O Espirito do Lobo escrita por Sensei


Capítulo 22
Um favor da mãe dos vampiros


Notas iniciais do capítulo

Quem quiser conhecer o William:
https://extra.globo.com/incoming/2260283-a38-222/w480h720-PROP/xconan1.jpg.pagespeed.ic.1R9GUXSYkS.jpg



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677257/chapter/22

Capítulo 21

A tal fortaleza onde Tia Serafine morava não era tão perto assim. Tivemos que viajar o dia inteiro sem pausa para conseguirmos ver o lugar de longe.

—Jamais imaginei que nadar cansava tanto. –Falei suspirando.

Rock sorriu.

—Você parece uma sedentária. –Falou ele.

—Cala a boca. –bufei.

Estávamos a alguns metros do que parecia um imenso portão, Rock me puxou pela mão em direção a lateral, quando de repente senti meu coração acelerar, como se fosse sair pela boca... O meu não, notei um segundo atrasada, o coração do guerreiro.

Levantei o rosto como se a sentisse antes mesmo de vê-la. O portão se abriu com uma imponência de realeza, Rock parou surpreso e eu não consegui fazer nada mais que olhar para o grupo de sirens que ficava a vista, eram duas mulheres e um grupo de homens que pareciam soldados. Observei paralisada enquanto uma delas se aproximava de mim e eu simplesmente não tinha palavras para o meu choque.

Por que ela era igual a mim.

Rock ao meu lado inclinou o corpo numa espécie de saudação em direção a outra mulher que estava mais atrás.

—Rainha. –Ele disse num tom reverente, em seguida virou a mulher que se aproximou de nós. -Tia Serafine! –Ele cumprimentou sorridente.

Mas nenhuma de nós duas parecia prestar atenção a nada que não fosse uma a outra.

Agora fazia sentido a reação de Aro ao me ver... Serafine realmente era parecida comigo. Haviam algumas diferenças, a boca dela era um pouco maior, o tom do cabelo era mais escuro e os olhos... Eram como duas poças de prata líquida. Chegavam a brilhar na meia luz do palácio.

—Eu esperei tanto por você, minha filha. –Ela disse, sorrindo de forma carinhosa.

O coração do guerreiro dentro de mim batia acelerado como louco e isso me fez sorrir também.

—Desculpe a demora, Tia Serafine. –Respondi. –Aconteceram alguns problemas, mas conseguimos chegar.

Ela riu, uma risada aliviada, então se precipitou nadando em minha direção, me segurando num abraço apertado.

—Obrigada.

Eu retribui o abraço, sentindo que o coração dela batia quase tão rápido quanto o do guerreiro.

—--

Tia Serafine nos trouxe para dentro da fortaleza, Rock e eu. Ela me explicou que o lugar pertencia a rainha do mar, a mulher com quem ela apareceu no portão, ela me apresentou a rainha como sua filha e me ensinou como devia me portar quando estivesse em sua presença.

—Não sabia que o mar tinha uma rainha. –Falei um tempo depois quando estávamos sozinhos, Rock, Tia Serafine e eu, nadando em direção aos aposentos dela.

—Bom, você agora sabe, então tem que ser bem respeitosa, afinal, ela é da família. –Rock disse.

—Como é? –Perguntei surpresa.

Tia Serafine riu da minha reação.

—Anfitrite é minha avó. –Ela disse.

—Espera... Espera... Anfitrite? A deusa do mar? Eu acabei de me curvar para a deusa do mar?! — Minha voz soou mais fina no final do frase, tamanho o meu choque.

—Ela mesma. –Respondeu-me Tia Serafine que só fez rir ainda mais.

—Desculpe, eu devia ter preparado você para isso. –Rock disse, sorrindo.

Mas minha cabeça estava em outro lugar, minha mentalidade parecia se expandir, aumentando minha visão de mundo.

—Então todos os deuses do Olimpo existem? Não são apenas mitos? –Perguntei.

—Todos eles. –Ela respondeu. –Mas evite a palavra mito por aqui, meu avô não gosta.

—Avô? –Questionei.

—Sim... Poseidon. –Rock disse.

Arregalei os olhos, travada por um segundo. Minha cabeça pensou rápido fazendo todas as ligações familiares que eu ainda não tinha notado.

—Espera um segundo... –Parei de nadar, incrédula demais do meu próprio pensamento. –Se Tia Serafine é neta de Poseidon e Anfitrite, e eu e Rock somos descendentes da Tia Serafine, então...

—Então somos parentes do rei e da rainha do mar. Exatamente.- Rock completou meu pensamento.

—Oh. Meu. Deus.

—Deuses, irmã. Deuses.

Eu queria gritar ali mesmo! Mas tinha medo de perturbar alguém importante, por que, minha nossa, eu sou descendente de um deus grego. E eu estou falando LITERALMENTE!

—Meu mundo acaba de virar de cabeça para baixo. –Falei seriamente.

Tia Serafine riu mais uma vez, assim como Rock. Por fim ela nos puxou pela mão.

—Vamos, venham conhecer o meu marido.

—--

A fortaleza era realmente gigante. Nós nadamos por muitas áreas, vimos diversos tipos de criaturas e sirens, eu absorvia tudo ao meu redor com uma curiosidade que parecia longe de ser saciada. Era tudo tão incrível! Quando eu iria imaginar que um dia estaria no palácio de um deus grego, visitando minha tataravó?

Era maravilhoso e impossível demais para se lidar.

Tia Serafine parou em frente a uma grande porta e bateu.

—William?

—Pode entrar, Serafine. –Uma voz calma soou do lado de dentro.

Tia Serafine nadou para dentro do aposento. Fiquei surpresa ao notar que só a entrada do lugar tinha água, dentro era completamente seco, havia um pequeno campo de flores, como se fosse um pequeno mundo dentro daquele quarto. Havia inclusive um sol no teto. Do lado esquerdo havia também uma espécie de biblioteca ao “ar livre”, com armários cheios de livros e três poltronas.

Numa das poltronas havia um homem lendo um livro, era alto, musculoso e com longos cabelos negros, um Quileute, disso não havia como ter dúvidas, tinha a pele escura e a compleição forte da matilha. Ele levantou o rosto e nos olhou, seu rosto parecia demonstrar não se importar nem um pouco com as visitas, nem um pingo de curiosidade, nem confusão, nada... Era assustador. Serafine entrou e se sentou numa pedra que havia perto da porta, uma pedra que parecia estar estrategicamente ali para ela, afinal, ficaria difícil para ela se arrastar pelo lugar. Rock e eu ficamos parados na porta, em choque.

—William querido, você poderia me passar aquela camisa? –Tia Serafine pediu apontando para uma camisa em cima de uma das poltronas.

O homem se levantou de onde estava sentado e pegou a camisa que ela apontava. Devia ser dele uma vez que ele estava só de bermuda. Ele entregou a blusa para Serafine e voltou a se sentar na poltrona.

Ela olhou para Rock e apontou para a camisa.

Entendendo o que ela queria Rock afastou a água do corpo alguns centímetros, fazendo com que eu ficasse seco, do jeito que eu havia ensinado. A cauda se separou em seguida e ele entrou no quarto praticamente nu e em duas pernas, estado em que não ficávamos há dias. Virei o rosto para não ver partes do corpo dele que não quero nunca ver. Tia Serafine colocou a blusa ao redor do corpo dele e abotoou os botões da frente. A blusa ficou do tamanho certo para que não víssemos nada. Menos mal.

Seguindo o exemplo dele eu também afastei a água e voltei a ter pernas. A roupa que Rock havia comprado para mim no início da viagem era realmente muito útil, e como eu imaginara, o vestido havia ficado realmente curto, mas era bom o bastante não ficar nua.

Pisei no gramado com as pernas bambas, me firmei o melhor que pude e dei alguns passos na terra.

—Ah! É bom sentir chão firme novamente. –Falei sorridente e me espreguicei.

—William, quero que conheça umas pessoas. –Tia Serafine disse.

O Quileute se levantou mais uma vez e ficou em pé em nossa frente.

—Olá. –Ele disse, uma voz grossa.

—Esses são Erika e Shamrock. São nossos netos. –Ela disse. Quando ele não esboçou reação ela suspirou e disse: -Cumprimente-os.

—É um prazer conhece-los. –Ele falou com um aceno de cabeça indiferente.

Então ela virou para nós, angustiada.

—Viram?  -Ela nos olhou frustrada.

Sim, eu notei, ele agia como se fosse algo mecanizado.

—Estranho... Aro não age assim e ele não tem o coração. –Comentei.

—Aro é um vampiro Erika. Ele já teve os sentimentos dele remexido e aumentado com a transformação. Vampiros sentem com muito mais intensidade do que humanos, por isso ele consegue parecer tão... normal. –Ela explicou. – Mas William não. O único sentimento mais intenso que ele tinha antes de ter seu coração arrancado era seu amor por mim... O imprinting. Por isso ele nunca foi embora. Ele não consegue ficar longe de mim. Mas também não consegue me amar de volta.

A voz dela tinha um tom triste.

Eu podia sentir todo o anseio dela por ele... E eu me sentia tão feliz por ser capaz de entregar isso a ela.

—Então vamos fazê-lo amar você de volta. –Eu disse.

Levantei a mão e com mágica nos dedos levei até o lado esquerdo do meu peito, minha mãe entrou no peito e a fechei em torno do coração de William que batia junto ao meu. Arranquei de dentro de mim o enorme rubi. Ele pulsava levemente em vermelho, pude ver Rock e Tia Serafine arregalarem os olhos pela minha visão periférica.

Me aproximei de William, ele era realmente grande e me olhava com uma expressão vazia.

—Espero que possamos nos conhecer melhor mais tarde, vovô. –Falei carinhosa.

Então aproximei o rubi do peito dele e coloquei o coração de volta para o local a que pertence.

Os olhos opacos do Quileute pareceram brilhar antes dele respirar fundo e sorrir. Uma capa dourada em forma de lobo desceu sobre ele, como se seu espírito tivesse acabado de retornar para o corpo.

Era o espírito do lobo.

Em seguida, caiu desmaiado.

No momento em que ele caiu no chão eu entrei em pânico, desesperada que talvez eu tivesse matado o homem. Mas Tia Serafine me acalmou, avisando que era normal que ele dormisse para estabilizar os sentimentos, uma vez que ele passou tantos anos sem eles.

Dessa forma, Rock o deitou numa cama de mato que parecia o local em que ele dormia.

Nós decidimos esperar que ele acordasse ali mesmo, naquele quarto mágico. Ciente de que Tia Serafine tinha certa autoridade no local, aproveitei para pedir que ela mandasse duas conchas de mensagem para Carter, com notícias. E também com um pedido. Queria tranquilizar minha família e acabar com uma preocupação que me pinicava nos últimos dias. Havia uma visão que eu simplesmente não conseguia esquecer e me fazia pensar que eu devia fazer algo sobre isso. Eu pedi que tia Serafine ajudasse e ela pareceu solícita.

Não foi difícil para ela fazer o que pedi. E pelo que me contou, as mensagens chegariam apenas em algumas horas... Benditos sejam os mensageiros do palácio.

Nós três acabamos ficando junto à pedra onde ela estava sentada, conversando, a espera que o Quileute acordasse. Mas dois dias já haviam passado e ele ainda não dava sinal de acordar.

—--

—A lenda dizia que ele havia ficado em forma de lobo para não envelhecer, esperando o coração de volta. –Comentei, mas como um tom de dúvida.

Tia Serafine negou com a cabeça ao me ouvir falar.

—Foi apenas interpretação errônea depois de anos passando a lenda de filha para filha. A transformação Quileute é diretamente ligada aos sentimentos, então ficou realmente difícil para William se transformar desde aquele dia. –Ela suspirou olhando para o adormecido William, que sorria levemente em seu sono. Ela sorriu também. –Ele conseguia voltar ao seu antigo eu às vezes, somente quando meu avô vinha visita-lo. Nós acreditamos que é sua presença divina que faz com que William volte a ter sentimentos, mas isso só dura algumas horas. Nesse tempo ele costuma se transformar e conversar sobre tudo.

—Por isso ele continua vivo até hoje. Ele se mantém transformando quando o rei vem visita-lo para conversar. –Percebi.

—Vovô gosta muito de conversar com William, acredito que por isso ele sempre vem visita-lo. Em parte por que sou sua neta, claro, mas também por que se dá bem com meu marido. Ele ficará muito feliz quando descobrir que William finalmente tem seu coração de volta. –Ela disse, feliz.

—Tia Serafine. –Rock falou a certa altura da conversa. –Tem uma dúvida que sempre martelou minha cabeça.

—O que é, querido? –Ela perguntou.

—A senhora é neta do deus dos mares, seu pai também é um deus. Por que ao invés de ir você mesma atrás do vampiro e pegar o coração de volta, teve que esperar todo esse tempo para Erika nascer e trazê-lo de volta? –Ele questionou. –Por favor, não leve a mal.

Ela sorriu e negou com a cabeça, indicando que não se importava com a pergunta.

—Na época que conheci William eu era bastante jovem, acreditava que podia fazer as coisas sozinha e me recusava de forma ferrenha a pedir ajuda a minha família, para que não me julgassem incapaz. Hoje vejo que fui bastante imatura. Quando me vi sozinha naquela praia, com meu amado William sem sentimentos e o coração de um vampiro nas mãos, foi quando eu gritei finalmente por ajuda. –Ela disse, olhando para o lado, olhos cheios de melancolia. –Os espíritos não podiam me ajudar, então eu recorri ao meu trunfo... A minha avó. Ela me adora, por isso ficou realmente irritada com o vampiro. Ela estava pronta para ir atrás dele e mata-lo para ter de volta o coração do meu marido. No entanto nos não contávamos com Hécate.

—A deusa? –Questionei.

—Sim. Hécate é a mãe dos vampiros. Ela foi a responsável por criar a raça inteira.  –Ela explicou. – Ela viu tudo o que houve, mas não interferiu, por que ela acredita na liberdade que cada um tem de decidir seu destino. Mas ela também é mãe. Então ela decretou que se minha avó interferisse e machucasse Aro, ela mesma se vingaria por ele, matando a mim e meu marido.

— OQUE?! –Eu e Rock gritamos ao mesmo tempo.

—Ela não aceitou que deuses se metessem numa discussão da geração mais nova. Eu havia feito minha decisão de me associar a um vampiro, então tinha que lidar com as consequências. – Tia Serafine suspirou tristemente. – E no final ela estava certa. Tudo isso aconteceu por que eu fui imatura. Eu devia ter deixado o destino seguir seu curso. Por fim ela e minha avó entraram em um acordo. Nenhuma das duas iria interferir e seria dada a minha filha a missão de encontrar Aro e pegar o coração do pai de volta, assim como retornar o coração do vampiro para ele. A missão foi passando de geração a geração, até chegar em você, Erika.

—Entendi... –Falei por fim.

Me sentia de certa forma importante. Eu tinha em minhas costas as esperanças de Tia Serafine e de muitas damas da água que vieram antes de mim. E eu finalmente tinha conseguido. Era realmente reconfortante sentir que fiz as coisas certas.

Tia Serafine levantou a mão e levou até o colar que tinha no pescoço. O pingente era uma pedra negra não muito grande, tinha o tamanho do meu mindinho, e se eu juntasse a ponta do meu dedo do meio com a ponta do meu polegar em forma de O era exatamente a circunferência da pedra.

—Esse é o coração de Aro. –Ela disse.

Aquilo me chocou.

—Mas é muito pequeno! –Falei.

Ela acenou que sim com a cabeça.

—Ele era um pouco maior quando o peguei, mas não tanto. Foi ficando menor com o tempo e com as maldades que ele fez. –Ela disse. –Ele agora é seu, como você prometeu, tem que leva-lo de volta. Mas eu não sei se Aro vai querer aceitar.

Ela colocou o colar em meu pescoço e a pedra descansou entre meus seios.

—O que quer dizer com ele não querer aceitar? –Questionei.

—Pense bem Erika... –Rock falou chamando minha atenção. –Para um vampiro como ele ter um coração não deve ser algo muito bom.

—Quando ele me conheceu não era nada além de um vampiro desconhecido no meio de tantos outros. Depois que arranquei seu coração ele fundou os Volturi, matou a própria irmã e conquistou o mundo vampiro. –Tia Serafine complementou.

—Um coração só seria uma fraqueza. –Rock finalizou.

Foi como se minha mente ficasse subitamente clara.

—Ele só quer o coração por causa da ameaça a sua vida... Se eu devolver, ele não vai querer colocar de volta. –Entendi finalmente.

—Colocar o coração de volta significa sentir todos os sentimentos que ele não sentiu até hoje. E principalmente a chance de sentir arrependimento por tudo o que já fez... Não acho que ele queira isso. –Tia Serafine falou por fim.

E ela estava certa. Além dele não querer colocar o coração de volta, havia a chance dele vir atrás da minha família... E isso era algo que eu não tinha como evitar. Não depois que eu devolvesse o coração para ele.

—Tenho que arranjar um jeito de ter uma garantia contra ele. –Pensei alto.

—Você poderia vir morar aqui embaixo comigo e a mamãe. Certeza que ele não conseguiria te pegar aqui. –Rock sugeriu.

—Ah é, gênio? E a Tia Jasmine? Tio Connor? Carter? A Bella? Os Quileutes? –Falei irritada.

Ele fez uma careta.

—Esqueci desses detalhes. –Ele deu de ombros.

Andei de um lado para o outro na grama, sem saber exatamente como fazer as coisas funcionarem. Eu não podia ficar com o coração ou Aro mataria minha família, os Quileutes e até os Cullens. Mas se eu devolvesse é capaz de ele só matar a minha família. O que pode ser menos pior no contexto geral, mas era ruim do mesmo jeito.

Naquele momento Tia Serafine ofegou, ela olhava para nada com uma expressão concentrada, como se visse mais do que o que estava a frente dos seus olhos. Então ela voltou a si, saindo do que parecia ter sido uma visão.

—Talvez eu tenha uma solução.

Ela falou, sorrindo de forma marota.

—--

A solução de Tia Serafine era ter o favor de Hécate.

—Eu vi você, conversando com você mesma em uma floresta. –Ela falou enquanto nadava por entre os corredores da fortaleza.

Ela havia nos puxado de volta para a água e trancou o quarto onde William dormia. Em seguida nos rebocou de um lado a outro, procurando alguma coisa.

—Como assim? –Perguntei.

—Você estava falando com alguém muito parecida com você, até que eu percebi que você falava com você mesma, de outra dimensão! –Ela disse, parecendo orgulhosa do seu raciocínio.

Rock travou no lugar.

—Nadine?! Vai leva-la até Nadine?! –Ele questionou.

—Sim. -Ela confirmou.

—O que é Nadine? –Perguntei, confusa, olhando de um para ao outro.

—Veja bem, Erika. Existe uma infinidade de dimensões em que as coisas acontecem de formas diferentes. Em algumas eu nunca conheci William, em outras nós ficamos juntos pela eternidade sem que Aro tivesse roubado seu coração. Consegue entender? –Tia Serafine tentou explicar.

—O conceito de multiverso. Sim, eu entendo. –Falei.

—Existe uma pequena chance que em uma dessas dimensões você tenha feito algo que lhe rendeu um favor de Hécate. É aí que entra Nadine. Ela é uma sereia que tem o dom muito raro de viajar entre as dimensões. O que você precisa fazer é ir até ela e convencê-la a levar você até sua versão que tem o favor de Hécate e então convencer a si mesma a entregar esse favor a você. –Ela disse.

—Não seria mais fácil pedir diretamente a Hécate? –Questionei.

—Quer pedir um favor a uma deusa?— Ela falou surpresa. –O que você acha que tem que é bom o bastante para dar a ela em troca? Deuses são eternos, Erika. Não há nada que você tenha que possa oferecer a ela. Se você tivesse algo que seja do interesse dela, então talvez ela oferecesse uma barganha, mas se ela não apareceu até agora, acredite, você não tem. Esse é o caminho mais fácil.

Não sabia o que dizer nem o que pensar. Os deuses sempre pareceram tão incríveis nas histórias, agora que são reais pareciam realmente frescurentos.

—Tia Serafine esqueceu de comentar que Nadine mora nos abismos. –Rock falou interrompendo a conversa. -A pressão lá é esmagadora... A própria Nadine consegue evitar que as visitas sejam mortas, mas apenas uma pessoa pode entrar por vez para fazer negócios com ela. Você vai ter que ir sozinha, Erika.

Fiquei estática, não sabia o que fazer.

—Você tem duas opções, ou vai até Nadine e tenta... Ou volta para casa e procura outra solução. A escolha é sua. –Ela falou.

Rock e Tia Serafine ficaram me encarando, ambos esperando um posicionamento da minha parte.

Diferentes situações do que poderia ocorrer passavam rapidamente pela minha cabeça, onde estavam as visões nesse momento para me indicar o caminho que devia seguir? Foi então que eu tive um estalo... Tia Serafine teve uma visão! As minhas visões sempre se realizavam e meus poderes eram os mesmos de Tia Serafine.

Não havia outra opção, ou eu ia, ou estaria batendo de frente com o destino. E àquela altura da minha vida eu já tinha aprendido que não adianta ir conta o destino... Ele sempre dava um jeito de acontecer.

—Eu vou. Eu vou pegar essa chance. –Respondi.

Apesar de ter sido quem deu a ideia, Tia Serafine parecia tão preocupada quando Rock.

—Tudo bem... Eu vou chamar alguém de confiança que pode te levar até Nadine, por que eu não tenho ideia de onde ela vive. –Ela confessou.

—Erika, eu não vou poder ir com você. Então por favor... Tome cuidado. –Rock disse, parecendo angustiado.

—Eu já cheguei tão longe, irmão... Não vou morrer na praia. –Respondi.

—Hã? –Ambos, Rock e Tia Serafine me olharam confusos.

Suspirei cansadamente e revirei os olhos.

—Esqueçam.

—--

Tia Serafine e Rock se despediram de mim pouco depois, me deixando aos cuidados de um tritão metade enguia. Ele era um dos guardas da fortaleza e pareceu bastante solicito em me levar até Nadine. Antes de ir com ele, deixei o colar com o coração de Aro com o Rock, de modo que se algo acontecesse comigo, ele pudesse levar o coração de volta e junto dos Cullens e dos Quileutes, achar uma outra solução.

A viagem até o lugar onde Nadine morava não era tão longe quanto eu imaginara, ou talvez por que longas viagens já estavam se tornando tão constantes para mim que eu simplesmente já estava acostumada.

O caminho ia ficando cada vez mais fundo e cada vez mais escuro, até que o soldado parou.

—Boa parte do motivo de eu ter sido enviado com a senhorita Erika é também por causa do meu poder. –Ele disse de repente. –Milady Serafine soou que talvez eu pudesse ser útil.

—Como assim? –Perguntei.

—Eu posso abrir um canal de mensagens à longa distância. –Ele explicou. – Nós estamos perto da casa de Nadine. Há alguém que a senhorita queira soar uma mensagem antes de seguir em frente?

 Estávamos perto? Senti minhas mãos tremerem. Coloquei a mão em cima da pulseira no meu pulso, dedilhando a pedra em formato de coração com a ponta dos dedos. Respirei fundo puxando bastante água para os pulmões e disse:

—Consegue abrir um canal para fora da água?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA! Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
Câmbio e desligo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Espirito do Lobo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.