- Então, vais ouvir o teu irmão??

  - Eu oiço, mas não vai adiantar de nada! – Disse-lhe.

  Voltámos para trás, o meu irmão continuava com os olhos fixados para o sítio onde eu tinha desaparecido.

  - Vá! Se queres que te oiça falamos a sós! – Ordenei-lhe.

  Ele seguiu-me sem dizer-mos nada.

  - Vá explica-te!! – Disse-lhe.

  - É assim: ela apareceu em nossa casa..

  - TUA!! A casa já não é minha.

  - Importas-te de não interromper? Obrigado! Ela apareceu e disse-me que tu te tinhas matado. Eu fiquei desesperado!! Ao principio não acreditei, mas ela foi tão convincente!! Até me deu o teu… fio…

  - O que?? Mas eu tenho o meu fio!! Não acredito! Não conseguiste distinguir o meu fio de uma imitação barata???

  - Calma!! Eu estava nervoso! Tipo se te dissessem que eu tinha morrido e depois te mostrassem o meu fio tu reagias da mesma forma!! Continuando, eu decidi que não conseguia viver sem ti, e fui matar-me, encontrei a Margarida, ela disse-me que se eu me quisesse matar, tinha que ser ela a fazê-lo. Quando ela me ia matar, apareces-te tu! Fiquei tão surpreendido como tu. Foi isto que aconteceu…Compreendes??

  - Compreendo, mas não aceito! – Informei-o. – Desculpa mas tu começaste logo com tretas de ciúmes, e sei lá eu mais o quê.

  - Sim… porque ela fez-me pensar que tu te tinhas feito passar por morta para eu me matar… então quando te vi ali… acreditei.

  - Tu também acreditas em tudo o que te dizem!! Essa é mais uma das razões pelas quais digo: compreendo, mas não aceito!!

  - Alguma vez me vais perdoar??

  - Não sei… Vai ser muito difícil… espero que tenhas noção disso…

  - Tenho… e Desculpa a sério!! Tipo, eu Adoro-te!!

  - Eu também te adoro… mas, se quiseres o meu perdão tens que fazer por isso!!

  Ao lhe dizer isso, fui-me embora, deixando-o a reflectir sobre o assunto.

  Ainda me custava a acreditar que o Ricardo tinha feito aquilo. Mas agora, era com a Margarida que ia falar, a minha irmã!!

  Encontrei-a ao pé da minha casa.

  - OLHA LÁ MINHA VACA QUERIAS-ME LIXAR NÉRA?? POIS O FEITIÇO VIROU-SE CONTRA O FEITIÇEIRO!! – Disse-lhe aos berros.

  - Calma mana vamos esclarecer as coisas!!

  - Não me chames mana!!! Não me és nada!!! Porque é que fizeste aquilo?? Han?? Diz!!

  - Eu tenho ciúmes, tu e o Ricardo sempre foram muito unidos e nunca se separaram, e eu… eu sempre fui uma coitada, nunca tive família.

  - Cala-te!! Tu tinhas família, mas decidiste matar os nossos pais lembras-te??

  - Eu estava possuída pelos puros!! Não consegui evitar!! E tu não imaginas a minha vida depois disso! Vivi em cativeiro durante séculos!! E agora queria procurar-vos, mas soube que estavam separados e decidi fazer isto…

  - Decidiste matar-nos!!

  - Desculpa, mas compreende a minha situação!

  - Eu compreendo, mas não aceito!!

  - E tu podes ser tão feliz com o Duarte… Fogo ele é mesmo HOT!!

  - Olha ai minha menina que o gajo tem dona!! Nada de tocar!! É propriedade minha!!

  - Tem calma!!

  - BAZA MINHA CABRA NÃO TE QUEREMOS AQUI!!

  - Estás muito enganada… o Duarte e o Ricardo querem…

  - Se eles quiserem… quem vai embora sou eu…

  - O QUE É QUE AINDA ESTÁS AQUI A FAZER MINHA PUTA?? BAZAAAA!!!! – Gritou o Ricardo.

  - O quê?? Tu queres que eu baze?? – Perguntou a Margarida.

  - Sim!! Já fizeste estragos suficientes aqui!! Baza se não matamos-te!! – Disse o Duarte aparecendo do nada.

  Corri para ele e beijei-o.

  - Eu vou-me embora…. Mas volto!! – Disse ela desaparecendo na penumbra. 

  Não liguei muito ao assunto, perdoei o Ricardo e os meses foram passando, estava a tentar recompor a minha vida, ou lá o que queiram chamar. O que ainda não estava totalmente decidido era entre mim e o Duarte, já não sabia se andávamos, não andávamos, ou como raio estávamos.