Infiél escrita por Carol Bandeira


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!
Espero que estejam gostando! Gostaria de saber a opinião dos meu leitores, o que vocês acham que vai acontecer com o relacionamento deles? Façam suas apostas e boa leitura!



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Eu não quero mais fazer isso

Eu não quero mais ser a razão pela qual

Toda vez que saio pela porta

Eu vejo ele morrer por dentro

Eu não quero magoá-lo mais Eu não quero lhe tirar a vida

Eu não quero ser

Uma assassina

 

Aquela noite minha vontade de faltar ao trabalho era grande, mas ficar em casa sozinha, repassando tudo o que havia transcorrido naquele dia, não era uma opção muito agradável. Mesmo tendo que encarar Gil novamente, ter um caso para me concentrar me faria esquecer um pouco dos meus problemas.

Por isso eu cheguei ao laboratório na hora de sempre . Como de costume, Gil já estava presente e se ficou surpreso ao me ver lá escondeu muito bem isso de mim. Até seu boa noite saiu como se nada tivesse acontecido entre nós. Por um momento pensei que as coisas pudessem voltar a ser como antes, mas eu sabia que nada mudaria o fato de eu ter traído meu marido. Então retribuí o gesto dele e me sentei no sofá, longe de onde ele estava. O recado estava entregue, não o queria perto de mim.

Quando o resto da equipe chegou Brass apareceu para distribuir novos casos e se inteirar dos que ainda estavam em investigação. Graças ao bom Pai, pude ficar em um caso sozinha, enquanto Gil e Cath terminavam seu caso da noite passada. O turno então transcorreu como de habitual, e eu quase senti como se não houvesse nada de errado em minha vida. Mas quando já estava de saída Gil me alcançou.

— Sara, espere!- ele falou quando viu que não iria parar para espera-lo me alcançar

— Gil, estou cansada... quero ir para casa.

— Não vou tomar muito do seu tempo, prometo.

Respirei fundo e cruzei os braços, recostando sobre meu carro.

—Certo- ele parecia não saber ao certo o que dizer- desculpe-me por ontem...no fim não fui muito educado com ...

—Não tem problema... eu estava errada... você tinha o direito de estar irritado... mas Gil, sinceramente, eu não quero falar disso aqui... não quero falar sobre ontem em qualquer lugar.

Ele pareceu murchar nesse instante. Mas o que ele esperava, afinal? Que eu gostasse de ficar remoendo minha indiscrição?

— Ok...eu...- ele pôs as mãos nos bolsos da calça, suspirou...parecia perdido. Minha consciência me matava naquele instante. Como um ato impensado poderia causar tanta dor para dois homens que eu...amava?- Você esqueceu sua roupa suja em casa...eu pensei em trazer aqui, mas depois imaginei que alguém pudesse ver e ter ideias sobre nós... pensei também em entregar na sua casa, mas não sabia se você gostaria de me ter lá...

—Ah...- ele estava certo, se ele trouxesse as roupas para mim aqui e alguém visse...bem, a fofoca iria rolar solta e nós não teríamos um minuto de sossego. E eu também não o queria em minha casa, não com Derek fora. Os vizinhos iriam se perguntar quem era aquele homem, e Derek já estava causando muito caso com Gil- Tem razão, vamos fazer assim, eu vou até lá e você me entrega as roupas e...

— Não falamos mais disso, eu sei- ele parecia resignado.

—Vamos lá.

Entramos em nossos respectivos carros e eu o segui até sua casa, e só agora reparei como era próxima ao laboratório. Não era à toa que ele era sempre o primeiro a chegar. Estacionei o carro mas deixei o motor ligado, mostrando minha vontade de não me demorar. Gil, no entanto, tomou seu tempo em colocar o carro em sua garagem e abrir a porta de casa. De onde estava ele pediu para que eu aguardasse enquanto ele buscava minhas coisas. Quando já haviam se passado cinco minutos resolvi fechar o carro e ir atrás dele para ver o que estava acontecendo.

—Gil, cadê você- perguntei assim que entrei na sala.

Momentos depois ele sai de um quarto que não conheci ontem, com as mãos ocupadas com uma jarra cheia de coisas estranhas. Que se mexiam.

— Desculpe, Sara. Mas esqueci de alimentar minha aranha antes de ir trabalhar e só me lembrei agora.

—Você tem uma aranha de estimação?- perguntei, surpresa.

—Sim... com as horas que ponho no trabalho, é mais fácil ter uma aranha que um cachorro...além do mais...

—Entomologista, sei- não pude deixar de sorrir. Ele falava de seus insetos com tanto carinho que não podia deixar de sorrir.

—Bem...vou buscar suas coisas...se quiser, tem suco na geladeira...sinta-se em casa.

Ele saiu rapidamente de meu campo de visão, entrando em seu quarto. Já ia aceitar sua oferta de um suco quando me lembrei o que se passou na cozinha, e ruborizei na hora. Com o coração acelerado, virei-me em direção a porta e já ia sair em disparada quando ele voltou, com minha bolsa.

—Aqui está- ele me entregou as minhas coisas e não pode deixar de reparar em meu estado- Sara, está tudo bem? O que houve?- com as mãos livres ele automaticamente acariciou o meu rosto e, novamente senti meu corpo respondendo a seu toque, o desejo voltando lentamente. Mas ele percebe tudo isso e solta de mim rapidamente.

—Hum, você quer algo para beber? Quer que eu...

—Não- coloquei uma alça da bolsa em meu ombro- tenho que ir...obrigada, mesmo assim.

Meu corpo gritava comigo por não responder a meus desejos, mas eu não podia deixar me levar por eles novamente. Essa não era a minha índole, enganar a um bom homem desse jeito. Mesmo se até meu coração doesse ao pensar em abandoná-lo agora..

—Eu te levo até a porta- Gil ofereceu, e me acompanhou até a porta, colocando sua mão na maçaneta, mas não fez nenhum movimento para abri-la.

—Tem certeza que não quer ficar?- ele me perguntou, os olhos azuis penetrando os meus e me deixando sem ar- Você não tem ninguém em casa, nem eu. Eu não sou sua companhia preferida para os cafés da manhã?

—Não é só isso que você está oferecendo, não é?- perguntei, já sabendo a resposta. Ele se aproximou de mim e disse.

—Eu ofereço somente o que você quiser...-sua mão saiu da maçaneta, encontrou meu braço e me puxou para perto dele- o que você quer, amor?

Minha bolsa caiu no chão naquele exato momento, pois o que eu mais queria era estar nos braços dele novamente.

********************************************INFIÉL*****************************************

Nosso momento de fraqueza abriu espaço para muitos outros. Por todo o tempo em que meu marido estava em viagem eu passei ao lado de Grissom. Nós trabalhávamos juntos, fazíamos todas as refeições juntos, dormíamos juntos . Era como se nós fossemos um casal de verdade, só que não era bem assim. Apesar de não tocarmos no assunto, sabíamos que o momento em que Derik voltasse para casa nosso mundinho secreto acabaria.

Foi quando eu e Catherine estávamos em um intervalo de almoço que meu marido ligou. A última vez que falara com ele fora quase há duas semanas. Tinha sido antes de ir para o trabalho. Na ocasião eu liguei para despreocupá-lo e dizer que ainda o amava e que iriamos resolver nossos problemas assim que ele voltasse. Isso foi antes de passar na casa de Gil pela segunda vez. Agora, a culpa que eu carregava na ocasião voltou com força total. Fiquei olhando o telefone tocar na minha mão, o nome dele brilhando na tela. Resignada, atendi

—Oi

—Querida é tão bom ouvir sua voz- soou sua voz jovial em meu ouvido- Estou ligando para dizer que volto amanhã. Devo chega à Vegas por volta das 17:00. Você pode ir me buscar?

—Claro- disse, forçando um entusiasmo que não sentia.

— Ótimo. Mal posso esperar para te ver. Senti muito a sua falta,sabe?

—Eu também, Derik. Escuta, meu horário de almoço terminou, você me manda os detalhes do voo por mensagem, ok?

—Tudo bem, farei isso

—Ok, até amanhã...

—Sara....

—Sim?

—Eu te amo

Meu coração parecia quebrar ao ouvir meu marido me dizendo aquilo

—Eu também. Tchau.

Desliguei e pedi licença a Cath, dizendo que precisava do banheiro. Me tranquei em um cubículo e chorei, silenciosamente. Como minha vida poderia ter ficado tão confusa? Logo eu, tão decidida a sempre ser fiel, ser a primeira a trair quando o relacionamento esfriou? Não me reconhecia mais. Então decidi que precisava retomar as rédeas de minha vida. Engoli o choro, saí e joguei água no rosto. Olhando para meu reflexo no espelho, prometi a mim mesma que não mais cairia na tentação que era Gil Grissom.

Com mais certeza do que tivera nos últimos meses me dirigi até a sala de Brass, resolvida a pedir uns dias de folga. Sabia que Derik não teria muito tempo, mas mesmo assim queria que ele encontrasse novamente a mulher que ele casou, dedicada a fazer o relacionamento a funcionar. Bati na porta e ele me pediu para entrar, mas não estava sozinho. É claro que Gil estaria ali. Os dois olharam para mim com um sorriso no rosto. Mas ela sabia que somente um continuaria assim quando ela saísse.

—Sara, a que devo a honra?

—Gostaria de pedir dois dias de folga, Brass. Meu marido está voltando de viagem e eu quero...fazer uma surpresa para ele- não era necessário dizer o motivo, mas queria que Gil soubesse o motivo

—Ah, sim, sem problemas. Você e Gil aqui tem muitos dias acumulados. A equipe toda estará trabalhando esses dias. Não se preocupe com isso.

—Obrigada, agora vou voltar ao trabalho.

Fui embora sem olhar para Gil. Mais do que a dor que sentiu ao falar com o marido, pedir uma folga por conta do marido na frente de Gil...ela sentiu que o apunhalara fundo, mas o punhal não acertara somente a ele. Ela sentia a dor em sua alma.

Trabalhei diligentemente o resto do turno, sentindo o olhar astuto de Catherine em cima de mim. Ela era uma mulher perspicaz, e tendo presenciado o telefonema de Derik e minha reação a ele, devia estar com a pulga atrás da orelha. Sorte que não éramos muito próximas para Cath interrogar-me. E quando ela fez menção de fazê-lo, resolvi que já era minha hora de ir.

Já estava no vestiário pegando minha bolsa quando Gil apareceu.

—Já está indo?

—Sim, e você?

—Ainda tenho trabalho a fazer. Mas você estará livre esses dias, não é?

—Gil...

—Não me diga que sente muito, Sara. Eu sabia que era uma questão de tempo até...

Ele não completou a frase, e eu agradeci pelo senso de decoro dele.

—Eu não sei o que vai acontecer mas...

— Aqui não é o lugar, eu sei. Faça o que tem que fazer, Sara, e...bem, ao menos me diga o que vai acontecer.

— Certo- fechei meu armário e o encarei- Eu vou resolver isso e, de qualquer forma...você ficará sabendo.

Gil balançou a cabeça e saiu do vestiário. Naquele momento eu me surpreendi verdadeiramente com ele. Tive medo que ele forçasse um confronto, uma explicação do porque eu estar o dispensando daquele jeito, sem aviso. Mas, assim como eu, ele parece entender que essa nossa situação, bem, não havia uma regra clara de como nos comportarmos. Era uma parte do jogo que só agora começávamos a desenhar. E eu queria mesmo terminar esse jogo. Só não sabia como.


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