Sempre é Hoje escrita por germanismos


Capítulo 5
Around You


Notas iniciais do capítulo

Músicas do capítulo: "Around You" da Ingrid Michaelson e "Everlong" do Foo Fighters.



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Mais de uma semana havia passado desde a conversa por SMS e Lea quase não havia voltado a trocar palavras com Dianna. Hoje era o último dia de gravações e pela noite todos se juntariam para comemorar na casa de Mark. Lea já havia reservado um voo para NY para o dia seguinte, portanto esta seria uma das últimas oportunidades de passar um tempo com Dianna.

Se o piloto fosse escolhido, ela voltaria para LA e se instalaria, mas se a FOX o reprovasse, voltaria a ver seus novos amigos outra vez? Voltaria a ver Dianna? Não tinha nada que a mantivesse na Califórnia, pelo contrário, seu agente tinha propostas para novas obras na Broadway, se Glee não fosse escolhido.

— "Lea, Cory. Estão prontos?" – perguntou o diretor, esta era a última cena do dia e do capítulo.

Os dois concordaram com a cabeça e posicionaram-se para começar.

Em seu trailer, Dianna juntava suas coisas e se despedia do lugar em que havia passado grande parte de seus dias no último mês.

Dianna foi até seu carro, colocou tudo que havia tirado de seu trailer no banco traseiro e se sentou no banco do motorista, mas imediatamente se arrependeu, saiu apressada e começou a caminhar para dentro, para ver aonde estavam seus companheiros, em especial Lea. Praticamente a única conversa que haviam tido, logo após a conversa por SMS tinha sido porque compartilharam uma cena com Cory e nem bem o diretor disse 'corta' ela teve que voltar ao ginásio para gravar com as líderes de torcida.

A loira não sabia se tantos dias sem se falarem era bom sinal, a manhã seguinte ao 'incidente' como ela o chamava, a loira havia relido todas as mensagens uma e outra vez, em voz alta, em voz baixa, mas sempre chegava a mesma conclusão, se bem eram mais expressivas do que tivesse desejado não havia nada estranho, então: por que Lea não voltou a escrever?

'O que me passa? Desde quando vivo dependente de mensagens de uma amiga? Desde quando busco desculpas para cruzar com ela? Sinto falta do seu sorriso e da forma que me incomoda tê-la perto, me olhando, falando. Não é um incomodo no mal sentido da palavra, é um incomodo que se gera pelas coisas que provoca em mim...'

Dianna não queria pensar mais nisso, mas os últimos dias haviam sido eternos e tudo o que queria era ter algum tipo de comunicação com Lea, mas não podia voltar a escrever e claramente no set não tinham chance de se encontrar.

Quando caminhava por um dos corredores, Dianna sentiu como se alguém a tocava no ombro, virou e viu Mark sorrindo, sem dúvidas o rude Puck que todos viam na tela não tinha nada a ver com Mark.

— "Como está minha líder de torcida preferida?" – brincou ele.

— "Diz isso por Naya? Creio que está bem, estava no trailer a última vez que a vi." – Dianna deu uma olhada sugestiva, sabia que entre eles havia acontecido algo.

— "Hahaha! Não falamos disso, melhor..."

— "Oh...perdão, não disse nada." – a loira notou o incomodo dele, se corou, mas sorriu confidentemente para concertar seu erro.

— "Não se preocupe, D! E me diga... esta noite te espero em casa?" – Mark olhava expectante para Dianna.

— "Que dúvida tem?" – Dianna respondeu com um sorriso, mas buscando com o olhar algum sinal da morena no grupo de pessoas que se aproximavam caminhando.

— "Ótimo!" – Mark a abraçou antes de desaparecer pelo corredor, entre câmeras, extras e técnicos que se aproximavam.

Sem sinais de Lea, Dianna recordou que havia um par de cenas externas, assim que não ia poder cruzar com a morena e voltou ao estacionamento para buscar o carro. Ao chegar no carro se encontrou com Chris e Amber, cumprimentou a ambos e logo depois de conversar um pouco entrou no carro e começou a voltar para o apartamento.

A loira chegou rapidamente, entrou, se sentou no balcão da cozinha para ler seus emails, escreveu um para sua mãe e logo após terminar o enorme copo de leite e cereal, ambos na versão 'amigavelmente vegetariano', se dirigiu para o quarto, se desnudou e entrou no chuveiro.

'O que vestir? O que devo vestir? Aiiii... Às vezes queria ser um garoto, seria tão fácil a escolha desse jeito... E também esse frio diminui todas as minhas opções!'

A loira saiu do chuveiro, ficou no banheiro secando o cabelo para poder alisá-lo depois. Uma vez que estava pronta, finalmente se dirigiu para escolher a roupa para terminar de se arrumar.

'Um jeans? Não, muito comum... Um vestido? Não é como se estivesse em clima para vestido, Dianna... Hum... Quem sabe isto, isto... e... Sim, acho que achei!'

Finalmente havia escolhido a roupa perfeita. Um vestido de lã grosso de cor marfim claro que na parte inferior se transformava em uma saia, graças a uns babados, também de lã, que tinha. Não era grande, então por isso usou uma meia preta grossa por baixo. Da mesma cor também, era a jaqueta muito séria que escolheu e as botas.

'Perfeito!' pensou Dianna quando se viu no espelho. Terminou os detalhes com a maquiagem muito suave e já estava pronta para ir a festa.

Seu quarto no hotel definitivamente era algo que Lea não ia sentir falta em LA, por sorte em dois dias já estaria em seu apartamento, em sua cama, com sua cozinha, seu chuveiro, a morena necessitava de coisas que a lembrassem quem era.

Olhou sobre sua cama uma pilha de roupas e não se decidia por nenhum visual, não é que a noite era especial, mas Lea Michele não podia aparecer com o primeiro que achava, de maneira nenhuma.

Depois de vários minutos de camisas e jeans voando pelo quarto, encontrou o que buscava. Um jeans básico, botas pretas e uma blusa muito sensível, branca e uma jaqueta que chegava até o quadril de cor cinza escuro. Lea sorriu feliz e deixou a roupa em uma cadeira. O resto da roupa que estava sobre a cama empilhou e colocou despojadamente na mala.

Lea colocou música e foi para o chuveiro, tinha um pouco de tempo antes da reunião e a água era algo que sempre a relaxava.

Aproximadamente 50 minutos depois Lea estava pronta para ir na casa de Mark, ligou para Jenna, já que haviam combinado de que ela ia buscá-la.

— "Ola, olaaaaa!" – disse Lea quase cantando.

— "Hahaha... Alguém está de bom humor?" – brincou Jenna.

— "Quem sabe! Hahaha! Já vem?"

— "Estou um pouco atrasada, quer que avise a algum dos meninos para que te busque? Ou espera?" – perguntou Jenna.

— "Hum... Não, deixa! Me passa o endereço e pego um taxi."

— "Lea, liga pra algum dos meninos, Dianna mora perto, por que não pergunta?" – respondeu Jenna.

— "Não, não! Não quero incomodar ninguém, alem do mais tenho pegado mil taxis em NY, por que não posso fazer o mesmo aqui?" – disse Lea, caprichosamente.

— "Bom Michele, como quiser! Agora mesmo te mando por SMS o endereço." – Jenna desligou e imediatamente enviou a SMS prometida.

Lea já tinha a direção, assim desceu e pegou o taxi na porta do hotel. A casa de Mark era à uns 40 minutos, portanto Lea se perdeu em seu iPod, escutando música ia conseguindo que o tempo passasse muito rápido.

If I had no more time

No more time left to be here

Would you cherish what we have

Cause I'm everything that you were looking for

If I couldn't feel your touch

And no longer were you with me

I'll be wishing you were here

To be everything that I've been looking for

Lea se encontrou perdida nas letras e a única imagem que pode visualizar eram os olhos de Dianna e a realização a aterrorizou como poucas coisas haviam feito ao longo de sua vida.

— "Já chegamos senhorita." – disse o taxista com um sorriso.

Lea não soube em que momento havia perdido a consciência do tempo.

— "Oh... Sim! Quanto é?" – perguntou Lea pegando sua carteira.

— "Nada, senhorita."

— "Perdão? Como nada?" – disse Lea desconcertada.

— "Não, não posso te cobrar nada depois de te escutar cantar toda a viagem, suponho que um ingresso para te ver no palco é mais caro do que a viagem." – o motorista deu a volta e olhou Lea ternamente, como seu pai faria.

'Em que momento cantei? Oh, Deus! Isto não apenas foi uma perda total da noção do tempo como também meus atos?!' Lea não sabia o que fazer e sorriu em agradecimento ao senhor.

— "Cumprimente por minha parte a afortunada pessoa que desperta esses sentimentos em você, escutá-la cantar tem sido a melhor coisa do meu dia, assim que só me resta desejar a você o mesmo" – disse o homem calorosamente.

— "Obr-Obrigada! Muito obrigada senhor, de verdade!" – foi o único que Lea pode dizer, enquanto descia do taxi.

Não podia crer em nada do que havia acontecido, mas por sobre tudo nas últimas palavras do taxista, ficaram rodeando a cabeça de Lea: 'a pessoa que desperta esses sentimentos' pensou e de repente se deu conta quem era, levou a mão a boca e ficou imóvel. Estivera cantando para Dianna, como era possível? Por que Dianna havia se apoderado de todos seus pensamentos? Acaso a atraía? Ok Lea, já experimentou mulheres, bom, nunca nada mais que um beijo, isso era normal na Broadway, mas estes sentimentos eram algo completamente diferente, poderia gostar de Dianna?

— "Ei, Lea! O faz aqui fora? Estão quase todos na sala, vem!" – Cory gritou ansioso enquanto pegava a mão da morena e a guiava até a casa.

Lea tentou esvaziar sua cabeça e concentrar em compartilhar um bom momento com seus amigos, observou o lugar e Dianna ainda não tinha chegado o que a permitia voltar a normalidade sem se sentir completamente perdida.

'Merda Dianna, mais de 3 anos vivendo na cidade e não pode chegar a casa de Mark sem se perder?' Dianna mal dizia para ela mesmo. Quando por fim encontrou o caminho até a reunião, seu GPS não respondia e a chegada levou um pouco mais de tempo que pensava, exatamente o dobro.

Dianna por fim chegou na casa, desligou o motor do carro, olhou no espelho, retocou a maquiagem, a pouca que tinha, pegou suas coisas e desceu do veículo.

A jovem aproximou e tocou a campainha.

— "Dianna, estávamos te esperando!" – disse Mark enquanto com seus braços a convidava para entrar.

— "Se me atrasei, mil desculpas!" – Dianna se mostrava muito envergonhada.

Quando entrou viu Lea sentada em um sofá, olhando fixamente seu celular e afastada dos mini grupos que já haviam se formado. Dianna decidiu cumprimentar um por um a seus companheiros e deixar Lea por último, por sorte a morena ainda não havia notado sua presença

Os poucos metros que devia caminhar até o sofá foram eternos, suas mãos suavam e sua respiração havia perdido o ritmo, Dianna estava incrivelmente nervosa, ainda assim tomou uma grande quantidade de ar e tirou a morena de sua bolha.

— "Ei Lea!" – Dianna mostrava um sorriso radiante.

'Não pode ser que não venha, já passou quase uma hora' pensava Lea sem tirar o olhar de seu celular quando escutou seu nome, levantou a vista e aí estava ela, seu cabelo loiro completamente liso caindo sobre os ombros, seus olhos castanhos iluminando todo o lugar, seu sorriso perfeito transmitindo tanta ternura como Lea nem sequer havia sido capaz de imaginar. Lea viu parada em frente a ela a garota mais charmosa que jamais havia visto e soube que estava com problemas, seu coração começou a bater com fúria e a respiração, bom, Lea havia esquecido de respirar desde que levantou o olhar e agora faltava ar.

— "Lea?" – insistiu Dianna com cara desconcertada, mas sem perder o sorriso.

As palavras de Dianna golpearam Lea, mas serviram para trazê-la a realidade, estava quase segura que era a terceira vez que seu olhar percorria o corpo da loira de cima abaixo.

— "Ei, como está Dianna? Você veio!" – disse Lea tentando recobrar o poder sobre seu corpo e mente.

— "Hahaha! Por que pensou que não iria vir?" – Dianna falava enquanto se sentava ao lado de Lea no sofá.

A pergunta chocou Lea, como sempre faziam as palavras que saiam da boca da loira.

— "Hahaha! Não, não é isso, foi uma forma de dizer." – Lea falou rapidamente. "Tudo bem?"

— "Tudo muito bem, ainda não estava quando me perdi no caminho. Hahahaha! Não sou nada sem meu GPS!" – Dianna não tinha intenções de conter um sorriso pela situação.

— "Hahahaha! Você é um desastre Di. Tinha que vir de taxi como eu, cheguei segura e em tempo." – Lea notou imediatamente quão Rachel isso soava.

— "Veio de taxi? Por que? Por que não me ligou para ir te pegar?" – Dianna censurou incomodada.

— "Hahaha... é que Jenna estava atrasada e me chateava no hotel. E não te chamei porque tenho pensado em utilizar minha mensagem com algo mais interessante que um pedido de motorista em domicílio." – o tom de voz de Lea era quase um forma dela para flertar com a loira.

— "Quem disse que ser sua motorista a domicílio não seria interessante?" – respondeu Dianna e conseguiu, pela primeira vez na noite, que Lea se corasse.

— "Meninas, o que querem tomar?" – disse Cory sentando-se, apertadamente, entre as duas.

As duas apenas puderam ocultar seus descontentamento com a interrupção do garoto.

'Cory, sempre Cory, se não fosse porque me cai muito bem...' pensou Dianna.

'Como se Cory não pudesse se manter afastado dela mais de dois minutos, Grrrr' pensou Lea.

— "Vinho estaria bem." – disse a loira.

— "Cerveja para mim." – contestou Lea, esperando que Cory fosse, mas isso não aconteceu.

Mark estava em frente, o canadense o chamou e este foi quem trouxe as bebidas de cada uma e se uniu aos 3 que já estavam no sofá. Lea não podia tirar os olhos de Dianna e Dianna de Lea, enquanto os meninos tentavam criar um tema para conversa, finalmente Mark foi o primeiro a levantar e ir com o resto de seus companheiros. Lea esperava que Cory fizesse o mesmo, mas o canadense não tinha a intenção de fazê-lo, como tão pouco tinha intenção de tirar o olhar de cima de Dianna.

Cada segundo que passava, cada segundo que os ciúmes se apoderavam um pouco mais de Lea, até que disse 'chaga', se levantou e foi conversar com Amber sem sequer olhar a loira. A noite estava passando rápido, a comida, logo a sobremesa e agora o turno de Karaokê, ainda que Lea não tivesse intenção de participar. A nova-iorquina agora estava tomando água, o mal humor despertado por ver Cory olhar daquela maneira pra Dianna havia conseguido manter Lea quase cem por cento sóbria, a morena estava sentada em um banco e desde aí observava a todos seus companheiros, Amber, Chris, Cory e Dianna no Karaokê, Mark e Naya em algum dos quartos, Kevin e Jenna iam e vinham da zona do Karaokê à zona Michele.

Lea se surpreendeu ao ver que Dianna foi a primeira a agarrar o microfone, nomeou uma música de Ingrid Michaelson e se bem tinha muitos copos de vinho por cima, as notas começaram a sair de sua boca, cheias de doçura, de paixão, seus charmosos olhos castanhos pararam em Lea e a morena já não soube como respirar, nem acalmar a aceleração de seu coração...

I call you my friend

And thats all that I do

Why do I have to pretend

To find ways to be around you?

Lea não conhecia a música, mas cada palavra a golpeava com muita intensidade.

'Por que Dianna escolheu essa canção? Por que me olhou desse jeito? Por que voltou a me olhar desse jeito? Droga, sua voz é tão charmosa...' Lea tinha mil perguntas, mas nenhuma resposta e depois de tudo que havia passado durante o dia, não estava completamente convencida se queria tê-las.

Do you feel what I feel? Well?

Do you feel this way too?

That every wound seems to heal when I am around you

And I must be losing my mind

Maybe I have been hopelessly blind to your beauty

And you have a sweet sinful smile

I'm in trouble

You turn me upside down and around and around and around

Lea não esperou que a apresentação terminasse, precisava sair para tomar ar e foi o que fez, por sorte sem chamar a atenção de seus amigos, não podia suportar novamente o olhar de Dianna nela.

Nem bem passou pela porta e Lea se sentiu livre, respirou um pouco de ar e se sentou nas escadas da entrada. Buscou na sua bolsa cigarros, ela não era fumante, mas de vez em quando necessitava o tabaco para acalmar o nervosismo e esta situação definitivamente a atormentava.

'O que significou esses olhares? E a música? Não posso crer, jamais em minha vida me custou tanto ler alguém, nunca busquei ninguém, sempre me buscaram e agora estou aqui, perdida nas ações de UMA GAROTA, o que vou fazer? O que significa tudo isso?'

— "Fuma?" – Dianna perguntou aparecendo atrás da morena e sentando ao seu lado.

— "O que? Como? Hum... Sim, mas só de vez em quando." – disse Lea sem entender como Dianna a havia encontrado tão rápido.

— "Posso?" – a loira pegou o cigarro de Lea e sem pensar duas vezes deu uma pitada.

— "Vejo que não sou a única que fuma. Bebeu muito, me dá isso." – Lea, outra vez soava como Rachel.

— "Não bebi muito LeaBerry." – Dianna olhou Lea e colocou sua melhor cara de menina inocente.

— "Seis taças de vinho e duas cervejas é muito, Di. E o que é isso de LeaBerry?" – Lea se deu conta de como a havia chamado a medida que suas palavras saiam da boca.

— "Manteve o controle para mim? Hahahaha!" – disse Dianna levantando uma sobrancelha. "De agora em diante vou te chamar assim, quando soar como Rachel."

Lea se deu conta que não deveria ter dito isso, agora havia deixado claro que durante toda a noite esteve a observando.

— "Não me respondeu, manteve o controle por mim?" – insistiu Dianna.

— "Creio que mantive o controle por todos esta noite." – Lea inventou a resposta rapidamente e Dianna não estava em condições de retrucá-la.

— "Te chateei, não?" – Dianna não podia tirar demasiado a Lea, que tinha o olhar perdido no horizonte e isso a estava frustrando.

— "Não, só estou cansada."

— "Por isso se foi no meio da minha apresentação exclusiva?" – brincou Dianna, buscando a cumplicidade da morena.

— "Ah, diz por causa disso?... Necessitava... necessitava respirar."

— "Estava chateada." – Dianna falou ficando séria.

— "O que?" – 'Se nota meu mal humor? Os outros também notaram?'

— "La dentro, estava chateada, não sorria." – Dianna estava cada vez mais perto de Lea.

— "Hahahaha! Bebeu muito, não tem idéia do que diz." – 'Uau, é mais esperta bêbada do que sóbria'

— "Pode ser, mas por mais bêbada que esteja reconheceria seu sorriso e se não o fez é porque não estava." – 'Que inferno acabo de dizer? Deus! Que lindos lábios tem... Nunca havia notado... Ai, não não não! Isto está mal.'

Lea ficou a olhando, não tinha reação, não queria ser paranoica, mas claramente a loira manifestava que ela também estava dependente de seus movimentos.

— "Me dói muito a cabeça, quero ir dormir." – disse Dianna queixando-se e buscando algo dentro de sua bolsa.

— "Hahahaha! Te disse que havia bebido muito." – Lea sorriu. "O que procura?"

— "Minhas chaves, Lea, é impossível chegar em casa se não puder entrar no carro." – Dianna gritou inclusive um pouco mais forte do que desejava fazer e nem bem se deu conta riu para evitar que a morena a mal interpretasse.

— "De nenhuma maneira vai voltar dirigindo, veja como está!"

— "Quem disse que ia voltar dirigindo?" – rosnou Dianna.

— "E se não pretende voltar no carro, para quê quer as chaves dele?" – Lea tentava, mas era impossível seguir o ritmo dela.

— "Sim, penso em voltar no meu carro, mas não, eu não vou dirigir."

— "Ah, Cory?" – disse Lea antes de processar as palavras que saiam de sua boca.

— "Cory? O que tem Cory?" – Dianna não entendeu nada, tirou o olhar da bolsa e se encontrou com os olhos de Lea, a olhando intensamente.

— "Quem vai te levar então?" – Lea já nem pretendia seguir o ritmo da conversa, era impossível.

— "Você!" – Dianna sorria.

— "Eu? Não tenho ideia de onde estamos, o único que conseguiria é  nos fazer perder, melhor chamar um taxi." – Lea falava contra sua vontade, a ideia de ir com Dianna não a desgostava em nada.

— "Não, não! Não quero nenhum taxi e se vou perder, melhor com você." – Dianna a olhou fixamente, enquanto seus lábios secos eram umidificados por sua língua, de um modo extremamente sensual.

— "Deixa eu ver, me dê isso."

Lea tirou a bolsa de Dianna muito nervosa e buscou nela as chaves, as quais encontrou em apenas uns segundos.

— "Dianna!"

— "Di" – rosnou a loira enquanto se aproximava de Lea, se agarrava ao seu braço e apoiava a cabeça no ombro da morena. "Sim?"

Lea não se deu conta da situação, mas agora estava sentada na escura entrada da casa de Mark, com Dianna encostada em seu ombro.

A proximidade, o roce com o corpo de Dianna era grande, sentia-se extremamente linda e Lea já não teve intenções de resistir.

— "Nada Di, nada." – Lea tentava controlar seu coração enquanto falava, mas não pode controlar seu corpo e involuntariamente soltou um suspiro. "De verdade quer ir?"

— "Sim! Me leve para casa, Lea. Por favor?" – rogou Dianna soando como uma menina.

Lea não podia, nem queria negar e lentamente se colocou de pé, ajudando Dianna a fazer o mesmo. Ambas caminharam até o carro, Dianna se jogou no assento do passageiro e só se arrumou, uma vez que Lea havia ocupado seu lugar, para colocar música.

— "Oi, Jenna?" – Lea ligava para avisar que iam embora, não podia deixá-la sozinha nesse estado.

— "Lea, o que faz me ligando? Aonde está?" – Jenna se preocupou.

— "Estou aqui fora, Dianna não se sentia bem e vou levá-la até sua casa, não pude deixar que ela dirigisse nesse estado." – Lea deu a volta e viu como a loira a olhava com um sorriso.

— "Ah bom, está bem, eu digo a todos, não se preocupe. Um beijo para as duas."

— "Obrigada! Cumprimente eles por mim e diga que nos veremos em algumas semanas, não tenho dúvidas de que vamos conseguir." – sem mais o que dizer, Lea terminou a ligação.

Lea voltou a girar e esta vez viu como Dianna estava semi dormida e entrou em pânico, não tinha idéia como voltar, nem onde ela morava...

— "Dianna! Dianna não dorme!" – Lea estava desesperada.

— "O que? Não, não! Não vou dormir." – Dianna esboçou um sorriso.

Lea ligou o carro e seguindo as instruções de Dianna conseguiu sair do lugar, ainda que não podia ter certeza absoluta se a loira a estava guiando corretamente, mas era o único que tinha, assim que decidiu fazer caso.

Quando já estavam a ponto de chegar Dianna se arrumou no assento e olhou Lea com um sorriso.

— "Por que nomeou Cory?" – Dianna interrogou franzindo a testa

— "O que?" – Lea de verdade não entendia o por que dessa pergunta, até que se lembrou. "Ah, bom, não sei, é que vi como te tratava e pensei que quem sabe era mútuo."

— "Hahahaha... Com Cory? Tranqüila LeaBerry, não tenho nenhum interesse." – Dianna começou a rir e logo girou sua cabeça e ficou olhando pela janela.

Lea se sentiu aliviada de tê-la levado a salvo, mas se deu conta que não tinha como voltar ao hotel. Ia ter que esperar um taxi, sozinha e a esta hora, mas bom, pelo menos sabia que Dianna havia chegado sã e salva.

A nova-iorquina desceu do carro e ajudou Dianna a arrumar-se e caminhar rumo ao edifício.

— "O que faz aí? Não! Vai ficar aqui, Lea." – Dianna tomou a morena pela mão e foi levando ela para dentro do edifício.

— "Dianna tenho que voltar pro hotel, amanhã tenho voo para NY e necessito dormir um pouco antes."

— "Lea por favor, não vai sozinha a esta hora e a um hotel, fica aqui e amanhã cedo depois do café eu te levo."

A morena pensou no que Dianna havia dito e concordou que era o melhor, não gostava nada da idéia de ficar sozinha esperando um taxi a essa hora.

A viagem no elevador até o 5º andar foi em silencio. Uma vez que saíram daí, Dianna se dirigiu até a porta e após um par de tentativas falhas conseguiu abri-la.

— "Vai entrar ou tenho que te arrastar?" – rosnou a loira.

A morena a seguiu e uma vez dentro começou a observar o lugar, o apartamento era charmoso e manifestava o que era Dianna em cada detalhe.

As paredes eram brancas, a maioria dos móveis e decorações que o acompanhavam iam do preto ao cinza e eram abundantes os quadros com fotografias de Dianna com outras pessoas, mas também abstratas.

— "Gosta de fotos?" – Lea falou mas sem deixar de inspecionar o lugar.

— "É uma das coisas que gosto de fazer no meu tempo livre, além de escrever."

— "Também escreve?" – Lea estava surpreendida. 'Tem algo que esta mulher não faça?'

— "Sim, tenho alguns relatos, guias... não sei, desde que estava no colégio gostava de fazer."

— "Algum dia tem que me mostrar algo." – Lea estava encantada com a idéia.

— "Hum... Geralmente não mostro a ninguém, me dá vergonha. São coisas que gosto de expressar, nada mais." – sorriu Dianna dirigindo-se, com dificuldade, para a cozinha.

— "Comigo vai ser a exceção, certo?" – Lea a estava desafiando, mas na verdade estava intrigada.

— "Quem sabe? Talvez sim, talvez não...Hahahaha!" – gritou Dianna da cozinha.

A nova-iorquina seguiu observando o apartamento, toda sua atenção se deteve em um velho aparelho de som reformado, que se encontrava ao lado de um grande móvel cheio de livros, CD's e vinil.

— "Merda! Merda, merda, merda!" – mal dizia Dianna na cozinha, pelo qual Lea decidiu ver o que acontecia.

— "Tudo bem?" – disse Lea apoiando na porta.

— "Não encontro aspirinas em lugar nenhum e minha cabeça doooi." – disse Dianna frustrada.

— "Primeiro vai tomar banho, Di. Eu tenho aspirinas na minha bolsa, te espero aqui." – Lea contestou rapidamente tentando convencer a loira.

— "Me promete que não vai me deixar sozinha?" – Dianna se aproximou, pegou a mão de Lea com as suas e a olhou fixamente, intensamente, não podia evitar fazê-lo.

'É tão linda... seus lábios, não posso tirar os olhos dos seus lábios, mas... droga, estou desejando beijar uma garota? Definitivamente foi muito álcool para uma noite.'

— "Sim... te... te prometo. Anda toma banho enquanto eu busco as aspirinas." – 'Não sei com que idéia diz isso, mas a minha é não deixá-la sozinha jamais...'

Dianna sorriu, assentiu com a cabeça e desapareceu da sala.

Lea se sentou no sofá, buscou as aspirinas e olhou o relógio. Tão somente após 10 minutos, Dianna apareceu novamente na sala, sem mudar muito o seu estado.

— "Obrigada!" – dizia Dianna enquanto se aproximava. Lea imediatamente se virou para vê-la.

'Oh não, não, não! Lea tira o olhar daí, JÁ! Faz isso de propósito? O que quer?' a respiração se atracou na garganta da nova-iorquina quando viu Dianna com uma bermuda de Tommy Hilfiger muito justa no corpo, tinha um padrão escocês e por como Lea cravou o olhar nele, poderia dizer que memorizou cada linha, igual que a localização de três botões pequenos na parte da frente, o detalhe roubou toda a atenção da morena. Em cima, Dianna vestia uma camiseta preta justa que deixava claro que não havia colocado sutiã.

'Dianna Agron, você não pode ser tão sexy, Deus!' Lea se levantou e ainda sem poder coordenar seus passos, fez o melhor que pode para olhar a loira nos olhos.

— "T-toma... isto vai... isto vai te fazer bem." – disse Lea aproximando a aspirina com um copo de água, neste momento agradeceu que o mesmo não estivesse cheio, já que com a forma em que suas mãos tremiam isso teria sido um problema.

— "Obrigada!" – sorriu Dianna.

— "Agora vá dormir, amanhã vai se sentir muito melhor." – 'Afasta-te, do contrário não respondo por mim, por mais que queira, meu corpo não vai me obedecer.'

— "Lea o outro quarto é um desastre, vai ter que dormir comigo." – Dianna já estava mostrando o caminho do dormitório.

'O que? Não, não, não, não, NÃO... não tem chance que eu durma com ela, por que aceitei ficar? Em que estava pensando?...'

— "Não não! Não se preocupe, eu vou me acomodar no sofá." – Lea nem pode processar a ideia de dormir com ela, mas já estava colocando-se notoriamente nervosa.

— "Lea, por favor!" – Dianna falou com muita firmeza.

Logo após escutar o tom empregado pela loira, Lea só atinou que concordava com a cabeça e seguiu até o quarto.

'Hum... por fim não sei porque fico assim...Ou seja é uma garota, é minha amiga. É como dormir com Jonathan, certo? NÃO! Puta merda, não é como dormir com Jonathan, Jonathan não tem esses gloriosos quadris, Jonathan não me desperta vontade de atracar-me sobre ele'

A cabeça de Lea não parava e ela só caminhava atrás da loira, sem poder despregar o olhar do traseiro dela, se bem sempre havia admirado suas pernas, e sua figura, que o uniforme das líderes de torcida expunha, isto era uma coisa totalmente diferente.

— "Toma, escolha o que quiser." – Dianna estava mostrando roupas para que Lea pudesse se trocar, mas tudo o que Lea pode pensar era se havia se dado conta que ela estava a olhando havia uns segundos.

Lea pegou um short da Nike comum e uma camiseta preta, se trocou rapidamente no banheiro e deixou sua roupa em um lado. Quando voltou para o quarto se acomodou completamente tensa do lado direito, na beirada da cama, intoxicando-se com o perfume de Dianna, cada segundo que passava, mais se arrependia de ter aceitado o convite. De repente a loira se sentou e buscou algo do lado da cama.

— "O que você está fazendo?" – Lea a olhou confusa.

— "Música." – contestou Dianna.

— "O que?" – 'Deus, é tão difícil seguir seu ritmo.'

— "É que não posso dormir sem música, não se preocupe eu coloco baixinho." – Dianna apertou o play e voltou a deitar-se.

— "Ah... não tem problema, não me incomoda." – Lea respondeu enquanto tentava decifrar o que era. Dianna tinha um gosto raro musicalmente, mas raro no bom sentido.

— "O que é?" – Lea falou timidamente.

— "Hum... Foo Fighters." – a loira contestou cortante... "Cante" ordenou segundos depois.

— "O que? Mas eu não conheço." – Lea a olhou desconcertada.

— "Sim, conhece. Escuta!" – Dianna sabia que a canção havia tocado antes no seu carro e mais de uma vez.

— "Fala sério?" – perguntou a morena.

— "Sim, canta para mim por favor!" – Dianna falou enquanto encurtava a distância que as separava.

Lea escutou a canção durante uns segundos e logo a reconheceu.

— "Sim, tem razão, é a mesma música que tocou mais de uma vez quando vínhamos no seu carro"

Hello... I've waited here for you, everlong (...)

Lea começou a cantar timidamente. A morena estava completamente imóvel, seu coração colocava música em sua voz, que incrivelmente ainda seguia cantando a música, quase como sussurro.

And I Wonder, when I sing along with you...

If everything could ever feel this real forever,

If anything could ever be this good again…

Dianna invadiu o espaço pessoal de Lea completamente, se atracou junto a ela, deu um beijo no pescoço, o mais terno que esta havia recebido em toda sua vida e sussurrou "Obrigada!" no ouvido da morena. Logo colocou sua cabeça no peito de Lea e esticou seu braço esquerdo sobre a cintura da nova-iorquina que continuava tensa na mesma posição. Lea sentiu no primeiro toque um formigamento que percorria com fúria cada canto do seu corpo, logo quando os lábios de Dianna se pousaram em seu pescoço, simplesmente deixou de respirar e teve que colocar toda sua energia para não levar os dedos no local em que Dianna havia beijado, simplesmente para aumentar a doce sensação que a despertava.

Breathe out...

So I could breathe you in, hold you in...

Lea expulsou essas últimas palavras da sua boca quase em um gemido, por sorte Dianna já estava dormindo e não ia perceber.

Com toda sua força tentou acalmar seu coração, Lea sabia que era impossível que Dianna não tivesse notado, mas agarrou ao fato de que o estado da loira não a permitiria recordar na manhã seguinte.

A cabeça de Lea apenas podia processar tudo o que havia acontecido, seu pescoço ainda sentia o calor dos lábios de Dianna pousando nele, seu corpo queimava ao contato com o de Dianna e o perfume da loira impregnava todos os seus sentidos. Timidamente, Lea colocou sua mão sobre o braço da loira e permaneceu aí, desfrutando o momento, jamais havia se sentido tão bem, jamais a proximidade com outra pessoa havia provocado tantas coisas ao mesmo tempo.

As horas passaram, Dianna nunca se moveu da posição e Lea jamais dormiu, permaneceu toda a noite admirando Dianna, completamente embelezada.

Finalmente começava a amanhecer, a luz ia entrando no quarto e Lea necessitava sair, buscar suas coisas no hotel, pegar o voo e voltar para Nova York.

Lentamente a morena deslizou para fora da cama sem despertar Dianna, se trocou, deixou a roupa organizada em uma cadeira e saiu do quarto. Na sala pegou sua bolsa, tirou papel e uma caneta e escreveu:

"Espero que a aspirina e o chuveiro tenham surtido efeito. Perdão por não ficar para o café da manhã e obrigada por tudo :) . Nos vemos logo..."

Lea.

Voltou para o quarto, deixou o bilhete na escrivaninha com o iPod, sorriu e olhou pela última vez a Dianna que dormia profundamente. Horas depois Lea estava sentada no avião, ainda recordando tudo o que havia acontecido e perguntando-se, como havia cantado a música que Dianna havia pedido que ela cantasse, se tudo poderia sentir-se assim real para sempre, se algo poderia ser assim bom outra vez.


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Notas finais do capítulo

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