Redenção escrita por AnneAngel


Capítulo 33
Ato V - A arte de conviver enfrentando constantes Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Oi queridos,
Quero agradecer especialmente e imensamente a GabbySaky, por não ter desistido de mim e dessa fic! Vlw, amore❤

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Tinha em mente fazer um capítulo curto, e claramente fracassei!(Aff, eu e minha mania de me empolgar demais em descrever as cenas que passam em minha cabeça- Tem que sair tudo tintin por tintin, ai quando eu vou ver: Capitulo gigante!
Espero que apreciem!



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Pessoas que cultivam a arte de conviver, sendo assim tão iguais e tão diferentes, que se amam, se desentendem, fazem as pazes e podem depois até tornarem a brigar novamente, mas onde existe sincero respeito sempre haverá perdão, não importa oque aconteça essas pessoas sempre estarão ao seu lado: Isto define FAMÍLIA. E família não apenas tem haver com consanguinidade, é na verdade um laço indescritível formado por um agrupamento de pessoas que formam entre si um relacionamento incrivelmente inexplicável de união.

Itachi P.O.V (Point Off View)

Abriu seus olhos e deparou-se com escuridão, apesar do sótão estar assim tão silencioso e em penumbra sabia que era de manha bem cedinho porque seu relógio biológico nunca o enganara. Ergueu a cabeça levemente e percebeu que sua sobrinha ainda dormia pacificamente próxima a si, então quando levantou usou todas as suas habilidades ninja para não desperta-la: Não gostava de permanecer muito tempo na cama acordado sem fazer absolutamente nada, sempre achou que era desperdício de seu precioso tempo. Saiu rapidamente do entorno de suas cobertas e mantas quentes e deixou o cômodo sem sequer um chiado da única abertura que tinha, era uma proeza impressionante considerando o quanto aquilo rangia.

Seus pés tocavam o solo como as patas macias de um felino experiente e elegante, sempre andou mantendo a discrição mesmo que ainda estivesse um pouco sonolento; a preguiça nunca lhe tirou a graça e o primor, e de certa forma aquele torpor aos poucos ia embora e ficava mais desperto a cada segundo que transcorria. Sempre gostou de acordar cedo, a pior parte era deixar sua cama quentinha e se colocar de pé: E isso já tinha feito. Entretanto, pensando bem, por que ele estava acordando cedo mesmo? Eram apenas seis da manha, verificou no relógio, e não havia nada para fazer a não ser se afogar em pensamentos mórbidos.

Presumia que algo no futuro lhe aguardava noticias desagradáveis e isso desanimava-o imensamente, receava não ter sossego até que todas aquelas atribulações que tomavam sua vida passassem, e quando seria isso? Suspirou tentando não deixar sua mente barulhenta rumar para pensamentos muito negativos. Afinal de contas aquela manha estava bastante quieta e tranquila, quase que podia-se sentir a serenidade no ar: Os problemas todos estavam em sua mente atormentada que cismava em fazer algazarra e estardalhaço mesmo com o menor dos problemas. Ficava tão estressado só de pensar naqueles Ōtsutsuki com suas ameaças, havia também o julgamento onde teria de expor toda a verdade sobre o Massacre Uchiha; e com toda esta sobrecarga não se admiraria se seus cabelos começassem a cair de tanto nervoso que sentia – Falando em cabelos, os seus estavam enormes e jamais os deixara ficar tão longos como estavam.

Tentou parar de focar tanto nos problemas que recaiam sobre sua vida. Tinha coisas boas também: Sua nova família fez um esforço esplendido para aceita-lo e faze-lo sentir-se em casa.

Sakura não havia dito nada, porém deixou uma caixa próxima do sótão ontem e ali pode encontrar um suéter azul escuro que gostou muito e outras poucas roupas, que desta vez eram de seu exato tamanho. Era um certo alivio não vestir mais as roupas de seu otouto: Aquele era um assunto um bocado delicado para Itachi porque era quase vergonhoso que seu irmãozinho mais novo fosse MAIOR que ele. Pior ainda saber que Sasuke era realmente o mais velho e mais experiente dos dois agora –Por Kami, era casado, tinha uma família, um emprego bom e pelo oque sua sobrinha disse-lhe ontem a noite tinha uma vida sexual bastante ativa também. Estava feliz por seu irmãozinho, mas em certa medida sentia-se mal por isso porque sempre fora o mais capacitado entre os dois por ser o mais velho e era sua função conversar, dar conselhos, sacrificar-se, emprestar grana e não deixa-lo morrer. Sempre foi mais autodisciplinado e racional que seu irmão justamente por ser o mais velho dos dois e ter sido pressionado a ser perfeito e atender sempre as expectativas, era sua obrigação cuidar de seu Otouto. Em sua cabeça Sasuke sempre seria seu irmão caçula, e era bizarro que o outro fosse agora o mais velho dos dois e não conseguia admitir isso!

Tentando não pensar muito nisso, pegou algumas coisas na caixa que ganhara e depois de fazer sua higiene matinal, vestiu-se e andou silenciosamente pelos corredores da casa carregando a caixa junto. Os resquícios da noite apimentada de seu irmão e a esposa ainda estava pelo chão; algumas roupas espalhadas de qualquer forma pelos cantos, e não se atreveu a mexer nelas e fingiu que não estavam ali enquanto passeava pelos cômodos.

Tentou tirar aqueles pensamentos da cabeça. Sempre quis que seu irmão o superasse, mas se tinha uma coisa que achava que tinha certeza era que seu irmãozinho mais novo seria sempre o seu irmãozinho mais novo: E agora até isso tinha sido deturpado por aqueles Ōtsutsuki, além de ser uma lembrança bem consciente de que sua nova vida era uma grande perversão das leis da natureza e isso lhe deixava zonzo. Era quase como se seus papeis estivessem totalmente trocados.

Bufou, tentando fazer aqueles pensamentos ruins se desmaterializarem de sua cabeça tumultuada. Sentou-se em uma poltrona novinha na sala de estar e mexeu nos dois livros que achara dentro da caixa dada por Sakura, leu a sinopse pensando em qual seria melhor –A esposa de seu irmão provavelmente deu-lhe aquelas coisas para que pudesse passar o tempo e não afundar-se na merda de seus anseios, estava grato por isso e queria poder agradecer assim que tivesse oportunidade.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Leu por um curto período de tempo, eram oito e meia da manha e por mais que a leitura pudesse prender sua atenção por algum tempo; naquela hora já havia barulhos comuns para o horário e isso o deixava disperso. Havia pessoas saindo para trabalhar e também ouviu o barulho de crianças brincando alegremente do lado de fora, suas gargalhadas eram encantadoras e teve de se conter para não observa-las pela janela. Logo ouviu algum adulto chamando-as atenção e pedindo para que seguissem para a academia sem algazarra. Tinha até o barulho de alguém varrendo a rua bem próximo dali.

Suspirou abobado, tudo aquilo do lado de fora deixava seus sentidos mais apurados: Era satisfatório estar novamente no solo de sua pátria, ainda que estivesse às escondidas. Mas...

...Sua mente correu para pensamentos destrutivos sem que conseguisse conter-se: Às vezes se sentia bem como há anos atrás, impedido de apreciar sua vila de nascença. Antes era porque era considerado um criminoso, agora sentia-se um prisioneiro dentro daquela casa. Já haviam se passado quatro dias desde que chegara, quatro dias desde que não colocava o pé para fora da residência de seu irmão. E ter que ouvir aqueles sons do lado de fora era bom e ruim ao mesmo tempo, uma tentação que o chamava melodicamente para enfim sair quando na realidade não podia fazer isso.

Não sair e ver o sol e o vento em seus cabelos o deixava angustiado, não passara muitas horas ao ar livre desde que voltara para aquela vila, sempre estava enclausurado em algum lugar e sua pele estava ainda mais branca que de costume. Entretanto, de qualquer forma não queria ser reclamão: Por dentro sentia como se estivesse num cativeiro, mas parecia muito errado pensar assim e sentia-se um merda por não aproveitar as coisas boas e saber tirar proveito mesmo de situações ruins. Afinal de contas, por que não conseguia só relaxar e apreciar sua nova vida? Eram tantos problemas e dilemas em sua mente.

Qualquer coisa era melhor doque aquela prisão onde estivera antes, certo? E todos tinham se esforçado tanto para aderi-lo à família, não queria decepciona-los com suas bobagens: Mas muitas vezes sentia-se insatisfeito com tudo ao redor e não conseguia parar de pensar que ele era um grande INGRATO. Por que não conseguia se adequar? Estava fazendo um grande esforço tentando se acostumar com aquela nova vida, porém era mais difícil doque tinha imaginado.

Parou abruptamente te pensar aquelas asneiras. Se ficasse alimentando pensamentos negativos aquilo iria crescer e virar um monstro que não conseguiria controlar. Queria focar em coisas boas e manter a mente o mais serena possível. Mas como? Uma imagem mental de sua sobrinha surgiu em sua cabeça repentinamente.

Aquele era um excelente motivo para pensar positivo. Estava contente pelo andar de seu relacionamento com Sarada: Tiveram suas diferenças no inicio, pois como qualquer adolescente sua sobrinha era rebelde às vezes. E considerando tudo oque ela descobriu assim de uma hora para a outra e tudo oque mudou em sua rotina desde que ele chegara em suas vidas, era plausível que a menina se sentisse revoltada. Ficou mais aliviado ao perceber que a Uchiha era bem mais fácil de lidar doque parecia a principio, logo que colocou sua mente no lugar sua sobrinha fora prudente e ajuizada tentando se dar bem com ele o quanto possível, ao que parecia a menina só precisava mesmo era de um tempo para se ajustar.

Talvez se ‘justar’ fosse a palavra mais certeira para definir oque todos eles estavam vivendo. Sabia que tanto ele, quanto Sasuke, Sarada e Sakura estavam passando por turbulências psicológicas, mas estavam fazendo o possível para se adaptar e se adequar as novas exigências de suas vidas.

Queria ser forte como o resto de sua família e dar a volta por cima. Queria se adaptar o melhor que podia e ser feliz com eles, porém no fundo sentia que não era assim tão fácil: Tudo oque estava vivendo o deixava um pouco tenso, tentava compreender os prol e os contras desta nova fase de sua existência, tentava ver para além tentando vislumbrar se o futuro lhe traria consequências boas ou más. Estava apreensivo demais (Talvez toda a família estivesse assim também, tentando entender oque o futuro traria para eles).

E para o Uchiha isso era dolorido porque conseguia sentir a tensão em todos a sua volta, todos estavam tentando com tanto afinco fazer as coisas darem certo – Principalmente Sasuke e Sakura (Temia que eles se decepcionassem e sofressem por sua causa).

Além disto, estava com certa dificuldade pera se acostumar com as previsibilidades dos eventos da vida cotidiana: Sempre foi uma pessoa mais isolada, e agora era um pouco bizarro estar em família novamente e não estar tão solitário como sempre foi, era para ser uma coisa boa ter toda essa fonte de apoio de seu irmão, de Sakura, Sarada, Kakashi... Naruto. Mas isso o apavorava de certa maneira. Não estava acostumado a ter tanto cuidado em volta de si.

Saiu desses pensamentos de forma repentina, pois eram quase nove horas quando sua sobrinha desceu e se colocou em sua frente: ‘’Como você saiu do quarto sem que eu não o escutasse? E porque levantou cedo? Se eu pudesse cochilar por mais cinco minutos já estaria satisfeita, e você ai desperdiçando horas de sono!’’ Grunhiu aborrecida.

Levantou uma sobrancelha elegante para ela: ‘’Gosto de acordar cedo para aproveitar melhor o dia!’’

A garota olhou-o estranhamente, observando sua cara e o livro em suas mãos: ‘’Sinceramente Itachi, você é estranho! Assim como qualquer pessoa que acorde cedo só para ‘aproveitar melhor o dia’. Pessoas capazes disso são capazes de qualquer coisa! Qualquer coisa mesmo!’’ Murmurou, seguindo para a cozinha ainda sonolenta ‘’E já que está com tanta disposição, me ajude a fazer o café! Aliás, pode até me servir se quiser, enquanto eu tento realmente acordar e lembrar qual é meu nome!’’.

‘’Pensei que já estivesse acordada!’’

‘’Itachi, existe uma grande diferença entre estar de pé, e estar acordado!’’ Resmungou ‘’Você está acordado. E eu só vou deixar de ser um Zumbi quando tomar uma boa e forte xicara de café!’’ A garota explicou-o...

...E todo o seu negativismo e pessimismo anterior se esvaíram, o moreno sorriu abertamente –Alí estava momentos alegres do cotidiano em família que ele apreciava e queria preservar para sempre

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Sasuke P.O.V (Point Off View)

Acordou incrivelmente mais calmo e relaxado, os lençóis ainda estavam quentes e confortáveis abaixo de si, seu travesseiro era fofo e a sensação de sua pele nua contra a de sua esposa igualmente nua era muito boa. Estava relaxado ali naquele lugar, seus temores do dia anterior não mais lhe angustiavam tanto e certamente que aquela noite com Sakura fora fator decisivo para estar assim. Justamente por isso não queria levantar-se e deparar-se com mais preocupações porque de certa forma já estava intimidado com todas as mudanças em sua vida, mas por outro lado sabia que o mundo continuaria rodando mesmo que não estivesse nem aí.

Abriu os olhos, ainda um pouco receoso, e vislumbrou o quarto banhado por luz. Estranhou um bocado porque não tinha como ser tarde, porém mesmo assim o dia parecia claro demais dado à quantidade de luz solar que entrava pela fresta da janela e espalhava-se pelo ambiente. Olhando para a esquerda encontrou um relógio que indicava que eram nada mais que nove da manha, seus músculos ainda estavam relaxados na cama e observando aquela claridade que tomava o quarto nada indicava que haveria infortúnios naquela bela manha; Mas por dentro ainda temia novos contratempos e isso o amedrontava um bocado. 

Sua visão focou na outra pessoa grudada a sí: Sua mulher ficava ainda mais bonita sob aqueles raios de sol, percebeu de relance. E vendo-a tão calma e com a respiração tão suave quase que foi tomado por aquela paz também e se viu tentado a tornar a dormir.

Suspirou fracamente tentando arranjar as forças que queria para enfim poder levantar-se. Em algum lugar ali perto da casa ouvia-se som de passarinhos, barulho comum naquela hora na manha, e por algum motivo ouvia um tintilar de louças bem distante. Seus temores do outro dia ainda tomavam sua mente, entretanto desta vez não se sentia angustiado e paralisado por eles e era justamente o contrario: Se sentia mais forte e capaz de contorna-los e enfrentar tudo e todos de forma impávida, agora que entendia que não estava completamente sozinho naquela empreitada era mais reconfortante ir à luta.

Mas não era um hipócrita. Apesar disto, aquela coragem e animação não o preenchia por completo; estava receoso com oque o futuro lhe aguardava e isso o fez ficar ali na cama por mais alguns minutos tentando encontrar a mesma calmaria que tomava Sakura e a fazia dormir tão harmoniosamente. Por mais que quisesse vencer todos aqueles problemas, ainda temia fracassar e isso lhe abatia um pouco.

Aquele dia parecia calmo e pacífico: Lá estava mais um bom motivo para acordar, respirar, viver. Por outro lado não sabia o motivo, mas sua fé de que o dia seria bom estava sendo tortuosamente posta a prova porque mesmo que estivesse na maior paz e comodidade ao lado de sua mulher e no ceio de sua família, sentia uma coisa ruim em seu peito como se aquele bem-estar não fosse perdurar por muito tempo. E aquilo lhe doía e lhe dava aflição.

Olhou novamente para sua esposa adormecida e lembrou-se das coisas que conversaram na noite anterior, antes de ser possuído por aquele desejo enlouquecedor. Queria poder fazer suas promessas se tornarem reais com um estalar de dedos, queria estar menos aflito e fazer as coisas da melhor maneira possível, como por exemplo; queria passar algum tempo com sua família e esquecer-se dos problemas que queriam devora-lo vivo: Com certeza aquele  Ōtsutsuki deveria estar rindo de sua cara, rindo da forma como conseguia faze-lo ficar fora de si e desesperado.

A verdade era que sempre teve uma personalidade um bocado volátil e era obvio que aqueles branquelos estavam querendo usar aquilo contra ele: Agora entendia que não deveria deixar que explorassem mais daquela sua fraqueza e por isso tentaria ao máximo manter o sangue frio mesmo diante das piores situações que surgissem para lhe enlouquecer.  Começando por aquele dia!

Foi pensando nisso que ficou determinado e jurou a si mesmo que não permitiria sentir-se aturdido mesmo se coisas ruins surgissem. Aquele mau pressentimento poderia estar ali para assusta-lo, mas não iria conseguir abate-lo: Foi assim que achou a força que precisava para se levantar enfim. Aparentemente o dia estava muito bom e podia ser que viessem boas surpresas disto, quem disse que apenas coisas ruins vinham de momentos inesperados?

Talvez fosse realmente uma boa ideia parar de focar-se no negativismo e tentar se entregar aos pequenos momentos bons que surgiam. Naquela manha, vislumbrar os cabelos róseos e a postura relaxada de sua esposa na cama com aqueles raios de sol entrando pela fresta da janela era uma coisa boa e queria mais momentos de calmaria assim em sua vida. Foi pensando nisso que tratou de espantar aquela sensação ruim: Sai pra lá mau agouro. Queria afastar aquelas sensações negativas e crer que sua família e ele já foram vitimas de muitas desgraças e era hora de ter êxito em alguma coisa. Por isso respirou fundo e tentou colocar sua melhor feição no rosto tentando transparecer leveza e deixando assim sua mente aberta para pensamentos bons.

Sua mente parecia mais clara agora, depois da conversa com Kakashi e depois de tudo que compartilhou com Sakura. Refletiu, pensou e chegou à conclusão que não podia deixar-se abater tão facilmente como aconteceu em outros dias, eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e muitos problemas, mas ficar irado e descompensado não ajudaria a resolver nada. Era hora de mudar, dar uma quinada de vida e abraçar coisas novas, tentar ser uma nova pessoa com novas perspectivas.

Beijou levemente o ombro de sua mulher e levantou-se sem fazer muito barulho. Tentava afastar o negativismo e vislumbrar um futuro melhor: Pretendia ser mais ativo e produtivo no que pretendia fazer a partir dali, queria ser mais presente na vida de sua família, também fazer um bom trabalho na DIIA e ajudar seu irmão naquele rolo que se metera com o julgamento e os Ōtsutsuki. É, tentar atingir essas metas provavelmente lhe dariam bastante oque fazer e assim sua mente não ficaria vazia e não teria bastante tempo para afogar-se em coisas ruins. Como o ditado popular já dizia, mente vazia era oficina do diabo.

Já de pé, tomou um banho rápido e fez sua higiene matinal. Andou pelos corredores da casa encontrando algumas roupas pelo caminho, algumas dele outras da rosada... Sua capa estava na sala e mexeu rapidamente em um dos bolsos pegando o papel que aqueles branquelos lhe mandaram para assusta-lo: Não iriam conseguir, não permitiria que aqueles idiotas tirassem-no do sério mais uma vez, por isso picou o papel em lascas minúsculas ignorando totalmente a ameaça que ali estava. Queimou os pedacinhos com um pequeno Katon até que não passassem de cinzas e teve que resistir a tentação de querer se livrar das cinzas também para que não houvesse nem sequer um resquício de que aquilo existiu.

Sabia que aqueles ao seu redor esperavam que agisse conforme o adulto que era, Sakura e Kakashi esperaram isso por anos, Sarada deveria ter um pai responsável e Itachi precisava dele para tomar as rédeas daqueles problemas todos, sentia lá no fundo que estivera fracassando com todos e não permitiria que as coisas continuassem assim. Era pra ser um momento de virada na sua vida e queria que essa mudança fosse para melhor...

Abriu levemente uma janela ali da saleta sentido a brisa da manha, depositou as cinzas ali deixando que o vento as levasse para bem longe, esperando também que seus anseios e preocupações fossem levados juntamente aquele punhado de pó.

Ainda sentia que havia muitas coisas em sua vida que queria mudar, mas também sentia que não tinha as ferramentas corretas para começar a mudar tudo de um dia para o outro: Então iria devagar, mudando uma coisa de cada vez. Aquele medo de fracassar ainda se apossava dele, se apossava de tal forma que lhe assustava, porém entendia agora que não podia continuar explodindo e surtando por pequenas coisas, não podia ficar paralisado com as novas situações que surgiam tentando derruba-lo. Tinha que agir e fazer as coisas darem certo mesmo se tudo soprasse contra ele. E se aquele mau pressentimento que estava sentindo era fruto de algo real que estava vindo lhe abater, tinha que se manter forte e austero como sempre devia ter sido.

Não era mais um moleque, era um adulto e tinha que agir como um. Oque seu irmão iria pensar dele ao ver que ainda se comportava como um adolescente frustrado? Não queria passar essa imagem ao seu aniki, queria que Itachi percebesse o quanto ele se transformou e progrediu –Queria mostrar que floresceu, assim como acontecera com Sakura.  

Saiu de seus pensamentos abruptamente quando ouviu vozes na cozinha, havia movimentação também. Não tinha notado que havia alguém de pé quando descera as escadas: Quando visualizou quem era, todos os maus pensamentos se esvaíram rapidamente. Surpreendeu-se ao vislumbrar sua filha e Itachi colocando a mesa para o café da manha em um silencio confortante e na maior paz.

Sabia que sua boca devia estar levemente aberta, afinal aquela era certamente uma cena que jamais imaginou ver nem mesmo em seus melhores sonhos. Mas ali estavam eles, sua filha e seu irmão juntos. Era quase inacreditável e teve que piscar algumas vezes para ter a certeza de que era real. Depois sentiu um pequeno sorriso tomar seus lábios. Realmente era estranhamente bom vê-los interagir e ficou ali observando-os deslumbrado quase não acreditando que aquilo era real: Sua filha e seu irmão eram grandes partes de sua vida. Um era um grande pedaço de sua infância, seu passado. E a outra, parte de seu futuro. Mas ambos eram partes essenciais de sua vida. Como era bom ter o privilégio de conviver com ambos.

Engraçado como vê-los assim tão próximos tirou todo o peso e o fez esquecer rapidamente as desgraças que rondavam sua mente: Talvez o problema de tudo fosse ele próprio que ficava criando empecilhos onde não havia nada. Aquele sorriso em seus lábios se espalhou mais ainda e percebeu que sorrir para oque a vida lhe dava era uma boa maneira de esquecer suas angustias.

Aquele fascínio ao vê-los interagir às escondidas não perdurou por muito tempo, fora notado e após isso sua presença na sala trouxe um silencio um pouco constrangedor para todos. Não sabia bem o porque disto e lhe incomodava um pouco que sua presença tenha lhes deixado sem graças. Felizmente Sarada quebrou a tensão momentânea: ‘’Papai, junte-se a nós para o café!’’ Murmurou a garota ‘’Teríamos chamado... Mas...’’ A frase morreu e por algum motivo ela ficou vermelha e acanhada (Estranho, porque sua filha não era disto).

‘’Oque foi?’’ Questionou-os.

Seu irmão pigarreou tentando complementa-la, murmurou delicadamente quase como se estivesse encabulado: ‘’Pensamos que não fosse levantar tão cedo, Otouto. Por isso viemos lanchar sem espera-los!’’ Explicou tentando não entrar muito em detalhes.

Sasuke sabia que seu irmão ainda estava tentando se adaptar aquela nova vida, geralmente Itachi ficava muito disperso e observando tudo quase como se estivesse tentado assimilar aquela nova existência que tinha, sempre mantendo-se quieto e extremamente contido – Seu irmão sempre fora uma pessoa calma e reservada, principalmente agora que estava tentando se ajustar a nova vida. Entretanto, desta vez seu aniki não parecia acanhado por conta de estar se sentindo deslocado naquela nova existência, era alguma outra coisa acontecendo.

Observou-os com mais cautela: Por um instante ambos pareciam corados demais para falar qualquer coisa a mais, constrangidos demais para fazer alguma coisa ou tomar alguma atitude. ‘’Oque deu em vocês dois esta manha? Aconteceu algo que eu não sei? Estão agindo esquisito!’’. 

Porém logo sua filha quebrou o silêncio sepulcral e riu constrangedoramente da situação em que estavam porque aquilo era uma cena inusitada, e Itachi até que tentou permanecer sério e contido quase como se ele não se lembrasse como era sorrir, mas olhou para a sobrinha ao seu lado e já era: Sarada ria de forma um tanto contagiante demais, quebrando a tensão momentânea no ambiente (Era tão bom ver seus rostos contentes, mas porque estavam rindo constrangidamente afinal?).

Continuou observando-os esperando alguma resposta e seu olhar sisudo deve ter feito ambos se controlarem: Sarada se conteve o mais rápido que pode, mas um sorriso sem graça ainda estampava sua face.  Sasuke percebeu admirado que havia um também no rosto de Itachi, um sorrisinho tímido de lado, mas era um sorriso sem sombra de duvida e estava feliz por ver aquilo. Era o tipo de coisa que o cotidiano familiar trazia de bom.  

Fazia muito tempo desde que não via uma expressão risonha na face de seu irmão e isso o pegou desprevenido. ‘’Eu realmente queria saber oque deixou vocês dois assim tão joviais. Parecem desconfortáveis, e estão rindo pra amenizar. Estão escondendo algo de mim?’’ Sua pergunta era genuína, porque era verdade que estava curioso para saber oque fez seu irmão assim tão descontraído e sem graça.

‘’Não é nada, papai!’’ Sarada desconversou ‘’Ontem tivemos uma... Conversa interessante, não é Itachi?!’’ Cutucou, instigando-o a concordar.

‘’Hn-hum’’ Seu irmão murmurou.

Soava como uma mentira e por isso queria ficar bravo com eles, mas seu Aniki estava sorrindo ainda e aquilo era suficiente para faze-lo ignorar todas as tensões que haviam em sua mente. Fazia muito tempo desde que não vira seu irmão parecer tão tranquilo e não queria estragar tudo porque sabia que o outro estava passando por mals bocados mesmo que não lhe contasse abertamente, passaram por muitas coisas ruins desde sua chegada. Acabou que só esgueirou os olhos observando-os desconfiado, mas os dois logo perceberam que não era nada prudente rir do mais velho e se calaram aos poucos ‘’Sabe... Tive a impressão de que estavam rindo às minhas custas!’’ Murmurou querendo parecer irritado, porém nenhuma raiva ou rancor transbordava em sua voz.

Os dois logo perceberam que era só uma colocação sensata e que ele não estava realmente zangado. Porém seu irmão voltou a ser o cara circunspecto e educado de sempre, rebateu: ‘’Desculpe-nos, Otouto. Não foi nossa intensão!’’.

Sentaram-se à mesa, inicialmente todos pareciam meio robotizados sem saber bem oque dizer ou fazer, todos novamente calados e sem jeito. Pigarreou tentando dissipar a tensão aparente e começou uma conversa: ‘’Vocês conversaram? Como foi a noite de vocês dois?’’ Murmurou como quem não quer nada, tentando dissipar o clima.

‘’Boa’’ Ambos rebateram juntamente, sem prolongar a conversa, sem devolver a pergunta de forma cortês, sem olha-lo nos olhos e voltando a corarem de forma estranha (Como se já soubessem que a noite dele foi ‘boa’ também).

Aquele ultima colocação lhe pegou desprevenido. Será que era possível que ambos soubessem oque ele e Sakura fizeram na noite passada? Agora sua expressão devia ser um bocado escandalizada, estava mortificado. Talvez fosse disso que ambos estivessem rindo constrangedoramente desde o começo, afinal. No fundo no fundo queria crer que não sabiam de absolutamente nada, mas era obvio que ambos sabiam algo.

Tentou retirar aqueles pensamentos infames de sua mente porque já era tão complicado vivenciar aquilo tudo, era muito recente para ele viver em família de novo. E era estranho ter seu irmão ao seu entorno novamente considerando que ele já havia partido daquela vida anos e anos atrás. Não queria complicar ainda mais as coisas pensando que as suas atividades da noite anterior caíram aos ouvidos de sua filha adolescente e seu estimado irmão.

Suspirou tentando dissipar os pensamentos, mas aquele era um dos típicos problemas da vida cotidiana que eram constrangedores. Não estava acostumado com aquelas situações diárias e banais da vida quotidiana e corriqueira: Até pouco tempo atrás não tinha a responsabilidade de educar sua filha como deveria ter sido, até pouco tempo atrás não faziam o típico papel difícil de ser pai, muito menos o papel de ser um marido solícito. Quem dirá então viver novamente o papel de ser o irmãozinho de Itachi. Era extremamente difícil para ele ser um homem de família.

Era tudo novidade para Sasuke e sabia que ainda estava em uma fase de transição, estava apenas assimilando aquilo a sua volta, tentando adaptar-se a sua nova realidade.

Com isso em mente, ficou calado novamente deixando um clima relutante abater sobre eles. Não que fosse ruim, não queria ficar preso aos aspectos negativos da sua vida diária: Por mais que fosse constrangedor saber que escutaram qualquer coisa, aquilo era apenas um aspecto daquela convivência e na verdade haviam outras coisas boas em conviver em família novamente...

...Era realmente uma grande e boa mudança de ritmo estar ali com Sarada e Itachi aproveitando o café da manha. Não queria estragar a coisa toda porque, em parte, estava apreciando o momento mais doque transparecia: Fazia muito tempo desde que não compartilhava um tempo assim com pessoas tão especiais para si de forma que mesmo que não estivessem tendo uma conversa agradável era ótimo só poder olha-los, todos acanhados e sem jeito; mas juntos como deveria ser sempre.

Tinha se esquecido de como era estar em família e aproveitar um tempo com as pessoas que amava. E se por um lado era deslumbrante estar com eles daquele jeito, por outro era uma coisa totalmente nova e isso o assustava um pouco, era aquele medo descomunal de perde-los repentinamente. De perder aquilo tudo como no passado.

Seu olhar se trancou ao de seu irmão por alguns minutos, como se a ficha tivesse caído para ambos e notaram repentinamente que estavam ali, frente a frente e lanchando juntos depois de tudo oque passaram. Era um tanto bizarro. Perdeu seu irmão de forma trágica e era muito bom tê-lo de volta, por mais que isso implicasse em desenterrar feridas do passado. Porém, era difícil realmente crer que seu Aniki estava ali, toda vez que esbarrava em Itachi pela casa tinha que conter-se e impedir a si mesmo de querer checar se era real ou uma mera ilusão: Seu irmão parecia estar começando a se adaptar aquela realidade como ele, e apesar do clima meio inibido ambos certamente estavam apreciando aquele momento estapafúrdio.

Andou muito atolado nas coisas que o deixavam para baixo, trabalhou demais e quando viu os anos já haviam passado rapidamente. Esteve tanto tempo longe de casa, longe de Sakura e Sarada em missões longas e demoradas. Distante não só fisicamente, mas também não estava acostumado a sentir tudo aquele que estava sentindo agora, não sabia muito bem como lidar com aquilo. Porém, era realmente muito bom poder estar ali e queria aproveitar aquele momento: Tudo era inusitado, e aconteceu sem nenhum planejamento. Mas se estava ali, em Konoha com sua família, é porque era para ser assim. Como sua esposa lhe disse, iria também tentar viver um dia de cada vez...

...Por enquanto lhe bastava que estivesse ali com as pessoas que amava. E os Ōtsutsuki que fossem se lascar e sumir igualmente como as cinzas daquele papel ameaçador.

Pra completar ainda mais o quadro familiar, sua esposa desceu suavemente e pareceu realmente contente em vê-los todos juntos à mesa. Não dava para descrever o olhar no rosto dela, mas parecia realmente muito feliz. Na verdade todos pareciam radiantes perante aquele momento único, como se estivessem satisfeitos por estarem todos juntos e curtindo um raro momento agradável em família.

Aquele momento era realmente bastante atípico, provavelmente por isso todos estavam tão fascinados ao redor da mesa: Perplexos em partilhar um momento tão deleitoso juntos, pela primeira vez. O próprio Uchiha permitiu-se estar sorridente de forma boba, porque o clima entre eles todos parecia agradável enquanto comiam em silencio reconfortante. Bem que podia ser sempre assim!

Era verdade que tinha muitas coisas ruins rondando sua família, mas agora podia ver que Sakura tinha razão e eles tinham que aproveitar as coisas boas que aquela vida lhes proporcionava. Por isso de súbito vieram certos pensamentos bons a sua mente: Queria dizer a Sakura que era gratificante tê-la ao seu lado viesse oque viesse, que a amava e que ela era maravilhosa. Queria dizer a Itachi que apesar de tudo ele sempre seria seu irmão querido, que aprendera muitas coisas com ele e ainda o admirava muito. Queria dizer a sua filha que ela era uma ótima menina e que era forte como ele sempre quis que ela fosse. Queria dizer que amava todos. Só que seria brega demais e talvez ele estivesse se deixando levar pelos eventos da noite anterior então se conteve.

Além disso, notou-se meio sentimental demais e isso era muito raro, se tratando dele. Tinha certeza que a culpa era daquelas circunstâncias cativantes que estava experimentando agora. Tudo naquela experiência de lanchar com sua família era cativante demais, e quase lhe trazia nostalgias do passado quando era garoto e estava com seus pais e Itachi (Mas não queria pensar muito nisso, se não correria o risco de entristecer-se). E não queria lembrar-se do passado, tinha que se concentrar nos dias de agora sem se deixar abalar.

Sakura fora mais modesta, mas refletiu seus sentimentos quando murmurou: ‘’Eu estou tão feliz por vocês estarem aqui todos juntinhos!’’ E rostos iluminados foi à resposta que teve e que lhes provava que aquela atmosfera era prazerosa para todos eles. Não queria que aquilo se esvaísse, não queria que coisas ruins tornassem a atingir as pessoas que amava. Era tão ruim vê-los sofrer.

Foi pensando nisso que ouviu uma batida na porta. E por algum motivo aquela sensação ruim tornou a agoniar o peito do Uchiha: Lá estava mais noticias ruins, tinha certeza. Mas preso a sua promessa, não deixaria abater-se nem que fosse a pior de todas as coisas. Estava disposto a adotar uma nova postura perante aquela vida.

Sarada foi atender como se não sentisse a mesma sensação ruim; e realmente não havia motivos para pensar que eram noticiais ruins, era Boruto que estava ali. Pode ouvir sua voz irritante: ‘’Eae Sarada-Chan?!’’ Soou animadamente ‘’Tá atrasada! Todo dia vai lá em casa reclamar que eu sou um preguiçoso e me arrasta pra treinamento... Parece que o jogo virou, hein?! Oque deu em você? São nove e meia!’’

‘’Cala a boca garoto, eu não tenho que lhe dar satisfações, Shannaro!’’ Disse a adolescente falsamente indignada, Sasuke sabia que era só da boca para fora. Aparentemente o loirinho passou por sua filha e seguir para a cozinha onde estavam todos porque sua filha logo tornou a reclamar: ‘’Ei, quem lhe convidou pra entrar? Volta aqui Boruto!’’

‘’Ei, eu sou praticamente de casa!’’ O menino rebateu risonho.

‘’Só porque você mora bem ao lado, não significa que minha casa é um anexo da sua!’’ Brigou a morena.

O outro apareceu frente a si despudorado, o sorriso tão grande em sua face que quase ia de orelha a orelha de tão brilhante e genuíno. A aura feliz e animada dele se espalhava pela sala de forma contagiante tanto que dava pra sentir na própria pele: ‘’Eae tio Sasuke! Oi tia Sakura!’’ Murmurou animado ‘’Hey, Itachi, é bom te ver novamente!’’

Sasuke olhou-o sério, tentando não deixar aquela energia e vigor do jovem contagia-lo muito. Queria rebater de forma fria e indiferente só para não perder o costume, porém seu irmão devolveu de forma cortês e educada: ‘’Igualmente, Boruto’’ (Aparentemente, todos podiam sentir a animação do garoto expandindo-se pelo lugar –Que magica esse pirralho tinha, afinal?).

O filho de Naruto era idêntico ao pai, sendo barulhento e energético. Apesar disto, ninguém parecia se incomodar com a presença repentina do jovem, apesar de sua chegada ter sido totalmente abrupta. O Uchiha percebeu com pesar que o garoto realmente ‘era de casa’ já que sua companhia era frequente para todos naquela residência (Até seu irmão parecia à vontade perto do loirinho, e olha que dificilmente Itachi demonstrava afinidade genuína a alguém – Geralmente levava anos até seu aniki sentir-se confortável a ponto de demonstrar tais sentimentos assim tão abertamente).

‘’Então, Saradinha-Chan. Agora que eu usei a educação que minha mãe me deu e fui um cara legal com sua família, já podemos ir?’’ O Uzumaki voltou-se para Sarada radiante (Como alguém podia estar tão animado e sorridente às 9;30 da manha? Questionava-se Sasuke).

‘’Claro que não! Nem terminei meu lanche seu matusquelo’’ Disse ela pegando um pedaço da torta de tomate ‘’E eu ainda tenho que pegar minhas coisas! Espera aí!’’ Devolveu-lhe, subindo as escadas devagar ainda comendo a torta.

‘’Tá, mas não me deixe aqui plantado por muito tempo!’’ Grunhiu, depois olhou-os suspirando de forma dramática: ‘’Garotas!’’

‘’Ah, não se preocupe. Ela volta já!’’ Sakura foi legal e tentou acalma-lo, como a boa mãe que era.

Boruto sorriu abertamente de novo, depois olhou a mesa ‘’Vocês não se importam se eu me sentar enquanto espero, né?!’’ Disse, já se sentando sem esperar resposta e pegando uns pãezinhos. Sasuke só não o repreendeu porque Itachi voltou a sorrir por conta de energia vibrante do Uzumaki.

Todo aquele clima só deu espaço para sua esposa dar ainda mais corda à situação: ‘’Então, Boruto, como vai o treino para os testes Jounnin?!’’.

‘’Ah, tá tranquilo tia Sakura. Tenho certeza que vou passar! Eu sou muito bom nesse lance de ser ninja!’’

Sasuke fez um som de desdém com a boca e todos olharam para ele, mas o loiro era o mais indignado: ‘’Hey, tio Sasuke, pega leve! Até parece que não tem fé no seu pupilo aqui-Dattebassa!’’.

Antes que o Uchiha pudesse rebater o rosto de Itachi se iluminou: ‘’Você foi sensei dele?’’ Murmurou admirado.

E quase que não quis desapontar seu aniki, mas o rosto presunçoso de Boruto o fez mudar totalmente de ideia: ‘’Sensei é um termo muito forte, meu irmão. Eu apenas o treinei por um curtíssimo período de tempo’’ Disse fazendo uma careta.

‘’Mas eu fui um aluno muito bom’’ Gabou-se ‘’Você tinha que ter me visto, Itachi! Eu fiz um Rasengan em pouco tempo de treino... Era pequeno, mas era um Rasengan especial entende?! E depois eu usei um Rasengan igualzinho para derrotar um daqueles Ōtsutsuki. Quando agente encontrar um daqueles babacas de novo, conte comigo pra ajuda-los!’’

A careta do Uchiha se fez ainda pior; Era só ele que não estava tão agradado com a presença do Uzumaki? Levantou-se e seguiu até o pé da escada a passos largos e pesados. ‘’Sarada, minha filha! Você não vai fazer o seu amigo esperar muito mais tempo, vai? Pretende demorar mais quantos minutos?’’

A garota logo apareceu no topo da escada um bocado mal humorada: ‘’Eu já estou descendo, papai! Credo! Vocês homens não sabem esperar...!’’.

Felizmente o Uzumaki levantou-se rapidamente da mesa quando viu a morena, e logo foi se despedindo: ‘’Valeu galera! Até mais ver!’’ Disse seguindo sua filha até a porta, e Sakura e Itachi despediram-se educadamente deles(...). ‘’Já estamos mega atrasados. Mitsuki deve estar mofando lá no campo de treinamento 3, sua tapada!’’ Murmurou para ao atravessar a porta. Sua filha xingou-o só que não deu para saber oque, pois logo se foram.

Quando o loiro estava fora da casa Sasuke quase agradeceu a Kami-Sama, até que ouviu seu irmão murmurar descontraído: ‘’Ele é tão animado! Contagia todo o ambiente!’’.

‘’É, é um bom garoto!’’ Sua mulher disse-lhe e logo ambos sorriram.

‘’Do que vocês estão falando?’’ Perguntou com amargor.

‘’Do Boruto!’’ Seu irmão rebateu com inocência.

‘’Oque?! Aquele garoto é como um cataclisma ambulante! Me dá até medo ao ver a Sarada tão próxima a ele!’’ Grunhiu ‘’Me lembra o Naruto aquela praga!’’ Disse irritado, por sabe-se lá oque.

‘’Não exagere, Otouto. Eles formam um casal bonito!’’

Estreitou os olhos, desconfiado repentinamente: ‘’Do que esta falando, Itachi?’’

‘’Nada. Só reconheço uma genuína-’’ Não pode terminar. Surgiram mais batidas na porta.

Todos voltaram seus olhares para lá e novamente o moreno sentiu aquele aperto no peito: Todo aquele clima arrebatador deixando seu corpo, sendo tomado por aflição novamente (Por um instante torceu para que Boruto voltasse com toda aquela alegria).

Aparentemente todos ficaram tensos repentinamente. Seu irmão encarou-o com certa agonia, como se também estivesse esperando noticias ruins assim como ele, desde que acordara estava com aquela sensação de que algo soturno viria para azucrina-los.

Seu peito se acalmou um pouco. Não era ninguém importante, apenas o carteiro que bateu, Sakura foi atendê-lo, também um pouco aborrecida com o corte no clima gostoso que estava domando-os antes daquilo.

‘’Uchiha Sasuke, está?’’ A voz irritante surgiu.

‘’Sim, é meu Marido!’’

Naquele ângulo não havia como ver quem estava na porta, assim como a pessoa lá também não veria quem estava na cozinha (Oque era bom, porque não dava para vislumbrar Itachi ali). Levantou-se e seguiu para a sala, onde encarou o homem franzino: ‘’Sou eu, oque quer?’’ sua voz soou um pouco rude demais, mas a culpa era daquele infeliz que interrompeu seu gracioso café da manha.

‘’Esse envelope é para você!’’ Informou ‘’Precisa assinar aqui para recebe-lo’’ Rapidamente desferiu sua assinatura e o homem se foi.

Assim que a rosada fechou a porta olhou-o preocupada: E com razão, porque sua expressão devia estar aflita. Primeiramente pensou ser bilhete daqueles branquelos novamente. Mas tinha o Símbolo da Folha e o brasão da DIIA. Leu o remetente e rapidamente abriu a maldita coisa, querendo estar a par doque era aquilo.

‘’Oque é Sasuke?’’ A Uchiha perguntou angustiada.

Levantou o olhar para ela, notando também que seu irmão estava escorado no portal da cozinha também esperando saber novidades. Sua boca formou uma linha fina, antes de desferir: ‘’Uma intimação...’’.

‘’De que?’’ A rosada se aproximou mais, ficando ao seu lado, lendo por alto. De repente, ambos olharam automaticamente para o outro Uchiha na sala.

‘’Oque foi? Porque estão me olhando assim tão sérios?’’ Questionou ‘’É algo relacionado a mim? Não, é?’’

‘’Estão me intimando para o comparecimento ao seu julgamento, na próxima semana!’’ Murmurou. E era como se tudo de bom vivenciado anteriormente tivesse se esvaído e agora houvesse um abismo entre eles novamente.

Seu irmão ficara mais branco que um fantasma, por um instante sem saber como reagir. Depois viu que o de cabelos longos armou-se e escondeu-se atrás de uma postura seria e expressão vazia: ‘’Tudo bem. Nós já sabíamos que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde!’’ Tentou ser cordial.

‘’Nós vamos fazer o possível para ajudar, Itachi. Não fique assim!’’ Sakura tentou persuadi-lo a acalmar-se. Evidentemente que a postura fechada e defensiva que seu irmão adquiriu repentinamente não convencera sua esposa nem um pouco: ‘’Não é, Sasuke?’’ Cutucou-o.

Estava tão branco quanto seu aniki, na realidade não sabia bem como reagir e nem como se preparar para aquilo que viria. Porém seu irmão precisava dele, e sua esposa estava demandado seu auxilio ali naquela situação e por isso tinha que agir conformemente: ‘’Mais é claro. Vou sair, Kakashi já deve estar a par da situação bem como nós. Vamos nos reunir e visualizar oque é melhor fazer’’ Foi o melhor que conseguiu dizer.

‘’Tudo bem’’ O outro murmurou ‘’Agora, se vocês me derem licença, eu vou me retirar’’ Murmurou rápido, antes de bater em retirada para o sótão com a mesmas expressão fria.

Sua esposa lhe mandou um olhar assassino que lhe ordenava subir atrás dele e dizer mais alguma coisa. E fosse ele Uchiha Sasuke ou não, era melhor fazer aquilo de uma vez: ‘’Espera aí, Aniki!’’ Rebateu, subindo atrás dele.

Era muito fácil ver através das mentiras de seu irmão agora, o outro nunca deixaria seu desespero transparecer na frente das pessoas, ele se camuflaria com uma mascara indiferente e apática, se afastaria de tudo e todos e se resguardaria para sofrer em silencio porque entendia agora que quando seu irmão não conseguia lidar com algo, se afastava. Agora intendia qual era o ‘modus operandi’ do Uchiha de cabelos longos: Sempre quando havia algum problema, tornava-se fechado e distante tentando esconder seus reais problemas e o quão abalado estava – típico de Itachi, que sempre se passou por uma pessoa estoica e sem emoções.

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Itachi P.O.V (Point Off View)

Sentia seu coração bater fortemente diante aquele silencio, o peso que sentia em seu peito também parecia bem real. Sua mente estava cheia de preocupações e havia tantos sentimentos embaralhados, alguns bons e vários ruins, que fazia-o estar emocionalmente esgotado.  Ora estava soterrado por sentimentos bons e prazerosos, depois era esganado com sentimentos ruins: Aquilo estava acabando com ele. Nunca foi tão sensível e aquelas situações todas estavam abalando seu emocional completamente. 

 ‘’Espere ai, Aniki’’ O outro entrou no cômodo sem aviso prévio ‘’Você prometeu colaborar e não mentir!’’ Jorrou de uma vez.

Não gostava de demonstrar-se assim fragilizado, sempre tivera orgulho de ser considerado por todos uma pessoa fria e impassível; então por isso controlou sua voz deixando-a apática e inexpressiva ‘’E eu creio estar fazendo isso, otouto!’’

‘’Não. Não estar!’’ Rebateu ‘’Você estava antes, lá na cozinha, quando estávamos todos juntos. Por um momento aquele era o irmão que eu sempre tive, gentil e amável. Agora olha só você?! Subindo aqui tentando se afastar de mim! Fingindo que está tudo bem com essa sua cara de paisagem! Parece até com aquele monstro que me largou em meio aos corpos dos nossos familiares, naquela noite de lua cheia!’’

Itachi trincou os dentes, enraivecido por ele citar o massacre. ‘’Eu só quero ficar sozinho por algum tempo, será que eu posso ter ao menos isso?! Ou ninguém pode ter privacidade nessa casa?’’ Retrucou, sua voz subindo um pouco de volume.

‘’Não levante a voz pra mim, Itachi!’’ Grunhiu o outro Uchiha, e por um instante aquela voz quase soou como a de seu pai, Fugaku. 

O moreno de cabelos longos revirou os olhos, ácido: ‘’Esse negocio de você dar uma de papai autoritário e brincar de casinha tá subindo pela sua cabeça, otouto’’ Trotou cinicamente, mas seu irmão nada disse, Sasuke não levou seu desaforo a sério e apenas ficou ali encarando-o com olhos penetrantes e austeros como o adulto que era e isso o fez o outro Uchiha sentir-se ainda mais infantil.

Itachi nunca foi de usar violência à toa, ainda mais quando se tratava de seu irmão. Entretanto naquele instante quis poder socar Sasuke até que ele estivesse no mínimo cinco centímetros mais baixo que ele novamente. O problema não era sua altura em si, mas sim o fato de que ele era... Um adulto— Por Kami, era um homem formado. E perto dele se sentia um jovem estupido por tudo oque fazia, principalmente quando fazia algo errado.

Havia muitas coisas para por em ordem em sua mente. Muitas com grau de relevância bem maiores, mas tinha algo lhe irritando naquela coisa toda de seu irmão querer lhe amparar. Viver novamente com seu irmão trouxe um novo dilema para sua vida, um novo dilema que jamais pensou que pudesse surgir para atormenta-lo: Parecia que o jogo virou e agora ele próprio era o irmãozinho mais novo tolo. Não sabia como lidar com isso porque era insano demais. Era muito mais fácil quando era o mais velho e tinha que cuidar de Sasuke, pois era um papel que sabia interpretar; mas agora não era mais assim...

‘’Olha só Itachi. Escute, eu estou tão assustado quanto você, eu quero espernear e socar cada imbecil que sequer pense em destruir nossa felicidade! Mas temos que ser racionais pra vencer essa questão do julgamento, temos que nos unir e nos ajudar. E temos que confiar e acreditar que vai dar certo!’’ Tentou convence-lo de que tudo ficaria bem ‘’Então, por favor, colabora comigo. Não me afaste de sua vida sempre que houver algum problema, como sempre fez antes!’’

Por um instante ficou tocado: ‘’Certo... Eu estou fazendo de novo, não é? Sendo aquele babaca frio novamente, não sendo verdadeiramente honesto com você’’.

‘’É... Você está!’’ Grunhiu, mas depois se acalmou ‘’Mas eu não te culpo por isso. Eu também estou sobressaltado com essa coisa do julgamento. Eu também estou como medo, aniki!’’.  

‘’Você amadureceu tanto, Otouto!’’ Murmurou, ao mesmo tempo deslumbrado, ao mesmo tempo frustrado. ‘’E eu nem pude acompanhar isso(...)’’.

Seu irmão claramente não soube como responder a isso e mudou de assunto: ‘’Oque eu disse lá em baixo não era mentira. Tenho que ir ao trabalho para então combinar com Kakashi e Naruto como o defenderemos no tribunal(...)’’.

‘’Então vá... Não se preocupe em demasia comigo’’.

‘’Chame a Sakura, se precisar!’’

‘’Claro!’’ Murmurou ‘’Vou me lembrar disso!’’

‘’Se cuide!’’

‘’Você também!’’

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Ainda de manha, Sakura havia passado ali tempos depois da saída de seu irmão para dar-lhe os remédios prescritos e assegurar-lhe que precisavam manter-se unidos e com pensamentos positivos. Mas agora já era noite, e Sarada também foi vê-lo querendo anima-lo.

Queria ter tido a possibilidade de agradecer pelo apoio que estavam lhe dando, mas as palavras jamais deixaram seus lábios porque ficara muito apreensivo com tudo: Ainda podia sentir o fluxo de adrenalina correr seu sistema, controlava-se para não deixar a aflição transparecer muito e tentava aguentar tudo calado, por isso preferiu se resguardar em seu quarto no sótão. Sabia, porém, que não suportaria por muito tempo toda aquela angustia em seu peito.

Sabia que aquele julgamento ocorreria mais cedo ou mais tarde, o problema era que não se sentia totalmente pronto para enfrenta-lo: Justamente por isso ainda estava em choque sabendo que na semana que vem sua nova vida mudaria para sempre. Sairia do anonimato, sairia de seu esconderijo na casa de seu irmãozinho, e a principal e mais atemorizadora de todas as questões conflitantes para ele; toda a verdade sobre o Massacre do Clã Uchiha viria à tona.

Estava com os olhos fechados, porém estava bem alerta. Estava sozinho no sótão e não havia nenhum som além de sua respiração tensa. Passara o dia recluso. Ainda havia muitas coisas que o deixavam desconfortável naquela nova vida desde as pequenas coisas até as maiores: As horas pareciam se arrastar e aquele lugar no sótão eram agradavelmente silencioso para que o moreno pudesse colocar as ideias em ordem, sua mente andava um caos de tumultuada.

Sabia que aquele momento de paz com sua família estavam antecedendo algum momento de inquietação.

Havia também coisas cujo estava começando a apreciar naquela nova existência, jamais pensou que seria autorizado a viver em família de novo, porém sua cunhada parecia estar fazendo um esforço nobre para ajusta-lo ao convívio junto aos demais daquela casa. Entretanto, apesar dos esforços da rosada em convencê-lo a se juntar com a família para jantar não quis ficar com eles lá embaixo. Então a rosada deixou um prato de comida para ele bem ali, mas seu estomago revirava só de olhar porque o fato era que não conseguiria ter força de vontade para mais nada sabendo que a veracidade sobre o assassinato do clã estava indo a publico quando ele jurou manter tudo em sigilo anos atrás.

Queria colocar os pensamentos em ordem até a semana que viria, que traria mudanças significativas para todos e muitas turbulências. Queria focar naquilo que era realmente importante; as pessoas que amava. Não queria magoa-los com seus problemas, mas deixar a ansiedade e negatividade tomar conta de si parecia tarefa complicada naquele momento. Sua cabeça fora tomada por tantos conflitos internos.

Mas era seu dever se manter sereno. Tentava se acalmar, pois todos estavam se dedicando muito para aquilo tudo dar certo e não queria ser ele a estragar: Não havia porque se afogar em pensamentos tão mórbidos como estava fazendo, porque estava ao lado de pessoas boas e que amavam-no, apesar de tudo.

Tentou se concentrar nisto. Estava com sua família, e tinha que crer que tudo daria certo e que conseguiriam superar e serem felizes. Naquele momento, fizera uma suplica a Kami – Que permitisse que houvessem outras manhas em família assim tão boas como aquela tinha sido, antes de sua sobrinha sair. Porque sua família era a melhor parte daquela nova vida.


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