Redenção escrita por AnneAngel


Capítulo 32
Historias Antigas de Família.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!!!
Sim, eu sumi por seis loooongos meses! Havia me desanimado, depois coloquei a fic em 'Hiatus' e corrigi eventuais erros nos capítulos. Mas não desisti dessa fic, estou de volta!
Me desculpem por faze-los esperar tanto! V
oces certamente acharam que eu desisti, certo?
Errado!
(Cri-Cri-Cri-Cri-Cri...) Alguém ainda acompanha isso aqui de verdade?



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Viver a mesma vida todos os dias, cansa: Então, não tenha medo de mudar o roteiro. Você só descobre novos caminhos quando muda a direção.

Sasuke P.O.V (Point Off Vew)

Estava receoso com a carta que recebera, porém tentava não expressar muito medo ou deixar isso transparecer excessivamente. Por dentro, porém, estava realmente preocupado e diversos pensamentos conflitantes surgiam para assombra-lo: Sua família sempre fora algo muito estimado por ele, mesmo antes de Itachi renascer misteriosamente Sasuke já amava imensamente Sarada e Sakura. Entretanto, jamais tivera firmeza de espirito e emocional para superar seus traumas do passado e revigora-se com a redenção. Nunca conseguiu redimir-se e reconquistar o seu antigo desejo de conviver em família. E agora podia vislumbrar novamente ter em mãos aquilo que num dia fatídico de lua cheia perdeu, e era assustador sequer cogitar a perda novamente.

Então, era obvio que estava angustiado com oque leu, isso não poderia negar nem se quisesse. Apenas a probabilidade de perder seu irmão novamente e destruir a frágil família que estava tentando reconstruir era devastadora: Seu maior temor era que essa nova família que estava tentando integrar ficasse só nas expectativas mesmo, e a ameaça era bem clara.

Estava quebrando a cabeça com isso havia dois dias até seu antigo Sensei vir para sanar suas duvidas, pois como Kakashi era muito observador às vezes era capaz de perceber que tinha algo errado antes mesmo do Uchiha pedir ajuda e foi além lhe dando a resposta mais racional e pratica para suas angustias: Se você tem um problema e não pode fazer nada para resolvê-lo no momento, então não se preocupe muito com ele porque a maior parte do problema é pensar e se desgastar demais sobre algo que não vale a pena no momento.

E não só isso, Hatake Kakashi era um homem a quem podia confiar um segredo, pois quando lhe contou o cara prometeu-lhe não levar essa historia do bilhete adiante ou pra terceiros, não a principio porque não havia objetivo nenhum em anunciar o fato e causar alarde desnecessário por causa de algo que só serviria mesmo para atingi-los e desordenar suas vidas.

Ainda estava em pose do bilhete que os Otsutsukis lhe enviaram a cerca de três dias atrás, a pequena coisa estava escondida e aninhada em suas vestes escondido. Hatake tinha razão sobre não fazer alarde porque sua família estava se adaptando as novas mudanças da melhor forma possível; não queria conturba-los com aquele inconveniente. Certamente que o objetivo dos Alienígenas branquelos era desestabiliza-lo e transforma-lo numa montanha russa emocional novamente, porém dessa vez decidiu que não se permitiria sair do controle assim tão facilmente: Decisões atribuladas e tumultuadas, feitas no impulso, não fariam bem algum.

Exatamente por isso passou bastante tempo trabalhando, estava frente ao mapa 3d de Konoha onde os Chakras dos habitantes e estrangeiros eram mapeados assim que entrassem no território do País do Fogo: E aquele Otsutsuki não fez questão de esconder sua pequena visita para deixar o Bilhete infame, sua passagem pelo local ficara gravada.

Olhou para o lado, bem mais tranquilo que tivesse o auxilio e colaboração de certo grisalho. Realmente a assistência de Kakashi em diversas áreas de sua vida estava sendo bastante oportuna e custava a admitir que fosse apropriado agradece-lo: Não fazer isso estava tornando-se quase inevitável, afinal o cara sempre estava lá; não para falar o que ele queria ouvir, mas sim o que ele precisa ouvir. E isso lhe era inestimável.

Hatake estava calmamente observando a barreira 3d e os códigos que ali apareciam quando Sasuke pigarreou um tanto inibido: ‘’Pensei sobre oque me disse, sobre ele ameaçar minha paz para deixar-me insano novamente’’ Murmurou sem animo algum, estava um tanto ranzinza. Depois se conteve e prosseguiu mais austero: ‘’Mas não irá obter sucesso desta vez, fique tranquilo’’ Disse convicto. ‘’Oque é mais urgente agora é outro tópico e esse temos como prevenir de antemão; é motivo de alarde que essa coisa entre assim tão fácil e estamos prestes a sediar os Exames Jounin. Temos que criar imediatamente um plano de contenção para o caso de algum imprevisto ocorrer durante o evento’’.

 ‘’Sim. E não é incomum que ataquem durante a prestação dos exames, parece que já virou rotina atacarem Konoha durante a realização de algum evento desse calibre...’’ Relembrou-lhe desgostoso.

‘’Será motivo de vergonha para nós se isso tornar a ocorrer sob nossos domínios’’ Grunhiu ‘’E eu vou lhe assegurar algo; enquanto eu estiver no encargo de Capitão da DIIA colocarei todo o meu empenho na realização de um projeto voltado a uma força tarefa só para impedir novos acontecimentos vergonhosos como estes que vieram a ocorrer anteriormente e mancharam a imagem deste lugar’’.

O grisalho olhou-o um tanto emotivo: ‘’Me agrada que esteja tão dedicado à causa. E pensar que era você que estava tão relutante em assumir o cargo’’.

Fez uma careta: ‘’Ainda estou pesaroso quanto a isso, não se engane’’ Murmurou com a boca apertada, que logo se transformou num pequeno sorriso de lado: ‘’Mas tenho que admitir que eu jamais voltaria a morar em Konoha se não fosse algo assim. E só para constar, a culpa é toda sua por ficar me perturbando e me chantageando quanto a entrar na DIIA para obter acesso ao caso de Itachi’’.

Kakashi colocou as mãos para cima de forma brincalhona: ‘’Eu não te chantageei, essa é uma palavra muito forte. Digamos que eu coloquei uma pequena pressão para que você entrasse na DIIA e viesse a descobrir e ter acesso a fatos que lhe dizem respeito’’.

O moreno gracejou: ‘’Isso é chantagem!’’ Sorriu. Depois olhou-o com mérito, sabendo que sua próxima sentença seria uma consideração importante: ‘’E eu lhe agradeço por isso, porque eu provavelmente ainda estaria desvirtuado se não fosse sua determinação em me manter nessa cidade. É claro que estou fora de minha zona de conforto, mas penso que aceitar esse desafio pode ser útil para enfim tomar as rédeas de minha vida’’.

‘’Antes eu estava preocupado com você, com as suas atitudes perante a vida e as pessoas a sua volta’’ Se antes o grisalho estava emotivo, agora era mais que obvio o quanto aquelas palavras foram importantes para ele ouvir. ‘’O simples fato de você já compreender isso já é suficiente para uma grande mudança, acredite’’ Afirmou.

‘’Certo’’

Depois a expressão de Hatake se tornou mais séria: ‘’Apesar de estar feliz por você finalmente começar a entender, sinto lhe dizer que sair da zona de conforto não é apenas encarar tudo como se fossem novos desafios, será uma batalha diária Sasuke!’’

Colocou as mãos pra trás do corpo, como quem não quisesse nada, ou estivesse tentando minimizar os efeitos emotivos que sua frase seguinte causaria, mantendo-se mais sério: ‘’Eu sei que será. Mas acredite, agora eu estou focado em ir atrás doque é melhor pra mim e minha família, não atrás doque é mais fácil ou confortável’’ Reiterou.

‘’Ainda que você não tenha colocado isso em pratica, já estou orgulhoso pela mudança de perspectiva, isso faz com o meu esforço esses anos todos tenham valido a pena’’ Disse-lhe realizado. ‘’Fico feliz por isso, feliz por todos você, quero dizer!’’ Afirmou.

O Uchiha assentiu. Depois prosseguiu: ‘’Obrigado!’’ Chiou ainda surpreso pela sinceridade do homem. ‘’Estou fazendo o possível para transformar toda essa energia negativa em concentração e foco nos meus objetivos’’ Piou copiosamente, depois entregou-se: ‘’Mas não é assim tão glorioso quanto estou fazendo parecer, tem dias que dá vontade de chutar o balde’’ Revelou-lhe com uma careta.

‘’Não se preocupe com o quanto é difícil. Apenas tente se manter firme no objetivo e persista, só porque é difícil não significa que é impossível. E se mesmo assim houver duvidas, não esqueça que estou aqui para lhe auxiliar no que precisar, certo?!’’ Respondeu-lhe já virando-se seguindo em outra direção: ‘’Qualquer coisa é só me chamar, mas agora que já acertamos as arestas, umas horas nas fontes termais será como a cereja do bolo do meu dia! Te vejo por aí!’’

Queria poder gritar com Kakashi e dizer que não era hábil descansar e relaxar enquanto tinham uma grande ameaça nas mãos, porém mais uma vez aquilo devia ser tomado como lição, não é?! Viver afundado no trabalho e perdendo um pedaço de si a cada dia, viver sem ao menos tentar ser feliz, não é algo que vale a pena.

Agora estava realmente reflexivo... Apesar de ter crescido e não ser mais um reles discípulo de Kakashi, o cara ainda detinha uma importância incomensurável em sua vida: E não sabia como, mas sempre aprendia coisas novas quando estava ao redor dele, ainda que fingisse não dar o devido valor a sabedoria do grisalho. Mas no final das contas Hatake estava certo em todos os conselhos que algum dia lhe deu, e enquanto observava o homem se afastar notou que seus anseios se extinguiriam se começasse a ouvi-lo com mais frequência, quem dera se tivesse começado a fazer isso ha anos atrás.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Antes estava tudo um grande caos em sua mente, no dia em que recebeu o bilhete fingiu dormir e saiu bem cedo para trabalhar no dia seguinte. E foi um dia ruim, até que melhorou no dia seguinte quando o grisalho apareceu. E hoje, no terceiro dia, saiu de seu trabalho um pouco mais cedo que nos outros dias, onde fingia estar aterrado de trabalho só para fugir de sua família. Pensou que dessa vez não precisava fugir... Sua família deveria ser seu apoio, não é mesmo?!

Estava um pouco mais em paz consigo mesmo: Foi muito bom poder ter Kakashi ao seu lado lhe dando força, e pensar que o cara estava lá sempre quando precisava e tentando lhe ajudar em qualquer situação, sempre mantendo a lealdade para com seus amigos e distribuindo conselhos ou broncas se fosse necessário. Também era muito mais reconfortante não ter mais nenhum desentendimento com Naruto e não ter mais esse peso extra nas costas, o loiro já havia superado toda a animosidade passada e agora agia amigavelmente como os irmãos amigos que sempre foram. E ainda tinha sua esposa, que apesar de ter notado seu desconforto naqueles dias de angustia por conta da carta, deixou-o a vontade para se expressar se quisesse ou não, a rosada não forçou a barra fazendo perguntas inconstantes; apenas lhe deu espaço e forças quando era necessário.

Pensando bem, devia dar mais valor e importância aqueles que estavam de seu lado: Ouvir mais oque eles tinham a dizer.

Tinha se esquecido como era viver no entorno daquelas pessoas que tanto conhecia, pois tinha passado tanto tempo fora em missões longas e realizando coisas sozinho que tinha esquecido como era poder contar com essas pessoas ao seu lado e poder também conviver com elas. Além disso, não gostava muito de depender dos outros: A razão disso ele sabia bem qual era, o medo de confiar excessivamente em alguém ou contar demais com a ajuda e generosidade de certas pessoas e depois perde-las ou ser traído por elas. Só que pensando bem agora, já estava na hora de tentar dar uma repaginada nisso. Seu passado o moldou para se tornar a pessoa fechada que era agora, mas quem vive do passado acaba não aproveitando o presente e não constrói um futuro...

Passara anos sendo assombrado pelo passado sombrio que teve e os medos e sofrimentos ainda estavam lá para angustia-lo. Mas agora já passara muito tempo cheio de temores. Em seu caminho para casa foi pensando profundamente em quais estratégias e mudanças poderia tomar para começar a mudar sua vida e superar o que viveu.

▀▄▀▄▀▄ ...Um tempo depois...▀▄▀▄▀▄

Chegou em casa um bocado frustrado, Hatake tinha razão em ter lhe dito que a mudança de perspectiva era, por si só, muito boa. E agora entendia por que: Uma coisa era tentar mudar sua maneira de pensar, outra bem diferente era tentar por em pratica. Sabia agora que tinha que mudar um punhado de coisas em sua vida, mas sentia que não tinha as ferramentas necessárias para começar. 

Não havia nenhum sinal de qualquer outra pessoa a vista, só Sakura foi beija-lo levemente assim que o viu, notando seu desconforto com algo como sempre: ‘’Oque foi Sasuke?’’ Murmurou depois.

Suspirou, cansado de fingir e esconder seus anseios: ‘’Eu deveria estar contente, estamos todos juntos e a salvo. Mas... Vou dizer-lhe a verdade... O passado me assombra e o futuro me deixa ansioso. Os últimos dias foram um pouco tensos, minha cabeça esta um pouco embaralhada’’ Admitiu finalmente. Por um lado parecia uma grande fraqueza, e por outro era libertador.

A moça olhou-o com empatia ‘’Você quer falar sobre isso?’’

‘’Sinceramente, não! Eu só quero poder relaxar desse peso todo... Isso tá acabando comigo!’’

‘’Então vamos viver o agora. Às vezes eu tenho a sensação de que nossos dias se tornam automáticos. Veja bem, nós acordamos, tomamos banho, tomamos café da manhã, vamos trabalhar, voltamos, jantamos, às vezes interagimos um pouco com Sarada e Itachi, às vezes não, depois nós dormimos. E quando deitamos a cabeça no travesseiro o dia acaba com aquela sensação de vazio inexplicável. O passado nos angustia e o futuro nos assusta, e não fazemos ideia doque podemos realizar para modificar a presente situação. Oque sei é que não dá mais para vivermos assim, Sasuke!’’.

Sentou-se muito perplexo, olhou para a face da mulher completamente pasmo: ‘’É, é assim que eu me sinto também!’’ Confidenciou-lhe, era tão bom e reconfortante saber que não era o único que se sentia perdido e com as mesmas duvidas sem resposta.

A rosada se aproximou e se sentou ao lado dele, também suspirando e parecendo prestes a desabafar algo: ‘’Eu estava pensando, por que ficar se preocupando seja com as questões do passado ou as do futuro? Vamos só viver um dia de cada vez e aproveitar o tempo que temos juntos agora’’.

Piscou, tentando compreender: ‘’Onde está querendo chegar com isso?’’

Sakura se pôs a falar, como se precisasse tirar aquilo que a angustiava do peito: ‘’Olha, eu passei esses dias tão preocupada com todos vocês. Você estava estranho e eu não sabia como poderia te ajudar, Itachi parece desconfortável em varias situações apesar de tentar disfarçar e eu também não sei oque fazer para melhorar isso, a Sarada ainda parece estar tentando assimilar toda essa nossa nova vida e eu não sei oque dizer a ela. Eu cheguei a pensar sobre quando poderíamos ser todos felizes. Foi quando eu entendi onde eu estava errando; a felicidade não deveria ser como uma meta. E eu percebi que eu é que deveria moldar a maneira como eu estava vendo as coisas, abrir os meus olhos para todas as coisas boas que acontecem em nosso presente... É como você disse, estamos todos juntos e seguros. Não quero ter que me preocupar agora com o futuro ou com o passado‘’.

‘’Então... Você quer dizer que devemos dar mais importância ao presente. E que se olharmos a nossa volta e darmos atenção as coisas simples e boas da nossa vida, seremos felizes?!’’

‘’Basicamente... Eu não sei você, mas eu vou tentar isso, pelo menos por agora!’’.

Sasuke olhou ao redor um tanto desanimado e cansado, os últimos dias tinham o deixado tão abatido e acabado: ‘’A única coisa que tenho aqui e agora pra dar atenção é você!’’ Murmurou despretensiosamente.

‘’É, e eu tenho você!’’ A rosada lhe rebateu com ímpeto. Diferente dele, a mulher tinha um olhar forte e determinado e aquilo lhe passou motivação.

Continuaram se olhando por um tempo, e o Uchiha podia ver na intensidade do olhar que trocavam uma igualdade insondável: O quanto ambos queriam que aquilo tudo desse certo. Eles já tinham passado por muito, mas certamente que não desistiriam de continuar lutando.

E pensando bem, por mais que quisesse modificar sua vida,  era como diziam; o passado lhe causava pânico e o futuro impotência. Sakura tinha razão, talvez a melhor ferramenta que ele tivesse para mudar sua vida estivesse à frente de seus olhos o tempo todo: Não no passado, nem no futuro, mas sim nas coisas que realmente importavam para ele agora.

Pensando bem no que a mulher falou, achou que seria pelo menos uma boa ideia tentar usar cada dia que passava como uma nova oportunidade para aproveitar oque possuía, mesmo que pra isso tivesse que matar um leão por dia.

Quando deu por si, ambos ainda estavam se olhando intensamente, como se seus pensamentos fossem se formando em conjunto e de forma simultânea. Quando foi a ultima vez que eles permitiram-se aproveitar os momentos que passavam juntos ao invés de trabalharem arduamente para garantirem um futuro qualquer que nem poderia de fato acontecer?

Aqueles pensamentos continuavam rondando suas mentes: A vida era ali e agora! (E o maldito do Kakashi novamente tinha razão sobre aproveitar a vida mesmo em períodos de caus).

E ante mesmo que o Uchiha pudesse se dar conta já havia envolvido a esposa em seus braços, beijando-a até que não pudesse mais respirar. Um encontro desesperado entre dois corpos cheios de uma tensão que logo se esvaia para concentrar-se apenas na batalha feroz que suas línguas travavam. Uma troca inconstante de caricias aqui e ali, seus cabelos já se tonando uma bagunça naquele furacão de desejo. Eles precisavam daquilo, para desvanecer suas ansiedades. Para acalentar e completar um ao outro e fazer os medos de ambos sumirem...

O beijo trocado foi intenso e vigoroso. E mesmo quando suas bocas se afastaram em busca de ar, ainda faltava algo: Era aquele tipo de sensação que deixava com o gostinho de quero mais. aquela excitação que tomava seus corpos pareciam lhes fazer se sentirem mais vivos e menos mecanizados nas funções do dia a dia. E Sakura devia ter pensado a mesma coisa porque se atirou nos braços do moreno, segurando os  ombros do homem e colocando-se acima do marido para que pudesse alcançar seus lábios para mais um beijo cheio de energia e potência.

Não havia mais espaço para quaisquer problemas. Não havia mais espaço estre sua peles também, quando suas bocas e corpos se moviam em sincronismo perfeito quente e molhado logo um gemido profundo surgiu e o moreno não sabia muito bem se era dele ou dela. Deslizou seus beijos para outros lugares próximos, vagando sem rumo pelo pescoço e peito da esposa, ambos pressionavam-se querendo seus corpos mais perto um do outro ainda que já estivessem mais doque colados, não era suficiente... Precisavam de mais.

Sasuke devia ter chegado a um ponto que a deixou vulnerável e deleitável com a situação, porque a cabeça da rosada caiu para trás em prazer, suas bochechar coradas como calor. E não era pra menos: Tudo estava muito quente de repente, suas mãos suas mãos vagavam para todo canto onde pudesse toca-la e apalpa-la e quanto mais a tocava mais atraente as coisas ficavam. E Sakura não deixava por menos, dedos ágeis o persuadiam por debaixo de sua camisa, tocando sua barriga trincada sem pudor.

Só havia realmente percebido que a mulher usava uma saia naquele instante, afinal de contas ela estava em cima dele e já dava para sentir que estava molhada, isso fez coisas à sua própria parte inferior, o moreno queria mais que tudo se afogar no prazer dela. Sentia-se como se tudo em seu corpo estivesse em chamas e suas roupas começavam a incomodar, seu corpo suando. Precisava tirar tudo o mais rápido que pudesse, mas não antes de tirar as da rosada primeiro porque podia sentir a pele de Sakura arder em cima dele. Dessa forma suas mãos se juntaram na barra da camisa dela, sem muito esforço e com pressa tirou-a.

Ela estava com um sutiã rosa claro belíssimo, era pequeno e deixava seu colo à vista com muitas pretensões. Por um instante a moça colocou as mãos tentando esconder sua parcial nudez. Aquilo não era comum entre eles e já não eram dois jovens inexperientes, por isso não entendeu a reação, mas logo a resposta da questão se fez clara: ‘’Sasuke, estamos na sala!’’ Sussurrou a rosada, temendo que fossem pegos.

Queria ignorar a questão; ele realmente queria. Mas tinha sua filha e seu irmão que poderiam por qualquer infortúnio descer para pegar agua ou assaltar a geladeira. Grunhiu raivoso, era bom ter seu irmão de volta, era bom ser pai. Mas havia alguns momentos em que isso era algo totalmente dispensável, momentos onde o moreno queria envia-los pro raio que os partisse. 

Apesar do argumento ser obvio, não significava que tinham que parar oque estavam fazendo: Logo se viu pegando a mulher em seus braços. Pelos corredores ambos foram meio que cambaleando, desde que era muito difícil antar ao mesmo tempo em que tenta se fundir com sua cara metade. Foram caminhando irregularmente até o quarto. Oque não foi fácil, no caminho já tinha até perdido seu cinto, um segundo depois a rosada estava puxando a camisa sobre sua cabeça. Havia sons de gemidos para cá e para lá, chupões por todo o lugar onde a pele estivesse nua, a maior parte de suas roupas ficaram pelo caminho, suas vozes ofegantes.

Quando bateram contra a moldura da porta de seu quarto com um tanto de força, parecia ter passado uma eternidade. Ambos respiravam irregularmente, e mesmo na pequena pausa onde tentavam abrir a porta olharam-se luxuriosamente, com fome. Até mesmo girar a porcaria da maçaneta era uma tarefa complicada, desde que era muito difícil abdicar de correr suas mãos ensandecidamente sobre o belo corpo de sua esposa. E Sakura não estava indo melhor do que ele.

A porta se abriu, nem deu tempo de pensar muito sobre o fato, usou seu pé para fecha-la e a porcaria bateu com um estrondo imenso que até fez eco, mas foda-se, nenhum dos dois se incomodavam com quem poderiam acordar naquele momento. Nada mais era tão importante quanto aquilo que estavam fazendo. Suas bocas se devoravam, não havia mais ar, mas quem precisava dele? A pele estava quente, queimava, e suas mãos passeavam e apertavam-se por toda a pele exposta e não muito tempo depois seus corpos iam e vinha, numa união que mais carnal impossível, entravam na dança erótica e sensual que tantos casais já haviam dançado antes, se tornando um.

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Itachi P.O.V (Point Off View)

Estava entorpecido com tudo, sentia-se estranho de uma maneira um tanto diferente: Era uma sensação de vazio como se tivesse alheio a realidade externa. Tocou seus braços como se estivesse com frio, embora não fosse isso. Oque sentia era como se no fundo no fundo não acreditasse que aquilo tudo estava realmente acontecendo com ele.

Era muita coisa ao mesmo tempo, muitas novidades para processar: Primeiramente temia profundamente o julgamento que em breve teria de enfrentar. Segundo, não fazia ideia de como se adaptar o mais naturalmente possível aquela vida porque era tudo muito surreal...

...Não fazia mais doque três dias desde que esteve ali à tarde inteira conversando e interagindo com a geração atual de forma amigável, era como um sonho estranho e bizarro. Quando todos aqueles jovens saíram finalmente da residência e cada um foi para seu canto pode finalmente respirar e sair daquela situação tão incomum.

Para Itachi era bem simples, não estava nem um pouco acostumado com aquele tipo de coisa. Nunca foi permitido ser algo além de um meio para alguém conseguir algum objetivo: Para seu clã ele era o prodígio que traria glória e prestigio para o nome Uchiha (Frio e amargo engano), para seu pai ele era o orgulho da família e ainda um elo entre o alto escalão da Vila da Folha e o clã Uchiha (Fosse para ser um espião, fosse para levar o nome Uchiha até aqueles lugares onde nunca chegaram por discriminação da aldeia – Outro amargo engano), com sua mãe ele quase nem tinha tempo para passarem juntos, sempre fora desde muito novinho doutrinado a ser independente, aos quatro anos já empunhava Kunais, sua mãe sabia que seu treinamento rigoroso fazia parte dele se tornar um shinobi digno de ser líder do Clã Uchiha e por isso não ficava no entorno dele o tempo todo deixando-o ter sua própria autonomia, é claro que ela manifestava amor, apreço e consideração por ele as vezes, mas na maioria do tempo ela estava voltada a Sasuke porque como mais novo a criança precisava mais dela. Mesmo para seu otouto Itachi se via na obrigação de fazer grandes sacrifícios dado o quanto ele se sentia dedicado ao irmão caçula a ponto de esquecer ou abdicar de si mesmo para fazer algo para o outro.

E fora essa sua interação distorcida com sua família ele quase não tinha momentos recreativos: Que basicamente se restringiam a sua amizade com seu primo Shisui (Na maioria dos casos quando um deles não estavam em missão ou qualquer tarefa que lhes tomava tempo, oque era difícil) e o tempo muito vago que passava comendo doces com Izumi, sua amiga mais próxima. Por isso quando passou aquele momento com os jovens da nova geração foi tomado por aquele sentimento estranho, afinal passou um grande tempo com aqueles jovens animados, todos se comunicando e se relacionando de forma mútua e aquilo foi bom pra ele porque se sentia influenciado e afetado por aquele sentimento de integração. Era tudo bem obvio para o Uchiha: Fazia muito tempo que não tinha esse sentimento de inclusão. Primeiro porque sempre fora alguém mais fechado e restrito nos seus círculos de afeto, depois porque geralmente tinha mais trabalho e obrigações doque tempo livre para manter amizades e vínculos preservados, e depois tornou-se Nukenin e então todos passaram a vê-lo como inimigo.

Era por isso que estava espantado e emocionalmente abalado, embasbacado pelos amigos de Sarada terem se permitido ficar perto dele de forma tão usual, tão comum que chegava a ser absurdo e insensatez. Estava chocado, mas refletiu sobre essas coisas todas tentando organizar oque sentia com tudo oque aconteceu e da forma como interagiram tão bem: Talvez não fosse tão complicado entender, afinal eles todos não deviam ter idades tão destoantes, lembrou-se que apesar de tudo voltara em sua forma antes de morrer e, portanto, tinha só 21 anos enquanto que sua sobrinha e amigos deveriam ter por vota dos 16. (Isso também era novo porque nunca esteve exatamente no entorno de pessoas com idade próxima a dele, se tornou ninja aos sete anos e desde então estava sempre avançando e estando em contato apenas com pessoas mais velhas à medida que subia de nível). Aquela interação foi boa de uma maneira que o fazia sentir-se estranho, porque nunca tinha se sentido assim antes: Incluído num grupo de jovens e sendo autorizado distrair-se (Mesmo que por pouco tempo e ainda que ele não tenha se permitido fluir na situação assim tão livremente).

Por outro lado, ainda haviam muitas tensões mal resolvidas em sua vida que o fazia estar tenso; Aqueles Otsutsukis aprontariam algo, tinha certeza disso! E ainda tinha aquele julgamento para roubar-lhe suas noites de sono. Sua questão em trair novamente os Uchihas difamando sua honra agora.

Haviam coisas boas e ruins naquela nova vida, bem como sensações boas e ruins. E não estava sabendo lidar muito bem com isso, equilibrar ambas as coisas eram muito difícil. Ora passava a ver aquela nova vida com certo otimismo, e ora tudo desmoronava em pessimismo mórbido.

Pensou em outra coisa menos conflitante; Ainda podia sentir o cheiro de sabonete em sua pele, tinha o hábito de tomar banhos quentes e demorados no Ofurô para afogar suas magoas e dores do dia-a-dia, tentando relaxar e também com intuito de afastar os diversos problemas que tinha, era quase como se tivesse meditando dentro d’agua. Era algo que trouxera de seu passado cheio de dores de missões longas e demoradas onde seus músculos ficavam tensos e doloridos de tanto esforço e vigor físico, farto de tantas obrigações tanto com sua vila quanto com seu pai e seu Clã, obrigações e problemas em tão tenra idade lhe faziam em caos (e relaxar na agua quente era um dos poucos momentos que tinha para si mesmo naqueles tempos – agora era um hobby relaxante).

Seus cabelos estavam ainda um pouco úmidos e soltos, chegavam até sua cintura de forma desordenada e volumosa cobrindo um pouco de seu rosto, suas roupas eram folgadas e confortáveis e suas mechas negras estavam por todos os cantos, fossem pela parte da frente ou de trás. Estava no sótão, no fim Sakura e Sasuke fizeram pouco caso sobre ele dormir lá. Deixou seus olhos se adaptarem ao cômodo escuro demais, lá em cima não tinha luz e faltava acabamento que só estava em madeira velha, mas de certo jeito era confortável e estava tudo bem limpinho do trabalho duro que fez ele e os outros jovens. Não perdeu tempo e acendeu umas velas com um isqueiro que deixara lá estrategicamente (Ainda tinha aquele maldito Juin que lhe impedia de usar jutsus e isso estava começando a lhe irritar) espalhou pelo lugar escuro de forma a deixa-lo um pouco aceso e agradável, tinha deixado lá estrategicamente também um saco de dormir (Em breve ele arranjaria um futon).

Notou que dali de cima não se escutava absolutamente nada, quase como se o lugar fosse isolado do resto da casa ou tivesse paredes à prova de som (Isso era bom porque poderia dormir em paz sem ser incomodado por ruídos desnecessários e ruim porque em contra partida não se escutava nada de útil também). Deixou essa linha de pensamento se esmorecer. Logo quando estava bem aconchegado e se sentindo sonolento, foi quando a única entrada para o lugar se moveu fazendo um barulho um tanto obvio evidenciando que entrava alguém.

‘’Posso subir?’’ A voz de sua sobrinha tocou seus ouvidos levemente.

Piscou brevemente os olhos, tentando ficar mais acordado e sóbrio: ‘’Claro’’ Murmurou rapidamente sem nem titubear. Um simples sorriso bobo fantasiou seu rosto por uns segundos ao ver a forma da menina subindo pela escada, um tipo de sorriso que antes pertencia só a seu otouto. Era estranho, porque apesar da garota nutrir sentimentos mistos por ele, Itachi nunca deixou de gostar dela.

Viu quando Sarada entrou e o observou confortavelmente aninhado envolto ao redor das velas que iluminava o lugar: ‘’Bem, parece que você já pensou em tudo’’ Entendeu ela ficado um tanto insegura. ‘’Então...’’ A morena murmurou sem saber oque dizer, aquela sensação de constrangimento pairando sob ambos.  

Não sabia oque a sobrinha estava fazendo ali em cima, mas não queria perder a oportunidade de compartilhar aquele momento com a garota. Queria que suas raras interações com a jovem se tornassem mais frequentes, tinha que estimular isso.

A menina balançou-se para trás e fez menção de que ia embora e isso deixou o mais velho exasperado: ‘’Espera!’’ Murmurou fazendo-a olha-lo com atenção e não recuar mais. ‘’Não tivemos um bom começo antes’’ Começou ‘’Mas agora esta tudo bem entre nós, não é?’’

‘’Claro. Estou disposta a passar por cima de tudo e começar de novo, para o bem dessa família!’’ Afirmou. ‘’Mas você sabe, nunca tive irmãos nem nada, nem tenho muito a atenção de meus pais e antes de você chegar eu nunca pensei que dividir a escassa atenção que recebo seria tão irritante e frustrante... Se eu for chata com você novamente apenas ignore’’ Explicou novamente.

‘’Sei...’’ Murmurou refletindo. Lembrou-se do passado e logo murmurou sem nem se dar conta de que abriu a boca: ‘’Sabe de uma coisa, Sasuke quando pequeno também costumava ser ciumento quanto à atenção que nosso pai dava para mim’’ Percebeu que não houve um filtro entre seu cérebro e sua boca tarde demais, mas oque podia fazer? Sua sobrinha estava ali com ele. E ultimamente estava tão nostálgico quanto ao passado... Isso estava deixando-o um tanto emotivo, a culpa era toda  dessa nova situação que estava: Viver no futuro assim de repente fazia-o remeter aos acontecimentos do passado, comparando-os.

 Não conseguia não ser sincero nessa situação, não queria ficar neutro como sempre e controlar suas emoções. Foi quando o lado Shinobi Itachi deu espaço apenas ao Itachi pessoa, coisa que não acontecia há muitos anos.

‘’Serio que o papai era ciumento?’’ Ela murmurou curiosa e surpresa. ‘’Tá ai uma coisa em comum nossa então!’’

Deixou sua mente vagar pelo passado: Pensou sobre a relação que tinha com sua família, com o afastamento que tinha da mãe, o pouco tempo que tinha para estar com Sasuke, as determinações do pai e o pouco de livre arbítrio que tinha em meio a tantas obrigações e demandas do dia a dia. ‘’Quer saber um segredo meu, Sarada?’’ Murmurou para ela meio pensativo, quando a menina assentiu levemente continuou: ‘’Sasuke sempre morreu de ciúmes com a atenção e a forma orgulhosa que nosso pai me dispunha, mas meu otouto nunca soube que eu também tinha ciúmes dele!’’

‘’Você? Tinha ciúmes do meu pai?’’

‘’Sim, de certa maneira. É claro que eu o amo muito, mas eu também sentia ciúmes às vezes porque ele era o mais novo e tinha a chance de ser uma criança normal enquanto eu tinha muitas tarefas e metas a atingir como primogênito Uchiha da casa principal. Meu otouto só via a admiração que nosso pai me dava, mas não o quão rigoroso ele era comigo e o quanto aquilo tudo pesava em meus ombros desde muito cedo. Basicamente, Sasuke queria com todas as suas forças ser como eu. E eu só queria poder ser ele, nem que fosse por uma só vez!’’ Explicou. ‘’Irônico como a vida é, não é?! Quando eu via meu irmão, via uma criança de espirito livre que podia fazer oque quisesse, não tinha obrigações como eu, não tinha que avançar de classe e de nível ninja de pressa para ser sempre o melhor, tinha tempo para ter amigos e fazer oque as outras crianças da idade dele faziam...’’ Divagou, já perdido nos próprios pensamentos...

A voz da sobrinha ecoando no sótão o trouxe para a realidade: ‘’Como era?’’

‘’Oque?’’ Sentiu-se confuso com a pergunta. Do que ela estava falando?

‘’A vida de vocês enquanto moravam aqui juntos, com o clã Uchiha e tudo mais...’’ Perguntou curiosa ‘’Como eram os meus avós?’’ Murmurou, seus olhos brilhando; O mais velho foi pego totalmente desprevenido com aquela pergunta (Mas novamente a culpa era dele, quem mandou manter a menina ali e começar a falar do passado? Aquela nostalgia estava exacerbada demais, teria que tentar balancear isso. Mas como?) a garota deve ter percebido seu desconforto inicial porque logo tratou de amenizar: ‘’Você não precisa falar se não quiser, deixa pra lá! Não devia ter subido aqui há essas horas pra te incomodar...’’ Ela já se aproximava da escada novamente, pronta para recuar e deixa-lo só.

‘’Não, tudo bem! Posso falar...’’ Murmurou impedindo-a ‘’É natural você sentir essa curiosidade’’.

Sua sobrinha se aproximou novamente, então deixou um espaço livre para que ela pudesse entender que era pra se sentar: E foi assim que Sarada fez, colocou os cobertores que havia trazido no chão e sentou-se sobre eles olhando-o em expectativa.

Pigarreou baixo, tentando encontrar a coragem e também tentando encontrar sua voz que parecia ter sumido repentinamente: ‘’Bem...’’ Tentou começar ‘’Primeiramente, Konoha era um vilarejo bem menor doque é agora, sem tantos arranha-céus, bondes, luzes e coisas tecnológicas. Pelo pouco que eu vi ai fora, antes também não existia tanto comércio e serviços, poucos habitantes eram comerciantes ou donos de lojas. Basicamente a população se dividia entre civis que desempenhavam em sua maioria um papel no setor rural, como agricultura, e tinha as fileiras ninjas que proporcionava a maior autossuficiência econômica de Konoha através das missões que cumpria em troca de dinheiro e serviços prestados’’ Explicou ‘’Nesse cenário nossa família, o Clã Uchiha, era tipicamente composta por Shinobis há várias gerações e por isso sempre fomos uma família de guerreiros’’.

‘’hum...’’ A menina murmurou.

‘’Tinha uma delegacia na cidade que era comandada por nós’’.

Ela se animou: ‘’Ainda existe. A delegacia tem até hoje o símbolo dos Uchihas’’ lhe informou ‘’Você fez parte da policia em algum momento também? Era tipo um legado familiar?’’.

‘’Eu não. Mas era quase isso... A maior parte dos Uchihas trabalhava lá. Meu pai, Fugaku Uchiha era o chefe da policia militar’’.

‘’E como ele era?’’

Fez uma pausa, tentando pensar sobre como responderia. A pergunta o deixou um pouco desconfortável, mas logo formulou algo: ‘’A maioria das pessoas só o conhecia como um líder, o cara autoritário e de expressões fechadas e um tanto severo. E sinceramente, na maioria das vezes meu pai era bem voltado para os interesses do clã e tinha muitas responsabilidades na Policia. Mas havia um outro lado dele que poucos conheciam...’’.

‘’Como assim?’’

‘’Bem...’’ Piscou, um tanto inquieto com o questionamento. ‘’Ele não era o canalha que todo mundo pensava que era, como um cara frio ou indiferente como costumavam imagina-lo. Meu pai era... Bem... Às vezes ele era uma pessoa difícil de lidar, é verdade. Mas outras vezes...’’ Fez uma pausa tentando se organizar.

‘’Pode falar!’’ Ela lhe estimulou.

‘’Bem... Quando ele não estava soterrado nas suas próprias obrigações e deveres como líder dos Uchihas e da Policia, quando se permitia ser só pai; Ele se tornava alguém mais gentil. Lembro que ele costumava gostar de doces como eu, ele era amoroso com nossa mãe e apesar de Sasuke não saber ele também tinha muito orgulho do meu otouto. Acontece que meu pai era um cara de poucas palavras e muito ligado aos seus deveres, entendo que ele tinha sua própria história, suas dores e seus fardos para carregar. Mas ele não era indiferente e frio como todos pensavam dele. Ele sempre nós tratou bem quando ninguém estava olhando, porque era nas sutilezas que o Fugaku pai aparecia...’’ Confidenciou.

‘’Legal você lembrar dele assim...’’

O Uchiha assentiu e parecia perdido em pensamentos, aquilo o levou de volta ao passado. ‘’Sabe, apesar do fato de eu ter ficado do lado de Konoha ao invés dos Uchiha, mesmo no final meu pai estava orgulhoso de mim por eu ter seguido meus princípios...’’ Confiou-lhe ‘’Hoje penso que se não fosse sua dedicação e foco na supremacia do clã e aquela trama insana de golpe contra a vila, oque nos afastou cada dia mais...  Se não fosse por isso, talvez tudo ainda permanecesse igual e todos eles ainda estariam aqui’’ disse, sentindo-se mal com a situação.

‘’Entendo...’’ Sarada respondeu, claramente tendo recebido mais informação doque imaginava ‘’Eu adoraria saber mais da minha família, o clã que eu nunca conheci. Mas você não precisa me contar se isso machuca você!’’.

‘’Pode parecer torturante, mas é bom lembrar deles assim’’ Confessou. ‘’O meu pai era um homem que só estava agindo e fazendo oque acreditava que deveria, tanto quanto pai quando como líder. O Problema era que divergíamos muito quanto aos nossos ideais...’’.

‘’Hm. E os outros? Como era a vovó?’’

‘’Mikoto, minha mãe e de Sasuke, tinha a maior parte da responsabilidade em relação à casa e também cuidava de nós muito bem. Ela ficava mais próxima de meu otouto porque eu estava muito ocupado com as demandas e responsabilidades que meu pai me impunha, como primogênito e tudo mais’’ Contou ‘’Minha mãe era uma boa dona de casa, mas apesar de tudo era uma Kunoichi excepcional que deixou o cargo de Jounin definitivamente após eu ter nascido porque tinha que cuidar de mim e de nosso pai, você sabe, aquela besteira e imposição da sociedade sobre como as mães e mulheres casadas devem agir e fazer. Minha mãe era uma excelente Jounin e poderia continuar se destacando, mas a sociedade era moldada para que o homem trabalhasse fora e a mulher cuidasse da casa e outras dessas porcarias...’’.

‘’Ah, eu sei, minha mãe sofre muito com essas imposições ainda hoje. Porque ela é casada e ainda sim trabalha fora, recebe muitas criticas às vezes, principalmente dos mais velhos’’ Torceu a cara. ‘’Às vezes eu fico com tanta raiva disso!’’

‘’Pois é. Mas era assim que funcionava lá em casa. Meu pai estava mais próximo de mim com esse lance de me ensinar e doutrinar para ser o futuro líder do clã, enquanto que minha mãe era mais próxima de meu otouto porque ele era mais novo e ficava mais sob os cuidados dela em casa. Mas eu não era excessivamente ciumento sobre a atenção que a mamãe dava a Sasuke e não para mim, porque eu sei que ela tinha orgulho de mim e minhas conquistas, eu sempre fui mais independente e sabia que meu irmãozinho precisava mais dela doque eu’’.

‘’Isso parece meio triste e injusto’’.

‘’Não tanto quanto parece’’ Itachi sorriu, mas por algum motivo o brilho não chegava aos olhos ‘’Era justo, veja; meu pai estava lá para mim, para me auxiliar e me ensinar como ser um forte Shinobi, pra me bajular e dizer que tinha orgulho de mim e ficar contando pra todo mundo sobre o primogênito gênio que ele tinha, mas negligenciava Sasuke como filho mais novo. Não era justo que eu tivesse a atenção de ambos os meus pais, afinal de contas. Acho que minha mãe viu isso e assim passou a se dedicar mais a meu otouto. Mas éramos uma família apesar de tudo e eu sei que tanto meu pai quanto minha mãe amavam os filhos que tinham ’’.

‘’E era assim? Só vocês?’’

‘’Não! Tinha o Shisui’’ Murmurou, e por algum motivo sua face se iluminou ao lembrar do primo. ‘’Você iria gostar dele, era nosso primo mais velho e também meu melhor amigo. Quando tudo parecia ruim ele estava lá pra me animar e seu sorriso era como o ultimo brilho do sol poente’’.

Sarada sorriu: ‘’Isso é bonito. Quando você fala assim, me lembra do Boruto!’’.

‘’Você e o filho do Naruto são muito próximos, não é?’’

‘’É... Mas às vezes aquele imbecil tem uma capacidade enorme de me irritar!’’ Grunhiu, depois riu ‘’Mas isso deve ser comum em qualquer amizade muito forte’’.

‘’Deve ser, às vezes Shisui era um chatinho, sempre implicando comigo e me fazendo rir nas horas mais inoportunas. A minha vida era cheia de pesos, mas com ele parecia que tudo se esvaia. Eu sei que ele também tinha seus próprios problemas, porém normalmente conseguia enxergar as coisas para além deles e com mais clareza que eu’’ Riu, sentindo-se mais leve ao se recordar do primo. ‘’Sasuke não gostava muito dele, tinha ciúmes porque vivíamos juntos e acabava que Shisui tomava todo o meu tempo livre e eu não ficava muito com meu otouto, mas eu sei que ele era um primo excepcional para nós dois’’.

‘’Entendo. Sinto muito ter te acusado injustamente de tê-lo matado naquele outro dia...’’

‘’Eu nunca mataria Shisui... Não seria capaz... Eu o amava’’.

‘’Deu pra notar’’ Soltou e depois pigarreou sem graça. Voltou ao assunto: ‘’Mas então, era essa a nossa família?’’

‘‘Havia a Izumi também, éramos colegas. Como filha de um pai não-Uchiha, não vivia dentro do complexo Uchiha até a morte dele, depois ela ainda sofreu algum preconceito por isso. Mas justamente por ter sido criada fora dos muros do complexo pensava diferente de mim sobre vários aspectos e isso acabava me possibilitando ver o mundo de outras formas. Apesar de eu ser o filho do líder ela não me bajulava ou desprezava com inveja ou coisas assim, sempre foi muito franca quando conversamos. Mas eu sei que ela tinha uma queda por mim’’.

‘’Que convencido!’’ Sarada atirou-lhe.

‘’Oque? Era verdade!’’ Rebateu sorrindo ‘’E as pessoas ainda ficavam alimentando isso. Sempre quando estávamos juntos todo mundo ficava falando que estávamos namorando! Qual o problema desse povo? Ninguém pode ter um amigo do sexo oposto que já acham que vai rolar namoro?’’

‘’É, pois é! Entendo! O Mitsuki ora ou outra vive dizendo que eu e o Boruto ainda vamos acabar juntos! É chato isso, e mesmo se agente fosse mesmo ficar, não é da conta dele!’’ Murmurou a garota. Depois ficou mais séria e mudou de assunto: ‘’Você disse que a tal Izumi sofria por não ser uma Uchiha puro sangue. Você acha que, já que minha mãe não é exatamente uma Uchiha de sangue, eu sofreria preconceito também se eles tivessem vivos?’’

Itachi pontuou, antes de começar a falar: ‘’Eu não sei. As coisas mudaram muito. Naquela época era comum os casamentos serem arranjados como aliança politica, o famoso Miai, fosse para manter a linhagem familiar ou a classe social. Às vezes acontecia casamento entre clãs distintos e podia até mesmo ocorrer casamento entre membros de vilas diferentes, mas só quando era pra assegurar apoio mútuo: Tudo era pra fins políticos, raramente alguém de algum grande clã ou classe social elevada casava-se por amor. Por isso eu não sei se Sasuke e Sakura seriam realmente autorizados a casar...’’

‘’Ainda bem que as coisas mudaram!’’ Ela ofegou.

‘’É, né?!’’

 ‘’Mas então... Eram só vocês? Essa era nossa família?’’

‘’Bem, essa era minha pequena família particular. Mas havia outros integrantes do clã’’.

‘’Como eles eram? Vocês não eram próximos?’’

‘’Eu não tinha avós nem maternos nem paternos porque a vida Shinobi era dura e a expectativa de vida era baixa, já havia ocorrido três guerras e nosso numero tava reduzido. Mas tinha alguns destaques, a tia da loja de sembei, por exemplo: Ela me adorava e sabia que eu tinha um dente doce, por isso sempre me dava guloseimas de graça. Os demais membros do Clã eram educados comigo, mas todos esperavam muito de mim e eram bem rigorosos quanto a isso porque todos me viam como um prodígio e esperavam que eu levasse o nome dos Uchihas avante’’ Ele estremeceu de repente, se dando conta de que fez justamente o oposto: Matando-os e acabando com a linhagem.

‘’Me parece que você não tinha um bom relacionamento com os Uchihas no geral. Seu afeto só parece girar em torno de seus pais, seu irmão, primo e a tal Izumi. A velha que te bajula com doces não conta...’’.

‘’Tem razão. Eu não tinha um relacionamento maior com o resto dos Uchihas doque isso; Eles esperavam que eu fosse um futuro líder forte e voltado para defender as causas dos Uchihas e era apenas isso. Se não fosse o laço sanguíneo acho que nem daria para listados como minha família’’ Disse-lhe ‘’Além disso, havia alguns Uchihas com quem eu tinha bastante inimizade porque eram gananciosos e ambiciosos demais, achavam-se os melhores e queriam mais poder a todo custo, obviamente não gostavam nem um pouco da minha atitude passiva com relação aos lideres de Konoha’’ Itachi suspirou. ‘’Apesar de que eu acredito que o Sasuke também não gosta muito da minha abnegação a esse lugar’’.

‘’Bem, você foi capaz de assassinar o clã inteiro por Konohakure, então eu acho que ele tem motivos para detestar essa sua lealdade’’ (Ela disse a verdade e nada mais que a verdade).

‘’Verdade’’ Disse azedo.

‘’Mas vocês também se amam muito, apesar de tudo’’ Ela rebateu. ‘’E esse amor é notório, porque é justamente disso que eu tenho ciúmes, afinal. No final acho vocês dois tem uma relação de amódio’’.

‘’Amó... Oque?’’ Perguntou confuso.

‘’Ah, sabe? É quando você junta duas palavras. Nessa caso, amor e ódio. Amódio!’’

‘’Isso também é verdade!’’ Murmurou ele, refletindo profundamente ‘’Foi oque eu lhe disse naquela outra conversa’’.

‘’É, eu refleti bastante sobre oque falamos...’’ Sarada deve ter percebido a expressão um tanto sombria na face dele e tentou amenizar a conversa mais uma vez: ‘’Então, já faz três dias e... Bem, você ainda não me explicou como nasceu essa história do cutuque na testa’’.

Itachi olhou para a menina saindo de seus pensamentos tristes sobre o passado abruptamente e sorriu um pouco ligeiramente, sua mente voando para uma lembrança feliz: ‘’Bem, isso faz muito tempo. Ele era só um bebe quando comecei com isso...’’.

‘’Porque começou? Eu sempre achei meio irritante, principalmente quando era criança!’’ Lhe confessou ‘’Só passei a gostar depois que entendi que era um gesto de amor dos meus pais comigo’’.

‘’O Sasuke também não gostava quando criança’’ Revelou ‘’Começou assim: Quando ele nasceu a minha mãe estava superprotetora. Mesmo que eu só tivesse cinco anos, já manejava Kunais e lutava como ninguém, mas ainda sim ela não confiava em mim para segura-lo. Ele tinha só dois dias de vida e minha mãe ainda estava neurótica sobre o bem estar dele. Papai me disse que era o puerpério, ou algo assim’’ Começou. ‘’Então eu ficava olhando pra ele no berço. E a primeira vez que toquei nele foi assim, estiquei os dedos e bati em sua testa levemente’’.

‘’Que bonitinho’’.

‘’Não foi bonitinho porque ele começou a chorar e a minha mãe veio correndo feito louca querendo saber oque eu tinha feito. Eu era filho único e sempre era bajulado pelos dois então eles achavam que eu ficaria com ciúmes e lidaria mal com um irmãozinho’’ Suspirou ‘’Felizmente em pouco tempo ela melhorou nesse lance de cuidar excessivamente dele e pude pega-lo e cuidar dele também, acabou que ele ficava muito comigo: No final Sasuke gostava de ficar no meu colo mais doque de qualquer outro, até da minha mãe. Abria o berreiro se eu passasse ele para os braços de outros...’’.

A garota estava olhando para ele de forma estranha: ‘’Você não é tão ruim quanto parecia a principio, Naruto-san tinha razão: Você é mais legal depois que agente te conhece melhor’’ Ela se ajeitou nos cobertores e deitou. ‘’Boa noite, Itachi!’’.

Ele piscou, vários pensamentos distintos correndo sua mente: Alguns bons e alguns ruins. Mas ainda havia um pequeno sorriso no seu rosto. Comumente Itachi não era de demonstrar emoções ou sentimentos, apesar de ser cheio deles. Ele sempre sofria e amava em silencio,  apenas quem olhasse em seus olhos e fosse capaz de ver tudo oque se passava em seu coração lhe conheceria verdadeiramente. Mas agora isso parecia estar mudando, essas questões que rondavam seu passado e seu futuro estavam deixando-o mais vulnerável e exposto, fosse pra bem ou mal...

Depois olhou para a sobrinha e estranhou o fato dela esta ali: ‘’É bom compartilhar esse tempo com você. Não me leve a mal, mas pensei que aproveitaria seu quarto... Porque veio aqui? Pretende dormir aqui em cima por que?’’.

‘’Ai, Itachi! Não me faça ter que responder a essa pergunta, Shannaro’’.

‘’Por que não?’’ Perguntou inocentemente ‘’Não acho que veio aqui só para perguntar do passado. Tem alguma outra coisa acontecendo, não é?’’.

‘’Ah’’ Murmurou a jovem sem graça ‘’Eu gosto do meu quarto e adoro tê-lo só pra mim... E é verdade que eu não vim aqui só para conversar com você. Isso não foi premeditado, essa conversa só aconteceu!’’ Rebateu ‘’Mas é que eu vim para cá porque aqui em cima não se escuta nada. E bem... Os meus pais... Eles estão... Você sabe...’’.

As sobrancelhas do moreno se vincaram em duvida: ‘’Oque?’’

‘’Ai, Itachi! Não me faça ter que dizer... É constrangedor, Shannaro!’’ Disse-lhe vermelha e raivosa ao mesmo tempo.

O moreno levantou uma sobrancelha elegante, ainda não compreendendo. Mas quando parou para refletir sobre oque um casal poderia estar fazendo a sós que deixaria a filha tão constrangida soube de imediato doque se tratava: ‘’Ah...’’ Murmurou secamente compreendendo o motivo de sua sobrinha estar ali aquela hora da madrugada ‘’Eu definitivamente não precisava saber disso também...’’ Exclamou com uma careta.

‘’Pois é... Caramba, demorou pra entender. Você é meio lerdo, hein!’’ A menina sacaneou-o.

‘’Hey, me respeita. Eu sou seu tio!’’ Resmungou brincando. A menina só riu ainda mais descaradamente como se tivesse debochando e gracejando com sua cara.

E assim Itachi pode se sentir mais suave por dentro: Havia muitos momentos em que estar vivo novamente parecia ser ruim e difícil de lidar, falar de seu clã era difícil e recordar deles era ainda pior para sua alma e angustias, entretanto momentos como aquele que compartilhava com sua sobrinha querida era certamente uma das melhores coisas daquela nova vida.

Era um turbilhão de sensações distintas ao mesmo tempo, ora medo com o futuro, ora otimismo com o presente, ora nostalgia com o passado. E era a coisa mais estranha porque ficava se lembrando das coisas daquela época e ficava mal por isso. E ficava mal hoje por não saber conciliar passado e futuro e montar seu presente de forma coerente.

A vida era um negocio difícil de entender: Costumavam dizer pra ele que a vida era curta e que ela passava rápido. Mas de curta mesmo não tinha nada, pois a vida deu bastante tempo para Itachi se quebrar. E agora estava dando tempo para se remontar com os estilhaços que restaram...


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