O Espirito do Lobo escrita por Sensei


Capítulo 28
O peso da impotência


Notas iniciais do capítulo

Hoje tenho uma surpresa...
Espero que gostem do capítulo.
Faltam só mais dois capítulos...
FELIZ NATAL!



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Capítulo 27

Carter

Fez-se silêncio na floresta.

Os gritos de Bree pararam enquanto ela se jogava no chão, sem forças.

—Seu nome. - disse Jane novamente, a voz sem nenhuma inflexão.

—Bree. - Ela respondeu, ofegante.

Jane sorriu e a menina gritou novamente em agonia. Eu não tinha certeza do que fazer, os Cullens pareciam assustados demais, se eu enfrentasse os quatro, podia eu vencer?

Eu não tinha certeza, mas tinha que salvar a vampira. A Erika nunca me pediria para salvá-la se não fosse importante.

—Ela vai lhe contar o que quiser. - disse Edward entredentes. — Não precisava fazer isso.

Jane olhou para ele, com um humor repentino nos olhos apáticos.

—Ah, eu sei. - disse ela a Edward, sorrindo para ele antes de se voltar para a jovem vampira. -Bree... - disse Jane, a voz fria novamente. - A história dele é verdadeira? Vocês eram vinte?

A menina estava deitada, arfando, a face contra a terra. Ela falou rapidamente.

—Dezenove ou vinte, talvez mais, eu não sei! - Ela se encolheu, apavorada que sua ignorância pudesse provocar uma nova rodada de tortura. - Sara e aquele cujo nome não sei brigaram no caminho...

—E essa Victoria... Ela criou você?

—Não sei. - disse ela, encolhendo-se novamente. - Riley nunca disse o nome dela. Eu não vi naquela noite... Estava tão escuro, e doía... - Bree tremeu. - Ele não queria que pudéssemos pensar nela. Disse que nossos pensamentos não estavam seguros...

Os olhos de Jane voltaram-se rapidamente para Edward, depois para a menina.

Pelo jeito a Victoria tinha planejado aquilo muito bem, indo contra os pontos cegos de Alice e Edward, por isso ninguém conseguiu descobrir sobre ela até os últimos instantes. Se ela não tivesse seguido Edward, não haveria como saber que estava envolvida...

—Fale-me de Riley. - disse Jane. - Por que ele a trouxe aqui?

—Riley nos disse que tínhamos de destruir os estranhos de olhos amarelos aqui. - balbuciou Bree rapidamente e de boa vontade. O medo da dor parecia apavora-la. - Disse que seria fácil. Disse que a cidade era deles e eles viriam nos pegar. Disse que depois que eles sumissem, todo o sangue seria nosso. Ele nos deu o cheiro dela. - Bree ergueu a mão e apontou o dedo para Bella. - Ele disse que saberíamos que tínhamos o bando certo porque ela estaria com eles. Disse que quem a pegasse poderia tê-la primeiro.

Essa frase não pareceu agradar Edward. Bree, você realmente quer viver? Olhe o que você fala, menina!

—Parece que Riley estava enganado sobre a parte fácil. - observou Jane de forma irônica.

Bree assentiu, aparentemente aliviada que a conversa tivesse tomado um rumo não doloroso. Ela se sentou com cuidado.

—Não sei o que aconteceu. Nós nos separamos, mas os outros não chegavam nunca. E Riley nos deixou, não voltou para ajudar, como prometeu. E depois ficou tudo muito confuso e todos estavam em pedaços. - Ela tremeu de novo. - Eu fiquei com medo. Queria fugir. Aquele ali - ela olhou para Carlisle - disse que eles não me machucariam se eu parasse de lutar.

—Ah, mas ele não podia lhe oferecer esse presente, minha jovem - murmurou Jane, a voz agora estranhamente gentil. - A transgressão às regras tem suas consequências.

Bree a fitou, sem compreender.

Jane olhou para Carlisle.

—Tem certeza de ter eliminado todos eles? A outra metade que se dividiu?

A face de Carlisle era suave demais quando ele assentiu.

—Nós também nos dividimos.

Jane deu um meio sorriso.

—Não posso negar que estou impressionada. — As grandes sombras atrás dela murmuraram sua concordância. — Nunca vi um bando escapar intacto de um ataque dessa magnitude. Sabe o que estava por trás disso? Parece uma conduta extremada, considerando o modo como vocês vivem aqui. E por que a garota era a chave? — Seus olhos pousaram em Bella, má vontade tingindo suas lindas feições.

—Victoria tinha ressentimentos com relação à Bella. - disse-lhe Edward, a voz impassível.

Jane riu e foi o som mais lindo que ouvi na minha vida. Como sinos tintilando ou uma risada de um bebê. Quase podia esquecer que aquela a minha frente era uma vampira sanguinária.

—Esta aí parece provocar reações estranhamente fortes em nossa espécie. - observou ela, sorrindo diretamente para Bella, o rosto beatífico.

Edward enrijeceu.

—Poderia, por favor, não fazer isso? - perguntou ele numa voz dura.

Jane riu mais uma vez.

—Só estou verificando. Ao que parece, não causei dano algum.

Eu tremi ao me lembrar do que os poderes de Jane haviam feito com Bree, ao que parece ela havia tentado com Bella, mas não funcionava com a garota.

Sortuda.

—Bem, parece que não nos resta nada a fazer. Singular... - disse Jane, a apatia voltando de mansinho a sua voz. - Não estamos acostumados a ser considerados desnecessários. É péssimo que tenhamos perdido a luta. Parece que teríamos uma diversão para assistir.

—Sim. - respondeu Edward rapidamente, a voz incisiva. - E vocês chegaram perto. E uma pena que não tenham chegado meia hora atrás. Talvez pudessem cumprir seus objetivos aqui.

Jane encontrou o olhar de Edward com os olhos impassíveis.

—Sim. Uma pena mesmo que as coisas tenham sido assim, não é?

Jane virou-se para olhar a recém-criada Bree, o rosto completamente entediado.

—Felix? — disse ela com a voz arrastada.

O vampiro que eu não conhecia se moveu, parecendo animado ao dar um passo em direção a Bree, Edward estava pronto para abrir a boca em socorro a ela quando todo mundo virou o rosto em minha direção.

Eu havia me colocado em frente a vampira.

—Carter! –Carlisle gritou, num tom de aviso.

Jane me encarou com a sobrancelha arqueada.

—Carter, não é? –Ela questionou com um sorriso. – Você parece ter algo a dizer.

—Essa vampira... Você me faria o favor de deixa-la viva? –Perguntei.

Felix riu levemente e tentou se aproximar mais uma vez, como se já estivesse certo da negativa, mas Jane levantou a mão, impedindo que ele se mexesse.

—E como está Erika? –Ela perguntou num tom bem humorado, como se não tivesse ouvido minha pergunta anterior. –Aro mandou lembranças.

—Está bem. Entrou no mar há alguns dias para trazer de volta o coração de Aro. Já está com ele em mãos a essa altura. –Falei. –Eu consigo senti-la feliz e satisfeita pelo laço que compartilhamos. Se estivesse aqui ela mandaria lembranças a ele também, com certeza.

Jane enrijeceu levemente.

Eu tinha certeza que ela sabia do perigo que o coração de Aro nas mãos de Erika seria. E também, que se esse laço que eu havia acabado de inventar fosse verdade, ela não poderia me matar ou Erika sentiria e isso colocaria Aro em um perigo maior ainda.

—Isso é realmente ótimo. Tenho certeza que o mestre ficará feliz em saber. –Ela disse, sorrindo. –Esse laço que vocês compartilham... É muito forte? Você tem como saber se ela está voltando?

Edward me encarou com um aviso no olhar. “Cuidado com o que vai dizer!” Era o que seus olhos diziam.

—Eu consigo até mesmo ouvir os pensamentos dela as vezes. –Respondi com confiança.

Não podia deixa-la descobrir o furo na minha história. Eu não conseguia sentir a Erika da distância em que estávamos.

Ela fez uma expressão desapontada.

—Entendi. Esperamos que ela volte em segurança.  –Jane respondeu de forma polida.

—Sim, ela ficará feliz em saber que os Volturi se importam tanto com ela. –Falei sorrindo de volta. –Sobre a Bree...?

Jane fez uma expressão mal humorada.

—Diga-me Carter, por qual motivo eu deixaria essa criança viva? –Ela questionou parecendo verdadeiramente curiosa, pude sentir Bree tremer levemente como se finalmente percebesse o perigo que corria. –Ela quebrou as regras.

—Ela não sabia que havia regras. A ignorância é sua maior defesa. Tenho certeza que Carlisle não vai se importar de ensiná-la. –Argumentei.

Jane ergueu uma sobrancelha.

—Podemos explicar as regras à jovem. –Edward falou, chamando a atenção de Jane. -Ela não parece relutante em aprender. Ela não sabe o que está fazendo.

— É claro! - respondeu Carlisle. -Certamente estaríamos preparados para assumir a responsabilidade por Bree.

A expressão de Jane se dividia entre a diversão e a incredulidade.

—Não abrimos exceções! - disse ela. -E não damos uma segunda chance. É ruim para nossa reputação.

—Então não vamos encarar isso como uma exceção, mas como uma troca. –propus rapidamente, enquanto puxava a mochila das costas.

Jane pareceu curiosamente interessada.

—Explique melhor.

—Vocês me entregam a vida de Bree e em troca eu darei isso. –Tirei da mochila a segunda concha que Erika mandou. Eu havia ouvido a mensagem e não era a voz de Erika que saía dela. Mas a de Serafine.

Jane franziu o cenho.

—E por que iríamos querer uma concha?

—Você não... Seu mestre. –Afirmei. –Conchas como essas servem para entregar mensagens entre as sereias. Coloque debaixo da água e vai poder ouvi-las. Essa concha em particular é de uma velha conhecida de Aro... Serafine.

Os quatro mantos pareceram afetados.

Jane me encarou friamente. Senti como se alguma coisa estivesse sendo empurrada em minha direção, mas não me machucou.

—Nossos dons não funcionam com ele também, Jane. –Edward respondeu. –Ele tem sangue de sereia.

Jane pareceu se irritar.

Parece que a sorte de Bella se estende a mim também.

Carter 1, vampira sanguinária 0.

—O caso é simples. –Eu disse, ignorando a tentativa dela de me torturar. –Me entregue a vida de Bree e eu lhe darei a concha. Mate-a e eu quebrarei a concha mais rápido do que seus dentes levariam para arrancar a cabeça dela do corpo. Acredite em mim, eu posso fazer isso.

—Sua família parece ter uma tendência perigosa de subestimar os Volturi. –Ela respondeu de forma monótona.

Dei de ombros.

—Aro vai aceitar a troca.  –Falei com certeza. –E se ele não aceitar vocês sempre podem voltar aqui e mata-la depois.

Jane bufou, irritada. Mas pareceu pensar sobre o assunto com seriedade.

Foi quando Edward sorriu de lado que percebi que havia vencido.

—Me entregue a concha e a garota é sua. –Ela disse. –Mas fique ciente que se o mestre não gostar da troca, a vida dela não será a única tirada. Mas a sua também.

Acenei com a cabeça.

—Tudo bem. Eu aceito a aposta. –Respondi.

—Felix. –Jane disse de forma entediada.

No segundo seguinte o vampiro estava na minha frente. Ele pegou a concha da minha mão enquanto me encarava com ferocidade. Mas voltou para junto de Jane em seguida.

—Foi um prazer fazer negócios com você, Carter. –Ela disse, em seguida virou para Bella. - Caius ficará tão interessado em saber que ainda é humana, Bella. Talvez ele decida fazer uma visita.

—A data está marcada. - disse Alice a Jane, falando pela primeira vez. -Talvez nós os visitemos daqui a alguns meses.

O sorriso de Jane desapareceu e ela deu de ombros com indiferença, sem jamais olhar para Alice. Virou-se para Carlisle.

—Foi um prazer encontrá-lo, Carlisle... Pensei que Aro estivesse exagerando. Bem, até a próxima vez...

Carlisle assentiu com a expressão contida.

Então eles se foram, tão silenciosamente quanto chegaram.

—--

—Você está maluco?! –A voz de Jasper soou como um trovão. Não respondi.

Eu talvez estivesse realmente maluco. Minhas pernas tremiam feito o inferno, mas eu olhei para trás para onde Bree me encarava incrédula e sorri.

Eu havia feito isso. Ela estava viva, afinal.

Vi discretamente Bella e Edward saindo junto com Carlisle. Imaginei que estivessem indo atrás de Jacob. Bree se moveu para segui-los como um instinto, mas eu virei para olha-la com censura e ela parou no lugar. Quando Bella sumiu de vista ela pareceu ficar mais tranquila.

—Aro vai aceitar a concha. –Alice falou. –Seja lá o que ele ouviu lá dentro foi o bastante para comprar a vida de Bree.

Eu respirei aliviado.

—O que havia na concha afinal de contas? –Rosalie questionou.

—Exatamente o que eu disse. Uma mensagem de Serafine. Erika pediu que ela gravasse. –Expliquei. –Ontem chegaram duas conchas, uma para mim e outra para Aro. Na minha concha Erika falou que estava bem e me fez um pedido. – Olhei em direção a Jasper. –Salve a vida da vampira Bree e entregue-a a Carlisle.

Esme ofegou, surpresa. Todos os Cullens pareceram chocados.

—Como Erika conhece Bree?- Emment questionou.

Dei de ombros.

—Ela teve uma visão. Disse que a garota era importante.

Esme então se agachou junto à menina.

—Bom, querida, você ouviu. Agora você é nossa responsabilidade. –Ela disse de forma amorosa e fez um carinho no rosto de Bree. - Alguém lá fora pediu por sua vida e pagou um preço por ela. Não desmereça essa chance.

Bree pareceu emocionada. Ela virou o rosto para mim.

—Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas acho que você salvou a minha vida, senhor fantasma. –Ela sorriu. –Obrigada.

Senhor fantasma...?

—Não me agradeça. –Neguei com a cabeça, desconfortável. –Só tente entrar na linha, tudo bem? Não mate mais ninguém.

Emment riu do meu embaraço.

—--

Após deixar Bree em mãos vampiras e capazes, eu sabia que tudo ficaria bem com ela. Corri em direção a La Push para saber de Jacob, mas principalmente para ver Leah. Quando cheguei a casa dos Black os Quileutes estavam todos reunidos na pequena sala de Billy, assim como o pai de Bella.

Lembrei vagamente que eles haviam marcado de ver o jogo para proteger Charlie dos vampiros.

Entrei na casa e puxei Embry para fora.

—Como ele está? –Perguntei.

Um grito e um xingamento soaram em seguida.

—Isso responde a sua pergunta? –Embry disse.

Eu sorri. Jacob iria ficar bem e isso era bom.

As coisas deram certo no final. Nós dois rimos, aliviados, e fomos sentar do lado de fora da casa. Ficamos olhando para o nada, pensando em tudo o que houve.

—Me diz uma coisa, você viu aquela águia gigante no meio da luta né? –Embry perguntou de repente.

—Eu acho que todo mundo viu. Era enorme.

—É... Grande demais. –Ele acenou levemente com a cabeça.

E era mesmo. Não tive tempo de pensar em como aquela coisa desceu do céu e pegou um vampiro, mas era um comportamento estranho demais para um animal.

—Você também acha que não é um animal, não é? –Perguntei.

—Sim. –Ele respondeu prontamente.

Uma águia gigante caiu no meio de campo de batalha e arrebatou um recém-criado... Não, ela não podia ser somente um animal. Havia alguma criatura em Forks do qual não fazíamos ideia da existência.

E isso é uma perspectiva mais assustadora que os Volturi.

Ficamos em silêncio, ambos com seus próprios pensamentos, quando de repente uma faísca piscou bem no meio do ar. Em frente à oficina de Jacob um pequeno buraco se abriu, se expandindo cada vez maior do tamanho de um espelho.

—Mas que diabos...? –Embry saltou, assustado.

Eu, no entanto, corri em direção ao buraco, por que senti algo familiar nele.

Magia de sereia.

Parei em frente aquela anomalia, esperando que ela crescesse até que a imagem da Erika se fizesse presente. Ela estava transformada em sereia, o cabelo preso em uma trança flutuava ao lado do seu rosto, no fundo da imagem o mar azul escuro. Ela me reconheceu e sorriu.

—Erika. –Falei, carinhoso.

—Oi Carter. –Ela respondeu. –Embry está com você?

Embry, que havia reconhecido a voz, pulou em nossa direção, vendo-a pela primeira vez desde que se despediram.

—Minha sereia! –Ele gritou, alívio soando em sua voz.

—Olá, filhote. Vocês estão juntos, isso é bom. Como estão as coisas?–Ela perguntou.

—Está tudo bem agora. –Embry respondeu.

—Agora? –Ela pendeu o rosto para o lado, confusa.

—Os assassinatos em Seattle e o vampiro que roubou a blusa da Bella, tudo estava conectado a uma vampira ruiva que queria pegá-la. –Resumi rapidamente.

—Victoria. –Erika respondeu, o rosto sombrio.

—Isso. Ela fez um exercito para matar os Cullens. Mas conseguimos detê-la, Edward a matou. E conseguimos destruir o exército formando uma aliança entre os Cullens, os Quileutes e os Guardiões. –Falei.

Ela pareceu preocupada.

—Você lutou contra vampiros, Carter?

—Sim. –Bati no peito orgulhosamente.

—E eu também! –Embry falou, tentando ganhar algum crédito.

—A garota Bree também foi salva. Como você pediu. –Contei. –Os Volturi levaram a concha também.

Erika riu, seus olhos transbordavam amor em nossa direção.

—Estou orgulhosa. De vocês dois. –Ela falou. -E como está Bella? Se sentindo culpada, imagino. É a cara dela.

Erika revirou os olhos.

—Ela está viva. –Embry respondeu, dando de ombros. –Jacob é quem se deu mal e acabou machucado. Mas o doutor Cullen está cuidando dele agora.

Uma míriade de emoções passou pelo rosto de Erika. Surpresa, preocupação, impotência e, por fim, cansaço.

—Os Quileutes, os Cullens e os Guardiões fizeram uma aliança. Uma guerra estourou em Forks. Jacob se machucou. Doutor Cullen entrou em La Push... Quanta coisa eu perdi. –Ela disse tristemente.

Embry e eu olhamos um para o outro, notando o comportamento estranho dela.

—Você está estranha, meu amor. –Embry falou, a voz suave.

—Erika... O que está errado? – perguntei.

Ela não esperava a pergunta.

—O que você quer dizer com isso? –Questionou a garota.

Eu olhei para ela de forma compreensiva.

—Por favor, não me esconda nada. –Pedi. -Eu sempre vou estar aqui para você. Não importa o que aconteça.

Ela olhou para nós dois, em seguida foi como se o que faltava para que ela se estilhaçasse de vez, apareceu. Erika colocou a mão em frente à boca para conter o choro. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e virou uma pérola que ela pegou na mão.

Embry e eu ficamos chocados.

Mas ao ver a pérola ela pareceu se recompor.

—Eu estou aqui para dizer que vou demorar um pouco mais para voltar. –Ela disse, a voz embargada.

—O que quer dizer com isso? –Embry questionou.

—Não vai fazer nada perigoso, vai? –Perguntei, preocupado.

Ela sorriu, tentando passar alguma confiança, não foi bem sucedida. Eu podia sentir que Embry estava tão preocupado quanto eu.

—Eu encontrei Serafine e devolvi o coração do guerreiro. –Ela explicou. –Mas ela me fez ver que Aro não quer o seu coração de volta, ele quer eliminar a ameaça a sua vida, apenas. Quando eu entregar o coração ele vai me matar e matar a toda minha família.

Senti como se meu sangue tivesse virado água gelada. Aquela conclusão era completamente possível.

—Eu estou indo agora em busca de algo que pode garantir nossa segurança. –Ela continuou. –Algo que pode com certeza nos salvar e só eu sou capaz de fazê-lo.

—Erika... –A voz torturada de Embry soou de forma triste ao meu lado.

Eu me sentia tão estraçalhado quanto ele. Mais uma vez Erika estaria indo fazer algo perigoso. E mais uma vez nem eu e nem Embry poderíamos ir com ela.

—Eu vou ficar incomunicável... –Ela continuou. –E não sei quanto tempo. Isso pode demorar um pouco.

Então a imagem tremulou levemente e Erika levantou o olhar para alguma coisa que estava em frente a ela.

—Senhorita Erika... A pressão do abismo está começando a me afetar. –Uma voz desconhecida soou do outro lado.

Abismo? Que abismo? Onde ela estava? O que inferno ela estava fazendo?

—Tudo bem, eu vou apenas me despedir. –Ela disse.

—Erika...! –Embry sufocou.

Eu abri a boca, balbuciando em busca de alguma coisa que a fizesse voltar para casa, mas eu sabia que não havia nada que eu pudesse falar que a faria mudar de ideia.

—Obrigado por ter cuidado da Bella como pedi, Carter. Cuide bem de Tia Jasmine, Tio Connor, papai e mamãe. Eles vivem fazendo coisas erradas quando não estou por perto. –Ela disse forçando um sorriso.

Eu podia sentir o tom de despedida em sua voz e senti vontade de chorar.

—Por favor, não fale desse jeito. –implorei.

—Embry... –Ela virou.

—Não se despeça de mim! Não ouse fazer isso! –Ele gritou. Lágrimas já escorriam do seu rosto, a dor de Embry era tão grande quanto a minha.

—Diga a Jacob que espero que ele melhore logo, ou terei que chutar a bunda dele quando voltar para casa. –Ela disse, sem se importar com o que falávamos. –Quando eu voltar nós vamos atrás do nosso filho. Se eu não voltar...

—Não!-Embry gritou. –Não ouse não voltar, entendeu? Você TEM que voltar. Por mim. Pelo nosso filho. VOCÊ TEM QUE VOLTAR!

Ele levantou o braço querendo entrar na imagem, mas apenas atravessou para o outro lado, fazendo-o gemer em desgosto. Erika chorou mais uma vez, a lágrima escorrendo pelo rosto e caindo em forma de pérola. Isso pareceu irritá-la, mas ela pegou a pérola na mão também limpando o rosto.

Agora havia duas pérolas uma por mim e outra por Embry.

—Amo você, Embry. –Ela disse com a voz tristonha.

—Eu também amo você. –Embry chorou baixinho.

—Se cuidem, os dois.

—ERIKA...! –Gritei.

Então a imagem sumiu.

Eu paralisei. Embry se ajoelhou no chão, a mão no rosto escondendo as lágrimas silenciosas.

Mas eu não era silencioso.

Eu não notei quando comecei a gritar, nem quando comecei a socar de forma histérica na parede da oficina dos Black. Logo alguns braços me seguravam tentando, em vão me fazer parar de mutilar minhas próprias mãos, mas eu apenas me soltava, voltando a socar a parede com todas as forças que eu podia, causando buracos no cimento e machucados em meus dedos.

Dor.

Nada doía tanto quanto aquela despedida idiota dela. Quem ela pensava que era para ir embora desse jeito?

Registrei vagamente alguns membros do bando perguntando o que estava acontecendo, tanto para mim quanto para Embry, mas assim como eu, Embry estava chorando demais para responder.

Foi então que meu pai apareceu e me segurou pelos braços, impedindo que eu continuasse socando a parede com força. Ele me empurrou no chão e segurou meus braços nas costas. Eu lutei por alguns segundos, aos gritos, mas ele me segurou firme até que os gritos se tornassem gemidos e em seguida eu chorava baixinho, como Embry.

Erika havia se despedido.

E eu não sabia como lidar com o fato de que talvez... Ela não voltasse nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA! Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
Câmbio e desligo



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