Redenção escrita por AnneAngel


Capítulo 37
O Pacto.




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Quando existe amor de verdade, não existe nada que separe dois irmãos

Itachi P.O.V (Point Off View)

Um sorriso bobo e singelo tocou seu rosto de uma maneira incomum, pois algo lhe afagava as bochechas e por isso sentia uma leve cócegas, uma sensação peculiar e que de alguma forma lhe fazia perder-se numa memoria feliz que teve quando criança e que se perdeu a muito tempo, como a de um bebe alegre que não sabe das maldades do mundo a sua volta. Ainda perdido no tempo, abriu os olhos para a realidade tentando se situar; Acordara com algo felpudo roçando sua bochecha, demorou apenas alguns segundos para se dar conta que era em um grosso cobertor. Piscou para o teto, notando ainda estar no mesmo Sótão de sempre.

Sentia como se tivesse sobrevivido a uma intensa tempestade em alto mar, onde a tempestade eram as situações conflitantes de sua vida e toda a água provinham de seu pranto. Era como se tivesse chorado um oceano inteiro. Agora sentia seus olhos arderem, levemente inchados, porém todas as lagrimas haviam secado. 

Naquelas circunstancias tão incongruentes, deveria ser improvável despertar tão bem, não é?  Ainda estava nos braços de Sasuke, ao que parecia haviam caído no sono naquela posição, e agora era como se houvessem borboletas em seu estomago enquanto espreguiçava-se quase que infantilmente. 

Era como se tivesse parado no tempo por alguns minutos, pouco se importando com oque tivesse lá fora. Suas feições eram suaves enquanto observava seu irmão ainda cochilando com uma expressão tão calma que quase lhe parecia uma fantasia. Ambos estavam cobertos e aconchegados, parecia-lhe acolhedor o suficiente...

Se apenas fechasse os olhos novamente, poderia crer que a conversa com seu irmão foi apenas um sonho, mas Sasuke ainda estava ali e, além disso, tudo era intenso demais em sua cabeça. E pensar que acontecera apenas horas atrás... 

Olhou para o outro atentamente; desde os cabelos escuros e os traços faciais, até respiração calma. Aquela conversa entre eles teve mesmo que acontecer para que sombras do passado pudessem dar espaço a alguma luz, podia ser que nem tudo estivesse acertado entre eles e o passado, mas agora dava para ver melhor o delineamento de coisas futuras. O pacto que fez com seu irmão ainda fresco em sua cabeça: Fazer as pazes com seu passado, para não estragar o futuro. E agora estavam ali...

Aquela conversa... Aquela conversa estranhamente desajeitada e espontânea jamais sairia de sua mente, se tivesse sido algo premeditado não teria sido algo tão significativo. Depois de tanto tempo separados como que por um vidro espeço, sem poder trocar palavras, onde até gritos cairiam em ouvidos surdos, mal podia acreditar que tiveram uma conversa tão honesta. Talvez a primeira grande conversa honesta e sincera que já tiveram na vida, e Itachi realmente esperava que não fosse a ultima. Colocar as coisas a limpo com seu irmão fez as coisas menos incompletas.

Aquele cochilo... Aquele cochilo que tirou junto aos braços de seu irmão parecia ter sido a melhor coisa em anos, como se tivesse revigorado algo nele, como se apesar de todas os fatos ruins que lhe aconteceram e os acontecimentos que ainda podiam lhe abater tivessem simplesmente se tornado menores. Por algum motivo ter Sasuke ao seu lado, como irmãos e cumplices novamente, fez trazer cenas a sua mente; memorias de um passado onde ambos eram felizes juntos, sem todas aquelas magoas que os colocaram um contra o outro, tão distantes. 

Talvez pudessem voltar a ser aqueles dois irmãos unidos que foram na infancia, só talvez. Por outro lado, isso o fazia pensar; queria ter sido tão sincero com Sasuke assim desde anos atrás. Olhando para trás agora, fechando os olhos e rememorando sua vida, talvez estivesse semeando um futuro mais agradável se sempre tivesse sido verdadeiro com o caçula... 

Tudo ainda muito claro em sua cabeça, e agora as coisas pareciam fazer mais sentido, como se estivessem se encaixando como um quebra-cabeça. 

...As coisas tomaram aquele rumo porque tinham que tomar, e Itachi estava contente com isso. Sua vida tinha sido espinhos asperos num emaranhado intenso de sofrimento, agora sentia como se fosse possível parar de focar em excesso nas coisas ruins, apesar da realidade marcante de todo um futuro incerto pela frente, aquela conversa lhe fez mais leve e capaz de encontrar o caminho para longe daquele tormento anterior. E por um instante podia crer que não foi tudo em vão.

O que espera quando voce acorda um dia e apesar das coisas parecerem estar conturbada, sente-se como se finalmente as coisas tivessem entrado em seu eixo correto? Como se as coisas ruim que lhe atormentavam tivessem se abrandado um pouco, deixando-o buscar por ar fresco pela primeira vez em muito tempo. Era uma sensação melhor do que quando se cortava, e sentia que podia se viciar nela se tentasse mais vezes...

Afastou-se levemente das cobertas quentes, obrigando seu torço a ficar numa posição sentada. 

Ainda doía, claro. Podia recordar-se das lápides de seus pais e a única coisa que podia fazer era prometer-lhes em silencio que iria tentar fazer as coisas certas dessa vez. Para si mesmo, para seu irmãozinho, e para a nova família que ganhara.

Se pensasse muito sobre isso, até parecia ser uma mentira novamente; aquela  vida. A nova chance que estava tendo de concertar as coisas...

Enquanto que ainda tinha muitas coisas ruins para enfrentar, ainda que a situação toda não permitira-os nenhum tipo de normalidade e o julgamento viria e seriam todos engolidos naquele abismo por um tempo. No final das contas, ter alguém a seu lado lhe deixava muito mais tranquilo, alguém ali para lhe dar a mão, para ficar consigo e ajuda-lo a suportar seus próprios fardos e consertar as sucessões de erros que tinha feito ao longo da vida. Acontece que tinha isso para si: E se chamava família. Aquelas pessoas que estavam ao seu lado mereciam ao menos que ele tentasse...

Havia um mundo de pessoas que queriam seu mal. Mas também havia pessoas lá em baixo esperando por eles preocupadamente. O mundo lá fora devia estar movimentado, pois não parava mesmo que sua vida parecesse estagnada. Oque mudou foi que se antes estava um tanto sem rumo, agora seu coração já sabia por onde trilhar.

Conversar com o outro lhe fez ver o quanto ambos ainda estavam tão abalados no âmbito emocional e psicológico, entretanto as coisas que lhes fizeram tão instáveis nesses aspectos também lhes fortaleceu depois daquela conversa intensa; Agora sentia como se algo ruim tivesse saído de sí, que conversar lhe esvaiu de alguns pesares que carregava a muito tempo...

Tinha força o suficiente para colocar oque ainda tinha de dolorido em sua alma de lado, e tentar seguir adiante. Balançou a cabeça tentando não deixar sua mente vagar muito...

Podia compreender que ainda tinha muitas dúvidas, lamentações e pranto. E por mais que tenha doido um pouco, foi bom trabalhar algumas dessas dores naquele momento: Porque todas aquelas sensações ruins e desesperançadas lhe provaram que mesmo com todas as adversidades ainda havia pessoas ali dispostas a auxiliarem-no. 

Seu laço e vínculos com seu Otouto sempre existiriam para lhe assegurar proteção, amparo, segurança. Queria poder ter entendido desde a muito tempo que aquilo era uma via de mão dupla, e ambos deviam caminhar juntos para buscar o melhor.

Já não podia mais simplesmente se afogar em lastimas justo em um momento tão inoportuno: Os Ōtsutsuki ainda eram uma ameaça constante, e também seu julgamento seria logo. Então percebeu que era momento de seguir em frente apesar de tudo parecer contra, e ao longo do caminho iria tentar trabalhar suas feridas e pesares como podia.

Resolveu parar de matutar... E focar. Olhando Sasuke, passado e futuro se misturavam frente a seus olhos, ainda podia ver seu irmãozinho mais novos no semblante do homem que ele havia se tornado. Não dava para mudar o passado, oque foi sempre seria aquilo, sempre traria dor. Mas entendia que já não podia lançar sombras de algo antigo nas novas coisas que surgiam, porque isso só is estragar oque de bom poderia surgir. 

De repente seu irmão se mexeu, e lentamente abriu os olhos. No começo ainda parecia seu irmãozinho de sete anos espreguiçando e coçando os olhos sonolento, mas logo o tempo de vida pesaram sob aqueles olhos e ele voltou a ser o adulto que era: Um mar de emoções passou nos olhos de Sasuke. Como se tivesse vendo um filme em sua mente de tudo aquilo que tinha acontecido...

Depois, parecia que o outro escolheu recomeçar um novo diálogo com coisas mais simples: ‘’Que horas são?’’ - A voz de seu Otouto saiu mais forte doque ele teria pensado.

‘’Não sei. Mas talvez seja melhor nós descermos, sabendo bem como são, devem estar preocupados conosco!’’ Surpreendeu-se também com sua própria voz. Não parecia ser a de um homem afogado em martírios, e sem de alguém pronto para oque viesse...

Uma pontada de dúvida passou pelos olhos de Sasuke, como se ele assimilasse novamente tudo oque compartilharam e tudo oque ainda teriam que enfrentar. 

''Oque foi, Sasuke?! Conte-me oque está em sua mente!''

O outro Uchiha olhou-o com intensidade por longos minutos, até que resolveu expressar oque pensava: ‘’Você ficaria perplexo se, apesar de tudo, eu lhe dizer que ainda temo oque está por vir?’’ Disse baixo, mas atento à resposta.

Seu irmãozinho sempre fora o mais sincero dos dois, dizia oque estava na cabeça sem pensar muito nas consequências, fosse bom ou ruim. Já, Itachi queria lhe dizer que também temia, que estava tão assustado quanto o outro. Mas só havia espaço para uma pessoa incerta e angustiada ali, a outra deveria servir como apoio, ainda mais depois da conversa tão intensa que tiveram... 

Não, não havia tempo hábil para mais chororô e demonstrações de fragilidade emocional com tantas coisas ruins a soleira da porta!

‘’Eu sei exatamente oque esta sentindo, Sasuke. Sinto o mesmo desconforto com as incertezas que temos pela frente. Mas há coisas na vida que não dá para adiar, não é? Só podemos enfrentar e fazer o melhor que podemos com as armas que temos disponíveis nesse momento!’’.

Os dois se olharam profundamente, o lugar era tão silencioso que dava para ouvir seus corações. 

De repente seu irmão pareceu afastar o medo e substituiu por uma expressão sem hesitação: ‘’Tem razão, primeiro vamos à batalha. Depois, se apesar de tudo ainda sobrar angustia, temor e feridas abertas, cuidamos disso com mais calma, meu irmão!’’. 

E era como sempre deveria ter sido, era como se fossem cúmplices, e estivessem em equilíbrio novamente. Apesar de não saberem oque vinha no horizonte, podia vir a tempestade que fosse, mas o vento os levava como se tivessem em paz como a muito não estavam... 

Itachi olhou-o com determinação por um tempo, até que o olhar do outro pareceu mais leve, quase brincalhão. E queria saber porque: ‘’Que foi?’’.

O tom de voz de Sasuke se elevou para algo mais que sussurros: ‘’Olha esse seu cabelo...!’’ Seu irmão murmurou de repente, uma expressão um tanto zombeteira estampada na face. 

Um comentário estranho, pensou Itachi. Ele não queria mostrar a Sasuke mais de suas dúvidas, sua cabeça estava ainda tão desvairada, tinha tanta coisa em seus pensamentos; Os Ōtsutsuki, o julgamento, o passado, o futuro, seu irmão, sua nova família. Sua cabeça latejava e doía, seu coração se apertava com a incerteza das coisas...

... Mas aquela frase foi uma das coisas que o fez parar, e pela primeira vez colocar os pés na realidade do momento. Não havia mais passado, o passado estava só em suas lembranças e memorias, e não havia futuro porque o futuro era só uma série de projeções que fazia para tentar cogitar oque podia acontecer. Não dava para reviver o passado e nem viver no futuro, pois o passado já foi, e o futuro ainda estava por vir.

Só havia o agora. E o agora o levava a...

 ‘’Oque tem o meu cabelo?’’ Disse embasbacado, mexendo no couro cabeludo com uma das mãos, tentando arrumar oque provavelmente era uma grande bagunça irremediável. 

Por algum motivo Sasuke riu, de uma forma que não fazia a muitos anos, quase lembrando aquela criança sorridente que um dia foi, e diante aquilo Itachi não pode deixar de sorrir-lhe de volta gentilmente. 

E era quase como se, por um instante, eles fossem aquelas crianças de novo.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que não atualizo frequentemente... Esse história tem se arrastado ao longo dos anos.
Mas tenho gostado de desenvolve-la mesmo que pouco-a-pouco.

É isso que tenho para hoje. Espero que tenham gostado❤



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