Sempre é Hoje escrita por germanismos


Capítulo 6
Miss You


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: "Miss You" do Rolling Stones e "Somewhere Over The Rainbow" interpretado por Israel Kamakawiwo'ole.



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Os constantes trovões e relâmpagos que iluminavam toda a sala estavam inquietando Dianna mais que o normal. Desde pequena, odiava as tempestades e não era algo que havia superado com o passar dos anos. Escrever sempre representava uma distração efetiva, mas nos últimos dias a loira se sentia completamente bloqueada.

Tirando o olhar da televisão, Dianna pegou seu notebook e voltou a revisar seus emails, mas não havia notícias de Lea.

Dianna pensou no que tinha acontecido havia já mais de um mês, quando Lea passou a noite com ela e a abrigou docemente até que havia cedido ao cansaço e dormido profundamente. Dianna não encontrava palavras para descrever o que havia sentido: segurança, tranquilidade, ternura, necessidade, desejo, calor, excitação, conforto, afeto, intensidade, intimidade. Não havia uma só palavra para caracterizar o momento, mas sabia que era algo que não havia sentido jamais, nunca antes algo a havia feito se sentir tão viva.

A loira em nenhum momento cogitou a possibilidade de sentir-se atraída por Lea, ela acreditava que simplesmente havia encontrado alguém que a fazia sentir-se segura, que se preocupava por ela, que transmitia felicidade. Desde que chegou a LA, havia feito muito amigos, uma vez que a conhecia era impossível não adorá-la, mas não tinha ficado realmente próxima de nenhum, até que conheceu Lea. Nela encontrava a contenção que não encontrava nas outras pessoas, essa era a resposta suficiente para ela, quando pensava em porque sentia tanta falta de ter Lea próxima.

Em Nova York, Lea estava tirando a maquiagem, trocando de roupa e com o único desejo de deitar-se em sua cama. O dia tinha sido cansativo, sem contar o jantar que tinha planejado com Jonathan e dois amigos dele, um deles o novo interesse amorosa dele e o outro, Theo, um amigo que Jonathan insistia em apresentar a Lea.

O jantar foi bom, Theo era todo um cavalheiro, mas Lea não pode corresponder ao flerte que, durante toda a noite, o jovem propôs. Jonathan a havia falado dele desde que voltou para NY e em toda a teoria era o garoto ideal para Lea, mas... 'Por que a ideia de passar tempo sozinha com o rapaz a incomodava tanto?'. A confusão que havia plantado em sua cabeça na noite que passou na casa de Dianna só ia crescendo a cada dia e se bem Lea sabia o que aconteceu, ainda não estava suficientemente segura para dizer em voz alta, nem sequer a seu melhor amigo, já que uma vez que pronunciar essas palavras, a situação se tornaria real e não teria como voltar.

Lea olhou seu celular, pensou em mandá-la uma SMS, mas logo desistiu da ideia. Se Dianna tivesse algum interesse em saber de sua vida teria escrito antes, até porque Lea foi a última que entrou em contato, mediante um recado, mas era válido. Sem mais Lea se meteu na cama e ligou a televisão, era tarde, mas seguramente passaria algo que chamaria sua atenção.

Dianna por sua parte, tentava encontrar a música adequada para seu humor, a lista de seu iPod não tinha descanso, mas nada a convencia, com a televisão já havia tentado, mas tão pouco encontrou nada interessante e se bem pensou em ler, não tinha nada novo. Totalmente frustrada sentou-se no sofá, olhou seu celular e seu corpo fez o resto por ela.

Papai e mamãe Sarfati nunca te ensinaram que ir sem se despedir é de má educação? D.

Lea não conseguia dormir e estava vendo novamente Funny Girl, seu filme favorito. A vibração do celular a fez pular da cama de susto. Não lembrava de tê-lo deixado em seu colo e dar-se conta da hora não ajudou muito a acalmar os nervos, mas quando olhou a tela e viu o nome de Dianna a preocupação mudou para um imenso sorriso.

Sarfati? Não me lembro de ter contado essa parte... Mas sim, me ensinaram e eu sempre levo a prática :)

'Merda Dianna! Boa forma de deixar em evidência, maldito Wikipedia' auto censurava ruborizando-se como se Lea pudesse vê-la.

Está segura? O último que me lembro é de acordar sozinha e sem companhia para o café da manhã :(

Te deixei um recado, não o viu? Aí sabia que era o melhor lugar para deixar.

Ai Lea, claro que vi! Hahahaha... Estava junto com meu iPod e não vivo sem ele... Mas isso não é uma despedida...

Foi a única despedida possível, não quis te acordar e de verdade tinha que ir.

Podia ter me acordado, tomávamos café juntas e te acompanhava até o hotel e depois ao aeroporto.

Não.

Sim.

Não.

Sim :)

Me conta algo. Como foram as festas?

Excelente! Em casa estão me mimando muito, deveria ter voltado muito antes. Hahaha! E você?

Muito bem, por sorte meus avós puderam estar também, assim, desfrutei muito. Papai Noel esteve generoso em Nova York?

Digamos que não posso me queixar, mas que tal Hannukah? Não deveria te dizer isso, mas em meu apartamento apareceram 8 pacotinhos e creio que a etiqueta tem seu nome ;)

'E sim, não pude me conter, suponho que alguma desculpa terei para voltar a te ver e morreria com a ideia de cumprir com a tradição de sua festividade' Lea repassava os motivos pelos quais em suas compras de Natal havia incluído oito presentes para Dianna.

SÉRIO? Fico feliz, deve ser por isso que Papai Noel deixou um com seu nome em baixo da minha árvore ;)

Hum... sério? E como o Papai Noel sabia que eu ia voltar para LA?

Você deve ter dito a ele enquanto comprava os oito presentes pro Hannukah :)

'Droga, tem razão... O bom é que ela também pensou em mim, ainda que não tenha me escrito ou ligado, no ano novo ao menos pensei que faria, mas nada.'

Segue aí? Conte-me algo, o que fez hoje?

Hum... Estive fazendo compras com mamãe, a tarde fui com Jonathan ver Avatar e depois jantei com uns amigos.

Kaltxì. Ngaru lu fpom srak. Tsun Oe ngahu nìNa'vi pivangkxo a fi'u oeru pllte' lu

O que? Não chegou sua SMS, na realidade chegou uns escritos estranhos.

Hahahaha... LEA! Era idioma Na'vi, do Avatar... nada, deixa, foi...

Você é tãããão nerd :)

Shhhhh :$

Hahaha! Então de verdade não falava em inglês? Devo ter ficado muito distraída. Hahaha...

Lea Michele tem tempo para se distrair? Todos os dias se aprende coisas novas.

Muito sono acumulado? Uma diva necessita do seu 'sono de beleza' :P

Aha! E... tem nome a distração que não te deixa dormir?

Dianna :)

'O que? O que disse? Estava pensando em mim? Oh Deus!' Dianna estava começando a hiper-ventilar quando seu celular voltou a vibrar.

São 4:00 aqui e sigo acordada porque meu celular segue iluminando-se com um ‘Dianna’ na tela. Hahahahah... :)

Ui, PERDÃO! Sou um desastre, nunca penso na diferença horária. Melhor te deixar dormir. Xo

Ei, não! Não pode me deixar assim :$. Já me acordou. Conte-me como foi seu dia...

Hum... estive na praia tirando fotos pela manhã, mas vinha uma forte tempestade então voltei e aqui estou.

Chove em LA? E eu estou perdendo? :(

Hahahaha1 Sim... chuva, granizo, vento, trovão, meu coração não vai suportar muito mais :(

Dianna Agron tem medo das tempestades? Tinha razão, todos os dias se aprende algo novo. Hahaha!

Ei, não ria, fico muito mal... Creio que é um trauma desde pequena, quando estava em casa sempre corria para o quarto do meu irmão e o obrigava a me deixar dormir com ele.

E vivendo sozinha, como arruma?

Hum... me escondo debaixo das cobertas em minha cama e ponho os fones de ouvido no máximo? :$

Awwwwwww, é tão terna!

Se não tivesse em NY poderia estar me fazendo companhia e evitaria que estivesse tremendo com cada trovão.

Hahaha! Você quer dizer que tenho que voltar para LA?

Sim, definitivamente... LA sente sua falta...E Dianna também!

E eu também sinto falta de LA. Mas Dianna, hum... Nem uma mensagem tinha me mandado até hoje, nem sequer para o Ano Novo, não creio que ela sinta minha falta... :(

Mas hoje mandei e você ainda nada, nem sequer para o Ano Novo :(

Mas eu fui a última que se comunicou.

Não! Você deixou um recado, mas havíamos combinado que a SMS você que ia mandar.

Mas vai seguir brigando por tudo, Dianna?

Se continuar me chamando Dianna... provavelmente :p

Acima de tudo te mantenho entretida para que não pense na tempestade... Hum! Agora que penso, me escreveu somente para isso! :(

NÃO! Te escrevi porque tinha vontade de saber como estava... Mas acabo de me dar conta que sim me distrai da tempestade :)

Fico feliz que tenha escrito e que tenha conseguido se distrair :)

Creio que antes não o fiz adequadamente assim que... OBRIGADA pelo da outra noite, estava muito ruim, não?

Não tem nada que me agradecer, teria feito por qualquer um dos meninos, não poderia te deixar dirigir.

Mas também dizia por ficar, foi um lindo gesto – 'E meu corpo sente demasiada falta do calor do seu, mas creio que isso não deveria colocar na SMS, não? E mais, creio que nem deveria sentir isso, droga!'

Passei muito bem durante todo o dia, não se preocupe ;) – 'Passei extremamente bem, estou ansiosa esperando que isso aconteça outra vez, RÁPIDO... não, isso não posso colocar na mensagem.'

Tomara que se repita rápido, prometo... ser cautelosa com o álcool :$

Me encantaria :) – 'Ok, foi ela quem disse, não eu... Devo estar sonhando, vou me beliscar...Ai, não, isso não era um sonho.'

Hahaha... é tarde, creio que é melhor eu ir tentar dormir, nos falamos amanhã? :)

Nos falamos amanhã, durma bem. Xo :)

PS.: Eu também sinto sua falta ;)

Lea ficou relendo todas as mensagens que haviam mandado na última hora e sorriu, afundando sua cabeça na almofada. A vários quilômetros de distância, Dianna fazia o mesmo e seguia repetindo para si 'eu também sinto sua falta'. A última mensagem de Lea a havia tirado um suspiro e de repente se esqueceu da tempestade que caía com força na cidade. Abraçando a almofada em sua sala, não tirava os olhos do celular.

Um par de horas depois, o alarme tocou, Lea rosnou, rolou na cama e tentou desligá-lo de muita má vontade, sua mão caiu sobre a cabeceira com fúria e para incrementar seu mau humor o jogou no piso, longe de seu alcance, sem conseguir que parece de tocar.

Depois de ter acordado com Dianna, Lea só tinha conseguido dormir 4 horas, mas ao lembrar da conversa com Dianna e o 'sinto sua falta' o sorriso voltou. Lea buscou seu celular e foi olhar novamente todas e cada uma das SMS e se deparou com duas mensagens em seu correio de voz, rapidamente apertou para escutá-los com esperança de que algum fosse dela.

— "Olá Lea! Como está? Sou Theo, J me deu seu número e nada, queria dizer que passei muito bem a noite e se tem tempo e quiser, gostaria de te convidar para ver Billy Elliot, é uma das melhores obras na Broadway esses dias! Bom, te ligo mais tarde e falamos está bem? Um beijo."

— "Genial." – murmurou Lea, pensando em como vingar-se de Jonathan por dar seu número a ele.

Imediatamente veio a segunda mensagem.

— "Lea Michele. Quem fala é Ryan Murphy. Espero que seu regresso a NY tenha sido momentâneo, porque aqui tem uma Rachel Berry a qual tem que dar vida. A FOX nos deu o OK e creio que deveria ser a primeira a receber a notícia. Me ligue quando receber isso."

'Nos escolheram, conseguimos! Vou trabalhar para uma série na FOX, a série vai ser vendida a outros países! VOU PROTAGONIZAR GLEE! E tenho que voltar a LA, uma razão real, não uma desculpa para ver Dianna! Vou poder fazer companhia a ela quando tiver tormentas e... e...' de repente Lea deixou de saltar como uma criança sobre a cama e se jogou pensando no que havia dito segundos antes.

Aterrorizada pela conclusão que pode chegar, dava voltas no assunto e decidiu deixar por alto e chamar seus pais e Jonathan para lhes dar a notícia.

Acabo de me interar, não posso crer! AAAAAAAHHHHHHH! PS.: NY não se preocupe, em LA sabemos como tratar uma estrela ;) . D.

'Hum... Ok! Posso esperar um pouco antes de dar a notícia para eles' pensou Lea enquanto começava a responder a SMS de Dianna.

Aaaaahhhh... Te juro que estou saltando sobre a cama como uma criança. Conseguimos! ;) . L.

Creio que meus gritos despertaram todo o prédio, não posso parar de saltar, vamos protagonizar uma série da FOX!

— "Parabéns, DIANNA!" – Lea não pode conter e ligou.

— "Dianna? Grrrrrr... vou me encarregar de que Quinn te faça a vida ainda mais impossível do que o script indique!" – 'Merda, como havia sentido falta da sua voz, parece uma eternidade.’

— "Hahahaha... tranquila, sabe que disse com carinho!"  – 'Necessitava tanto escutar sua voz, obrigada Glee por me dar a desculpa perfeita!'

— "Então... Hum! Tem que voltar para LA!" – 'Sim, estou muito segura de que isso soou muito entusiasmado, já foi, quem se importa? Tenho vontade de te ver já!'

— "Então... Hum! Vou ter que voltar para LA! E vou poder passar para buscar o presente que Papai Noel me deixou!"

— "Só para isso que vai passar? Está ferindo meus sentimentos Lea Michele Sarfati!"

— "Hahahaha... não seja idiota. Então, as gravações começam em menos de duas semanas?"

— "Isto dizia o email, estão loucos, mas... melhor, não aguento mais!" – Dianna não entendia como tudo ia acontecendo de forma tão rápida, mas estava tão ansiosa que nem importava.

— "Eu tão pouco, já tenho que reservar a passagem, hotel... Aiiiiii, vamos aparecer na TV!" – Lea seguia pulando na cama.

— "Ops! Lea, vou ter que desligar, minha mãe está me ligando. Falamos a noite?" – 'Que inoportuna, mamãe! Droga!'

— "Não se preocupe, eu tenho que ligar para a minha, falamos a noite, um beijo D."

— "Um beijo Lea."

—-----

Novamente o quarto do hotel, a mesma, nenhuma mudança, mas desta vez Lea sabia que era por uns dias até encontrar um apartamento, por isso tentou não deprimir-se quando voltou para o quarto.

Nas últimas noites, ela e Dianna haviam trocado SMS, contando o que haviam feito, colocando em dia e planejando algumas coisas para a próxima semana, quando Lea voltasse, só que Lea adiantou seu vôo três dias e já se encontrava respirando ares californianos outra vez.

Lea tinha estado todo o voo pensando em uma desculpa para encontrar com Dianna e dá-la a surpresa, mas nada a convencia, até que pensou em simplesmente um jantar e filmes.

'Aonde está agora? Ok... já foi, vou escrever!' pensou Lea enquanto pegava seu celular.

—---

Esse filme foi uma perca de tempo, tenho que deixar de te escutar, L.

Não gostou da minha sugestão? Como é possível? Na realidade necessita me escutar mais e inclusive com mais atenção, D.

O próximo filme será decisão exclusivamente minha :)

É uma pena que vou perder :(

Podemos ver juntas se quiser, você vai ver algo de qualidade, você tem gostos tão estranhos!

Ei!Não insulte minha originalidade.

Bom... ok, ok! Me diga... tem planos para esta noite? Está livre para um filme e comentários via SMS? :)

Hahaha... por mais que pense não encontro nenhuma desculpa que me livre de ter que ler você comentando Funny Girl.

Como sabe que é esse filme?

É? =S

Não! Hahahaha...

Ok...Graças a Deus! Eh, digo... ok. Beijo!

Adeus, DIANNA! :)

'Perfeito' pensou Lea, quem havia se assegurado que Dianna iria estar em sua casa, assim poderia surpreendê-la aí. Lea olhou o relógio e decidiu dormir um pouco, depois teria tempo suficiente para tomar banho antes de ir para casa da loira.

Dianna encontrava-se fazendo compras quando recebeu a SMS. Lea sempre saia com alguma idéia louca, mas ela não se incomodava, sentia-se tão bem estar em contato com ela que o motivo era irrelevante.

Uma vez que Dianna terminou de comprar tudo o que estava a seu alcance na Anthropologie, uma de suas marcas preferidas, decidiu que era hora de voltar ao apartamento. No caminho de volta lembrou que sua geladeira estava vazia igual que os armários e já havia sido suficiente pedir comida fora, assim que fez uma última parada no Whole Foods.

Quando Dianna finalmente voltou ao seu apartamento, eram cerca de 19:00, ou seja que Lea em qualquer momento iria escrever, sim, depois de todos esses dias já estava acostumadas a diferença horária. Deixou todas as sacolas sobre o sofá e foi buscar um copo com água, logo arrumaria tudo e iria tomar um banho para relaxar. Mas quando Dianna ainda estava na cozinha a campainha tocou, a loira estranhou, mas pensou que era algum dos vizinhos e se dirigiu até a porta.

— "LEA! O que? Como? Quando?" – disse Dianna enquanto se jogava sobre Lea e a abraçava com força.

A intenção de Lea era surpreender a Dianna, mas nunca imaginou esta recepção, o abraço da loira a tinha feito reacomodar seus pés para não cair no corredor, mas tudo o que a nova-iorquina podia pensar era no lindo que era sentir esses braços sobre seu corpo, o aroma de Dianna impregnando todo o ar e a doce voz de Dianna que era música para seus ouvidos. O abraço durou um, dois, três... bom muitos segundos, nenhuma das duas dizia nada e seguiam aí, como se o tempo tivesse parado.

Finalmente Dianna se separou e olhou Lea com um grande sorriso e olhos cheios de felicidade, sem dúvidas Lea tinha conseguido surpreendê-la.

— "Vejamos... O que? Vim te devolver isso." – disse Lea entregando a Dianna um jogo de chaves, que tinha usado para sair do prédio na última vez que havia estado no mesmo.

— "Como? Hum... avião, são uns dos meios de locomoção que estão na moda por esses anos..." – disse Lea zoando de Dianna que ainda estava boquiaberta a olhando. "E quando? Hoje ao meio-dia." – finalizou Lea.

— "Por que não me avisou? Poderia ter ido te buscar!" – Dianna não pode evitar censuras, mas ao mesmo tempo estava feliz com a surpresa.

— "E perder este recebimento? O que seria divertido nisso?" – Lea seguia sorrindo "Vai me convidar para entrar?"

— "Hum... a verdade é que veio em um mal momento, já tenho planos com uma amiga para ver um filme e ela é insuportavelmente irritante, melhor não chateá-la." – Dianna usava um tom irônico e sua expressão tentava ser séria.

— "Estou segura que sua amiga não vai se incomodar, agora se me permite..." – Lea falava enquanto entrava no apartamento.

— "Perdoe-me, isto está um desastre... se soubesse que viria arrumava um pouco." – Dianna olhou o chão envergonhada.

— "Desastre? O único desastre que vejo é que tem meia Anthropologie sobre o sofá." – disse Lea rindo e fazendo com que Dianna ficasse corada. Depois de uns minutos de silêncio Lea voltou a falar.

— "Bom, o que tem vontade de fazer? O que acha de comer fora?" – Lea se mostrava muito entusiasmada, seus olhos brilhavam de felicidade.

— "Hum... sim, como quiser." – Dianna forçou um sorriso.

— "Ou se preferir ficamos aqui e eu cozinho algo. Não te convido a minha casa, porque segue sendo o..."

— "Adoraria, comida caseira soa muito melhor." – a ideia de comida caseira e com Lea era o plano ideal.

— "Perfeito, você não sabe, mas sou tão boa cozinhando como cantando."

— "Depois dessa amostra de humildade vai seguir insistindo que não é uma diva?" – a loira a olhou levantando uma sobrancelha.

— "Eiiii! As divas não cozinham, ponto a meu favor!"

— "Touché" – Dianna começou a rir.

— "Além de Na'vi fala francês? Você é um grande mistério, Agron!" – 'E tenho toda minha energia focada em descobri-los.'

— "Um mystère c'est La plus profonde chose qu'il y ait pour l'imagination humaine"– disse Dianna muito séria, olhando-a nos olhos.

Lea ficou boquiaberta e ao mesmo tempo maravilhada, não é que Dianna tivesse que fazer muito esforço para brilhar diante os olhos de Lea, mas escutar sua doce voz em um perfeito francês praticamente transportou Lea direto para a e xcitação.

— "Ok... está começando a me intimidar, melhor falarmos do jantar."

— "Hahahaha... também falo inglês e um pouco de italiano. Mas nada se compara com intimidar a Lea Michele Sarfati." – Dianna começou a gargalhar.

— "Não posso crer que você fala italiano e eu com meia família italiana não sei dizer nada, que frustrante!" – Lea franziu a boca, parecia uma menina e Dianna a viu adorável.

— "Hahaha... Quando quiser eu te ensino, Sarfati."

— "Ninguém me chama Sarfati, como sabia?" – Lea levantou uma sobrancelha e agora era ela que intimidava a Dianna.

— "Eh... mas é seu sobrenome, não?" – Dianna buscava tempo para responder a pergunta. Lea não disse nada, apenas concordou com a cabeça.

— "Lea, aparece no Wikipedia, não é como se fosse um segredo."

— "Hahahaha... me procurou no Wikipedia? Isso sim que é gracioso." – Lea não pode conter um riso.

— "O que? Não, eu não disse isso!" – Dianna ficou corada.

— "Então, como sabe que aparece lá?" – Disse Lea mordendo o lábio e fixando seu olhar nos olhos castanhos que tanto tinha sentido falta.

— "O que acha de começarmos o jantar?" – Dianna procurou mudar de assunto.

— "Vai me ajudar?" – disse a morena sorrindo e seguindo a loira rumo à cozinha.

— "Sim, claro!”

Depois de um tempo Lea havia se apossado da cozinha, tinha todos os ingredientes sobre a mesa e Dianna só se limitava a observar, totalmente hipnotizada pela graça com que Lea se movia na cozinha.

Nisso Dianna notou muito silencio e saiu da cozinha rumo a sala.

— "Ei... aonde vai?" – Lea perguntou com um grito da cozinha.

— "Só pensei em colocar música, tudo bem?" – Dianna respondeu, mas sem esperar a resposta de Lea deu play no som.

— "O que é isso?" – Lea perguntou confusa, não reconhecia a música, o que era hábito quando Dianna a escolhia.

— "Como é possível que uma estrela da Broadway nunca reconheça uma música?" – Dianna movimentava sua cabeça em negativa, exagerando sua indignação.

— "È que uma estrela da Broadway só reconhece grandes clássicos, temos um ouvido muito esquisito." – Lea não pode evitar presumir.

— "Grrrrrrr..." – foi tudo o que escutou por parte de Dianna, quem estava roubando as expressões faciais de Quinn.

— "Tranquila, Quinn. Foi uma piada. Gostei, por isso perguntei o que era." – Lea sorriu inocentemente.

— "É uma banda francesa, se chama Phoenix, adoro!" – Dianna voltou a suavizar sua voz e suas expressões, voltando a ser a mesma de sempre.

A música não havia sido uma má escolha, agora Lea não somente cozinhava como também dançava e tentava seguir a letra, demais para Dianna que decidiu deixar Lea sozinha e ir tomar um banho para relaxar.

— "Ei... Outra vez, aonde vai?" – disse Lea levantando o olhar e vendo como Dianna saia da cozinha.

— "Aproveitando que está indo tão bem na cozinha, pensei em ir tomar um banho." – Dianna a olhou encolhendo os ombros.

— "Mas vai me ajudar! Vai me deixar sozinha? Aonde estão os bons modos, Dianna?" – Lea se comportava como uma menina para despertar sua simpatia.

— "Se tivesse esquecido de me chamar assim, seguramente me convenceria, em troca agora vou ir tomar banho e enquanto isso você termina com isso." – Dianna tirou a língua brincando com ela e abandonou o lugar.

'Tranquila Lea, tranquila' repetia para si mesma, 'é demais, a atitude de Dianna, sua presença, seu aroma, sua voz, seus olhos, sua língua... Oh Deus, sua língua!' É melhor não pensar que estava tomando banho, completamente nua, a uns poucos metros. Se definitivamente Lea tinha conseguido ficar excitada só com os pensamentos que inundavam sua cabeça, quem sabe agora Dianna não era a única que precisava de banho.

— "Droga! O que diabo faz, Lea?" – gritou a morena, esta vez em voz alta ao ver como seus pensamentos a havia distraído tanto a ponto de terminar de cortar um dos vegetais e seguir com seu dedo.

O sangue começou a sair e Lea entrou em pânico, primeiro colocou a dedo em baixo da torneira e em seguida cortou um pedaço de pano de uma das toalhas e amarrou em seu dedo, a modo de proteção.

Depois do pequeno acidente, Lea terminou de fazer a comida e sem sinais de Dianna, decidiu ir para a sala esperá-la.

Dianna saiu do chuveiro o mais rápido que pode, secou o cabelo e buscou se vestir, sem entender porque a roupa era algo importante, mas sabendo que um simples jeans poderia fazer a diferença, a diferença em quê? Não ia sair do apartamento e a companhia era uma amiga, mas ainda assim Dianna buscou durante vários minutos o que era mais indicado para a ocasião.

Quando finalmente estava saindo lembrou que não tinha colocado perfume e voltou para o quarto, agora sim estava pronta e nem bem saiu do quarto, se perdeu no delicioso aroma que brotava no apartamento.

— "Sentiu minha falta?" – disse Dianna em um tom muito doce e com um tímido sorriso, enquanto se unia a Lea no sofá.

'Não, não pode ser mais linda, né?...' pensou Lea enquanto percorria o corpo de Dianna com o olhar, de cima a baixo. A loira só tinha vestido um jeans justo e um suéter com gola V.

— "É obvio, na próxima vez, quem sabe, pode me visitar em NY." – disse Lea sem pensar, para logo obviamente colocar-se corada.

— "Na realidade disse porque te deixei cozinhando sozinha...Mas é muito lindo saber que em New York sentia minha falta, quem sabe se receber um convite, eu vá." – Dianna se corou e mordeu o lábio inferior, para ocultar sua felicidade pelo que Lea acabara de dizer.

— 'Oh Deus... Isso é muito sexy, que não volte a fazer porque não sei em que vai terminar tudo.' Pensou Lea colocando-se nervosa e tranquilizando sua respiração para poder responder.

— "Teria ido?" – Lea necessitava saber se disse de verdade.

— "Por que não? Nova York é uma cidade charmosa e você seria uma guia ideal."

'Merda Lea, por que não pensou nisso antes?' a voz interior de Lea não tinha planejado calar-se, como sempre sucedia quando Dianna estava a sua frente.

— "Bom, pronta para o jantar? Ou tem mais coisas para fazer enquanto eu fico sozinha olhando a TV?" – Lea a olhava fazendo cara triste.

— "Mais que pronta." – Dianna sorriu e foi colocar a mesa, enquanto Lea terminava na cozinha.

— "Oh Lea... por Deus! Isto cheira muito delicioso e se vê impressionante!" – Dianna não ocultava sua emoção.

— "Te disse que a cozinha é um dos meus fortes."

As duas comeram, riram, conversaram, brigaram e desfrutaram o tempo em companhia da outra, a felicidade era vista no sorriso de cada uma e sem dar-se conta o tempo havia passado voando.

— "Tinha pensado em convidá-la ao cinema como agradecimento pelo delicioso jantar, mas à esta hora será impossível." – Dianna estremeceu olhando o relógio.

— "Oh... Não se preocupe, seguramente está cansada e de todos os modos não tinha nada bom na programação." – Lea se dispunha a juntar suas coisas.

— "Ei... para! Já vai?" – a decepção se fez presente no rosto da loira.

— "Hum... pensei que estava cansada e eu..." – Lea a olhou confundida, nesse momento, Dianna a interrompeu.

— "Disse que não podíamos ir ao cinema, mas o que acha de vermos um filme aqui? Te deixo escolher entre minha coleção ou podemos alugar algo." – a loira falava dando-lhe um sorriso.

— "Sim, isto parece ótimo!" – Lea voltou a deixar suas coisas e se sentou no sofá.

O filme que Lea escolheu foi "The Wizard Of Oz", a morena se surpreendeu pela coleção de Dianna, muitos clássicos e claramente a loira era fanática de Audrey Hepburn. O filme estava na metade e ambas estavam no sofá em silêncio, não muito longe, tão pouco muito perto, mas desfrutando do filme.

Quando chegou sua parte preferida, Lea começou a cantar, quase como um sussurro as palavras escapavam de sua boca:

Somewhere over the rainbow

Skies are blue,

And the dreams that you dare to dream

Really do come true

Someday I'll wish upon a star

And wake up where the clouds are far

Behind me…

Nem bem Lea entoou o primeiro verso, Dianna colocou toda sua atenção nela, vê-la cantar desse modo, quase sussurrando, com um sorriso mais doce que ela tinha conhecido, esse que só aparecia quando elas estavam sozinhas, a despertava muitos sentimentos, seu coração batia mais rápido e sua respiração perdia o ritmo. Sem dizer uma palavra, Dianna pegou uma coberta que estava ao seu lado e se juntou a Lea, encostando sua cabeça no ombro da morena e cobrindo seus corpos com a coberta.

Lea tremeu diante o contato físico, mas seguiu cantando a música e lentamente deslizou seu braço para trás da loira, deixando-o descansar sobre a cintura de Dianna. Dianna sentiu como ela se acomodava, mas não se incomodava pelo que Lea havia feito, pelo contrário.

Depois de uns minutos e quando havia voltado o silêncio, Dianna pegou a mão de Lea e começou a brincar docemente com os seus dedos, enquanto a morena sorria feliz.

— "LEA! O que é isso?" – disse Dianna separando-se um pouco e levantando o olhar.

— "O que? Que coisa?" – Lea estava entrando em pânico, sem entender o que havia acontecido com Dianna.

— "Isto Lea." – disse Dianna levantando a mão. "Se machucou e não me disse? Como vai colocar isso!"

— "Ah! Hahahaha... me assustou. Sim... é que sangrava e você estava no banheiro e bem..." – Lea lentamente foi recuperando a calma.

Dianna se levantou e Lea amaldiçoou baixinho, segundos depois Dianna voltou e recuperou sua posição, Lea voltou a abraçá-la sem pensar e a loira removeu o precário curativo que Lea havia colocado no dedo.

— "Não, não, não, não, sangue! Outra vez... SANGUE!" – Lea se desesperava cada vez que via sangue em seu corpo ou aonde fosse.

Dianna ria cada vez mais forte, o corte da morena era muito pequeno e o sangue ao qual ela se referia era quase inexistente. Dianna beijou o dedo de Lea, tratando de fazê-lo inocentemente, para logo colocar o curativo.

— "Pronto, já está feito!" – Dianna a olhou ternamente e voltou a apoiar a cabeça em seu ombro.

'Lea, você está em problemas, oh sim... grandes e charmosos problemas' a morena queria calar seus pensamentos, sentia que até Dianna podia ouvir, mas por Deus, o que tinha feito? Esse beijo no dedo foi o mais sexy que Lea viu em sua vida e só não queimou tanto quanto o beijo no pescoço que ela havia dado umas semanas antes, Lea estava sentindo o calor propagar-se por todo o seu corpo. Sem dizer uma palavra, seguiu olhando o filme e tentando se tranquilizar.

— "Lea..." – Dianna falou docemente, enquanto outra vez pegava a mão dela para brincar com seus dedos.

— "Hum..." – respondeu Lea engolindo a saliva.

— "Quem é Jonathan?" – a voz de Dianna foi quase inaudível.

— "Meu melhor amigo, por que a pergunta?" – a pergunta surpreendeu Lea.

— "Bom, é que quando estava em New York sempre falava dele e veio te visitar em LA... Se passa alguma coisa gostaria que pudesse confiar em mim e me contar, sabe que pode, né?"

— "Hahahaha... Jonathan é meu melhor amigo, nos conhecemos fazendo Spring Awakening, ele foi o meu co-protagonista. Somos quase que inseparáveis e estar longe dele agora que vou viver aqui é o que mais me dói." – Lea falava e não podia deixar de se colocar nostálgica. "E não, entre nós não aconteceu, nem vai acontecer nada, ele é 100% gay... Hahahaha..."

— "Oh... Bem, mas aqui não está só, tem a mim..." – disse Dianna enquanto se separava de Lea e a olhava direto nos olhos. "... E ao restante do elenco, obvio, é um grupo lindo."

— "Obrigada Di... E sim, eu sei, além do mais planejamos nos visitar sempre, creio que vai funcionar."

— "Vou poder conhecer ele quando vier? Fala tanto dele que sinto como se já o conhecesse." – Dianna seguia brincando com os dedos de Lea, com o polegar acariciava suavemente a mão dela.

— "Hahahah... adoraria. É... não sei, meu melhor amigo em todo o mundo, quando terminamos a obra, no mesmo dia não podia me imaginar seguindo sem ele."

— "Pensa que vai gostar de mim?" – Dianna emitiu essa pergunta com insegurança.

— "Como não vai gostar, Di? Duvido que tenha uma só pessoa que não te veja adorável." – 'Charmosa, divertida, sexy, sensual, inteligente e poderia seguir a noite toda'

— "Você... você pensa isso?" – Dianna olhou Lea nos olhos e a morena se perdeu nessa conexão.

— "Sim Di, você é a pessoa mais adorável que conheço. Em especial quando sorrir." – 'Quando me olha assim me perco e esqueço de ativar o filtro, droga.'

— "Eu nunca rio." – Dianna se colocou séria e a olhou com a mesma expressão que usa pra interpretar Quinn.

Lea esperou um pouquinho olhando fixamente e depois começou a fazer cosquinhas, Dianna não agüentou dois segundos e estava jogada no sofá dando gargalhadas.

— "Não... para, por favor... Não posso... respirar." – rogava Dianna.

Lea teve piedade e parou, imediatamente Dianna se vingou, sendo ela quem agora atacava à morena.

Logo após um tempinho de gargalhadas contínuas, as duas chegaram a uma trégua. Mais que nada por que doía todo o corpo por rir tanto.

— "Na próxima vez não vou ter piedade, ok?" – Lea soava ofendida pelo contra-ataque que recebeu.

Dianna sorriu e não disse nada, se limitou a voltar para a sua posição, encostada junto a Lea entrelaçando seus dedos e apertando fortemente, como se tentasse comunicar algo com essa ação.

'E você também é adorável quando sorrir Lea. Ahhhhh como senti falta disso, inclusive quando só tinha lembranças borradas daquela noite, quando acordei senti sua falta imediatamente do calor do seu corpo junto ao meu, nem quero saber o que significa isso, só quero que não termine... Você se sente da mesma forma? Tomara que sim, vou crer que sim!'

Dianna se acomodou mais próxima, descansando sua cabeça no peito de Lea aproximando seu corpo ainda mais, sem soltar sua mão, enquanto Lea acomodou seu braço para abraçá-la e deixando-se levar pelo momento começou a cantarolar uma melodia, a mesma que havia escutado na noite anterior que tinha estado aí. Não gostava de Foo Fighters, mas essa música representava exatamente o que sentia.

'Que música cantarola? É... não, impossível, não tem chance de que Lea escute Foo Fighters. Hahahaha... estou paranóica...' Dianna acreditou reconhecer a canção, mas nunca lembrou que aquela noite Lea havia cantado, portanto imediatamente sorriu e esqueceu, pensando que Lea Michele cantarolando essa música era um sonho impossível.

— "Di?" – Lea falou muito baixinho, mas não teve resposta.

Dianna estava dormindo profundamente, outra vez atracada junto ao corpo de Lea, quem pensou em levantar-se e voltar ao hotel, mas como poderia ir? Como poderia deixar Dianna outra vez sozinha no meio da noite? Ela simplesmente não queria e o mais importante de tudo, não podia ir.

Lea desligou a televisão, já tinha bastante tempo que o filme já havia terminado, relaxou-se e começou a desfrutar da sensação de seu corpo junto ao dela e admirá-la. O único som que escutava era a respiração de Dianna e as batidas do coração dela mesma... E isso para seus ouvidos era a trilha sonora ideal.


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Notas finais do capítulo

Postar essa fic é trabalhoso, porque a maior parte do sintaxe do arquivo original está errado, além de que quando eu repasso pra cá, a formatação fica desconfigurada. Tento ajeitar, mas às vezes algo escapa do meu raciocínio. Desculpem algum erro e comentem :)