Duty, Love or War?- Interativa escrita por Ice Queen


Capítulo 8
Selecionadas da Terra dos Anjos- As Preparações


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas~
Ah tudo bem com vocês? Agora eu estou bem sei lá passei a semana toda meio deprê e nem sei porque, ai sei lá parecia que tudo estava dando errado, tive uma prova foda de biologia (Que eu odeio) e perdi a de artes porque dormi demais... Arh essa não foi minha semana! Mas hoje eu estou feliz, minha melhor amiga mudou no fim do ano e mesmo que a gente more menos de uma hora de distância é difícil se ver, mas ontem ela estava aqui e a gente passou a tarde toda juntas ♥ E isso melhorou MUITO meu humor e eu terminei esse capítulo rapidinho, não sei se está lá essas coisas, mas foi o que deu pra hoje.
Ah e alguém já viu o trailer do novo filme do Tim Burton? "O lar das crianças peculiares" eu acabei de ver e parece ser muito amorzinho!
Obrigada pelas respostas meninas, eu li todas (Mas não respondi, é vou fazer isso amanhã provavelmente) e adorei as sugestões de vocês e vou falar delas nas notas finais (E vai ter mais uma perguntinha básica tá?

Por curiosidade é assim que eu imagino o penteado da Charlotte: http://garotabeleza.com.br/wp-content/uploads/penteado-coque-lateral-2.jpg



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“O amor deve ser altruísta, se não, corre o risco de ser solidão.”

Elisa Bartlett

Tori Kelly- Unbreakable Smile

Aria estava quase cochilando na confortável cama de seu mais novo quarto- Demorara até se acostumar à extrema maciez dela, era como deitar em puro algodão e por mais confortável que seja ainda é uma mudança brusca de sua simples cama-, passara um tempo depois de sua chegada explorando todos os cantos do quarto e arrumando os poucos pertences que trouxera, dispensara a ajuda das criadas ansiosa para algo com que ocupar a mente, e quando finalmente estava se entregando a um sono bem merecido batidas ritmadas e suaves a forçara a se levantar ligeiramente grogue:

—Entre, por favor- Pronunciou-se arrumando as madeixas castanhas apressadamente.

—Com sua licença senhorita- Uma moça, não muito mais velha que 26 anos, entrou seguida por outras duas e juntas lhe fizeram um mesura profunda- Sou Samantha e essas são Katie e Olívia nós seremos suas criadas durante sua permanência na Seleção, é um enorme prazer servi-la.

—Conhecer- Aria corrigiu suavemente e logo estendeu a mão para a outra exibindo um sorriso amigável- Eu não sou ninguém importante para ser servida, vocês vão estar aqui para me ajudar certo? Então não tem necessidade de toda essa formalidade!

—É protocolo senhorita Aria- Outra delas se pronunciou revirando os olhos- A senhorita é uma selecionada, uma candidata à futura rainha e deve ser tratada como uma convidada real.

A jovem dançarina franziu as sobrancelhas contrariada perante a ideia de ser tratada como uma espécie de nobre quando sua condição social e financeira não é nada diferente- Ou talvez seja mesmo pior- do que a dessas moças, sabia que estaria enfrentando situações assim quando aquela carta chegou a sua casa e sua irmãzinha entrou em seu quarto como um furacão porém isso não as faz menos desconfortáveis a seus olhos. Estava prestes a reforçar seu ponto quando a última das criadas, a mais jovem delas, se pronunciou estendendo a própria mão para retribuir o comprimento da selecionada:

—Por mim tudo bem! É um prazer conhece-la Aria, eu sou Olívia, aquela chata ali é a Katie- Apresentou-se com um sorriso imenso e contagiante e completou como se contasse um segredo- Não liga para essas duas não, elas só estão ansiosas e com medo de errarem, logo logo elas melhoram! Bem talvez não a Katie, porque a chatice dela é crônica.

—Eu não sou chata- Katie retrucou parecendo ofendida- Simplesmente prezo pelas regras e pela etiqueta diferente de certas pessoas.

Samantha trocou um olhar com Aria como se perguntasse se ela estava bem com toda essa informalidade mas a selecionada simplesmente deu de ombros ainda sorrindo e achando graça na relação entre as outras duas, nunca foi uma pessoa chegada a formalidade e á ostentação, por viver uma vida simples com sua família aprendeu a dar valor ás coisas que realmente importam- O sorriso de quem ama, a sensação do vento no rosto, a fadiga que vem depois de uma aula de dança, uma boa risada. Nunca esperou ser jogada em um mundo de luxo inimaginável como esse, ela nunca pensou em ser uma rainha e nem se acha preparada para tal responsabilidade e poder, não se vê capaz de governar um país especialmente não uma potência como a Noruécia e nem sabe se vai ser capaz de ganhar o coração do príncipe, tudo que ela pensara quando soube da Seleção foi como o dinheiro da sua participação iria ajudar sua família e tirar a carga dos ombros de seu pai- Um pintor não faz muito dinheiro e por mais que as aulas que Aria dá quando não está estudando sejam uma ótima ajuda não é dinheiro suficiente para sustentar os dois, seus avós idosos e sua irmã, as contas estão empilhando e o medo de perder a casa é sufocante. Mas agora tem que enfrentar as responsabilidades que vieram com sua decisão:

—Aria?- Olívia estalou os dedos em frente a seus olhos a assustando- Esta tudo bem?

—O quê?- Piscou reparando que se distraíra e não ouvira o que lhe fora dito, com um sorriso constrangido continuou- Sim, estou bem. Desculpem estou apenas tentando acreditar que estou realmente aqui.

—Tudo bem senhorita- Samantha lhe deu um sorriso afável- Vai ser difícil no começo, mas logo você se acostuma! Nós viemos aqui para ajuda-la a se preparar para o baile, devemos começar logo se quisermos terminar tudo num espaço de tempo confortável.

—Claro- A jovem assentiu- Por onde nós começamos?

—Eu irei preparar um banho para a senhorita- Katie explicou em tom profissional- Enquanto isso Samantha e Olívia irão te mostrar algumas opções de vestidos e joias para que tenhamos uma ideia do que fazer com o seu cabelo e qual maquiagem fica mais adequada.

Aria viu-a se dirigir ao banheiro de seu quarto com passos calculados e não pode deixar de reparar que tudo nela parece rígido, desde a expressão solene aos cabelos escuros presos em um coque alto e o uniforme impecável, perguntou-se se agora que é uma candidata à rainha vai ter que andar com a coluna tão ereta e com passos tão seguros. Sentou-se na beirada da cama e olhou ansiosa para as outras duas outras criadas mordendo o lábio inferior incerta do que esperar, pela primeira vez reparou que Samantha carregava um grosso livro com capa preta de veludo, esticando um pouco o pescoço conseguiu reconhecer seu próprio nome escrito na capa estava prestes a perguntar o que era aquilo quando a criada loira se pronunciou:

—Todos os vestidos da Seleção são exclusivos, como não sabemos o gosto de cada uma ainda a senhora Merrydown bem como as demais tutoras simplesmente pediram a ajuda de diversos estilistas e o resultado está aqui em minhas mãos, baseando-se no tipo físico de cada uma constado na ficha selecionamos modelos que podem cair bem na senhorita.

Aria não consegue ver como pedir o auxilio de estilistas famosos é uma coisa simples ou como exatamente sua vidinha simples chegou a esse ponto, mas não questionou quando Samantha lhe entregou o que agora ela pensa mais como um fichário do que como livro, depois de um aceno encorajador de Olívia começou a folhear as páginas analisando as fotos detalhadas dos modelos separados para ela.

Sua vida está mudando e só agora encarando vestidos que devem custar mais do que sua casa é que isso se faz completamente claro para sua mente e coração, mas apesar de estranho e assustador Aria não pode se trazer a se arrepender de sua decisão. É uma otimista e acredita fielmente que essa experiência vai lhe dar algo de bom.

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“Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música

Aldous Huxley

Drag me Down-One direction

Alyssa inspirou profundamente sentindo o perfume adocicado do produto que a criada tinha colocado na água da banheira, não é algo que tenha sentido antes e combinado com a água quente está fazendo maravilhas para relaxar seus músculos e se fosse qualquer outra circunstância provavelmente estaria causando-lhe sonolência, mas do jeito que está agora Alyssa duvida que qualquer coisa além de um potente sedativo possa fazê-la fechar os olhos, está ansiosa e feliz demais para sentir sono.

O castelo é tudo aquilo que sempre imaginou e muito mais, mal pode esperar para explorar todos os cantos e memorizar tudo aquilo- E se fizer esse tour na presença do príncipe melhor ainda, sentiu as bochechas corarem ao pensar em conhecê-lo dali a algumas horas, não é uma das muitas jovens com paixonites no príncipe Anthony mas também não pode negar que ele é muito bonito e parece simpático. Até agora as coisas estão se encaminhando exatamente como a jovem inglesa tinha sonhado algumas vezes antes, mal pode esperar para poder entrar em contato com sua família e lhes contar como é viver num palácio de verdade, tem certeza de que eles vão amar saber todos os detalhes.

Afundou-se mais um pouco na banheira só relaxando e deixando os pensamentos vagarem de volta a sua aconchegante casa e alegre família, foi muito difícil despedir-se deles e a saudade é algo constante desde então, um sentimento estranho já que não está acostumada a ficar longe deles por muito tempo, mas apesar de tudo isso não esta nem perto de questionar sua decisão de se inscrever. Para ser honesta Alyssa não sabe se sabe ser uma rainha ou mesmo se o quer ser, vai depender do que acontecer entre ela e o príncipe afinal do que adianta querer ser a rainha dele se não tiver vontade de ser sua esposa também? Alyssa não quer um casamento sem amor, não tem interesse no poder vazio e coisas do tipo, foi criada em um lar honesto por pais amorosos que sempre lhe ensinaram o valor da honestidade, bondade e claro do amor e se orgulha de saber seguir os conselhos deles quando são adequados- Sua cabeça dura é lendária segundo a irmã e todos que a conhecem bem, não á nada no mundo que faça Alyssa fazer algo que não concorde ou goste, sua integridade é uma parte muito importante sua e não vai ser a perspectiva de ganhar uma coroa que vai apagar esse lado, ou qualquer lado na verdade, dela.

Lyssa pode estar sendo ingênua ao buscar suas respostas ali, afinal de contas procurar pelo amor com um príncipe é tão clichê quanto uma coisa pode ser, mas é perfeito para ela- Como  a mãe comentou depois de sua inscrição tem a gentileza necessária para uma rainha caridosa, a viajem até o castelo completa seu desejo de sair de sua monótona vida e fazer coisas tão diferentes com as quais nunca sonhou e finalmente o objetivo desse processo é o casamento certo? Então pode ser que ela finalmente entenda o que é o amor, não o tipo que nutre pela família, mas aquele que seus pais sentem um pelo outro, aquele que vê nos olhos da irmã quando ela olha para o namorado, aquele que por mais que tenha se esforçado numa foi capaz de sentir. A Seleção é o pacote completo, capaz de lhe proporcionar todas as oportunidades que precisa e ela ainda vai receber um bom dinheiro que com certeza vai ser útil quando se formar e ingressar na faculdade de música como sempre sonhou.

Está realmente feliz consigo mesma e com sua situação, mal pode esperar para conhecer as demais selecionadas- Por sua experiência com as outras inglesas pode esperar coisas boas também, com exceção de uma delas as outras lhe parecem muito simpáticas e amigáveis, exatamente o tipo de pessoa de quem gosta de estar perto.

—Senhorita está pronta?- Uma das criadas bateu na porta do banheiro automaticamente chamando sua atenção- Nós estamos com os dois vestidos que quis ver pessoalmente e devemos começar a preparar seu cabelo e maquiagem se não vamos nos atrasar.

—Sim, sim estou pronta- Respondeu já se levantando- Já estou saindo, me dê apenas um minuto.

Em movimentos rápidos e ansiosos a garota de olhos castanhos calorosos começou a se secar, um sorriso ameaçando surgir em seus lábios rosados perante a ideia de talvez conseguir finalmente descobrir a resposta de uma das perguntas que mais lhe afligem.

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“Minha boa opinião, uma vez perdida, está perdida para sempre.”

Jane Austen

Gabrielle Aplin- Alive

Charlotte lutou contra o impulso de fazer uma careta quando sentiu um puxão forte em seus cabelos castanhos, encolheu os ombros em desconforto e se remexeu na cadeira o que logicamente chamou a atenção das três criadas em seu quarto- Uma, Lexa, cuidando de seus cabelos, enquanto Norma procura a sombra perfeita para seus olhos e Sarah dá os últimos ajustes em seu vestido que acabou sendo largo demais na região do busto:

—Por favor, não se remexa tanto senhorita- Lexa comentou no tom de um quase sussurro que a selecionada já associou a ela- Sei que pode ser desconfortável, mas preciso puxar bem ou seus cabelos irão escapar do coque assim que começar a se movimentar demais.

—Sim, sim claro- Sorriu para a outra sem desviar os olhos do espelho- Eu entendo, vou tentar me manter quieta por mais um tempo.

A jovem inglesa quase se arrepende de ter concordado com a ideia de fazer um coque tão elaborado, seus cabelos apesar de sedosos e bem cuidados são rebeldes e difíceis de se fazer algo mais elaborado mesmo para mãos habilidosas e quanto mais tempo passa sentada na cadeira mais ansiosa para se levantar fica para exaspero de Lexa e de si mesma, não quer dar trabalho desnecessário a criada apesar de ainda estar estranhando a presença dela e das outras duas ali, está acostumada com Ethel desde seus dez anos e acha difícil confiar totalmente em outras pessoas em relação a sua aparência mesmo que saiba que tal pensamento não é muito lógico. Mas hábitos são difíceis de quebrar no fim das contas, mas Charlotte se forçou a permanecer quieta e parada mesmo quando outra madeixa foi puxada com certa força, percebendo seu desconforto Norma lhe ofereceu um sorriso e se pronunciou agora parecendo indecisa entre dois tons de batom:

—É a selecionada do príncipe Patrick não é senhorita? Está ansiosa para conhecê-lo? E sobre a realeza de nosso país? É uma chance única!

—Um pouco- Admitiu mordendo o lábio inferior- Na verdade eu já os conheci, a nossa família real quero dizer, mas foi há muito tempo atrás e eu não sei o que esperar disso.

—Verdade?- Isso pareceu ter despertado a curiosidade dela- Ah sim, a senhorita é filha de um duque não? Faz sentido que tenha certa proximidade com a realeza.

A selecionada acenou em concordância mas não fez menção de confirmar verbalmente, porque em toda honestidade ela não tem certeza se possui o direito de se chamar de filha de Michael Mikaelson. Não só pelo fato de ter sido adotada por ele, isso nunca foi um empecilho em relação a chamar e considerar Meredith como sua mãe, mas é a relação entre eles que traz dúvidas sem fim para sua mente, não é que ele a trate mal e ela sabe que ele deve se importar com ela até certo ponto, mas na metade do tempo Charlotte não sabe se deve pensar nele como seu pai, seu chefe ou como o marido de sua mãe, não importa o quanto tenha tentando- E ainda tente em toda honestidade- agradá-lo e ganhar seu afeto nunca conseguiu mais do que um aceno de reconhecimento e um ou outro pequeno e rápido sorriso. Charlotte se pergunta se ele se ressente dela não ser sua filha biológica ou se ressente por ela ter sido acolhida como substituição para sua filha morta, nunca teve coragem de tocar no assunto e nem o pretende fazer, é doloroso demais para ambos:

—Já conheceu o castelo senhorita?- Aparentemente alheia ao silêncio pensativo dela Norma prosseguiu com as perguntas

—Sim- Isso ganhou um sorriso dela- Faz anos desde que não venho aqui, mas quando eu era menor sempre que minha mãe era convidada para algum evento ela me trazia junto, principalmente para as festas de aniversário dos príncipes.

Lembra-se muito bem de como o rosto da mãe se iluminava cada vez que recebia um convite para um chá com a rainha ou para uma das festas dos príncipes, Meredith sempre fazia questão de levar a querida filha junto vestindo-a como uma linda bonequinha e Charlotte sempre adorou essa parte mais do que o evento em si, sempre valorizou os momentos em que sua mãe parece totalmente relaxada sem a dor dos abortos sofridos lhe pesando nos ombros. Lembra de correr pelos jardins do palácio com outras crianças nobres enquanto a rainha e outras mulheres conversavam, tem mesmo vagas lembranças de falar com a rainha sobre alguma das diversas atividades que fazia para se sentir mais próxima do pai, são memórias antigas de uma época onde eram apenas ela e os pais adotivos, depois que Nathaniel nasceu as viagens até Londres diminuíram até se resumirem as viagens de negócio de Michael, a frágil saúde do menino impossibilitando que ele vivenciasse as mesmas coisas que a irmã tinha- E isso a entristece, Nathaniel é uma criança afável e apaixonante, com certeza ele amaria conhecer um lugar histórico como esse, fez a si mesma a promessa de escrever para ele depois do baile e colocar quantos detalhes conseguir:

—Pronto- Lexa pronunciou-se cortando a próxima pergunta de Norma- O que achou senhorita? Acha que precisa de mais alguma coisa?

Charlotte olhou o coque com atenção e logo sorriu acenando positivamente, as madeixas castanhas foram escovadas e presas em um coque lateral enfeitado com uma presilha em forma de flor, simples e elegante do jeito que ela gosta, não desviando a atenção dos detalhes do vestido vermelho. Imaginou que tipo de maquiagem Norma planejou, espera que algo simples e delicado:

— Sarah o vestido dela está arrumado?- Ouviu a voz de Lexa e logo a peça lhe foi estendida pela mais silenciosa das criadas

—Está pronto senhorita- A moça loira afirmou- Pode tirar o roupão e se vestir para Norma começar sua maquiagem ou pode deixar para se vestir depois.

—Vamos fazer a maquiagem primeiro- Decidiu facilmente- Deixe o vestido e as joias por último.

—Claro- As três responderam juntas mas somente Norma continuou- Feche os olhos para que eu possa começar por favor.

Fechando os olhos e deixando o corpo envolto num felpudo roupão relaxar Charlotte focou-se na sensação dos produtos sendo aplicados em sua pele ao invés de seu passado ou seu futuro, se não se concentrar no presente vai deixar que ele lhe escape completamente.

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“Tenho direito de ser igual quando a diferença me inferioriza. Tenho direito de ser diferente quando a igualdade me descaracteriza.”

 Boaventura de Souza Santos.

Avicii- Feeling Good

Springer mordeu o lábio inferior ao tentar acertar corretamente como cada das pequenas correntes das mangas de seu vestido devem ficar, seria uma tarefa fácil para qualquer outra pessoa, mas para ela é um desafio que está decidida a superar sozinha. A vida de Springer é um desafio por si só, não é um vestido que vai vencê-la. Ser cega realmente não é uma vantagem em momentos como esse- Mas honestamente quando é uma vantagem? Springer não é do tipo que choraminga por sua deficiência, mas também não se ilude achando que vive uma vida de mil maravilhas com ela:

—A senhorita precisa de ajuda? Se quiser eu posso...- Uma das criadas se pronunciou em tom incerto com aquela pitada de pena que faz o estômago da selecionada se contorcer

—Não- A palavra saiu mais duramente do que ela esperava, mas não se desculpou por isso- Eu consigo fazer isso sozinha, já estou praticamente terminando.

E usando o orgulho como combustível terminou a tarefa com um pequeno sorriso vitorioso. Springer é orgulhosa e sabe disso, abomina ter que pedir ajuda e pode reagir inesperadamente quando tentam lhe ajudar sem pedir antes porque tem dificuldades em confiar naqueles que a cercam mesmo quando não tem nenhum motivo concreto para esse tipo de comportamento, é só é tão... Frustrante para ela ter que viver sabendo que por mais que queira ser totalmente independente ela vai precisar de ajuda dos outros em alguma coisa que qualquer pessoa capaz de enxergar poderia fazer sozinha- Como escolher seu vestido, por exemplo, tivera que pedir que as criadas lhe descrevessem cada um dos modelos e depois que trouxessem seus favoritos para que pudesse senti-los para só então fazer a sua escolha definitiva depois de diversos minutos de indecisão, é através do toque que ela faz suas escolhas de vestuário, cores para Springer são coisas inexistentes, nasceu cega e vai morrer cega, sem nunca saber como são seus arredores, como são suas próprias feições. Acha-se no direito de ser um tanto paranoica em relação a onde depositar sua confiança, afinal nunca pode saber o que uma pessoa sente pela expressão em seu rosto e todos sabem que palavras são enganosas, pelo lado positivo a desconfiança aflora sua resistência às dificuldades do mundo, a faz mais disposta há enfrentar o dia a dia:

—O vestido está certo- Outra criada, a mais simpática com um tom de voz tão gentil que Springer não acha possível ser dirigido a uma desconhecida como ela- E seu cabelo ficou muito bom assim, entendo porque gosta de fazer tranças nele. Agora o que a senhorita deseja fazer? Podemos cuidar de sua maquiagem ou trazer as joias para que escolha.

—As joias!- Exclamou sem hesitar- Eu gostaria de poder senti-las podem trazer até mim?

—É claro- A moça, Laureen a selecionada se lembrou do nome, respondeu prontamente- Nadia você pode ir pegá-las para mim? Sim, obrigada. Tania vá pegando o que for usar para a maquiagem, não temos tempo a perder.

Springer permaneceu no mesmo lugar remexendo as mãos e esperando que lhe fosse indicado onde deveria ir. Sempre gostou de joias para completar seu visual, peças delicadas e simples que dão uma sensação agradável contra sua pele e a ideia de escolhê-las já ilumina seu humor imensamente:

—A senhorita pode sentar-se na cama se desejar- A voz de Nadia soou de algum lugar a sua esquerda e foi seguida do som de gavetas sendo abertas

A jovem escocesa acenou com a cabeça e estendeu a mão com que normalmente usa a bengala só para lembrar que a deixara encostada na parede quando terminara o banho, suspirando concentrou-se para usar a ecolocalização, uma técnica ensinada a ela pelo irmão mais velho quando ainda era criança- Não duvida das boas intenções de Ian, mas também tem a impressão que o pai teve uma parte no interesse dele em ensinar a ela como se locomover sem a bengala, o pai pode amá-la e Springer sabe que o faz de todo coração, mas ele é um marquês e uma filha cega é um choque e uma vergonha, a ecolocalização ajuda a esconder sua deficiência. Encontrou a cama sem dificuldades e se sentou em um dos cantos cruzando as mãos no colo e começando a bater o pé, incapaz de ficar completamente parada. Não teve que esperar muito até que sentisse uma presença a sua frente:

—Vamos começar com os anéis certo senhorita? Por favor estenda as mãos e eu irei colocar o porta joias nelas- Laureen explicou e logo Springer sentiu a textura da madeira em suas mãos

Com cuidado a escocesa pousou o objeto em seu colo e começou a sentir as joias ordenadamente guardadas ali, a frieza dos metais preciosos contrastando com a quentura de sua pele. Está feliz por estar chegando a hora do baile e de finalmente conhecer o príncipe Edmund, ouviu falar muito dele através de seu pai e apesar dele não ter a melhor das opiniões sobre os gêmeos e seu comportamento errático o mais jovem sempre o agradou mais e influenciada por isso Springer não demorou a pesquisar entrevistas do rapaz e decidir que concorda com quem diz que ele deveria ser rei, não foi muito difícil escolher a Seleção dele agora que pensa bem nisso e não se arrepende nem um pouco, espera estar certo é claro, mas está confiante o suficiente para não se preocupar demais com isso. Finalmente sentindo um anel cujo formato lhe agrade levantou-o na palma da mão e com certa relutância perguntou:

—Esse daqui combina com meu vestido?

—Sim senhorita- Laureen respondeu prontamente- Seu vestido está em tons neutros então praticamente qualquer coisa que escolher cai bem com ele, é um anel bonito.

Springer não sabe o que são tons neutros- Só os associa a palavras escutadas durante os anos, sabe os nomes desses tons mas é incapaz de associa-los a qualquer coisa-, mas não comentou isso com a criada limitando-se a assentir e deslizar a joia no lugar sentindo o metal já mais quente. Logo o porta joias foi substituído por outro contendo pulseiras, a voz gentil de Laureen às vezes descrevendo formas e apontando possíveis escolhas e. A Seleção é sua chance de provar que sua deficiência não a define ou incapacita, e sabe que se quiser ter uma chance real de fazer isso então tem que causar uma boa primeira impressão, tem que saber agradar para abrir caminho para suas futuras opiniões, tudo se resume ao que vai acontecer nesse baile.

Springer, ao tocar e alisar joia após joia, deixou-se perder no mundo das sensações, o único que já conheceu. Tudo está nas mãos do destino agora.

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“Sometimes you have to be a bitch to get things done.”

Madonna

Beyonce- Pretty Hurts

Arabella admirou seu reflexo no espelho de corpo inteiro do banheiro com um sorriso seco de aprovação, as mãos na cintura conforme se inclina para averiguar o trabalho que as criadas fizeram com sua maquiagem. Nada além da perfeição é aceitável afinal de contas, especialmente para um evento tão importante quanto este baile, são os detalhes que importam afinal de contas, Bella tem uma imagem específica para passar se quer ter chances de ganhar a coroa- E acredite ela vai ganhar, não é do tipo que entra em uma competição com qualquer outro objetivo, mamãe lhe ensinou bem.

Finalmente satisfeita com sua análise e com o trabalho das criadas afastou-se do espelho e alisou vincos inexistentes no tecido do vestido ajeitando-o uma última vez nos ombros e ensaiando um sorriso adocicado que apesar de não parecer nem um pouco estranho em seu rosto de aspecto doce e amigável contrasta ridicularmente com sua natureza e pensamentos. A doçura de Arabella foi enterrada quando foi traída por quem jurou lhe amar, não acredita mais em tais bobagens mas pelo que pode averiguar do príncipe russo ele é do tipo dócil e sensível, exatamente do jeito que Bella gosta- Pessoas assim são sempre fáceis de manipular, mostre-lhes alguma falsa doçura ou vulnerabilidade e eles estarão comendo em sua mão em pouco tempo. Não sente remorsos em estar usando o príncipe assim, afinal as demais selecionadas não devem ser diferentes dela.

Claro, pensou com um sorriso de divertimento sombrio, a maioria delas não deve admitir nem para si mesmas que estão ali por objetivos mesquinhos e para suprir desejos egoístas usando a única chance de alguém encontrar o amor, mas admitir ou não é dispensável, não afeta a verdade. Ao menos Arabella não é hipócrita o suficiente para mentir para si mesma sobre seus objetivos, não quer um romance, quer a coroa e o poder que vem com ela, o amor é uma farsa e aqueles que dizem o contrário são mentirosos ou iludidos. Sabe disso por experiência própria, se o amor existisse não teria sido traída sem motivos, se existisse então seus pais depois de anos de casamento deveriam ao menos gostar um pouco um do outro- São civis é claro e tiveram três filhas, mas não escondem delas que apenas se suportam por razões financeiras e de imagem, o amor é uma mentira e no fim tudo que une as pessoas são desejos similares por quaisquer coisas, na experiência dela normalmente dinheiro e poder.

Saiu do banheiro com toda calma do mundo e quando voltou ao quarto encontrou as criadas ocupadas arrumando aquilo que usaram enquanto ajudando-a a se arrumar, ignorando totalmente a presença dela sentou-se num dos bancos próximos à janela e se pôs a encarar suas unhas resistindo à mania de roê-las- Um hábito horrível o qual sempre se vê incapaz de largar por longos períodos de tempo por mais que se esforce- e tentando imaginar qual a melhor firma de agir no baile com o príncipe Dimitri e com as famílias reais, afinal não tem o menor interesse nas demais selecionadas sejam elas quem forem, a menos que alguma se mostre mais do que uma iludida irritante não vê porque se incomodar em gastar tempo com elas:

—Com licença senhorita- Uma das criadas a chamou em tom baixo- Está na hora de receber os últimos avisos antes do baile, um guarda está a esperando para escolta-la até onde deverá ir.

—Ótimo- Respondeu se levantando com toda graça possível adquirida depois de anos atuando no cinema- Já estava na hora.

—Boa sorte senhorita Arabella- Outra, porque Bella não tinha prestado atenção suficiente para lembrar quem é quem entre elas, desejou com um sorriso amigável apesar de hesitante- Nós estaremos torcendo por você.

—Não preciso de sorte e nem de apoio sem sentido- Bufou com descaso já saindo do aposento- Especialmente não vindo de pessoas como você.

Não ficou para ver a expressão das três, fechando a porta atrás de si com um baque suave e dando de cara com um guarda uniformizado a esperando, por todo o corredor selecionadas em vestidos de gala de todos os modelos e cores possíveis faziam a mesma coisa, algumas logo se juntando em grupos ou duplas e isso a fez arquear uma sobrancelha, certo que nem todas estão competindo diretamente, mas será que elas pensam mesmo que é sábio ficar fazendo rodinhas logo no começo, sem nem saber quem realmente são? Balançou a cabeça em quase desgosto e com passos firmes e coluna ereta seguiu o silencioso guarda pelo longo corredor, ouvindo o começo de conversas e o barulho de saltos em mármore acalmarem qualquer nervosismo, ou mais honestamente excitação, que ameaça tomar conta de seu corpo.

Está pronta para fazer o que for necessário para vencer. A coroa da União Russa é dela.


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Notas finais do capítulo

Awn nesse capítulo não teve interações entre as selecionadas ç.ç Fiquei até triste com isso, estava adorando escrever sobre isso!
Mas enfim, o próximo capítulo vai ser sobre as famílias reais e então o baile vai começar (Vou explicar direitinho como vai funcionar no próximo capítulo se não fica coisa demais pra esse aqui), mas talvez eu já comece a postar as roupas dos personagens essa semana pra no sábado (Quando eu quero postar o capítulo) já estar tudo belezinha e eu só ter que revisar e responder comentários!

Antes de explicar sobre suas sugestões eu vou deixar aqui uma perguntinha (Mesmo esquema, respondam por MP na própria ficha mesmo ^-^)
— Com qual(is) selecionada(s) sua personagem poderia se dar bem? Com qual(is) ela poderia não se dar bem na sua opinião?


Okayyy girls uma coisa que todas vocês querem são entrevistas com as selecionadas e a realeza certo? Então entrevistas nós teremos! Agora, como irão funcionar essas entrevistas? Bom em primeiro lugar elas não serão entrevistas propriamente ditas.
Não sei se vocês já ouviram falar de Q&A- Basicamente "Perguntas e respostas" ou então FAQ "Perguntas frequentes" em inglês-, vai ser mais ou menos isso que vai acontecer aqui, ao invés de algo designado para ser uma entrevista (Porque eu ODEIO entrevistas e.e') vão ser os personagens respondendo perguntas, simples assim.
Vai funcionar do seguinte modo:

—Eu vou seguir a ordem das postagens no tumblr, ou seja o primeiro entrevistado sera o Czar e a Arabella (Em posts separados,) e assim por diante, sempre uma dupla de uma selecionada e um dos meus personagens.

—Eu gostaria que vocês respondesse as perguntas de suas selecionadas, claro não é obrigatório e não vai acontecer nada se você não quiser, é só pra ser divertido.

—De onde surgirão essas perguntas e quantas serão: Eu pensei em fazer n máximo 20 questões por personagem. E vocês é que mandariam as perguntas baseando-se no que desejam saber sobre cada personagem, a ask do tumblr está aberta e o anon também então vocês podem enviar as perguntas por lá (Pois assim tem menos chances de eu esquecer de uma)

Não sei se ficou claro ou não (Eu sou horrível em explicações), mas basicamente é o seguinte: Vocês mandam pela ask do tumblr perguntas para os personagens.
Simples certo? Se alguém não conseguir entender por favor não hesite em me perguntar!

Sendo assim, podem começar a enviar as perguntas para nossa querida Arabella (Que você não é obrigada a responder tá Sinclair?) e o amado Czar Ivan!

Beijos~