Delta escrita por Rodrigo Silveira


Capítulo 9
Cidade de Neon


Notas iniciais do capítulo

Adivinha quem voltou? Esperem que curtam.
E, já pensou em deixar um comentário? Dá uma animada no autor ;)



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Cidade de Neon

Sons de coisas quebrando, tiros e gritaria vieram de todos os lados quando o carro gigantesco em que estávamos passou pela barreira. Aquela definitivamente era a coisa mais sem noção que eu já tinha feito antes.

— Passamos da barreira polícial. — Informou o motorista. — Aqui vai ser mais fácil de despistá-los.

— O quê? — Perguntou Lea ao seu lado no banco do carona — Silveirado é uma das cidades mais munidas de tecnologia que existem!

Naquele momento, nós estávamos na Estrada de Diamante. Elas serviam de ligação para as outras cidades. Pelo que eu tinha entendido, estávamos indo para a cidade que, chamavam de Cidade de Neon.

— Eles ainda estão atirando — Disse Taka, levantando-se.

Ele estava notavelmente exausto. O suor percorria todo seu rosto e o ombro ainda estava sangrando. E aí vai mais uma informação sobre mim: Eu não reajo muito bem a sangue.

 — Pode resolver isso? Mesmo que por pouco tempo? — o homem perguntou à Taka, que não respondeu. — Ei, você! Veja se ainda tem muitos carros lá fora!

Depois que o motorista tocou forte a buzina, percebi que ele estava falando comigo. Andei desajeitado até a porta traseira do veículo e espiei por uma brecha. As luzes da estrada iluminaram meu rosto no momento exato em que minha boca aberta expressava perfeitamente que a quantidade de carros dos Arcanjos, a nova tropa polícial de Zac Nelos, era muito grande. E não pareciam com que aqueles que ficam na esquina da sua casa com caras gordos dentro comendo rosquinha. Eram tipo, vans enormes, mas que mesmo assim, não se comparavam ao carro em que estávamos.

— São muitos... — Eu falei com a garganta seca e as mãos tremendo, enquanto fechava a porta. — E esse carro aqui... Por que tem tanta fumaça saindo dele?

O motorista não respondeu. Eu realmente preferia ele apenas concentrado em dirigir e nos tirara daquela chuva de tiros.

Então Lea voltou-se para mim:

— É movido a óleo.

— O quê? Existem carros movidos a óleo? Como assim? E o que você está fazendo aqui?

— Eu pensei que estavam extintos. — Explicou ela — Mas parece que não. Lembra-se do homem que eu disse que estava me vigiando? No funeral do Dex? Não era da IRIS. — Apontou para o motorista — Ele está do nosso lado, me salvou quando a diretora Sali, que a propósito trabalhava para IRIS, e, era amante do meu pai, tentou me matar. Pensei que eles tinham pegado você quando apareceu na TV...

— E eu pensei que nós tínhamos coisas mais importantes para nos preocuparmos — Interrompeu Taka. — Reen, que tal você me ajudar a parar esses caras?

As minhas costas ainda doíam, mas Taka, que estava mais ferido que eu, ainda tinha disposição para lutar, mesmo que seu semblante dissesse o contrário. Seus olhos pareciam caídos e sua pele morena estava muito pálida.

— Você precisa descansar — falei, tremendo de nervosismo.

Taka deu um riso cansado.

— Acho que você não entendeu. Você é a prioridade aqui Reen. Eu não vou morrer. Temos que te levar em segurança.

Não saber o que estava acontecendo é um sentimento aterrorizante. Principalmente quando políciais de elite de Nova Éden vêm atrás de você. Mas se havia um motivo para fugir, o de Taka era justo. Eu podia ver em seus olhos que ele realmente estava disposto a fazer qualquer coisa, mesmo que o matasse. O problema era que eu não queria mais uma morte na minha vida, mesmo que fosse a dele.

— Kai — Taka gritou chamando o motorista. — Estamos chegando?

O carro deu um movimento brusco na estrada, o que nos fez bater nas paredes laterais antes que ele respondesse:

— Se prepara. Nós vamos por uma música.

— O quê? — Eu questionei — Pra quê música em uma hora dessas?

Eu vi Kai olhando muito sério para Taka e então ele me fez um sinal com um dedo na boca para que eu ficasse em silêncio.

De repente, batidas agitadas preencheram nosso carro abafando alguns tiros que vinham da multidão de políciais que nos perseguiam. Era música eletrônica. Eu conhecia muito bem, pois escutava no FLYERSTEP. Taka pareceu estar curtindo o som com os olhos fechados por um breve instante, E então abriu os olhos e com um sorriso maléfico olhou para mim.

— Se segura. — ele falou.

O carro acelerou muito forte, e, lesado como sou, não consegui me segurar a tempo de a velocidade me derrubar.

— Você tá maluco? — Lea gritou para Kai, o motorista. Olhei para ele e vi que ele parecia contagiado pela música. Na nossa frente, eu pude ver a pista sendo deixada para trás muito rapidamente assim como alguns carros no meio do caminho que danificamos ao passarmos.

A porta traseira fez um barulho alto com o chute que Taka deu para abri-la.

Do lado de fora, os carros dos Arcanjos não paravam de avançar. Assim que nos viram, eles começaram a atirar freneticamente. Como um bom covarde, eu me agachei com as mãos na cabeça para evitar os disparos.

— Boa noite senhores. — Falou Taka bem alto, de braços abertos, ignorando a chance grande de ser atingido por estar tão exposto. — Se não se importam, vou ter que interromper sua viagem agora.

Um relâmpago assustador desceu na estrada entre nós e os políciais nos dando espaço para avançar mais um pouco. Taka, mais maluco como eu nunca tinha visto, seguiu atacando os carros com mais descargas elétricas e, dessa vez, ele atingiu um dos carros no motor fazendo-o explodir, e impedindo alguns outros de seguir em nosso encalço.

No meio da confusão, meu corpo parecia estranho. Assim como nos jogos de FLYERSTEP, aquela música me fazia ficar enérgico. Eu respirei bem fundo e fiquei de pé. Sentia o suor frio descendo em meu pescoço, mas agora tudo o que eu queria era seguir rumo á porta traseira.

Taka olhou para mim com um sorriso satisfeito quando eu fiquei ao seu lado, de frente para as luzes dos outros carros.

— Está vendo os holofotes, boy? — Ele perguntou — Estão todos apontados para você. Brilhe, querido.

De frente aos que me perseguiam, eu concentrei meus pensamentos negativos, todos os que eu poderia ter. Nas minhas mãos formou-se uma bola de fogo, suficientemente grande, que eu atirei em um dos carros.

A bola atingiu um dos pneus que foi incendiado.

Era surreal, mas estava funcionando. Eu segui lançando mais uma, e outra e mais outra. Era uma sensação indescritível. Era prazeroso. Eu só queria lançar mais e causar mais destruição.

Taka gritou ao meu lado e depois tudo o que eu vi foi a porta sendo fechada por Lea. Ela berrou por mim, apavorada, enquanto as batidas paravam de tocar.

— Já chega, Reen! Olha pra ele! — Ela disse e apontou para Taka que estava no chão com a perna sangrando. Ele havia sido atingido pela segunda vez.

Quando me dei por mim, eu estava sendo tomado pelo medo e a insegurança novamente.

— Ele já perdeu muito sangue — Disse Lea preocupada. Ela estava abaixada junto do moreno que tinha parado de fazer piadas.

— CHEGAMOS! — O motorista berrou para nós.

Eu me levantei e olhei à minha frente, através do para-brisa. Luzes coloridas vinham de todos os lugares. Finalmente tínhamos chegado à cidade vizinha. Os sons musicais de milhares de propagandas exibidas nos imensos telões entre os prédios se misturava ao barulho das sirenes. Mais carros da polícia se juntaram a busca por nós. Dessa vez, eram os da cidade local. Assim como os prédios, ruas e casas, os carros de Silveirado eram todos iluminados por várias cores: Azul, verde, vermelho...

— Para onde exatamente estamos indo? — Lea perguntou. — Ele precisa de um médico.

Mais luzes passaram rapidamente por nós sinalizando que estávamos em alta velocidade. Assim que viramos à esquina de um alto edifício com neon até o topo, encontramos uma barricada de carros luminosos da polícia.

— Desvia! — Eu gritei, não que isso fosse ajudar.

— Fica caladinho, Zero-Três. – Kai falou. Aquela era a segunda vez que eu tinha sido chamado assim e ainda não sabia o que aquilo significava.

O motorista ficou de pé soltando o volante.  Sim, nessa hora foi assustadora. Kai estava deixando a direção sem ninguém e o carro, que já parecia perigoso sozinho, agora estava desgovernado.

O veículo seguiu em frente mesmo sem ninguém no comando. Kai abriu a porta e pulou sobre os policiais que atiravam em nós na barricada no mesmo instante em que nosso carro esfumaçante passava por cima dos carros deles. Virei-me para Kai e o vi voltar a tempo de subir no carro novamente.

— Isso vai nos dar tempo de pensar. — Falou ele voltando normalmente ao volante como se tivesse acabado de fazer a coisa mais natural do mundo.

Quando Kai se levantou, pude ver sua aparência física. Ele parecia um pouco mais velho que eu, Taka e Lea. Era careca, e muito, muito mesmo, forte.

— Não é hora de dormir ainda, Zero-dois. — Ele falou para Taka.

Os números. De novo.

Taka se sentou na parte de trás. Lea ainda estava ao seu lado.

— Precisamos de um blecaute — Kai falou.

— Não vai acontecer — Lea interveio. Ela também estava pálida, mas não machucada. — Silveirado é a cidade mais bem desenvolvida que existe.  Não vai... Ah... entendi.

Depois que ela entendeu, eu entendi. Taka.

Ele cambaleou um pouco antes de ficar de pé dessa vez. Abriu a porta com muito esforço. Devido a nossa investida na barricada, o numero de carros atrás de nós era um pouco menor, mas ainda haviam os outros. Kai ligou o som mais uma vez e as batidas voltaram.

This is the rhythm of the light” da banda Castille passou a tocar. Música antiga, mesmo assim, muito boa. Taka deu um berro. Com os braços abertos, ele passou a juntá-los como se puxasse a energia. E assim aconteceu. Aos poucos, tudo ao nosso redor, os prédios, carros, câmeras da IRIS, tudo começou a apagar até que ficarmos em escuridão total.

A música parou. Nosso carro, que funcionava a óleo, era a única coisa que se mexia agora. Taka caiu ao chão.

Depois disso, seguimos em silencio no escuro por um bom tempo. Agora era possível ouvir os sons dos moradores da cidade. Barulhos de reclamações e gritos de temor pelo apagão. Ao olhar pela brecha na porta de trás, percebi que na verdade Taka não havia apagado toda a cidade e sim alguns quarteirões.

— Espero realmente que você tenha um plano ou pelo menos explique o que está acontecendo. — Lea falou ao motorista.

Ele bufou.

— E eu espero que você volte para o banco e fique quietinha. — Depois olhou para mim — Zero-três, você cuida dos caras se eles se aproximarem mais.

— Que parada é essa dos números? — Perguntei.

— Não vim dar explicações a ninguém.

Lea voltou para o lado dele e nós passamos cerca de cinco minutos em silêncio até que nos aproximamos de uma parte ainda iluminada da cidade.

— Espero que esteja pronto. — Kai falou para mim.

Mas eu não estava.

Não havia nenhuma música tocando agora. Eu abri a porta devagar e novamente encarei nossos perseguidores. Novos carros da polícia haviam surgido com as rodas iluminadas de neon de Silveirado.

Assim que eu levantei as mãos para ensaiar uma tentativa de bola de fogo, ouvi o som de tiros. Os carros policiais estavam sendo fuzilados.

Vindos da parte iluminada da cidade, do lado direito e do esquerdo do carro em que estávamos, apareceram mais dois enormes veículos iguais ao nosso.

— Segura as pontas, Delta — Gritou um cara armado na traseira de um dos carros assim como eu. Não gosto de falar das roupas das pessoas, mas ele estava vestido bem como um mendigo. Era cheio de panos pretos enrolados em todo o corpo, assim como na cabeça como se fosse uma bandana. Fora isso, eu tinha ganhado mais o apelido, Delta.

— A gente dá conta desse aqui. — Falou o sujeito na traseira do outro carro enquanto atirava mais com sua arma, que não sei qual é, mas fazia um bom estrago.

Os carros de nossos “gentis companheiros” seguiram ao lado do nosso e os motoristas se comunicaram com Kai que acelerou me fazendo tropeçar e voltar para dentro.

— Você Só pode estar maluco! — Escutei Lea gritar.

— O que está acontecendo? — Acho que eu nunca tinha perguntado tanto isso na minha vida.

— Esse sem noção está nos levando para Judas!

— Pra onde? — Demorei a raciocinar, como de costume.

— Pra droga da zona de guerra onde Nova Éden briga com os revolucionários! — Nunca vi Lea tão desesperada antes. Ela tentava se desvencilhar do cinto de segurança.

Kai estava dirigindo a uma velocidade absurda. Ainda assim, eu conseguia ter vislumbres de uma destruição local que imaginei ter sido causada pelos outros carros que vieram em nosso socorro.

— Se preferir — Kai falou para Lea. — Posso te deixar na esquina mais próxima pra IRIS te pegar.

No fim das contas, eu já não sabia bem qual era o lado certo, optei então pelo lado que ainda não tinha atirado em mim.

— Pelo menos estão tentando nos salvar — Argumentei para Lea. Taka era na minha cabeça, mais uma das mortes que estavam na minha lista. Depois me voltei para Kai. — Eu realmente espero que você saiba o que está fazendo.

Porque eu não sabia.

A noite de Silveirado parecia mais barulhenta do que já era. Mais sirenes e sons de tiros eram escutados ao longe. Finalmente consegui reunir coragem de ir até o corpo deitado na parte de trás do carro. Para minha surpresa, Taka ainda estava vivo. Foi um alívio. Sua respiração soava devagar. Eu me agachei e fiquei ao seu lado. Depois de a adrenalina ter passado, minhas costas voltaram a doer. Permaneci em silêncio enquanto Kai manobrava loucamente pela cidade e Lea, gritava com ele sobre o quanto era perigoso irmos até Judas.

Sinceramente, eu já não me importava. Tudo o que eu queria era sair de dentro daquele carro maluco e rever meu pai. Saber que ele havia sido preso pela IRIS era o que mais me inquietava.

Uma grande explosão nos fez quase ser jogados para fora do carro.

— Viu? — Lea gritou quase chorando. — Eu disse que era loucura. Silveirado é fronteira com Judas e por isso é mais protegida belicamente! Se seguirmos em frente, só vamos acabar morrendo.

— Caso não tenha entendido — Kai começou — Nós viemos de lá. Então, existem jeitos de voltarmos vivos.

Nesse momento, ouvi uma sirene tocando bem no meu ouvido vinda do lado de fora do carro. Levantei assustado e olhei para Kai.

Ele me olhou de volta.

— Vai ficar tudo bem.

O carro policial avançou e surgiu a nossa frente. Ele nos guiou para uma nova parte da estrada. As ruas agora eram mais escuras. O neon, que outrora estava em todas as partes, agora só aparecia poucas vezes.

— Um revolucionário infiltrado dentro da polícia? — A pergunta de Lea soou quase como uma conclusão.

— Não é só a IRIS que tem seus infiltrados.

O silêncio incômodo voltou novamente até que Kai parou o carro. Era até estranho a sensação de estar parado depois de tanto movimento.

Pelo lado de fora, alguém abriu a porta de trás. Afastei-me dela enquanto um sujeito, vestido com uniforme policial surgiu na minha frente.

— Vai ficar tudo bem, garoto. — Ele disse. Era difícil acreditar. Parecia ter mais de sessenta anos, um sorriso debaixo do bigode que, se não passasse confiança, daria medo.

— Ei! — Ele chamou alguém do lado de fora — Zero-dois precisa de socorro médico, agora!

Surgiram então mais dois caras vestidos de preto como os que tinham aparecido mais cedo e tiraram Taka do carro com cuidado. Depois, por ultimo, eu desci. Era um carro realmente alto então tive que dar um pulo exatamente quando vi Kai tirar Lea de dentro do veículo. Não é exagero dizer de novo que ele era um cara grande. Ele a segurou pela cintura e a levantou como se fosse uma boneca.

Eu e o homem de farda policial fomos ao encontro deles.

— Que lugar é esse? — Perguntei.

— Só o que você tem feito são perguntas — Kai falou, passou o olhar por mim e dirigiu-se ao policial. — Muitas câmeras nos viram. Talvez nem esse lugar seja seguro, Ruben.

Ruben, o policial, deu uma risada.

— Não se preocupe. Além de desligar as luzes de quatro quarteirões, aquele maluco deu um curto circuito nas câmeras da cidade toda. A IRIS pode saber que estão nessa cidade, mas não onde exatamente. Usem o refúgio por essa noite. Grower virá pela manhã.

Kai assentiu.

— Agora já chega — Lea se meteu. — Vocês podem estar ignorando esse lesado aqui, mas eu quero mesmo saber o que está acontecendo. Vocês são mesmo da Revolução? Quem é Grower? O Reen pega fogo, o outro cara apaga as luzes e solta raios. Que diabos é isso tudo?

Ruben foi até ela depois de ver que Kai ia nos ignorar de novo.

— Vocês acabaram de passar pela experiência mais difícil da vida de vocês — Concordei com ele — E agora não vão conseguir assimilar a verdade disso tudo.

— Meu pai... — Falei. — Eles o pegaram. A IRIS.

Ruben voltou-se para mim. Ele parecia estar preocupado tanto quanto eu.

— Vamos fazer o possível para resgatá-lo. Mas agora vocês devem descansar.

— Pode ao menos nos dizer onde estamos? — Lea perguntou. — Onde vamos descansar?

Era uma pergunta válida, afinal, estávamos no meio de uma rua bem escura que nem neon tinha. Era silenciosa e dava calafrios. Mais dois carros gigantes haviam chegado.

— Esse é um lugar de refúgio — Disse Ruben — Longe dos olhos de Zac Nelos. Ele não achará vocês aqui. Fred! — Ele chamou e um menino, eu acho que da idade do Taka, apareceu. Era mais um vindo dos carros. Magro e com uma enorme cicatriz vertical nos lábios — Leve eles para alguns dos quartos.

O cara deu um sorriso. Ele não tinha muitos dentes.

— Certo. Vamos lá rapaziada.

Seguimos Fred e entramos em uma das casas. Eu realmente precisava dormir, mas optei por ficar ao lado de Lea o máximo que podia. Depois de tudo, eu ainda pensava que ela precisaria da minha proteção. Fred nos deu a opção de dormirmos juntos ou separados. Eu olhei para Lea, um pouco envergonhado, e ela respondeu que ficaria bem sozinha.

No fim das contas, ninguém ficaria bem ali, mas entendi que às vezes fingir coragem já é um ato corajoso.

— O Taka realmente deu um curto circuito em quatro quarteirões — Fred comentou animado — Dá pra acreditar?

— Ele nunca tinha feito isso? — Lea pareceu surpresa, eu também estava.

— Acho que ele conseguia fazer com poucas câmeras. Agora, em um monte de ruas... Como foi?

— Assustador — Eu falei.

— Ele realmente estava focado nisso sabe — Fred falou aéreo. — Em encontrar você... Espero que ele fique bem.

Apesar de eu estar realmente preocupado com Taka, no fim, voltamos ao mesmo questionamento.

— E por que ele queria me encontrar? Por que estão todos atrás de mim?

— Eu não tenho autorização pra falar. Desculpa. O Kai acabaria comigo.

— E esse cara, hein? — Lea perguntou quando chegamos aos nossos quartos, um de frente para o outro — Quem é o Kai? O que ele é?

Notei que Fred ficou um pouco desconfortável e deu um minissorriso desdentado.

— Parece que não sabem nada mesmo. Kai é o líder da Revolução.


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