a Uzumaki e se aliviou ao saber que deu tudo certo.

— Você tem um gosto bom! — ele ficou animado e ergueu a palma.

Sentindo-se esquisita, Karin correspondeu ao “toque aqui”.

Suigetsu aprendeu muitos gestos sendo apenas um observador do mundo humano.

— Eu gostaria de fazer isso mais vezes. — Ele declarou. — Se você quiser.

— Claro... — Karin respondeu, suas palavras, assustadoramente, saíram no automático. Tentando ganhar tempo para mais uma vez organizar sua mente, fitou a própria mão. — Minha nossa, meus dedos já estão engelhados. É melhor eu voltar pra casa... — Virou as costas para o hanyou e aproveitou para lamber o beiço inferior, sentindo o sabor salgadinho do Hozuki. Sem parar de avançar, convidou: — Venha comigo, se quiser.

Nagato como era mais liberal que sua mãe, aceitaria facilmente que Suigetsu dormisse na casa de Mito.

Karin teria um ano para preparar a mãe, para informa-la sobre o novo morador da casa, se o meio yokai aceitasse, claro.

Karina devia se lembrar de Suigetsu.

Se ele fosse dito, como alguém que Mito ajudaria, e que fosse parente de algum amigo bem querido por ela, seria fácil convencer Karina.

— Ah, me perdoe, esqueci que depois que o sol se põe...

Karin não terminou de falar, Suigetsu avançou e a alcançou antes que saísse da água.

Ele a carregou nos braços, ele conseguiu se colocar de pé e foi andando para a areia.

Olhando para baixo, ela observou as pernas revestidas de escamas, e os pés largos, com aquela pele cartilaginosa entre três imensos dedos, em cada pé.

— Quando aprendeu a fazer isso?! — ela se impressionava.

— Não muito tempo atrás, conforme fui avançando no treino, aprendi novas habilidades da minha transformação. Não consigo me livrar das escamas, mas ao menos posso andar bípede durante a noite.

— Isso é muito legal. — Seria maravilhoso ter a companhia dele durante a noite também.

Suigetsu a colocou no chão, ao lado das coisas dela.

A Uzumaki começou a se arrumar, e durante esse momento, percebeu que o rapaz peixe chegava altura de seus seios. 

Depois, quando ela se encontrava pronta para ir embora, de mochila nas costas, restava somente a mala que o Hozuki fez questão de juntá-la.

Seu outro braço envolveu a Uzumaki e a jogou por cima de um ombro.

— Ei, o que está fazendo?! — preocupou-se Karin. — Ponha-me no chão, Suigetsu.

— Para quê? Se eu correr, chegaremos muito mais rápido em sua casa.

— Suigetsu! Ninguém além de mim deve vê-lo nessa forma! — ela esperneou, tentando se soltar. 

Ser mais alta que ele não lhe dava vantagem, músculos superavam altura. 

— Eu consigo ser sutil, quando chegarmos em Konoha, vou pegar aquelas roupas que ficam estendidas naquela corda.

— Suigetsu é de noite já, não tem roupa no varal, só as que não secaram.

— Por que eu me incomodaria com a umidade? — ele aumentou a velocidade de sua corrida e Karin ficou desferindo socos contra as costas dele, até desistir.

Ela sorriu, falhando em se manter muito tempo brava com ele, estava muito feliz em retornar a vê-lo e saber que conviveria com ele, elevava um calor em seu peito.

Suigetsu se empolgava com sua nova vida.

Preferiu não contar para a Uzumaki, mas o seu lado de yokai, que nutria intensidade em suas emoções, teve uma profunda carência da presença da ruiva.

Uma tortura vê-la de longe e não se aproximar.

Os seis anos que se passaram, foram seis eternidades diferentes.

E a partir daquele dia, pretendia viver as próximas eternidades com ela.

 

 

FIM


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Notas finais do capítulo

O casal Suika não está presente na segunda fase da fic, mas pretendo, quando tiver inspiração, criar uma fic de capítulos curtinhos, só para abordar o relacionamento deles, uma fic bem fluffy sabe. Adoraria escrever um romance entre humana e rapaz peixe.

Boa noite querido público, bons sonhos.



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