Pecadores ocultos (Reescrita) escrita por Lobo Alfa


Capítulo 4
Cap. 04 Anjos e demônios




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—Onde está Larissa? Perguntei percebendo que apenas ele estava a me esperar.

—Ficou na França. Disse que precisávamos dar um tempo. Explicou meu irmão levando suas bagagens até o porta-malas do meu carro.

—Achei que a viagem fosse ajudar. Comentei.

—A culpa não é sua -Respondeu Leandro fechando o porta-malas- Mas em que casa eu vou ficar?

—Na casa da mamãe. Respondi querendo ver sua reação.

—Mamãe continua a mesma?

—Perguntou-me Leandro até com certo tom de preocupado.

—Estou brincando! Você vai ficar lá em casa. Respondi rindo dele.

—Já está fazendo brincadeiras? Você continua o mesmo casulinha de sempre. Comentou meu irmão.

—Mas vamos antes passar na mamãe Falei abrindo a porta do carro e entrando, ele fez o mesmo- Ela disse que se você não passasse lá assim que chegasse podia esquecer que você tem mãe.

—Sempre dramática. Disse Leandro.

Dei partida e saímos do aeroporto que não era tão longe da casa da nossa mãe. Assim que Leandro apertou a campainha ele me olhou e disse:

—Espero que ela esteja de bom humor.

—É nossa mãe. Quando você a viu de bom humor?!

—Leandro! -Falou minha mãe animada ao vê-lo- ainda bem que alguém aqui se lembra de que tem mãe.

—Mãe eu me lembro da senhora! Protestei.

—A última vez que você me visitou foi no ano novo. Argumentou minha mãe parando de abraçar meu irmão e gesticulando para nós entrarmos.

—Estou ocupado, trabalho muito sabia? Tentei me explicar.

—Sempre o trabalho. Deveria morar lá então -Disse minha a mãe indo até a cozinha- Leandro eu até entendo, viajando pela Europa com sua esposa, mas você poderia ter me ligado. E onde está Larissa?

—Teve que ficar para resolver algumas coisas por lá. Comentou Leandro que continuava negando para mamãe seu problema no casamento.

—Olhei-o repreendendo sua atitude, ele me fez o mesmo gesto e através deles ficamos discutindo até que mamãe chegou com um pedaço de bolo.

—É de que o bolo? Perguntou Leandro.

—Coma que você vai saber. Respondeu mamãe.

Nós nos olhamos e relembramos que ela sempre foi assim, pode até parecer insensível por parte dela, mas foi desta forma que ela sempre cuidou de nós. Depois de rever nossa mãe o levei para minha casa, onde ele foi perguntando:

—E quando você quiser trazer uma garota?

—Fiquei envergonhado de falar sobre isso com meu irmão, mas agindo naturalmente lhe respondi:

—Você chegou no momento em que o hospital está muito agitado. Então não se assuste se você passar quase um dia sozinho aqui.

—Mamãe tem razão. Ele comentou.

—Você também? Não pode esperar para falar isso quando for sair? Sentei-me no sofá.

—Está bem, serei a melhor visita que você já teve. Disse meu irmão ligando a televisão.

Tomei um banho e me arrumei para ir trabalhar.

—Você vai trabalhar? Perguntou Leandro estarrecido com isto.

—Vou. Hoje eu chego às dez horas. Não sei o porquê, mas resolvi lhe dá uma satisfação.

Peguei a chave do carro e sai. No trabalho não encontrei Rute, eu ainda me sentia mal por tê-la tratado daquele modo. Rosa não morreu, pelo contrário, teve uma rápida melhora e já tinha previsão de alta talvez para a próxima semana. O hospital estava calmo, então peguei o celular e pensei em ligar para Helena. Não sabia o que iria falar, mas sabia que eu queria falar com ela.

—Alô? Atendeu uma mulher.

—Helena? Perguntei querendo confirmar.

—David, é a Ângela.

—Oi Ângela, sua irmã está? Perguntei encostando-me à parede.

—Ela saiu e esqueceu o celular em casa. Só atendi porque vi que era você. Explicou Ângela.

—E você sabe quando ela vai chegar? Perguntei insistindo em falar com Helena.

—Ela foi para a casa da Bruna e talvez durma lá.

De novo na casa da Bruna? Realmente eu não estava gostando desta amizade, mas sem transparecer falei:

—Tudo bem então. Quando ela chegar você pode avisar que eu liguei?

—Claro. Ela respondeu de um modo estranho.

—Obrigado. Agradeci sem me preocupar com isso.

Desliguei e guardei o celular no bolso direito do jaleco.

—David, temos uma complicação na UTI. Falou Raul me vendo.

Fui junto com ele e resolvemos tudo. Depois disto não demorou muito para eu poder ir para casa, foi quando vi meu irmão sentado no sofá assistindo televisão com uma latinha de cerveja na mão.

—Você não tem que trabalhar? Perguntei incomodado com tanta folga.

—Estou de férias, pelo menos deveria aproveitar, já que não tenho minha mulher comigo não me resta muita coisa. Ele respondeu tomado um gole.

Suspirei e ao invés de ir para o quarto, pensei melhor e me joguei no sofá, sentando-se ao seu lado.

—Brigou com Larissa de novo? Perguntei pegando uma latinha para mim.

—Foi. Ela me ligou para dizer que eu não estava sentindo falta dela, que não me preocupava com quem ela estava ou o que estava fazendo, eu respondi que tinha escutado ela falar que queria dar um tempo. Mas não! Ela queria que eu me humilhasse nos pés dela. Reclamou Leandro que ao terminar tomou um grande gole.

—Mulheres. Comentei bebendo um pouco.

—Mas e você maninho, alguma garota? Perguntou-me Leandro terminando sua cerveja- Um médico novo e solteiro, deve se dar muito bem.

—Não tanto quanto um promotor. Falei comparando nossas profissões.

—Não mude de assunto David! Reclamou Leandro- Você sempre foi tímido para falar sobre isso, mas sou seu irmão não sou? Falou meu irmão de uma forma quase que paternal.

Respirei fundo e suspirei, dei um grande gole e falei:

—Lembra-se da Helena?

—Aquela linda garota loira que sempre usava vestido e que você sempre vinha me pedir alguns conselhos?

—Essa mesmo. Mas eu não pedia conselhos a você.

—Você tentava me enganar dizendo que era para o Papá-léguas. Saiba logo maninho que eu jamais acreditei nisso.

—Carlos está noiva de Ângela, eles devem se casar daqui a dois meses.

—Mas e Helena? Perguntou Leandro muito interessado.

—Eu a reencontrei por acaso, quando a mãe dela teve um AVC.

—Donabela? Ela está bem?

—Sim, já está melhor agora.

—Que azar hein?! Reencontrar com Helena. Falou meu irmão pegando outra latinha.

—Por que azar? Perguntei sem entender.

—Você não se lembra do que aconteceu naquela noite?

—Eu não lhe contei nada!

—Pior que isso. Eu vi.

—Você entende a gravidade deste fato não é?

—Entendo. Mas não foi por isso que você discutiu com Helena, não foi?

—Eu cheguei a lhe falar sobre a nossa discussão?

—Falou um pouco, mas eu liguei os fatos.

—Agora eu entendo porque você entrou para direito. Falei bebendo mais um pouco.

—Percebi que Leandro já estava na terceira latinha de cerveja, enquanto eu ainda estava quase terminando a primeira e me sentindo mal.

Quando vocês se reencontraram ela falou sobre algo no passado? Perguntou meu irmão dando continuidade a conversa.

—Não, mas eu tentei perguntar algo para... Ele me interrompeu dizendo:

—Não faça isso! A história de vocês tinha terminado de uma forma tão injusta que não vale a pena voltar. Aproveite a chance que o destino lhe deu e recomece tudo.

—Parei para pensar um pouco e fazia sentido tudo que ele me dissera.

—Você acha que é destino? Terminei minha cerveja.

—Talvez. Respondeu ele bebendo.

—Vou dormir. Espero que você limpe tudo.

—Está bem. Vou ser a melhor visita que você já teve!

Eram umas dez da manhã, o sol nem brilhava tanto, chovia um pouco e o barulho da chuva me relaxava ainda mais, foi quando meu celular tocou, estendi meu braço até o criado mudo para alcança-lo.

—Alô? Atendi ainda deitado na cama e coçando os olhos com a mão esquerda.

—David? Era uma voz familiar.

—Helena! Reconheci imediatamente.

—Estava dormindo? Ela me perguntou talvez pela voz confusa e desnorteada com que eu falava.

—Não, só estava deitado. Tentei disfarçar.

—Você não me ligou mais. Ela comentou.

—Eu te liguei ontem, falei com Ângela, ela não te avisou? Tentei explicar.

—Não.

—Ela deve ter esquecido. Comentei não acreditando nisso.

Porém, mais desperto percebi que Helena estava com um tom de voz abalado.

—Está tudo bem Helena? Perguntei preocupado.

—Está Ela mudou rapidamente de assunto- Queria saber se você vai sair esta noite? Perguntou-me Helena sutilmente.

—Eu iria sair com Leandro, mas ele me disse que estava se sentindo mal. Menti envolvendo meu irmão que ao escutar seu nome veio até o quarto.

—Quem é? Perguntou Leandro sussurrando.

—Eu não tenho nada para fazer esta noite. Comentou Helena.

—Gostaria de sair comigo? Perguntei não desperdiçando esta chance.

—Seria ótimo. Ela respondeu.

—Quem é? Insistia Leandro encostando-se à porta.

—Você está na casa da Donabela? Perguntei erguendo a metade superior do meu corpo.

—Sim.

—Então eu posso ir às oito?

—Está bem.

—Quem é? Insistia Leandro novamente.

—Pois eu te vejo às oito, agora eu tenho que resolver algumas coisas aqui em casa.

—Está certo então.

Eu desliguei, me levantei e fui até o espelho do meu quarto.

—Eu posso dormir em um hotel hoje se quiser. Comentou Leandro.

—Não vai acontecer nada disto. Era Helena. Passei a mão no rosto e senti a barba.

—Quer dizer que se fosse outra garota aconteceria?

—Leandro eu vou sair hoje, então cuide da casa, se for sair me ligue está bem? Falei indo ao banheiro.

Eu estava horrível, a barba crescendo e o cabelo precisava ser cortado. Peguei o barbeador, foi quando me lembrei do que Carlos havia me dito.

Hoje vou resolver logo esta história. Falei para mim mesmo, barbeando-me.

Fui até o carro e vi que estava uma bagunça, comecei a retirar as notas fiscais, alguns documentos que eu nem me lembrava mais e embalagens de fast-foods. Logo em seguida cortei o cabelo e ansioso esperei a noite.

—Você quer mesmo agradar essa garota. Você apenas esqueceu-se de me contar quem era. Comentou Leandro sentado no sofá.

Helena! E eu lhe falei. Hoje eu vou resolver a nossa história. Comentei pegando a chave do carro que estava na mesa da sala.

—Se mudar de ideia me liga. Falou Leandro antes que eu fechasse a porta.

Não sabia o que poderia acontecer, mas eu sabia o que deveria acontecer. Toquei a campainha e Helena veio me atender. Vestido longo e preto, mas seus brincos dourados rebatiam a escuridão.

—Você está linda. Elogie a levando até o carro.

—Você também -Ela me respondeu- Então, para onde vamos? Perguntou Helena.

—Pensei em um jantar. Respondi-lhe dando partida no carro.

No restaurante, fiquei lembrando que ela me ligou com uma voz abatida, pensei em perguntar, mas aquele não era o momento oportuno, se algo a entristecia eu deveria ser o motivo de seu sorriso. Conversamos bastante, ela parecia se divertir, eu sentia que estava indo bem. Depois do jantar, fui deixá-la em casa, estacionei o carro.

—Então até mais? Perguntei com uma segunda intenção.

Helena que retirou da bolsa as chaves de casa e disse:

—Até mais. E abaixou a cabeça, balançando a chave.

—Helena? Eu a chamei olhando em seus olhos.

Ela veio de encontro a mim, colocou a mão no meu rosto, eu avancei, mas ela virou minha face e um beijo na bochecha, mas coloquei a mão em seu queixo e conseguir beijá-la. Ela saiu sorrindo, tinha gostado da minha atitude. Helena era uma mulher elegante, não é uma garota que se consegue um beijo no primeiro encontro, ela sabia envolver aos poucos e deixar tudo acontecer no tempo certo, mas é claro que algumas vezes eu sempre tentava ir mais rápido.

“Talvez seja o destino.” Falei sozinho vendo que ela depois de me acenar entrou em casa.


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