Love Kitsune escrita por BlackCat69


Capítulo 26
Capítulo Futuro (parte 5)


Notas iniciais do capítulo

Capítulo alterado no dia 7 de junho de 2021



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Karin permanecia assentada nas raízes da imensa árvore.

Desconhecia quanto tempo chorou.

Pela quarta vez, passou o dorso da mão pelo nariz, enxugando-o.

Todos os kodamas se dispersaram, nenhum mais perto da Uzumaki.

Colocou a mão em sua bochecha direita, de leve encostou sua palma no machucado.

Se pressionasse mesmo que um pouquinho, sairia sangue.

As mãos de Suigetsu podiam ser usadas como armas, as escamas que ele fez surgir na mão eram afiadas. 

Pensando em retornar para casa, seu coração se contristou.

Retornaria sem o presente de sua avó e com o rosto machucado, imaginava o desespero de sua mãe, e a preocupação do seu tio.

“Okaa-san me encarregou de entregá-lo somente quando você se tornasse mulher, maaas confio que cuidará dele bem.”

Seu tio deveria tê-la dado o presente quando fosse adulta, como sua avó gostaria.

Teria sido melhor, descobria tardiamente que não estava pronta para andar com ele por aí. 

Sua família e ninguém mais acreditaria que um menino peixe roubou seu colar.

Bem, poderia convencê-los de que foi um menino que roubou, sem precisar mencionar a parte do peixe.

Sua mãe e seu tio fariam alguma coisa para encontrá-lo.

Tentou buscar algum lado positivo.

— Minha nossa, quem fez isso em seu rosto?

Uma voz se dirigiu para Karin.

A Uzumaki virou o rosto, assistindo uma menina se aproximar.

A aparência da menina a impressionou.

Imediatamente, Karin se colocou de pé, encarando a recém chegada dos pés à cabeça.

Esfregou os olhos, limpando sua vista do embaço das lágrimas, buscando a certeza do que via.

A menina era ruiva, de tonalidade forte.

Até aí não era algo surpreendente, haja vista que se tornava uma cor comum em Konoha.

O que surpreendia Karin era o visual.

Os cabelos presos em dois coques, em perfeitas bolas, sem nenhum fio solto.

O pequeno corpo sumia em um imenso quimono branco, as pontas das mangas de tão largas quase encostavam ao chão.

O quimono possuía uma pequena cauda a arrastar no solo.

A menina preocupada cessou seus passos, dois metros distantes da Uzumaki.

Karin balbuciou duas vezes, e na terceira conseguiu comentar completamente:

— Você se parece com minha obaa-chan. 

A menina entreabriu a boca, de olhos assustados, mas no segundo futuro, sua expressividade surpresa se desfez em risos.

Quando se acalmou, verbalizou divertida:

— Eu pergunto quem a machucou, e a primeira coisa que fala é que pareço com sua vó, que hilário. — Retomando sua preocupação, insistiu: — Por favor, me diga quem a machucou, está com medo de revelar? Essa pessoa está te ameaçando?

Karin sacudiu a cabeça, pondo a mão na testa. Ainda sem respondê-la, explicou sua comparação:

— Desculpe, não consegui me concentrar. Você é igual a obaa-chan quando era criança. Eu gostava de ver o álbum de fotografia com ela, e logo na primeira página tinha uma foto dela vestida exatamente desse jeito. É impressionante, até seu rosto é como o dela na fase infantil.

— Que coincidência, hoje mais cedo eu pousava para várias fotografias, sou a primeira da minha família a sair em uma. Antes disso, só tínhamos quadros pintados.

Atônita, Karin interrogou:

— Qual o seu nome? Onde você mora?

— Calma menina, por que essa preocupação? Meu coração quem deveria se desesperar, vou ajuda-la. — Segurou a mão de Karin e começou a conduzi-la. — Sou de Konoha, é aqui pertinho, vou te levar pra casa. Minha okaa-san cuidará do seu machucado.

— Konoha? Você vive em Konoha? — a situação não parava de despertar surpresa em Karin.

— Pelo jeito já conhece, melhor ainda. — A menina dissera, satisfeita.

— Qual seu nome? — Karin questionou, recolhendo seu braço, com força. 

A menina se virou novamente para Karin, estranhando a reação dela, respondeu-a:

— Mito Uzumaki.

— O mesmo nome... mesmo nome...

— É o mesmo nome da sua vó? — Mito perguntou, surpreendida. A cara da menina de óculos confirmava que era. — Nossa, quanta coincidência acontecendo.

Por um segundo, o mundo ao redor de Karin girou em uma velocidade sobre-humana, uma tontura quase a derrubou, mas ela prevaleceu firme.

Rangeu os dentes e saltou sobre a menina, tentou puxar-lhe os cabelos, mas seus pulsos foram segurados por Mito.

A cabeça de Mito ia e voltava contra o chão, medindo forças contra Karin que a todo custo queria machucá-la.

Mito se desesperava:

— O que há? Saia de cima de mim! O que eu lhe fiz? Socorro!

Karin sem deixar de tentar machucá-la, vociferava:

— É o menino peixe, eu sei que é, seu desgraçado! Você sabe usar alguma magia, não sabe?! Conseguiu entrar na casa enquanto eu dormia?! Encontrou o álbum não foi?! Está se transformando na obaa-chan para me atingir! Por que me odeia tanto?!

— Menino peixe?! Você o conheceu?! Foi ele quem fez isso com você?!

— PARA DE FINGIR, DEVOLVA-ME O COLAR DA OBAA-CHAN!

— Ele também roubou seu colar... — Mito falou, em lamentação.

Karin se deteve, parou com suas tentativas de machucar a outra Uzumaki. Todavia, permaneceu em cima dela.

Ofegante, observou o coque desfeito do lado direito.

O coque esquerdo apenas se afrouxara.

De orbes marejando, Mito perguntou:

— O colar também lhe era especial?

Karin se retirou de cima dela, cobrindo a face com a palma direita, perguntando-a:

— Ainda tem duvida? 

— Eu mal completei um mês com o colar, foi um presente especial. — Mito dissera. — Me senti horrível por ter sido roubada tão fácil.

— Sabe por que ele nos roubou? — Karin perguntou, abaixando a mão.

Mito meneou, em negativa. Pondo-se de pé, complementou a resposta:

— Não o vi desde que ele roubou. Sequer me explicou. — Esfregou suas pálpebras, e respirou fundo antes de pergunta-la: — Qual o seu nome?

— Karin Uzumaki.

— Uzumaki, hum interessante. — Mito segurando o queixo, analisou o visual da menina de óculos. — Suas roupas são diferentes, um pouco mais diferente que as dos estrangeiros. Veio do segundo mundo? 

— Segundo mundo?

— Ixi, não sabe? — Mito esfregou a cabeça. Desceu a mão ao peito, estalou os dedos, sorrindo. — Por que não vem comigo? Conheço uma pessoa que pode nos explicar o que está acontecendo, e ela tem um remédio muito bom para machucados.  

Karin hesitou, ela moveu o rosto para cima.

Nas copas das árvores não avistava mais nenhum kodama.

Mito em calmo timbre, verbalizou:

— Está muito assustada, não está? Posso esperar que se acalme.

Karin se concentrou:

— Não, vamos indo. Eu quero respostas o quanto antes.

— Que bom, vamos indo então, não é muito longe. — Mito se reanimou, começou a arrumar o cabelo, virando-se de costas à menina de óculos.

Karin se apressou assim que a outra Uzumaki começou a andar.

Deteve sua velocidade, seguindo Mito a um passo distante.

Interessou-se:

— Me explique sobre o segundo mundo.

De cabelo preso como antes, Mito refletiu um pouco, pensando por onde começar.

Introduziu-se no assunto:

— Já que você conheceu o menino peixe, não será difícil convencê-la da existência de um mundo apenas para yokais. — Virando o rosto pro lado, por cima do ombro observou Karin.  — Será?

A ruivinha de óculos se emudeceu durante cinco segundos, questionava a si mesma.

Como imaginar que um dia conheceria um tritão?

Ou aquelas criaturas esquisitas na floresta?  

Àquela altura, por que desconfiar que aquela menina mentia sobre um mundo yokai?

Seguramente, respondeu-a:

— Não será.

— Que bom. — Mais tranquila, Mito voltou seu rosto pra frente e explicou a respeito: — O mundo dos yokais é apelidado de “segundo mundo” e ocupa o mesmo espaço que o nosso, mas graças a uma barreira mágica, o que eles fazem lá não interfere no que a gente faz aqui. O contrário também vale.

— O mesmo espaço. — Karin repetiu, pensativa. — Significa que se yokais passarem pelo mesmo lugar que o nosso, nesse mesmo caminho e ao mesmo tempo, a gente não irá senti-los?

— Nadinha. Os dois mundos não se encostam.  Menos quando surgem algumas falhas na barreira mágica, alguns yokais aproveitam elas para escaparem pra cá.

Karin repreendeu um gemido doloroso.

Um mosquito havia pousado em seu machucado na face.

Ela se esquecera de que aquela região estava sensível, e deu uma tapinha para matar o mosquito.

Além do mosquito conseguir escapar, ela ainda se despertou dor.

Concentrando-se no assunto, sustentando a dor, perguntou:

— Como é possível ter falhas em uma barreira mágica?

— A magia precisa ser renovada todo ano, pois quando ela enfraquece, digamos que ela "rasga" em vários lugares. Surgem buracos que servem como passagem entre os dois mundos. Há monges e sacerdotes que realizam um ritual em vários lugares do Japão para corrigirem essas falhas. Mas a quantidade de monges e sacerdotes é insuficiente para estarem em todos os lugares ao mesmo tempo, nos quais sejam necessários fortalecer a barreira mágica. Então é comum algum yokai atravessar uma falha na barreira, antes de ela ser corrigida.

Karin arqueou uma sobrancelha, questionando-a:

— E você achou que eu fosse um yokai?

Mito sorriu ao responde-la: 

— Pensei que você fosse uma kitsune, yokai dessa natureza pode assumir forma humana. E como você tem o sobrenome Uzumaki, pensei que pertencia a alguma família Uzumaki do segundo mundo.

Karin parou de andar, absorvendo a informação.

Mito poucos metros depois, percebendo não ser mais seguida, refez parte do caminho até parar a três metros de Karin.

A Uzumaki de óculos um pouco nervosa, verbalizou:

— Eu sinto muito dizer, mas é você que vive no segundo mundo. Eu saberia da existência de outra família Uzumaki em Konoha, é uma cidade pequena, e todos conhecem a obaa-chan. Eu nunca conheci um yokai antes de ver o menino peixe, e ele nem é todo yokai, é metade humano. Talvez aquelas criaturas pequenas e brancas na floresta sejam yokais completas. Hoje foi a primeira vez que as vi.

— Criaturas pequenas e brancas? — Mito virou o rosto pros lados. — Onde? Em que lugar?

— Alguns estavam perto de mim antes de você chegar, mas depois de um tempo foram embora... ou se esconderam no alto das árvores.

— Depois avisarei a okaa-san para procura-las. Ela é uma seladora. — Adivinhando o intuito de Karin perguntar o que seria uma seladora, antecipou sua explicação: — Okaa-san captura yokais que passam pelas falhas na barreira e realiza o selamento, bane-os para sempre no segundo mundo. — Ela estendeu o braço, de mão quase toda fechada, permitiu somente o dedo indicador e o maior se empinarem. — Okaa-san gruda um selo na yokai e recita algumas palavras, aí uma passagem na barreira mágica se abre o suga de volta ao segundo mundo. — Movia sua mão, imitando os movimentos que sua mãe realizava durante o selamento.

— É impressionante... ela me parece uma mulher corajosa.

— É bastante, serei uma seladora tão boa quanto okaa-san. — Virando-se de costas, Mito retomou seu caminho. — É melhor continuarmos.

Seis passos depois, olhou uma vez para trás, certificando-se de que a menina de óculos a seguia.

Karin dessa vez não fez nenhuma interrupção, de ansiedade imensa em escutar a tal pessoa a quem Mito a levaria.

Foi uma andança de vinte e dois minutos.

Karin parando na frente do movimento de águas, observou ao redor, e identificou uma pedra em formato da cabeça de um urso.

Por meio daquele elemento da natureza, Karin reconheceu o lugar:

— É uma das correntes que entra em Konoha, ela está mais cheia. Estranho, nunca vi essa corrente tão cheia, era uma das mais fracas.

— Sério mesmo? Sempre foi forte desde que eu me lembro por gente. — Mito saltou em cima de uma pedra sobre a água.  — Venha, pise nas pedras. Cuidado com as que têm limo. — Puxava toda a parte da frente do quimono para cima, não se importando de molhar a cauda da vestimenta.

Karin observou Mito pular de uma pedra a outra, com facilidade, uma prova de que era acostumada a passar por ali.

Imitou-a.

A Uzumaki de coques terminou de atravessar e assistiu a outra.

O que mais atraía Mito sobre o visual de Karin era o macacão jeans e as sandálias de velcro marrom.

Karin com um pouco mais de esforço se equilibrava sobre cada pedra, a última ficava um pouco mais distante.

Mesmo buscando seu maior impulso, quando saltou foi insuficiente.

Mas não caiu na água, Mito agarrou seu braço e a puxou à grama.

— Obrigada. — Karin agradeceu, aliviada.

— De nada.

— Ainda falta muito?

— Não, é logo atrás daqueles arbustos.

Deram dez passos até abrirem o caminho arbustivo.

Karin saiu detrás de Mito, pondo-se ao lado dela, vislumbrou a entrada de uma caverna situada do outro lado da pequena clareira.

Mito correu até a entrada da caverna, e parou. Colocou uma palma de cada lado da boca, chamando:

— Ojii-san quinto! Está aí dentro, ojii-san quinto?!

— Ojii-san quinto? — Karin se aproximou, parando ao lado dela.

Mito abaixou as mãos, virando seu rosto sorridente para Karin, respondendo-a:

— A okaa-san explicou que ele é meu pentavô. — Começou a contar nos dedos: — Tem o avô, o bisavô, o tataravô, tatataravô e o tatatataravô! — na última palavra, seus braços se abriram no alto. — Só que é cansativo usar tantos “tata”, aí eu chamo de oji-san quinto.

Um barulho de dentro da caverna atraiu os olhares das duas.

— Ele está aí dentro. — Mito se empolgou.

— Seu pentavô mora em uma caverna?

Uma imensa raposa emergiu da escuridão da caverna.

Amedrontada, Karin se escondeu atrás de Mito.

— Está tudo bem, é o ojii-san quinto. Ele está na forma de yokai completo. — Mito explicou.

A raposa sentou na frente dela e abaixou a cabeça, seu fuço encostou no meio da barriga de Mito e ela não pensou em outra coisa a não ser abraçar a face da kitsune.

O coração de Karin jazeu acelerado mais que o comum.

Aquela raposa tinha capacidade para engoli-las de uma vez, sequer precisaria mastigá-las. 

Mito soltou a cabeça do yokai.

A Kitsune se volveu à caverna, retornando à escuridão.

Karin reparou nas nove e felpudas caudas de raposa.

Mito avisou: 

— Ele deu permissão para entrarmos. 

— Eu... eu...

— Você não quer respostas? Ojii-san quinto pode não saber todas, mas pode nos ser útil.

Karin engoliu a seco, e olhou em volta, não havia ninguém por perto.

— Bem... bem... mas... não precisamos mais conversar com ele. Seu avô é um yokai, isso prova que vocês são do segundo mundo.

— Ojii-san quinto nasceu como hanyou, apenas metade yokai. Os hanyous têm permissão para vagar pelo mundo humano, contanto que não arrumem problemas. E eles precisam manter a verdadeira forma oculta. Por isso meu ojii-san quinto vive escondido na caverna.

— Mas você disse que Kitsunes assumem forma humana.

— É, se ele quiser ele pode. Mas ojii-san quinto prefere viver se escondendo na natureza. Ajuda muito a manter a identidade verdadeira preservada. Uma pena, eu adoraria que ele morasse comigo. 

— …

Karin emudecida causou impaciência em Mito.

Não suportando mais a hesitação de Karin, a Uzumaki de coques se colocou atrás da menina e espalmou suas mãos nas costas dela, empurrando-a caverna adentro.

Karin empalideceu um pouco, empurrada na escuridão da caverna, após meio minuto, algumas claridades apareciam no final do caminho.

Eram algumas velas grossas, dentro de recipientes de cobre. 

Quem as acendia era um velho alto e magro.

Entre os cabelos brancos e curtos, um par de orelhas de raposa.

De trás do seu antigo quimono, saía uma cauda comprida, abaixada.

— Yokoso. — Ele desejou as boas vindas, terminando de acender a última vela.

Doze velas postadas em círculo por aquele espaço do solo cotidianamente varrido pela cauda do meio yokai.

Mito saiu correndo e abraçou a cintura do pentavô.

Quando ele a abraçou, Karin vislumbrou as unhas compridas e limpas do senhor.

Acreditava que ele foi alguém muito belo na juventude.

Ele se apresentou, sereno:

— Olá, sou Naruto Uzumaki Namikaze.

— E-eu sou Karin Uzumaki. — Curvou-se, segurando as mãos na frente do corpo. 

— Que roupa diferente a sua. — Ele observou.

— São legais, não são ojii-san quinto? — Mito questionou. — Ela diz que é de Konoha, mas nega ser do segundo mundo.

— Hoje foi a primeira vez que testemunhei yokais. — Karin reforçou.

Sério, Naruto sentou no chão, cruzando as pernas, enfiando um pé sob cada coxa, e segurou os joelhos.

Mito sentou no colo do pentavô, de frente para Karin, e comentou:

— Ela disse que o menino peixe roubou um colar dela, o mesmo que ele fez comigo, ah se eu o pego! E foi ele quem fez isso no rosto dela.

— Aproxime-se. — Naruto chamou Karin, sua vista na forma meio yokai há tempo não era boa.

Karin confiou em Mito que se mostrava segura no colo do pentavô.

Ele enfiou uma mão sob o quimono, pegou um saco de juta, do qual retirou um pote pequeno, ao abri-lo, mergulhou a ponta do dedo na substância incolor e transparente.

— Esse remédio é dos bons, sara rapidinho. Quando eu era pequena e ralava o joelho, eu vinha pedir para o ojii-san quinto me passar, por que o remédio dos meus pais ardia muito e demorava pra sarar.

Mito motivou Karin a permitir que o hanyou passasse o remédio em seu rosto.

— Você ainda é pequena.

Naruto falou para sua pentaneta, terminando de passar o remédio na bochecha da menina de óculos.

Ele guardou o remédio dentro do saco de juta, e enfiou o saco de volta sob o quimono.

Karin não sentia seu machucado arder, o remédio era geladinho.

Escutou a pergunta do hanyou:

— Como se encontraram?

Karin abaixou a cabeça, segurou o meio do braço esquerdo, relatando:

— Eu fugia do menino peixe, o nome dele é Suigetsu. Ele queria meu colar que ganhei de presente da minha obaa-chan. Eu corri pra floresta... mas... mas ele me alcançou. E roubou de mim.

Mito puxou o quimono do pentavô, revelando-o:

— Ela disse que a obaa-chan dela tem o mesmo nome que o meu, e que se parece comigo. Sem tirar nem pôr.

Naruto franziu o cenho, mais interessado:

— Aconteceu algo a mais? Viu alguma luz? Uma magia? Alguma criatura?

— A-além do menino peixe, eu vi uma luz que envolveu nós dois. Acho que veio daquelas criaturas baixinhas e brancas.

— Kodamas. — Naruto não teve dúvidas.

— Kodamas? — Mito piscou três vezes, velozmente.

—  É mesmo! O menino peixe as chamou de Kodamas. — Recordou-se Karin, e acrescentou: — “Kodamas, me levem de volta ao meu irmão” foi o que ele disse.

— Não precisa mais explicar. — Naruto suspirou. — Kodamas são yokais capazes de viajar no tempo, por causa desse poder, ultrapassam a barreira mágica sem problemas.

— Então minha okaa-san não conseguirá selá-los? — Mito se preocupou.

— Será quase inútil. Um yokai selado ainda é capaz de usar sua habilidade no segundo mundo. Apenas não será capaz de atravessar a barreira mágica. Mas como a habilidade dos kodamas é voltar no tempo, basta eles saltarem ao tempo no qual não foram selados.

Naruto ficou de pé, carregando Mito no colo.

E continuou informando:

— Kodamas não são maus, são criaturas dóceis, mas por causa de seus poderes, outros yokais tentam captura-los, ou atraí-los, fingindo-se de amigos para poderem se aproveitar da habilidade de viagem no tempo.

— Então o menino peixe era do segundo mundo, e ele se aproveitou dos kodamas para vi... — Karin travou. Seu coração se disparou longe do normal, ao tempo que concebia algo na mente.

— Você está bem?

Perguntou Mito, preocupada se agitou, pretendendo sair do colo do avô.

O hanyou deixou sua pentaneta no chão, e Mito se aproximou da menina de óculos. 

— É o que está pensando, Karin Uzumaki. — Naruto declarou, tendo a certeza do que ocorria. — Você não é dessa era.

Mito abriu a boca, pasma. 

 


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