Hopeless but haping

Bom, tinha algo que realmente estava errado. John não foi na aula nos últimos dois dias,.. Eu podia ter mandado algumas mensagens para John mas acabei não mandando. Motivo: eu precisei fazer uma nova e impecável redação. Até ficou um pouquinho melhor, e isso rendeu alguns elogios da professora de português Sra. Ambrósio, mas nada demais. Vocês já sabem como minha vida é.

Porém esses míseros elogios já foram suficientes para Rob me empurrar escada abaixo, e eu desci rolando igual a uma bola. Todos riram como sempre, e eu me levantei calada e fui pro banheiro chorar. Não vi Justine nos últimos dias também. Hoje graças a Deus é sexta-feira, então vou ter dois dias livres de Anne, Rochelle e Clayr(mas será um longo fim de semana com meus pais).

Já estava sentindo abstinência da presença de John. O sr e a sra Kennedy geralmente vão ao mercado comprar frutos do mar ao entardecer, se ele faltasse novamente eu poderia falar com eles. Mas não foi preciso por que hoje o garoto de olhos claros e cabelo liso preto estava me esperando na entrada da escola. John trajava um jeans claro, camiseta azul e jaqueta de jeans também. Ele parecia preocupado e não sorriu ao me ver.

"Onde você esteve todos esses dias?"-perguntei, um pouco irritada. Mas estava mais ainda preocupada.

"Não podemos conversar aqui. Tem pessoas nos observando"-quando disse isso, pude vê-lo olhando de solsaio para as três patricinhas.-"vem".

Entramos na escola e passamos pelo corredor principal, como sempre as piadinhas estavam a mil mas não dei bola. Eu realmente queria uma explicação decente. John parecia estar querendo ir pros fundos da escola, alunos não eram permitidos lá além do intervalo, quando abri minha boca para alertá-lo, ele dobrou e abriu a porta de uma sala. Era o laboratório de química.

"O que estamos fazendo aqui? Não podemos entrar"-disse.

"Precisamos de um pouco de privacidade. Eu sei que você está brava comigo."-ele disse, tirando sua mochila das costas e a segurando nas mãos.

"É! Você sabe que não podemos ficar sozinhos na escola! Anne e suas amigas me tranc-huum!"-tive a fala impedida pela mão de John-"Abaixa!"-sussurrou, e nós nos escondemos embaixo da mesa. Wallis Spedwell, o dono da escola, estava conversando com a professora de música, Amelia Clarinet.

"Bem Amelia, o que você quer de mim?"-disse o homem. Geralmente não víamos Wallis porque ele era um homem muito ocupado e rico. Tinha mais coisas para cuidar, e ele deve estar aqui por um motivo muito especial.

"Apenas o que eu mereço, Wallis!"-Senhorita Amelia parecia estar nervosa. Os dois estavam. Era um clima realmente tenso. Eu estava escondida em baixo de uma mesa com produtos químicos, perto demais de John. E logo na janela estavam o dono e uma professora discutindo. Eu não queria ouvir aquela conversa mas se me mexesse, seria pega.

"Não pode exigir NADA de mim enquanto o teste não chegar."-disse o homem, frio.

"Eu tenho certeza disso, Wallis! Eu sinto! Já faz parte de mim!"

"E mesmo se isso for verdade, como saberei que o filho é meu?"- O QUÊ?

"Que tipo de mulher você acha que sou, Wallis Spedwell? Eu sou uma mulher digna! E só tive relações com você!"-alegou Amelia. Pude perceber a mudança brusca no tom de voz.

"Você sabe que eu sou um homem compromissado, Amelia. Você me seduziu. Isso deve ser um truque para arranjar dinheiro já que ninguém assiste sua aula!"-alegou Wallis.

"QUÊ?"-Gritei, e logo John tampou minha boca. Eu fiquei louca!

"Você ouviu isso?"-disse Amelia, virando-se e analisando a sala de química.

"Não ouvi nada. Você está delirando?"-indagou o homem.

"Bah! Não importa. O que importa é que nosso filho precisa de um pai presente, Wallis! Você consegue entender?"-insistiu. Eu sentia pena da professora. Ela seria mãe solteira, e isso não seria legal.

"Ponha na sua cabeça, Amelia: NÃO temos um filho. NÃO vou assumir nada ainda. Pare de bobagens."-Wallis Spedwell sabia ser bem frio quando queria. Isso doeu na minha alma.

Amelia começou a chorar e a balbuciar algumas coisas, em uma tentativa em vão de reconfortá-la, ela mandou o sr. Spedwell para o inferno e saiu correndo. Ele foi para o lado oposto e depois de alguns minutos, eu e John saímos da mesa.

"Você ouviu a mesma coisa que eu, John?"

"É claro que ouvi. Nossa, a srta Amelia está grávida"-John estava tão surpreso quanto eu.

"Não vamos contar isso para ninguém, ok? Imagina que confusão ela arrumaria?"

"Provavelmente perderia o emprego, e a senhora Spedwell não ia gostar disso"

A esposa de Wallis Spedwell, Simonie é uma mulher muito importante. Eu diria um tanto arrogante, também. Ela sabe impor limites e diferenciar as pessoas normais de sua família, mas ela é extremamente poderosa(como qualquer Spedwell) e não é bom mexer com ela. 

"Vou torcer muito pra que não seja verdade"-disse John, pegando a mochila do chão.

"Credo, John!"-disse-"Por que não?"

"Já pensou que caos? É melhor que ela não esteja grávida porque a traição talvez seja perdoada, agora um filho gerado já é mais difícil de engolir".

"Bom, acho melhor esquecermos disso. Não é da nossa conta"-disse enquanto saía da sala de química, as pessoas em volta estavam tão distraídas que nem notaram nada. Acabei esquecendo de perguntar a John porque ele não veio, e tudo mais.

O sinal tocou e nós nos dirigimos para a sala. O inferno começaria, mas pelo menos estaria com John.

. . .

A aula terminou e por um milagre - chamado Jhonatan Kennedy - as coisas não foram tão ruins, ou pelos menos não pioraram. Nada é tão ruim que não possa piorar. É o que eu sempre digo. Na saída, Anne e as garotas tentaram tirar onda com a nossa cara, mas foram ignoradas completamente. Eu só pensava em poder conversar com John.

Quando estávamos a um quarteirão de distância longe da escola, comecei a dizer:

"Por que você não veio esses dias todos?"-agora eu já não estava tão brava, apenas chateada.

"Eu precisei me ausentar"-ele disse, sem olhar nos meus olhos-"olha, eu sei que você está chateada, mas era por uma causa especial".

Não respondi, e John continuou falando:

"Eles te causaram algum mal?"-John disse, cabisbaixo.

"Quem?"

"Anne, Rob, Rochelle, Clayr... Eles te causaram algum mal?"-John perguntou, estava um pouco mais sério. Não gostava de nenhum deles.

"Não, foi tudo bem"-menti-"Só senti sua falta".

Por que eu menti? Eu sei que alguém contaria para John, as pessoas de lá são muito fofoqueiras. Como melhor amiga dele eu devia zelar pela verdade, mas eu não queria envolver John em confusão. Principalmente com o idiota do Rob.

"Nietta..."-ele começou dizendo.

"Sim?"

"Eu queria te pedir desculpas. Mas foi algo extremamente urgente, eu não tive tempo algum pra te avisar"-John parecia estar sem jeito. Era um momento desconfortável para ambos.

"Tá tudo bem, John"-sorri-"Eu respeito a sua privacidade, hum... Mas aposto que você arrumou uma namorada, certo?"

Sempre brincava com John, não há nada de errado nisso, não é?

Ele riu, e respondeu "meh, você sabe que eu só vou namorar na faculdade"-disse brincando,

"Fala sério, John. Você vai achar alguém muito legal antes da faculdade"-pisquei.

"Vamos fazer uma aposta então? Se eu tiver namorando até o fim do semestre, eu pago sua hospedagem por um mês em Douphine. E se não, você paga.".

John era bom para propostas, mesmo não sabendo o risco delas. Os dormitórios em Douphine eram MUITO CAROS.

"Nossa, está feito!"-ri.

John era meu melhor amigo, eu já disse isso muitas vezes. Nossa conexão era especial. Eu nunca imaginei minha vida sem sua amizade, temos o tipo 'inseparável'. Eu espero que ele pense assim também. Como éramos vizinhos, fomos o percurso todo juntos e conversando.

Eu já estava melhor do que no dia que fiquei presa do ginásio. O melhor a fazer agora é esquecer de tudo que houve, e focar na minha vida com John. Minha vida é estranha. Um dia está boa, outro dia ruim, mas isso logo vai passar, algo dentro de mim diz isso.