Quem julga um caso sem ouvir ambas as partes não pode ser considerado justo, ainda que julgue com justiça.

Sasuke P.O.V (Point Off View)

Estava tão descontente que poderia esmurrar o primeiro que passasse sem motivo algum. Seus pensamentos a mil, muitas coisas para lidar em pouco tempo. A vida que tinha estava toda desorganizada: Seu irmão ressurgiu dos mortos, sua filha e esposa estavam exigindo muito dele como pai e marido(Como sempre), brigara com Naruto desde que soube daquela loucura toda de esconder seu irmão mais velho dele, e agora não tinha mais uma residência para morar, sem contar que detestava e estava infeliz por estar permanentemente em Konoha ao redor daqueles cidadãos insanos.

Haviam se passado uma semana desde que sua filha interrogara seu Aniki; Ditosamente pode se entender melhor com a menina naqueles dias, porque compreendia um pouco oque Sarada estava passando e foi só por isso que resolveu isenta-la de qualquer punição rigorosa.

Quem não ficou muito bem depois daquela conversa foi Itachi, seu querido irmão passou a semana tentando convence-lo de que tudo estava bem, porém ficara obvio que era mentira quando devido à preocupação e ao estresse emocional ele teve um quadro de pressão elevada além de outros sintomas como dor de cabeça intensa, além de insônia e angústias. E era por isso que estava naquele lugar...

O barulho do lugar era levemente incomodante, aquele zumbido de hospital, o cheiro, o ambiente branco, tudo! Sasuke já estava levemente irritado com o local, mal podia imaginar como sua esposa poderia aquentar aquilo todos os dias. Mas sua irritação não se restringia apenas aquele lugar, muitas coisas estavam acontecendo e sua mente estava conturbada.

Sua casa incendiada era um problema sem precedentes. Ele não tinha onde ficar e nem onde dormir, embora Sakura e Sarada tenham se instalado na casa de seus sogros. Kizashi insistiu para que ele ficasse também, mas ele alegou ter muito trabalho e o velhote desistiu. De qualquer forma, não era de todo mentira, teve um trabalho e tanto encurralando os responsáveis pelo incêndio em sua casa, não houve tempo para descanso, não conseguiu pregar os olhos por quase uma semana, sentia-se zonzo, mas a ideia de ficar na casa dos Haruno não lhe agradava...

Andar pela vila era outro problema a parte, todos lhe observavam por onde quer que fosse, seguindo-o com o olhar até que ele sumisse de vista. Se queriam intimida-lo não estava funcionando, ele continuava imponente e rígido passando pelas pessoas como se não fossem nada. Dessa forma ao menos não tinha que fingir ser cortes, ninguém lhe cumprimentava, então ele não se via na obrigação de fazer o mesmo.

Mas seus problemas não começavam ai, afinal ele sempre se sentiu desconfortável em Konoha, não era mais uma criancinha inocente fazia anos, desde o massacre sentia que aquele lugar não era mais sua casa, era como se ele não tivesse mais nada. Claro que as coisas só pioraram depois que descobriu a verdade sobre o assassinato de todo o seu clã, a ordem partiu de Konoha, não havia como ele se sentir amistoso com aquele lugar novamente, por mais que tentasse...

Queria poder acreditar que tudo estava se arrumando atualmente. Mas a verdade é que sempre fugia daquele lugar, de sua família, Sakura e Sarada sempre lhe questionavam o porquê de nunca estar presente, mas era inviável para ele... E esta ali novamente era irritante! Por mais que quisesse fingir que tudo estava em ordem, era impossível. Era mentir para si mesmo...

Queria se redimir e se libertar de tudo aquilo que lhe aborrecia, mas sabia que ainda faltava um longo caminho para sua redenção. Faltava um gigantesco caminho para chamar aquele lugar de lar novamente, para realmente se sentir em casa, em paz, se livrar de todos os seus demônios.

Tudo ficara ainda pior desde que achara aquela cabana, sua vida havia virado de pernas para o ar. Não que ele estivesse reclamando, olhou de relance para seu irmão mais velho sentado em uma maca hospitalar, com cateteres ligados ao braço. Era realmente agradável tê-lo por perto novamente, mas ao mesmo tempo incrivelmente desconfortável. Isso era tão confuso: Tê-lo de volta era como uma benção e uma maldição ao mesmo tempo!

Seus olhos pesavam. Talvez sua mente estivesse essa bagunça toda por falta de descanso. Aquela semana tinha sido uma gigantesca loucura, um grande pesadelo. Não queria estar tão instável, mas era inegável o que estava sentindo: Fraqueza. E ele não queria ser fraco, mas era assim que se sentia aquele instante.

Sasuke balançou a cabeça levemente tentando esquecer por um instante tudo o que estava acontecendo. Esquecer que seu irmão deveria estar morto, esquecer da nova aparição do clã Otsutsuki, esquecer de sua casa em chamas, esquecer de sua nova promoção na DIIA...

Ah, a DIIA... Ele já estava até se esquecendo dela, até que Kakashi lhe fizesse o favor de lembrar a menos de trinta minutos atrás, quando foi visita-los no hospital. O Uchiha grunhiu baixo, tentando não chamar a atenção. Estava desgostoso com o que Kakashi estava lhe empurrando, mas era praticamente impossível contrariar Kakashi e o Dobe. Os dois estavam tão convictos que Sasuke não pode negar por mais tempo, em breve seria o novo capitão da DIIA e realmente não sabia o que esperar...

Aceitar um cargo assim lhe daria trabalho demais, mas não só isso! Ser capitão exigia que ele ficasse de forma permanente na vila, cuidando de tudo. E isso lhe aborrecia ainda mais. Ele não estava pronto para ficar sentado em uma cadeira gritando ordens para subordinados idiotas! Como Naruto aguentava isso? Eles tinham sido feitos para a adrenalina, o combate direto, não para ficar sentado esperando que alguns idiotas se dessem bem. (Quase podia ouvir a voz do Uzumaki lhe dizendo ‘’Nós somos os mais fortes, temos que ficar, organizar tudo e proteger os outros, é nosso dever! Se alguém precisar de nós estaremos lá, seja onde for, mas caso contrario devemos fazer o máximo para deixar tudo em ordem’’). Claro, pois para as missões mais fáceis havia quem mandar, eles só abandonariam seu posto se fosse algo realmente importante e sério...

Sasuke suspirou, era evidente que ele continuou negando o cargo, apesar da insistência, então era obvio que Naruto e Kakashi tiveram que chantageá-lo, afinal, o caso de Itachi e das outras pessoas que apareceram vivas misteriosamente assim como seu irmão estava sob sigilo e só a DIIA tinha acesso. Então era incontestável: se ele quisesse tomar partido nessa historia teria que acatar e tomar a posição de capitão, essa era a única forma de ter mais acesso a Itachi e a toda essa bagunça.

Olhou disfarçadamente para seu irmão, mas mesmo assim o outro Uchiha pegou seu olhar.

‘’O que foi Otouto?’’

Sasuke estremeceu da cabeça aos pés, mas tentou esconder seu espanto repentino. Era estranho ter Itachi ao seu redor novamente, quem dirá ouvir sua voz chamando-o de ‘Otouto’ novamente, era como se estivesse vendo um fantasma, o que claro, provava que aquilo tudo era uma loucura.

Ainda podia se lembrar dele morto a sua frente, caído no chão como uma mosca morta em frente aquele esconderijo Uchiha. Por Kami! Fora ele próprio que o matou e agora ele estava ali, a poucos passos de distancia, vivinho como nunca!

Engoliu em seco, não podendo encarar mais Itachi ‘’Nada’’ Murmurou sem jeito. Era tudo tão estranho que precisava se afastar, se distanciar um pouco. Que Itachi não lhe levasse a mal, mas ele não conseguia ficar nem mais um minuto ali. Limpou a garganta, pigarreando: ‘’Uhn... Eu vou verificar uma coisa...’’ Murmurou, não importava o que seu irmão acharia, tinha que sair um pouco.

Precisava espairecer, não gostava nem um pouco de não ter controle de nada. Antes era só Sakura, Sarada e ele, e ele já tinha problemas suficientes quando só havia elas em sua vida. E ainda sim ele ia a missões quando desejasse, voltava quando queria, trabalhava no que lhe satisfizesse e só via sua família apenas quando sentia saudades: Agora não parecia ter o controle de mais nada, com a DIIA, com Itachi, sem sua casa, sem poder descansar, com aquela maldita vila ao seu redor...

Eram muitos problemas e novidades de uma só vez e ele estava explodindo. Simplesmente não conseguia entender como tudo em sua vida ficou um caos de uma hora para outra.

Além disso, por mais que amasse seu Aniki, a devoção de seu irmão para com a vila era irritante: Não importava que fora Konoha que ordenou o massacre de seu clã, lá estava Itachi cedendo-se por inteiro, ele estava à completa disposição daquele lugar imundo. Queria esmurra-lo sem parar quando o mesmo demonstrava aquele zelo todo aquele lugar. Por acaso Itachi tinha cromossomo a menos? Já não bastava ele ter aceitado a terrível e ordinária missão de assassinar sua própria família e agora que voltou dos mortos ainda ficava como um cachorrinho adestrado de Konoha!

‘’Vou indo’’ Disse apressado. Por alguns instantes parecia que o ar ficou insuportável ali, não conseguia nem olhar na cara de Itachi. Virou-se rapidamente sem esperar uma resposta, feliz por sua voz ter saído firme.

A porta fez um barulho estridente quando saiu, algo muito alto, mas não se incomodou e virou um corredor com poucos passos afastando-se depressa do quarto de seu irmão. Não queria fugir assim, mas esses rompantes estavam se tornando frequentes. Aquela situação era anormal demais. Qualquer um no seu lugar já teria ficado completamente louco...

Mais alguns longos passos e quando sentiu estar longe o suficiente seus ombros relaxaram e sua postura se tornou mais leve, seu rosto brando. Suspirou longamente, tentava colocar os pensamentos em ordem, mas eram como um turbilhão de emoções juntas e ele não conseguia se deter, não conseguia esquecer o amor que sentia por seu irmão, mas também não conseguia esquecer que ele era o assassino de sua família. Por outro lado, ainda queria impressiona-lo, queria a admiração de Itachi, queria que seu irmão visse que ele se tornou um homem forte, mas sentia que estava falhando miseravelmente nisso também. Era como se ele fosse aquele garoto de anos atrás e não um adulto com uma vida própria e equilibrada.

Grunhiu alto quase esbarrando em uma enfermeira, ela lhe olhou feio, mas logo se afastou. Ele nem precisou se desculpar por qualquer coisa. Sentia-se tão instável e se odiava por isso. Afinal, ele era Uchiha Sasuke, um adulto, frieza e apatia deviam ser seu sobrenome: Mas ali estava ele esgotado, irritado e vulnerável.

Aquilo era tudo culpa da situação em que se encontrava, pensou chegando à ala restrita. Ele não estava tão emocionalmente descontrolado e incerto antes daquela cabana, antes de Naruto esconde-lo e antes de seu irmão mais velho aparecer.

Não precisou de muito para adentrar o local, estava com um papel da DIIA que lhe dava total acesso. Era provisório até sua entrada oficial como capitão, mas isso não era tão importante agora... Avistou uma mulher loira que parecia ocupada. Se aproximou dela sem pestanejar ou imaginar que sua presença era um incomodo.

‘’Alguma novidade?’’ Murmurou sem animo nenhum a Tsunade.

‘’Não’’ Respondeu-lhe séria, logo se afastando.

Sasuke queria protestar, mas achou melhor se manter neutro. A mulher estava ali porque era a mais apta à tarefa, e toda aquela confusão não estava sendo fácil de digerir. Andou devagar entre as macas. Todas aquelas pessoas, em coma, ligadas a tubos e fazendo questão de estarem sendo inúteis para seus planos. Queria-as acordadas, queria interroga-las, queria fazer alguma coisa (Ficara sabendo que havia mais daquelas pessoas misteriosas que retornaram a vida, mas todas permaneceram em coma, estavam definhando em cima daquelas macas e por isso chamou-se a família de cada um para optarem desligar as maquinas que os mantinham vivos. Nem quis saber quem eram os outros já que não importava desde que já estavam mortos de novo, mas entendia que eram Shinobis de Konoha que do passado também).

E enquanto isso seu irmão era o único que realmente acordou do coma, era o único a ser interrogado, o único a esta passando por toda aquela merda de indagações estupidas. Antes fosse que ele estivesse apagado também. Talvez assim os Uchihas não estivessem com tantos problemas...

...Talvez se seu aniki estivesse em coma ele não estaria mancomunado com Naruto. Talvez se Itachi estivesse dormindo Sasuke não estivesse tão nervoso: Aquela carta não saia de sua mente também. Naruto sabia que Itachi estava vivo e por ai, mas seu irmão também estava em total acordo com o loiro, associados, de conluio. Por que nenhum dos dois se preocupou em lhe contar alguma coisa? (E ainda arrastaram Sakura e Kakashi para a tramoia). Claro! Porque seus irmãos eram dois idiotas! Dois Dobes! Dois imbecis achando que podiam fazer alguma coisa escondidos e sozinhos, deixando-o para trás sempre! Era sempre a mesma coisa; Sempre ficou atrás das sombras de seu irmão prodígio: Itachi. E depois sempre ficou as sombras do heroi que Naruto se tornou. 

‘’Sasuke, precisamos conversar!’’ Murmurou Sakura, vindo do além, fazendo o Uchiha a encarar seriamente. Da onde ela apareceu? Ele estava tão perdido em pensamentos que nem a viu chegar? Ele realmente precisava dormir!

Aquela loucura que estava sua vida precisava terminar. Mas como?

Endireitou-se, tomando uma postura mais séria e apática, tentando não transbordar nada em sua feição além de seriedade e ignorância. Ele ainda era Uchiha Sasuke, sua cabeça estava uma bagunça, mas seu orgulho não: Nem por cima de seu cadáver Naruto e Itachi iriam tirar sua inclinação à ufania.

Mas isso não explicava o que sua mulher estava fazendo ali. Encarou Sakura calmamente, lembrando-se que ela era tão boa quanto Tsunade, talvez até melhor. É claro que ela tinha acesso aquela área também...

A expressão de Sakura parecia nervosa, aquela conversa não deveria ter fins profissionais e ele não queria perder tempo discutindo coisas estupidas, não queria trocar palavras quando sua cabeça estava toda bagunçada, era perigoso. Com certeza tirariam algo dele para joga-lo contra a parede depois ‘’Talvez mais tarde!’’ Murmurou prestes a sair, mas a rosada o segurou pelo braço com tamanha força que Sasuke não pode ignora-la. Encarou-a, sua mente estava um caos não estava para conversas agora, ainda sim a mulher insistiu. ‘’O que quer?’’ Sua voz saiu raivosa.

A mulher lhe lançou um olhar feroz. ‘’COMO ASSIM O QUE QUERO? Você tá um caos a semana inteira e ainda pergunta o que eu quero? Naruto não lhe mandou em nenhuma missão oficial, então pode me explicar o que esteve fazendo, SHANNARO!!’’

‘’Shiiiu’’ Alguém lhes mandou.

Cara, ele tinha se esquecido da mulher que tinha. Sua esposa não era nem de longe como aquelas chatas submissas e donas de casa, não: Uchiha Sakura era determinada, mandona e dona de uma personalidade forte.

‘’Isso aqui não é lugar para uma DR’’ Debochou, soltando-se do agarro da esposa e virando-se rapidamente para a saída, seu braço doía levemente, havia se esquecido do quão forte ela era também...

Caminhou a passos largos pelo corredor, virando em um deles rapidamente, ao longe ouvia os passos da mulher atrás de si: Apressados e incisivos. Ele não conseguiria escapar de sua esposa com tanta facilidade dessa forma, então sua mente voou pensando em alguma coisa, mas nada surgia.

Seus pés pareceram tomar caminhos próprios e não lhe obedeceram mais, quando deu por si estava no corredor do quarto restrito de Itachi. Um oficial da DIIA lhe deu acesso rapidamente e ele adentrou o cômodo com rapidez.

Por um instante parou para pensar o porquê de ter ido logo para li, mas não pode evitar era como se sua mente lhe empurrasse para aquela pessoa que ele achava que pudesse lhe ajudar a se safar, e essa pessoa era seu irmão mais velho. Não era uma ideia de todo má, se um Uchiha não acuava Sakura talvez dois acuassem...

Mesmo sabendo que era seu Aniki que estava ali, sempre que esbarrava com ele era como ver uma assombração. Foi apenas alguns segundos e ele pode recompor seu ligeiro espanto, esperando que Itachi não havia notado nada.

Seu irmão olhou-lhe curioso, mas não se pronunciou ou questionou sua volta abrupta. Essa atitude lhe deixou mais calmo, afinal ele não estava pronto para brigar com todos ao mesmo tempo agora.  Sentou-se próximo ao ar condicionado, o mais afastado de seu Aniki.

Ficou calado, apenas ouvindo o barulho sem graça do aparelho, seu coração martelando. Não havia janelas, isso não era um incomodo para Sasuke (mas para Itachi parecia uma tortura, anos longe daquele lugar, e quando finalmente estava ali não podem nem ao menos observar a Vila).

Itachi bufou parecendo entediado, mas Sasuke não se importou. Logo o silencio absoluto fora cortado pelo som de uma voz feminina,  quase se bateu ao perceber que era sua mulher...

‘’Merda!’’ Murmurou levantando-se, tentando não desfazer sua postura firme e autoritária, não na frente de Itachi pelo menos.

‘’O que aconteceu?’’ Perguntou seu irmão, suas sobrancelhas se unindo tentando entender.

‘’Nada’’ Ignorou-o. Antes que pudesse reagir sua esposa abriu a porta rapidamente, entrando sem se importar com a reação dos dois ali presentes...

‘’Ah, não!’’ Gemeu. Ela nem lhe pouparia de passar por essa vergonha na frente de seu irmão? Ao que parecia nem dois Uchihas juntos podiam deter ou acuar Sakura (Ele fora idiota por pensar isso, Sakura era indomável e de espirito livre).

O Uchiha caminhou em direção à porta e antes que a mulher pudesse falar ele lhe puxou para fora. Pararam ligeiramente ao lado do quarto, por persistência da mulher, Sasuke encostou a porta, esperando que seu irmão não lhes visse ou ouvisse-os...

Esperava que aquela conversa fosse rápida...

‘’Vai me responder agora? Sem essa de, ‘outra hora’! Essa coisa de ‘outra hora’ nunca acontece!’’ Murmurou séria, colocando as mãos na cintura. Ele havia esquecido completamente como sua esposa podia ser firme e concisa. ‘’Eu já sei que foi você que caçou e amedrontou ou responsáveis por dar cabo em nossa casa! E não tente negar, só pode ter partido de você essa vingança...’’

Olhou-a analiticamente. ‘’Alguém tinha que buscar os responsáveis pelo incêndio em nossa casa, não fiz mais do que deveria!’’

Claro, o Uchiha podia se lembrar com clareza de como havia sido sua semana incomum. Dias procurando pessoas, encurralando supostos responsáveis, buscando pistas. Ele até podia estar afoito, precipitado, mas nada lhe tiraria essa ousadia. O Que Naruto esperava? Que ele ficasse parado esperando a droga de uma missão oficial?

Em uma semana usou a determinação e audácia que sempre teve a seu favor, evidente que Kakashi e o Uzumaki não ficaram tão contentes com sua investigação por conta própria. Sua busca foi intransigente, bem pior do que sua busca pelos responsáveis pelos recadinhos, Hatake havia se preocupado, as pessoas que ele ‘interrogou’ acusaram-no de abuso de poder, de ser uma ameaça e perigoso, mas isso não o deteve nem um pouco...

Até que fora prazeroso amedrontar aqueles desgraçados! Quase que um sorriso apareceu em seu rosto, quase. Mas a realidade o atingiu e ele ficou tenso novamente. Aquela semana que passou tinha sido realmente uma loucura sem fim. Talvez tenha sido um ato precipitado, ele podia admitir, mas não vinha ao caso agora. Tudo já estava resolvido...

A mulher colocou uma das mãos nas têmporas. ‘’Você sabe que não deveria ter feito isso! Não até uma ordem de busca ser concedida, Naruto daria a missão se...’’

‘’Isso não interessa agora! Já esta feito! Naruto que se vire!’’ Murmurou desviando o olhar para Itachi, dentro do quarto, que também lhe olhava com reprovação, aparentemente ele tinha ouvido tudo. Merda!  Agora ainda tinha que aturar esses dois lhe repreendendo!

Itachi bufou, realmente não fazia sentido discutir por algo que já havia acontecido, não adiantaria repreender agora. Além disso, até que não era uma má noticia. Quando Sasuke viu seu irmão se recostar no travesseiro novamente soube que ele não lhe ofereceria resistência, Ótimo, menos um!

Mas Sakura ainda parecia intrigada:

‘’Quem foi? Estou curiosa!’’

‘’O tumulto começou com os civis, eles que incendiaram tudo, mas foram incitados a fazê-lo!’’

‘’Esta insinuando qu-‘’

‘’Sim. Não precisei de muito para achar os mandantes, bastou achar os civis envolvidos que logo abriram o jogo e entregaram os responsáveis por trás de tudo: Alguns ninjas.’’

‘’Não eram ninjas muitos espertos então...’’

‘’Eles imaginaram que se a iniciativa partisse de civis, pensariam no caso como uma revolta popular, além disso, a maior parte dos responsáveis ainda nem era Chunnin. Apenas um aglomerado do covardes, sabiam que não tinham a menor chance contra nós e tentaram nos destruir através de outros artifícios’’

‘’Faz sentido’’ Murmurou a senhora Uchiha. ‘’Mas, e agora?’’

‘’Naruto irá me convocar em breve, discutiremos isso em particular. O incêndio não nos causou mal, no entanto, o objetivo deles foi alcançado; parte da população ainda parece inclinada a nos querer mal. Querem respostas, querem uma represaria’’ O Uchiha havia baixado a voz na ultima frase e olhou para Itachi de relance, ela sabia que estava se referindo mais ao irmão do que a eles.

‘’Eles não gostam mesmo de seu irmão, hein?!’’

‘’Pois é. E como ele está, falando nisso’’.

‘’Fizemos uma bateria de exames, mas até então tudo dentro dos conformes!’’ Disse olhando Itachi, que devolveu o olhar. ‘’Se ele tivesse pra onde ir, já podíamos dar alta médica. Mas é melhor para ele ficar aqui, doque perambulando por Konoha com esse um monte de revoltado querendo seu mal’’ Respondeu. ‘’Se tivéssemos uma casa, ele poderia ir para lá... Mas...’’.

Sasuke queria poder responde-la e dizer que providenciaria isso. Queria poder saber o que estava para acontecer, mas a verdade era que ele estava tão perdido na situação quanto ela. Era impossível predizer o que aconteceria com toda aquela confusão. Ele não tinha resposta agora, isso o aborrecia. No entanto faria o possível para arrumar tudo...

Olhou para seu Aniki, tentando entender o que se passava na cabeça dele: A expressão de Itachi era suave, mas por dentro devia estar uma confusão ainda maior para ele digerir do que para todos ao redor, isso com certeza.

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Itachi P.O.V (Point Off View)

Tentou dormir, realmente tentou. Ainda sim, por mais que tentasse parecia em vão. Estava inquieto e movia-se de um lado para o outro sem se acalmar, sua mente estava correndo desassossegada.

Tentou colocar tudo em ordem, tentou assimilar as informações que chegavam. Tentou esquece-se de seu irmão por um só estante, aquelas caretas que Sasuke fazia sempre que o via como se ele fosse um morto vivo era a prova de que tudo aquilo era uma loucura, tentou ainda esquecer dos problemas que causou a seu irmão e a cunhada, tentou esquecer do Otsustsuki que lhe trouxera de volta só para chantagear seu irmãozinho, esquecer do incêndio na casa de seu irmão que quase matou sua sobrinha e principalmente tentou esquecer todas aquelas coisas que a menina lhe disse dias antes...

Não- Não deveria chama-la mais assim, não é? Não era o que ela queria! Sua cabeça latejou, ele ainda a encarava como da família, então imaginou que se a chamasse assim em segredo ninguém descobriria. Isso! Até as coisas se ajeitaram entre a menina e ele. Mas ainda não havia resoluções para todos os seus problemas.

Ainda tinha que encarar a aldeia inteira. Se revirou na cama, era madrugada, ele podia ver pelo relógio na parede que marcava 02:36. Estava agitado para dormir, como não tinha janela e mais nada para fazer no cômodo concentrava-se no barulho que o relógio fazia sempre que a hora passava.

Era entediante, tentou mudar seu foco para outra coisa que não fosse as horas ou sua situação, tentou pegar no sono só que agitado como estava tentou por pouco tempo porque, última instância, foi inútil.

Sentou-se abruptamente na cama, acendendo a luz e esfregando a mão sobre o rosto. Sasuke havia sumido novamente do quarto. Ele sabia que seu irmão ainda deveria estar pelo hospital, mas parecia receoso em ficar no mesmo quarto que ele. Bufou levantando-se, seus pés mal tocaram o chão quando dois ninjas adentraram em seu quarto com expressões rígidas e temerosas.

‘’Uchiha Itachi, Precisamos que venha conosco’’ Um deles chegou muito perto. Ele pode ver algemas cintilarem, ele sabia que aquilo era para ele, oras para quem mais seriam? ‘’Estamos encarregados de escolta-lo até o Hokage, então não faça movimentos bruscos e siga a risca o que lhe for pedido. Qualquer ato duvidoso será tido como desacato e não hesitaremos em tomar providencias.’’

Assentiu quase que instantaneamente, observou melhor os dois, antes de ser algemado pode perceber o símbolo da DIIA no uniforme dos homens. Parecia que aquela medida que Naruto arrumou para ele ficar livre tinha acabado, ele realmente não esperava que fosse durar tanto e por isso não estava surpreso com o fim da manobra que o Hokage usou para evitar que ele fosse preso antes. E pela conversa que ouviu de seu irmão e sua cunhada, ele não tinha mais motivos para permanecer no hospital também...

Os ninjas que vieram eram bons rapazes. Era estranho serem tão condescendentes, mas Itachi sabia que aquilo deveria ser só o protocolo (Ainda sim era estranho, essa DIIA era realmente outra coisa, se a ANBU anda existisse tinha mais que certeza absoluta que seria recebido da pior forma possível).

 Um dos homens lhe aplicou um Juinjutsu, provavelmente de restrição a chakra, e ele não fez nada para impedi-lo.

O Uchiha aceitou tudo sem se opor, ainda sim, podia sentir a tensão dos ninjas incumbidos de lhe escoltar. Os caras estavam se cagando de medo dele. Podiam ser os melhores no que faziam, mas ele ainda era Uchiha Itachi e sabia que nenhum dos dois tinha a menor chance com ele.

De certa forma isso o acalmava um pouco, ele podia ser compassível, mas não era um hipócrita: Sentia-se melhor quando sua força ainda era maior que a de seus oponentes...

Estavam prestes a sair do quarto quando alguém entrou estarrecido:

‘’OQUE?! O que esta acontecendo aqui?’’ Seu otouto gritou estupefato.

Mas a reação dos homens ali presentes foi tão mais hilária que Itachi quase riu, se ele se lembrasse de como se fazia isso. Parecia que aqueles dois temiam mais a Sasuke do que a Itachi agora (Se bem que Itachi estava preso com segurança, enquanto Sasuke estava livre, leve e solto, e o mais novo ainda tinha histórico de ser impulsivo e explosivo...).

Os ninjas estavam ainda mais medrosos e por isso o Uchiha teve compaixão deles:

‘’Fique calmo, sem estresse. Eles estão me escoltando até Naruto porque aquela medida que ele arrumou para mim acabou, apenas isso Otouto’’ Se pronunciou, já que os dois agentes da DIIA pareciam embaraçados demais e Sasuke tinha uma áurea assassina ao seu redor.

‘’Por que esta preso?’’ Murmurou vendo as algemas. ‘’SOLTEM ELE JÁ, eu sou o capitão dessa merda e-’’

‘’É só o protocolo Sasuke. Não há problema algum, conforme eu desejasse já estaria livre dessa bugiganga.’’

Seu irmão arqueou uma sobrancelha, mas logo sua expressão esmoreceu. ‘’Não acha que é muito cedo para começar a se gabar? Você não parece nem um pouco preocupado com seu futuro, qual o seu problema, aniki?!’’

Ele responderia, se não tivesse cercado por ninjas da DIIA que olhavam-nos surpresos com aquela interação entre os irmãos. ‘’Isso esta ficando constrangedor, podemos sair?’’

Sasuke parecia querer discutir, mas desistiu ‘’Cert-Espera!’’ Chegou mais perto do irmão quase horrorizado. ‘’Isso é um juin?’’

‘’Não é obvio?’’ Murmurou Itachi sarcástico, mas o outro ignorou por completo, olhando para os agentes da DIIA.

Não adiantaria em nada o Uchiha de cabelos longos tentar abrandar a situação, era evidente seu destino: As algemas e juin eram só uma amostra do que aconteceria em seguida, tinha certeza: Era hora de ser preso. Já parecia a par da situação, não lhe levariam algemado e com um juin se não fosse para ser encarcerado. Isso já era esperado desde sua busca por Sarada, ainda era um Nukenin perigoso para todos os efeitos...

‘’Isso faz parte do protocolo?’’ Ouviu seu irmão questionar. Quando os homens afirmaram, Sasuke quase foi atingido por um baque ao entender oque aquilo significava.

Quando o outro virou-se espumando de raiva e já marchando com ódio inflamando seu sistema, Itachi já sabia que tinha problemas maiores do que ser preso à vista: Cara, seu irmão tinha que ser tão impulsivo? Ele certamente era explosivo e dramático demais da conta.

Os dois eram opostos completos nesse quesito. Porque ele também tinha um monte de problemas e sabia esconder tudo dentro de sua mascara impecável de apatia, orgulhava-se por sua neutralidade mesmo diante situações adversas e sombrias, diferente de seu otouto que parecia um gato selvagem acuado pronto para atacar tudo ao seu redor a torto e a direito na primeira oportunidade.

Suspirou e falou com ninguém em particular: ‘’Não faça nenhuma besteira, irmãozinho tolo!’’