Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 41
Capítulo: No acampamento


Notas iniciais do capítulo

Capítulo atualizado as oito horas da noite!
Cometi um erro no momento que publiquei pela tarde, acabou indo uma parte não revisada do capítulo.
Quando publiquei tinha em torno de seis mil palavras, com a atualização, ultrapassou as sete mil palavras.



Adiantando aqui no nyah uma parte do último capítulo da história principal da fic.
Postarei no socialspirit quando eu terminar de revisar a segunda parte, aí vou postar lá como um único capítulo.



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No lar dos Inuzukas, Kiba sentava-se à mesa baixa, com a irmã.  

Um de frente para o outro. 

Akamaru sentava atrás do menino Inuzuka, enfiando a cara em sua vasilha, na qual lhe foi servida a janta.  

Os três Haimarus comiam fora de casa.  

Por serem grandes, ocupavam muito espaço, então ficavam mais confortáveis, quando comiam ao ar livre.  

— Vamos homem! Não está conseguindo aumentar o fogo?! — estressava-se Tsume, tendo em mãos, uma nova leva de carne para esquentar.  

— O vento está batendo contra, está me atrapalhando! — Gaku justificou sua demora.  

— Deixa que eu faç... — Tsume se interrompeu, escutando a dissonância vinda do centro da aldeia.  

Não precisou avisar ao marido, pois pela expressividade dele, o mesmo também escutou. 

Aliás, com exceção das crianças, todos os Inuzukas deveriam estar escutando.  

— Hana.  

Kiba chamou, fitando a face enrijecida da irmã.  

Séria, Hana deixou sobre a mesa, o seu recipiente de comida.  

Tsume entrou na casa, seguida pelo marido.  

— Hana, cuide de seu irmão.  

— O que está acontecendo? — perguntou a filha, preocupada, assistindo seus pais se apressarem para trocar suas vestes.  

— É o que vamos descobrir, enquanto isso cuide de Kiba. — Tsume reforçou sua ordem.  

— Okaa-san. Otou-san. — Hana cerrou os punhos contra a mesa, concentrando-se na dissonância perpetuadora. — São gritos, não são? 

— Filha, conversaremos quando seu pai e eu retornarmos.  

— Se demorarmos, pegue seu irmão e leve-o para o lugar de refúgio da aldeia. — Gaku falou alto, em algum lugar da casa, apertando seu colete.  

— Grrr — Kiba cerrava os dentes, odiando ser muito novo e sequer ser consultado.  

Assistiu seus pais partirem trajados com suas armaduras. 

Hana se retirou de casa, indo acalmar os Haimarus que se agitavam.  

Kiba se voltou para Akamaru que também se inquietava.  

~ 

— Tome cuidado, querido. 

— Tomarei, meu amor. Cuide de nosso filho. 

Chiharu e Choza Akimichi, pais de Chouji, despediam-se. 

A mãe de Kiba era uma mulher de peso grande, de pele clara, cabelos e olhos castanhos escuros. 

Seus cabelos curtos terminavam na nuca. 

Apesar de escutar de inúmeras aldeãs que seu estilo de corte era masculinizado, para Chiharu, era um dos charmes que o marido apreciava nela.  

Habitualmente, ela usava pintura laranja nos cantos dos olhos, entretanto, naquela noite, dormiria cedo, assim sendo, encontrava-se no presente, sem a tinta e vestida em um roupão branco de algodão. 

— Okaa-san, otou-san! 

Apressado, Chouji saiu de seu quarto, e chegou ao cômodo principal da casa, cessando-se na frente de seus progenitores. 

O pequeno Akimichi se divertia com seus brinquedos, quando escutou os barulhos distantes, vindos de algum lugar de Konoha.  

Deparando-se com as peças protetoras sobre as vestes do pai, assustado, perguntou-o: 

— O que está acontecendo?! 

— É o que vou procurar saber, mas parece ser algo perigoso, então preciso que fique aqui e cuide de sua okaa-san, tudo bem? 

Choza se agachou e estendeu os braços para o menino que depressa se aconchegou entre eles. 

Abraçando-o forte, Choza perguntou:  

— Posso contar com você, filho? 

Chouji assentiu várias vezes, batalhando para não se comportar como um bebê chorão. 

Em breve, o pai partiu e Chouji ficou na porta, assistindo-o. 

~ 

Tenten, Ranmaru, Leo, Ashitaba, Fuki, Konohamaru, Abiru, Kaede e Yakumo, em seus respectivos lares, encontravam-se desassossegados, alimentando o medo do desconhecido. 

~  

Rugidos poderosos.  

Os rugidos da raposa de cinco caudas começaram a se sobressair aos gritos desesperados das pessoas. 

Na propriedade, do líder do clã Hyuuga, Hinata se retirou de seu quarto e correu ao quarto de seus pais. 

— Okaa-san! 

— Entre, meu amor. — Hana balançava Hanabi, em seus braços. 

Escandalosa, a caçula chorava. 

A azulada se juntou ao lado da mãe, segurou a pontinha do pé direito de Hanabi e perguntou: 

— Cadê o otou-san? 

— Ele saiu agora a pouco, foi se informar sobre o que está havendo. 

— O que são esses barulhos, okaa-san? Parece um animal enfurecido. 

Hinata se recordou dos rugidos da mamãe urso, procurando pelo filhote. 

— Eu... eu não sei, minha lua. — Hana respondeu. Um pouco mais rápido, seguiu balançando Hanabi.  

— Acha que é algo grave, okaa-san? 

— Creio que não, minha lua. — Sua expressividade contradizia sua resposta.  

~ 

As construções de Konoha, perto da raposa, tornaram-se miniaturas, quase cinco vezes menores. 

Ao entrar em Konoha, Minato ia contra o fluxo de habitantes, os quais buscavam sair da aldeia. 

Guardas se colocavam nas laterais das ruas de fuga, orientando as pessoas para onde elas deveriam seguir.  

Minato ia gritando aos guardas, que Hiruzen precisava de ajuda.  

Todavia, por causa da gritaria repercutida pela multidão, os guardas apenas olhavam desentendidos ao homem loiro, tentando assimilar o que ele avisava. 

Minato ao mesmo tempo em que queria enviar guardas até o Sarutobi, não queria parar de correr, queria chegar até seu filho! 

Um guarda conseguiu interceptar o caminho do artesão-camponês, segurando-o pelos ombros.  

— Sr. Namikaze, o que está fazendo? Está indo na direção oposta! 

Minato agarrou os antebraços do guarda, escandalizando: 

— O ancião Hiruzen está enfrentando um animal feroz que matou o quarteto de guardas que acompanhava ele! Ele está perto da minha casa! Os guardas do daimyo não apareceram porque, me acredito, que não queiram se distanciar dos arrozais, então, por favor, envie reforço para o Sr. Hiruzen! Depressa! 

— Outra criatura? — o guarda perguntou, soltando os ombros do artesão-camponês.  

Minato arredou para o lado, e correu, todavia, seu braço foi segurado e foi puxado pelo guarda. 

— Não escutou o que falei?! — o homem loiro bradou, tentando se soltar. — Envie logo ajuda para o senhor Hiruzen! Eu tenho que ir atrás do meu filho, meu filho virou a kitsune, só eu posso fazê-lo voltar ao normal! 

O rugido da kitsune se tornou mais alto. 

O artesão e o guarda olharam para o céu, ao final daquela rua.  

Os olhos de Minato engrandeceram. 

A kitsune se movimentava, tornara-se mais avistável daquela distância.   

— NARUTO! NARUTO! 

O homem loiro chamou desesperado, tentando se libertar da mão do guarda.  

A kitsune sacudia a cabeça, abocanhava os tetos das humildes construções, para depois cuspi-las.  

As garras cravavam com força contra o solo, a cada patada, abrindo imensas rachaduras.  

O coração do artesão-camponês se estilhaçava. 

Um grupo de guardas tentava atrair a atenção da kitsune, pretendendo que ela os seguisse.  

A raposa se estressava com o comportamento dos guardas, mas se movimentava pouco, sendo insuficiente para sair de Konoha, que era a pretensão do plano.  

— Eu lamento Sr. Namikaze. Mas seu filho, nessa forma, mostra-se incapaz de dialogar. Está incontrolável. Há guardas tentando distraí-lo, enquanto outros buscam resgatar as vítimas sob os escombros das primeiras casas que foram destruídas por ele.   

— Não... não... — Minato sacudia o rosto, negando. — Meu filho não suportará saber o que fez... não suportará... 

Mesmo naquela situação caótica, o guarda se utilizou de sua paciência, para tentar convencer o Namikaze: 

— Está vendo a energia vermelha que se alastra do corpo da kitsune? Ela queima. Os guardas que tentam distraí-la, mesmos equipados, não conseguem chegar a menos de dez metros da kitsune, quem dirá o senhor, então, por favor, vá com as outras pessoas, elas serão encaminhadas para uma região de refúgio. 

Os rotundos azulados do homem loiro se movimentaram, por entre a multidão, distinguindo várias pessoas com marcas de queimadura, algumas delas, na face.  

Minato se concentrou, no que algumas vozes exclamavam dolorosamente:  

— A energia dela queima, queima!  

— Okaa-san, está doendo muito! 

— Eu não estou vendo direito!  

Em Minato, as lágrimas desciam.  

Suas pupilas trêmulas. 

Quase não piscava.  

Toneladas de dor esmagavam seu coração.  

— Lie... por que... por que agora? 

Sussurrou, vendo todo o sonho lindo que vivia com seu filho se tornar um pesadelo. 

O guarda começou a puxar o Namikaze, pelo caminho de fuga. 

Outro guarda chegou para ajudá-lo, tendo antes percebido que o colega de trabalho estava com problema de convencer o artesão-camponês. 

E agora, com os dois guardas, levando Minato pelo caminho de fuga, o Namikaze deixou de resistir.  

~ 

Koharu Utatane e Homura Mitokado se mantinham de pé, diante seus respectivos exércitos. 

A idosa prendia seu cabelo no coque habitual, trajava-se de um quimono branco, e por cima, um longo manto verde escuro. 

O quimono do idoso, de cor cinza escuro, sob um longo manto amarronzado.  

Cada unidade do exército, por ancião, compunha-se de duzentos membros. 

Aguardavam pelas unidades militares de Hiruzen Sarutobi e Danzo Shimura. 

Nos homens de armadura, a tensão predominava. 

Os rugidos alcançavam onde estavam. 

Vários ali se recordavam do terremoto causado pela kyuubi. 

Outros, que não vivenciaram tal evento, pensavam no que escutaram a respeito da maior tragédia acontecida em Konoha.  

Todos tinham em comum, o fato de se manterem inexpressíveis, aguardando alguma ordem.  

O exército do Sarutobi chegou, sem o ancião. 

Aquele que ocupa a liderança da unidade militar, o meishu, aproximou-se dos dois anciões, e em volume de voz reduzido, revelou-os: 

— O Sr. Shimura, o Sr. Sarutobi e quatro guardas que o acompanhavam, encontram-se mortos. O estado dos corpos indica perfurações por presas e mordidas imensas. 

Koharu e Homura retesaram os músculos de seus rostos, esforçaram-se em não distorcer suas faces com o choque da notícia. 

O meishu se guardou em silêncio, por um momento. 

Esperava que os anciões estivessem aptos para seguir o escutando.  

Com os olhares dos dois, concentrados no seu, o meishu continuou: 

— De acordo com Minato Namikaze, foi uma criatura canina de cor preta e olhos vermelhos.  

— Outra criatura? — Homura questionou. Suas íris tremulavam, ainda pela notícia das recentes perdas. — Mais essa. Conseguiram detê-la? 

— Ninguém do grupo de verificação viu essa criatura, Sr. Mitokado. — Respondeu o meishu. — Os corpos foram encontrados próximos da casa dos Namikazes. O teto da casa está todo destruído. O corpo de Danzou Shimura está em pior estado e entre os mortos, é o único que estava no interior da casa dos Namikazes. 

Homura lentamente virou o rosto para a Utatane.  

Ela se mantinha contemplativa.  

Severamente, contemplativa.  

Dois minutos seguintes, chegou o último exército que faltava. 

Previsivelmente, para os dois anciãos e o meishu diante deles, sem a presença do Shimura.  

Koharu então dirigiu sua vista para o colega ancião. 

Compreenderam-se pelos olhares e assentiram.  

“Que tanto segredo é esse?” 

A pergunta percorria inúmeras mentes das unidades do exército. 

Olhares astutos sacaram o impacto que os dois anciões receberam, após escutarem algo do meishu da unidade do Sarutobi. 

O barulho dos rugidos da raposa diminuía. 

Sinal de que ela se distanciava. 

Os responsáveis que tentavam distraí-la, para retirá-la da aldeia, obtinham bons resultados, finalmente.  

Entretanto, ainda era cedo para comemorar. 

A Utatane pediu ao meishu que a repassasse os nomes dos guardas de Hiruzen.  

Com os nomes guardados na mente, ela mandou que o meishu retornasse ao seu lugar e se direcionou para os exércitos.  

— Atenção todos! — Koharu se pronunciou. — É esperado de alguns aqui especularem que a kitsune yokai que está destruindo Konoha seja Naruto Namikaze Uzumaki. Devidas as últimas informações recebidas, não temos dúvidas de que se trate do hanyou da aldeia. O teto da casa dos Namikazes, encontra-se destruído. Hiruzen Sarutobi, e seus guardas... — Ditou os nomes de cada um do quarteto. — E Danzou Shimura, encontram-se mortos. 

Muitos olhos se fecharam, alguns membros derrubaram o profissionalismo e cerraram os dentes, exibindo suas faces de pesar. 

— Minato Namikaze alega que foi uma criatura negra de olhos vermelhos, contudo, acredito que esteja tentando desviar parte da atenção de nossos exércitos, para proteger o filho, claro. Eu entendo que também seja doloroso para ele, mas há vidas em risco, e vidas que já se foram.  

Koharu pausou e soube que Homura entenderia o momento para dar continuidade. 

Os dois anciões se recordavam: 

 

— Já que aceita que as pessoas ataquem seu filho, em defesa. Também aceitará que ele seja punido com a morte caso cometa um crime? 

— Se for um crime o qual eu não possa pagar... 

— Estou falando de crime hediondo, assassinato. Não se pode pagar uma vida. — Danzou firmou. — Aceitará a morte dele como punição? 

Minato observou seu filho, abaixou seu nariz até os poucos cabelos loiros.  

— Se um dia isso acontecer, aceito a pena de morte para mim também. 

 

— Quando foi realizado o acordo para Minato Namikaze permanecer em Konoha, com seu filho, ele aceitou a lei, de o hanyou arcar com as consequências, caso ferisse ou matasse alguém. — Suspirou. — Sendo assim, todos têm permissão para matar a kitsune yokai. 

— Hai! — concordaram, todos os membros das unidades de exército. 

~ 

Quando os guardas que se ocupavam em tentar chamar a atenção da kitsune acreditaram que estavam tendo bons resultados, enganaram-se. 

A fera logo refez o caminho, pisando sobre os lugares já destruídos, e começou a ir para novas direções, sobre a aldeia.  

Cada repousar de um salto realizado causava temor. 

O tremor alcançou o lar dos Inuzukas. 

Hana arrumou o que pode e colocou a bagagem nas costas, retirou-se de sua casa com o irmão. 

Kiba segurava a mão da irmã, seu outro braço acolhia Akamaru. 

Não demoraram em encontrar outros Inuzukas que não fossem guardas. 

Os Inuzukas em breve se encontraram com os guardas responsáveis pela evacuação da aldeia e foram bem encaminhados para fora de Konoha. 

— Ela é imensa e tem pelo vermelho. — Dizia um menino Inuzuka para um amigo do clã. — Meu irmão disse para eu não olhar, mas eu não resisti, eu a vi inteirinha, ela tem cinco rabos. 

— Será que é por isso que ainda não aconteceu um terremoto gigantesco? Minha okaa-san disse que o terremoto que matou meu avô foi causado por uma kitsune de nove rabos. 

— Está dizendo que o numero de rabos tem a ver com o nível do terremoto? 

— Eu acho ué, por que a kitsune de cinco rabos ainda não causou uma destruição maior? 

A conversa se manteve em voz baixa, entre os dois amigos.  

E Kiba escutou tudinho. 

Akamaru inquietante queria sair do domínio de Kiba e estranhamente manifestava seu desejo de ir em direção da kitsune yokai.   

Mas não para atacar. 

O menino Inuzuka sabia muito bem, quando seu amigo canino queria atacar, e naquela ocasião, não identificava desejo de ataque do seu amigo animal.   

O pequeno rabo de Akamaru se empinava e as narinas se alargavam e se comprimiam repetidamente, de modo veloz.  

— “Será que...” 

De pensamento incompleto, restou a Kiba, somente uma expressividade atemorizada.  

~ 

Distante de Konoha, os Inuzukas chegaram ao espaço de refúgio. 

Um imenso acampamento se montava.  

Em meio a tantos olhares desolados, Kiba localizou alguém sozinho, afastado dos agrupamentos de pessoas.  

Minato abraçava o próprio corpo, uma posição comum para tentar se proteger contra o frio, todavia, o artesão-camponês sequer percebia o frio trazido pelo vento. 

Em seus braços, imaginava seu filho. 

Kiba tentou ir até o adulto. 

Hana estranhou, quando seu irmão se soltou e ao descobrir aonde ele iria, tratou de agarrá-lo e trazê-lo para perto de seu corpo. 

— Onee-san. — Kiba soltou censurador timbre.  

— Não irá até ele, deixe-o sozinho.  — Ela ordenou, arrastando o irmão, para mais longe do Namikaze.  

Pelo chão, Akamaru seguia os dois.  

— Ele está sofrendo, onee-san.  

— Olhe em volta, todo mundo está.  

— Q UAL É A SUA?! 

Kiba explodiu em um grito, atraindo a atenção de algumas pessoas, sentadas na frente de suas tendas. 

A atenção delas sobre os irmãos Inuzukas não durou muito.  

Na situação presente, suas mentes se sobrecarregavam com outras coisas.  

Akamaru soltou um bravo latido, acompanhando o humor do amigo. 

Hana não queria revelar ao irmão, sobre o que se passava em sua mente.  

Na verdade, sabia que muita gente já devia estar relacionando Naruto à kitsune de cinco caudas.  

Ajoelhou-se perante Kiba, e descansou as mãos nos ombros dele.

— Sabe Kiba, tem algo que preciso dizê-lo, talvez você não aceite de início, mas o tremor que estava acontecendo na aldeia vem de uma kitsune yokai. E essa kitsune...  

— Pode ser o Naruto. — Ele a interrompeu. — Eu escutei a conversa daqueles dois meninos, já sabia que era uma kitsune yokai atacando. 

— Escutou? — Hana piscou quatro vezes seguidas, velozmente.  — Só teve uma conversa sobre a kyuubi durante nossa vinda para cá e foi entre os dois meninos que iam quase por último, entre os Inuzukas. 

— E daí? 

— E daí que eles estavam a uns quinze, vinte metros de distância, e ainda conversavam baixo. — Hana sorriu, levando suas palmas para os lados da face do irmão, espremendo as bochechas dele. — Kiba, sua audição se desenvolveu. — Emocionava-se, por presenciar esse momento.  — Ela pode desaparecer, mas não se preocupe, ela vai retornar. Sua audição apurada vai ir e voltar até se estabilizar completamente. O mesmo vale para seu olfato. 

A emoção foi se esvaindo, conforme a Inuzuka percebia a inexpressividade do menino.  

Kiba não se empolgava como a irmã. 

— Não está feliz, Kiba? 

— Por que eu estaria? Nossos pais estão longe, provavelmente, em perigo. Um de meus melhores amigos pode ser uma criatura que está destruindo nossa aldeia, e é provável que no final seja morto pelo exército de Konoha. Por que eu estaria, Hana? 

Hana. 

O nome saiu seco da boca do menino. 

Ele segurou os punhos dela e afastou as mãos femininas de seu rosto. 

Acusador a questionou:

— Você ficará feliz se ele morrer, não é, Hana? 

— Kiba, por que está dizendo isso? — o olhar dele estava diferente.  

— É verdade, não é? — ele insistiu. 

— Eu nunca disse isso, Kiba. Eu só... 

— Só não gostava de ver meu amigo, bastava ele aparecer, para torcer o nariz, olhar com nojo, se afastar logo. Eu ignorei esse seu comportamento que continuou desde nossa viagem para Mononoke. Mas hoje não dá.  

 

 

 

 

— O que está fazendo, gordo?! — era a voz do Inuzuka. 

Kiba no meio da fuga regressou e foi verificar se o Akimichi ainda estava vivo. 

Durante os dias de humilhação pela turma de Shigure, reconhecia o esforço que Chouji fez para salvar Akamaru, sendo assim, ao menos devia tentar salvá-lo da praga agourenta que era o hanyou. 

Entretanto, surpreso, avistou o Akimichi conversando com o meio yokai. 

— Estou conhecendo o Naruto. — Chouji se volveu na direção de Kiba. — Ele nos salvou, quero ser grato. 

— Você não viu do que ele é capaz? Ele é um demônio! Mudou de forma! 

— Ele só mudou de forma, não nos machucou, mudou de forma para nos salvar. — Chouji falou. — Ainda que Naruto fosse mal...a turma do Shigure me assusta mais. 

O olhar doloroso do Akimichi atingiu o coração do Inuzuka. 

— Todos da aldeia sabem que Naruto foi inocentado, e por uma Hyuuga... — Chouji mencionou. — ...não acho que uma Hyuuga mentiria, vejo que não tem mais sentido eu evita-lo. 

Àquela altura, os olhões do hanyou reluziam feito estrelas. 

O meio Yokai abraçou o menino gordo por trás, esfregando sua bochecha nas costas do Akimichi. 

Chouji sorriu, o hanyou era uma criatura fofa, na primeira vez que o viu, seu medo impediu que reparasse naquela característica encantadora. 

Kiba observou a cena, relutante.

Akamaru se agitou em seus braços. 

Desentendido, deixou o animal no solo e o canino correu na direção dos outros dois. 

Naruto sentiu o cheiro do quadrupede e se afastou do Akimichi, ficou de quatro no chão. 

Pusera o rosto bem pertinho do focinho de Akamaru. 

O filhote de cachorro cheirou a ponta do nariz do hanyou e em seguida, cheirou cada bochecha. 

O pequeno Uzumaki Namikaze soltou uma risada, sentindo cócegas. 

— Animalzinho engraçado e bonito. Prazer Akamaru, Naruto Uzumaki é o nome do Naruto. 

Não demorou muito e Akamaru já estava em cima do meio yokai que virara de costas no solo. 

O loirinho ria com o cachorro em seu peito, era bombardeado com vários lambeijos na face. 

O rabo de Akamaru sacudia tanto quanto a cauda do meio yokai. 

— Ele está agradecendo por tê-lo salvo. — Chouji avisou e depois olhou para o Inuzuka que lentamente se aproximava. — Não é Kiba? 

— É sim... 

Respondeu o dono do cachorrinho, sem desprender sua visão da cena do hanyou e Akamaru se divertindo juntos. 

 

 

 

— Eu quero consolar o pai do meu amigo. O amigo que me ajudou, quando eu era somente um estranho para ele, um estranho que já havia ido até a casa dele, para ofendê-lo. Confortar o Sr. Minato, é algo que Naruto gostaria que eu fizesse agora. — Cerrou os punhos. — É a única coisa que posso fazer. 

— Kiba... — Ela notou o esforço que ele fazia para não chorar.  

— Você tem antipatia até mesmo pelo pai dele. Bem, deve estar feliz, por que com meu amigo se transformando nessa criatura, você provou que estava certa... de que ele era uma ameaça.  

O Inuzuka virou as costas para a irmã, e enquanto se distanciava, sustentando expressividade quase morta, declarou-a: 

— Eu odeio pessoas como você, Hana.  

Akamaru soltou mais um bravo latido e seguiu o menino.  

 

~ 

 

 

 

Sem brilho, os orbes do menino Inuzuka fitavam o chão, por onde pisava, tendo até se esquecido que procurava Minato. 

Sua mente pesava. 

Soltou palavras muito frias contra sua irmã, algo que seus pais reprovariam.  

No entanto, não se motivava a desfazê-las. 

Para manter seu posicionamento bastava se lembrar do comportamento dela e tudo de negativo que ela emanava contra Naruto. 

— Kiba! 

Chamado de Chouji, que para o alto esticava o braço direito, acenando ao Inuzuka.  

Kiba alçou o olhar e localizou o amigo Akimichi; apressou seus passos e chegou até ele, abraçando-o.

— Fala gordo.  

Afastaram-se, Chouji se abaixou para agradar a cabeça de Akamaru que correspondeu ao seu carinho, dando-lhe lambidelas.  

— Como vai Kiba — Aproximou-se a mãe do Akimichi — onde está sua família? 

— Oi Sra. Chiharu, meus pais ficaram em Konoha, ajudando. Eu vim com Hana e outros Inuzukas para cá. 

— Entendo, estou feliz em vê-lo bem. — Chiharu agradou os cabelos de Kiba que a sorriu. Afastando sua mão, pediu-o em seu doce timbre materno: — Faça companhia ao meu filho, enquanto ajudo a distribuir suprimentos, tudo bem? 

— Farei sim, Sra. Chiharu. 

Ela sorriu e se afastou, indo de tenda em tenda ajudar quem mais precisava.  

— Sua mãe está muito atarefada. 

Kiba comentou para o amigo, assistindo a dona Akimichi juntar dois sacos imensos, pondo um sob cada braço e avançar pelo acampamento.  

— É. — O menino Akimichi a olhava orgulhoso. — Antes de saímos de casa ela pegou o máximo de suprimento possível para ajudar no que pudesse, no acampamento. — Suspirou. — Eu quis ajudar, mas levei bronca. — Moveu seu rosto, observando em volta. — Viu Naruto por aí?   

O maxilar do amigo Inuzuka endureceu. 

O Akimichi demonstrou não considerar que o hanyou fosse a própria kitsune de cinco caudas.  

— Lie... 

Kiba respondeu, não sabendo se devia compartilhar sobre seu receio.  

A imagem de Minato sozinho no acampamento, abraçando o próprio corpo, retornou à mente do Inuzuka.  

Com a ausência do meio yokai no acampamento, tem certeza que outras pessoas considerariam a possibilidade de Naruto ser a kitsune de cinco caudas. 

— Aposto que a kitsune é a Fuso, ela é louca por ele. — Seriamente, Chouji teorizou. — Ela quer levar Naruto de novo. Acho que ele está se escondendo, em um lugar, bem longe daqui.  

No timbre, o Akimichi não o culpava. 

Ao escutar, Kiba teve uma baixa esperança de que fosse verdade.  

Bem baixa. 

— Ei! — Leo gritou, correndo ao lado de Ashitaba, na direção do Akimichi e do Inuzuka. — Que bom que estão aqui, vamos procurar os outros da turma?! 

Chouji e Kiba não hesitaram, aliviados por vê-los bem, foram com eles.  

Akamaru sempre os seguindo.  

Com um pouco mais de vinte minutos, os quatro meninos encontraram os outros da turma. 

Faltavam o hanyou, os Sarutobis e os Hyuugas. 

Cansando de procurar os que se ausentavam, a turma decidiu descansar, organizando-se em círculo.  

O exemplo da organização circular repassou para outros do acampamento, e em breve, vários círculos de aldeões se distribuíram entre as tendas.   

Chouji contou para a turma sobre sua crença de que fosse Fuso a kitsune de cinco caudas. 

Fuki ressaltou os olhos e socou sua palma esquerda, dizendo: 

— Eu lembro dela, ela se mostrou mesmo ser bem apegada ao Naruto.  

— Bem, ele a chamava de okaa-san. — Kaede frisou. 

— Acham que Naruto pode mudar de forma e lutar contra ela? — Leo questionou. 

Em Kiba, decorreu-se uma lembrança: 

 

 

 

— Na-Naruto não vai trazer calamidade para Konoha. Naruto é metade kitsune então não terá a forma completa de nove caudas. 

— Então a forma de nove caudas só pode ser alcançada por uma kitsune yokai completa. — Hana cruzou os braços, não se satisfazendo com aquela informação. — E se fosse capaz de ter as nove caudas? 

— Naruto não faria nada de ruim. 

 

 

 

 

 

— Naruto disse que somente uma kitsune yokai completa pode se transformar em uma kitsune de nove caudas. — Kiba repassou a informação.  

— Mas talvez a metade kitsune consiga alcançar ao menos cinco caudas, não? — Leo questionou. 

— Naruto não teve muito tempo de treinamento. — Respondeu Tenten. — Então acho difícil.  

Conforme o grupo avançava com a conversa, Kiba se percebia como o único da roda a suspeitar que Naruto fosse a fera que destruía a aldeia.  

Uma barulheira chamou atenção, não somente das crianças, mas das outras pessoas em volta.  

Kiba tentou se concentrar na audição apurada, mas seus ouvidos doeram. 

— Que gritaria é essa? — Yakumo perguntou receosa.

— Parece que vem do outro lado do acampamento. — Leo se levantou. — Vou lá verificar, não demoro.  

— Vou com você. — Decidiu, Ashitaba. 

O círculo se desfez completamente porque todos decidiram verificar também. 

— É o Sr. Minato. 

Leo que foi o primeiro a chegar testemunhou o pai do hanyou, tentar montar em um cavalo, mas o guarda o impedia.  

— Sr. Namikaze! — bradava o homem que seria o meishu dos guardas. — Desça imediatamente! 

— Lie! — Minato conseguiu subir e se agarrou ao guarda que apertava as rédeas. — Eu escutei o que você falava para seus homens! A Kitsune está saindo da aldeia e vocês já têm ordem de abatê-la! 

A informação impactou o público que prestava atenção neles.  

Um alívio perpassou, com a notícia de que o yokai não destruía mais Konoha.  

O Inuzuka, contrariamente, empalideceu-se.  

Akamaru parecia compartilhar das emoções de Kiba, soltando um latido prolongado, em baixo volume.  

— Sr. Namikaze! — o meishu bradou, não querendo que ele comentasse sobre a missão, na frente dos aldeões. Mas já que todas aquelas pessoas em volta, escutaram, resolveu esclarecê-las: — É isso mesmo, a kitsune yokai está saindo da aldeia, o grupo de guardas responsáveis por atraí-la, estão a levando para uma armadilha que fica em direção oposta ao acampamento. No entanto, é muito cedo para cantar vitória. Enquanto ela estiver viva, é mais seguro que continuem aqui no acampamento.  

— Senhor! — um guarda chamou o líder, lembrando-o que não podiam mais perder tempo, parte da divisão do acampamento, sob ordens superiores, precisava se deslocar.  

O meishu assentiu e focou seu olhar no artesão-camponês que enfim foi derrubado pelo guarda da montaria, na qual o loiro subiu anteriormente.  

— Prendam o Sr. Namikaze, e vigiem-no até a missão acabar! — ordenou o meishu.  

— Lie! Se vocês vão matar a kitsune me leve com vocês! Me usem como isca, como escudo, como qualquer coisa! Mas me permitam me aproximar dela, preciso me comunicar com ela!

Implorava Minato, sendo erguido do chão por dois guardas.

— A kitsune é meu filho!

Revelou Minato, impactando o público.

Sentiu seus braços serem movidos até parar atrás das costas.

— Do que adianta me prenderem agora?! Se a kitsune morrer, se matarem o meu filho... eu também morrerei! Escutou bem?!

O Namikaze encarava o meishu.

Mais pessoas se aglomeravam naquela região do acampamento.

A cacofonia do publico exalava o receio, o medo, a raiva.

Emoções conflitantes.

— Sr. Namikaze, você pode se matar quando quiser, mas não em nossa missão, qualquer obstáculo que possa nos atrapalhar, deve ser removido.

Finalizou o meishu que sacudiu suas rédeas e disparou para fora da clareira do acampamento, guiando seus homens.

Enquanto isso, Minato começou a ser levado, pela dupla de guardas, para um lugar onde eles pudessem vigiá-lo até o final da missão.

O artesão-camponês fechou as pálpebras e lágrimas despontaram em sua face.

Ranmaru colocava o polegar na boca, sua outra mãozinha, espremia o tecido do quimono que vestia.

Kaede e Fuki se abraçaram, consolando uma a outra.

Yakumo segurou cada lado de sua face, com uma mão, aterrorizada.

Leo abaixava a cabeça, seus olhos arregalados, encaravam o solo.

Ashitaba se agachou, tampando as orelhas.

Tenten espremeu o lábio inferior, um bico de choro queria se formar.

Chouji de lábios entreabertos, não sabe quanto tempo ficou imobilizado pela revelação do artesão-camponês.

Quando viu o rosto para ver Kiba, o menino Inuzuka já estava longe dali.

Viu a região posterior do amigo a sumir entre outras pessoas do acampamento, sendo seguido por Akamaru.

 Hana tendo escutado à distância o que se procedeu, captou o cheiro de seu irmão.

Foi atrás dele.

Avistando-o, analisou o estado dele, percebia-se um intenso sofrimento, muita dor para alguém tão novo.

O menino buscou se isolar para lidar com o que sentia. 

Hana intencionou se aproximar, no entanto, seu próprio corpo travou.

No profundo de sua mente, assimilava que não era digna de consolá-lo. 

Aquele sentimento a consumiu, trazendo à mente, as recentes palavras gélidas que Kiba a dirigiu. 

A vergonha envolveu a Inuzuka. 

 

~ 

 

Hinata retornou para seu quarto.

Seu pai ainda não havia chegado. 

Sua mãe conseguiu adormecer com Hanabi. 

A ausência do som da kitsune indicava que ela se distanciara mais. 

Fitando as estruturas dos komainus, a perolada tomava uma decisão. 

 

~

 

Membros do exército do clã Inuzuka se responsabilizavam em atrair a atenção da kitsune para fora da aldeia.  

Sobre Kuromaru, Tsume liderava o grupo de isca. 

A kitsune dividia sua atenção entre os cães de guerra a saltarem em várias direções.

Ela tentava abocanhá-los, todavia só conseguia morder o vento que eles deixavam como rastro. 

Fora da aldeia, a kitsune explodiu em ira e cravou as garras no solo, abrindo imensas rachaduras.  

Rugiu para a lua. 

Provocou um novo tremor e maior que o anterior.  

A energia em torno de seu corpo retornou a aumentar e os cães recuaram alguns metros. 

— Ela está criando uma nova cauda! — Tsume percebeu.  

Era impossível se aproximar da raposa sem se queimar.  

Mesmo assim, um raio branco surgiu no ar e atravessou duas caudas da kitsune. 

Girando no ar, esse raio parou somente a mais de dez metros da raposa. 

Era o líder do clã Hyuuga, segurando uma espada e usando capacete, colete, braçadeiras e caneleiras.

As peças de proteção se sobrepunham às vestes brancas.

Hiashi avaliou suas braçadeiras e colete, o pouco contato que teve, em milésimos de segundos, com a energia da kitsune, foi o suficiente para destruir quase inteiramente a superfície de suas camadas protetoras.

Nas regiões desprotegidas, seu quimono e hakama, exibiam buracos.  

— Não se pode vencer a idade. 

Hiashi comentou certo de que se tivesse menos idade, cortaria mais caudas e sem se queimar.

Ainda sim, sua ação deu mais vantagem, haja vista que a kitsune diminuiu de tamanho. 

O Hyuuga viu seu cavalo se aproximando, sua montaria passou ao seu lado, sem parar de correr.  

O equino treinado sabia que o líder do clã subiria em suas costas.  

E assim aconteceu. 

Montado, Hiashi retornou para frente de uma guarnição Hyuuga que o esperava. 

Os membros da guarnição admirados observavam o líder.

Enquanto isso, Tsume percebendo a vulnerabilidade da kitsune, ordenou: 

— Homens, continuem! 

Os Inuzukas, sobre seus cães, retornaram a saltar perto da kitsune, vigilantes com a energia vermelha e queimante.  

Com maior ira, a kitsune continuou perseguindo aqueles cães que além de saltarem "próximos" dela, uniam seus rugidos, rugindo mais alto que a Besta.  

Em uma região a céu aberto, os Inuzukas deram um imenso salto, não pisando em uma extensa área recoberta de folhagens largas, espalhadas pelo solo.  

Contrariamente, a kitsune caiu com tudo, com as quatro patas, sobre as folhagens que cederam, dando espaço para um imenso buraco profundo, repleto de estacas. 

Estacas as quais atravessaram o corpo da Besta. 

Estacas grandes e grossas nas bases que iam se afinando até chegar às extremidades apontadas para o céu. 

De trás das árvores a contornarem o espaço a céu aberto, o líder do clã Mitsashi ordenou:  

— PREPARAR!  

Logo, de trás dos troncos e das copas, saíram os membros do clã Mitsashi, incendiando as pontas de suas flechas. 

Todos em perfeita sincronia. 

A fama deles entornava a boa mira que desenvolviam com facilidade, era um clã de arqueiros, afinal. 

— APONTAR! 

Os Inuzukas recuaram, mantiveram-se longe do risco de serem atingidos por uma das flechas. 

— E... 

O líder Mitsashi não finalizou a ordem. 

Hana, seus trigêmeos cães e Minato apareceram.  

O artesão-camponês montava sobre o mesmo Haimaru que Hana, segurando-a pela cintura. 

Ela deu a ordem para dois dos gêmeos se espalharem para proteger o buraco.  

— Hana! — Tsume exclamou. — O que está fazendo?! 

— Eu sinto muito okaa-san, depois eu explico!

Hana gritou, observando os inúmeros pontos de luzes da floresta que eram as chamas, uma em cada ponta de flecha. 

Minato saltou do Haimaru, desesperado se curvou à beira do buraco, observando a raposa imóvel a perder sangue, enquanto a energia não parava de oscilar. 

Seu peito recebeu pontadas de dor, vendo a criatura perfurada em vários lugares, inclusive, próximo ou até no próprio coração.

Virou a cabeça para Hana, exclamando-a: 

— Eu preciso descer até lá!  

— Haimaru II! — ela só precisou pronunciar o nome de um dos cães. 

Haimaru II girou seu corpo, tornando-se um furacão cinzento e caiu no buraco, destruiu as pontas das estacas, exceto as que perfuravam a kitsune e as que restavam mais perto da circunferência dela, pois o cão evitou se queimar com a energia vermelha.  

A energia vermelha não jazia forte. 

Por conta do corpo enfraquecido da kitsune, a energia emanava em volume baixo. 

— Monte nele, Sr. Namikaze.  

— Está bem. — Minato subiu em Haimaru II e o cão o levou lá para baixo.  

— Ele não pode se aproximar mais que isso, e nem você! — Hana avisou. 

— Está tudo bem, fizeram o suficiente, arigatou gozaimasu.  

Minato desmontou de Haimaru II e logo o cão saltou para fora do buraco, indo ajudar a companheira que começou a brigar com a mãe. 

Tsume e Kuromaru tentavam levar Hana e os Haimarus para longe do buraco. 

Minato foi se movimentando cuidadoso, espremendo-se entre as estacas até alcançar a cabeça da kitsune.  

Em seu timbre repleto de amor paterno, dizia:

— Eu estou aqui, Naruto. Seu otou-san está aqui.  

Sua mão doía e seu rosto começou a arder, mas não se importava.

A energia seguia no grau que o artesão-camponês podia suportar.

Amorosamente, os azuis do homem pousavam sobre o olhar da criatura. 

Tudo o que Minato via era seu hanyou, seu filho. Não a kitsune yokai.  

A sensação familiar que a voz de Minato trouxera, fez a kitsune se concentrar mais na imagem dele, do que na dor provocada pelas estacas.  

— O que acha de voltarmos para casa? Prometo preparar takaki.  

 

Takaki. 

 

A mente e emoções da kitsune tentavam se organizar. 

Presentemente, via aquele homem inteiro, sem nenhuma parte faltando.

Em sua memória, via aquele homem com a cabeça separada do corpo. 

Um confronto se desenvolvia no imo da criatura. 

— Sr. Namikaze! Saia daí! A kitsune precisa ser morta! 

O líder do clã Mitsashi exclamou, estando parado à beira do buraco.  

Hana e os Haimarus haviam sido afastados, agora só restava retirar o artesão-camponês dali. 

— Matem-no! — exclamou uma voz, mais distante. — Ele será punido de qualquer jeito! 

— A Sra. Utatane permitiu que matássemos a kitsune, não o Sr. Namikaze! 

— O Sr. Namikaze declarou que se mataria, se matássemos o filho dele! — desespero impregnado na voz. — Então matem-nos, antes que a kitsune consiga um jeito de se soltar! Matem-nos!

 

Matem-nos. 

Matem-nos. 

Matem-nos. 

 

A Kitsune rugiu, sua energia retornou a crescer e em velocidade alta. 

Do buraco, a energia se alastrou para várias direções. 

A visão de Minato foi tomada por completa luz e uma maior sensação de queimar abrangeu seu corpo.

Fora do buraco, a Besta avançou contra aqueles pontos de luzes. 

As flechas foram atiradas, mas foram destruídas pela energia vermelha, sem mesmo alcançarem a pelagem da kitsune. 

Os arqueiros bateram em retirada, e Tsume ordenou que os Inuzukas tentassem distrair a Besta, enquanto tentariam guiá-la para uma nova armadilha. 

Entretanto, a kistune não se interessava mais pelos cães. 

Ela tentava identificar de onde viera a voz que exigia que a matassem. 

No fim, outra voz atraiu a criatura: 

— Senhor raposo! 

Uma voz delicada foi captada pela audição da kitsune.  

Entre as vozes dos adultos, aquele meigo som, fizera a Besta parar de avançar e procurar a dona da carinhosa voz.  

— Aqui senhor raposo!  

Gritou a voz e a kistune percebeu que ela vinha do alto. 

A pequena Hyuuga montava em um komainu que pousou sobre o solo a alguns metros distante da kitsune. 

O komainu recuou, assim que percebeu a energia vermelha descontrolada. 

— Senhor raposo, somos nós! 

Hinata gritou, mostrando Neji, Kiba, Akamaru e Chouji dividindo o yokai com ela.  

O outro komainu também apareceu, após um salto, pousando atrás do irmão. 

Ashitaba, Leo, Tenten e Yakumo dividiam o segundo komainu.

A Hyuuga havia se lembrado do local de refúgio e foi até lá, montada em um dos komainus.

Neji apareceu no momento certo e foi com a prima, assumindo sua função de protegê-la. 

Assim que os pequenos Hyuugas encontraram os amigos de Naruto, que eram seus amigos também, por meio deles, souberam o que aconteceu.

Hinata não teve duvidas de que precisava se encontrar com Naruto. 

Não se importava do risco que corria. 

Só sabia que não conseguiria aguentar a dor de considerar que a qualquer momento ele poderia ser morto. 

E para sua surpresa, a turma quis ir com ela.

Ranmaru, Kaede e Fuki não conseguiram fugir de suas famílias, então não puderam ir, mas mandaram seus recados para Naruto.  

Os guardas do acampamento tentaram enfrentar os komainus, a presença dos yokais causaram confusão e medo nos aldeões.

Mas os komainus não foram impedidos de partirem com as crianças, pois Hana se envolveu, ajudando-as.

A irmã de Kiba enfrentou os guardas com seus Haimarus e ainda se responsabilizou de libertar Minato e levá-lo até a kitsune, como ele almejava. 

O menino Inuzuka não teve tempo de conversar com a irmã, todavia, esperava que ela soubesse que ele retirava o que declarou contra ela. 

No presente momento, bradou o meishu dos Mitsashis: 

— O que aquelas crianças estão fazendo?!

— Kiba! — Tsume gritou, preocupada e embravecida. — O que há com vocês hoje? — referia-se aos filhos. — Nunca foram desobedientes assim! 

— Que pergunta, okaa-san. — Hana respondeu, com um leve sorriso. — A própria okaa-san nos ensina a ser leais ao nosso sentimento.  Estou aqui porque... — De longe, observou Kiba. — Não quero nutrir ódio em meu irmão. 

— Ainda estou sem entender, Hana. GAKU CADÊ VOCÊ? ESTÁ VENDO O QUE SEUS FILHOS ESTÃO FAZENDO? 

Não avistava pista alguma de seu marido. 

Enfurecia-se. 

Desmontadas dos komainus, as crianças se deram as mãos. 

Os komainus as protegiam, impedindo que a energia vermelha queimasse qualquer uma delas.  

E assim, as crianças foram se aproximando da kitsune que as observava, em hesitação.  

Os komainus emanando uma energia de cor azulada, enquanto a da raposa seguia sendo vermelha.

A energia azul servia como uma espécie de escudo. 

— Confiamos em você, senhor raposo! — Hinata gritou. 

— Ainda temos que brincar de acertar a bolinha! — Neji exclamou. — Eu treinei muito, Naruto!

— Vamos fazer parte da guarda de Konoha, juntos, esqueceu?! — Kiba questionou. — VOCÊ DISSE QUE SERIA O MELHOR GUARDA DE KONOHA! 

— E ainda temos muita coisa nova para experimentar!!! — Chouji lagrimava. 

— Eu ainda tenho muitas flores para lhe entregar, Naruto! — Yakumo lagrimava. — Kaede, Ranmaru e Fuki, não puderam vir, mas me pediram para avisá-lo, que estão ansiosos para o reverem! 

A visão da raposa percorria cada pequenino ser, e os rostos deles perpassaram repetidas vezes em sua mente.

Uma lembrança atrás da outra, de vários momentos, nos quais aqueles pequenos seres sorriam. 

Especialmente, a dona dos orbes perolados, aquela coisinha pequenina e delicada, que lhe enviava um bravo olhar. 

— Senhor raposo, nós te amamos! — Hinata insistia. — Volta pra nós! 

A kitsune rugiu e cerrou os dentes, fechando os olhos.

Seu sangue pingava, das várias regiões onde foi perfurada. 

Retorceu-se. 

Sua mente girava e girava. 

Os komainus se mantiveram em guarda, atentos a qualquer movimento que prejudicasse as crianças. 

Os adultos, impressionados, assistiam a tudo, de longe. 

A Besta foi se reduzindo de tamanho, as caudas desaparecendo, as inúmeras lembranças, com seus amigos e especialmente com Hinata, trouxera calmaria ao coração da fera.  

E chegou a forma de um menino pelado, com a pele marcada. 

Chouji rapidamente retirou seu quimono, ficando só de hakama e correu até onde Naruto ficou encolhido no chão, cobriu-o. 

Atordoado, o loirinho se ergueu, segurando o tecido.

Observou aquelas crianças, mas não ocupou seu tempo perguntando o que acontecia. 

Seu olfato apurado capturava o cheiro do pai, e seu coração o dizia que precisava vê-lo com urgência. 

Em grandes saltos, impulsionava-se em direção ao buraco da armadilha, todavia não chegou até ele, muito antes, avistou o corpo de seu pai. 

Minato havia sido arremessado para alguns metros distantes, no momento que a ira da kitsune causou a explosão de energia vermelha. 

Tomado pelo temor, o hanyou chegou ao pai e entrou em pânico:

— UM MÉDICO, UM MÉDICO, OTOU-SAN AINDA RESPIRA! 

Hinata cobriu a boca com as mãos, e correu, sendo seguida pelas outras crianças. 

— RÁPIDO! ALGUM MÉDICO, ONEGAAAIII! — empalidecido, não somente pela perda de sangue, mas pelo medo de perder seu pai, Naruto seguia exclamador. 

As pessoas que se aproximavam, lentamente, não ousaram se aproximar mais que as crianças. 

Da distância, conseguiam ver a gravidade das queimaduras a abranger o artesão-camponês. 

Mesmo que sobrevivesse, viveria como um acamado, para sempre.  

A explosão de energia, despertada pela fúria da kitsune yokai, prejudicou todo o corpo do artesão-camponês, que estava muito perto, quando aconteceu. 

— Na... Naruto... — Minato entreabriu os olhos, sem cílios. 

— Não fale, otou-san, a ajuda já vai chegar. — Observava em volta e odiava ver cada rosto de aldeão, exceto, os de seus amigos. — UM MÉDICO! 

O artesão-camponês ao observar a face de seu filho, como meio menino e meio kitsune, teve seu coração confortado.

Era aquela imagem que gostaria de rever.

— Filho... eu... o amo, vou amá-lo pra sempre. — Com seus dedos cheios de dor, segurou a mãozinha do hanyou. — Continue buscando... sempre... sempre bons laços... 

Esperava que sua morte fosse o suficiente para que não punissem seu filho. 

Então deixou aquele pedido, para que o pequeno não alimentasse rancor. 

Todavia, se Naruto fosse punido, não teria problema, significaria que os dois se encontrariam, onde quer que fossem parar, depois da morte. 

— Lie, otou-san, descanse!  Não fique falando! — implorava o meio yokai, percebendo que o simples ato de falar, exigia imenso esforço do homem. 

Os batimentos cardíacos de Minato se reduziam e se tornaram indetectáveis.  

E apesar da queimadura a percorrer a superfície do homem, percebia-se sorriso sereno, de um homem que partia em paz daquele mundo, sabendo que seu filho retornou à forma inocente que amava. 

Independentemente, do que aconteceria a Naruto, Minato tivera o prazer de vê-lo, uma vez mais, com a pureza da forma de hanyou.

O hanyou que teve orgulho de ter como filho. 


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