Fire and Gasoline escrita por Baunilha0106


Capítulo 3
Capítulo 2




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 Enquanto íamos para a delegacia, tentei perguntar o que estava acontecendo mas os dois policiais não me contavam nada. As únicas coisas que eu tinha descoberto eram os nomes deles. O mais alto se chamava Steve e o baixinho, Dennis. Steve parecia ser o mais calmo e sério dali e Dennis o chato que levava tudo na brincadeira. Eles eram muito idiotas.

— Quer um amendoim, garota? — Perguntou Dennis, me oferecendo um pacote de amendoim. Dei um sorriso e peguei o pacote inteiro da mão dele. Ele olhou para mim, parecendo zangado. — Eu disse um amendoim, não o pacote todo.

— Eu devolvo se me contar o porquê de estarem me levando para a delegacia. — Falei, colocando alguns amendoins na boca.

— Adolescentes podem ser presos por roubar amendoim de um policial, Steve? — Ri da pergunta de Dennis e olhei para Steve que dirigia. Ele firmou as mãos no volante e parou em um sinal vermelho.

— Não, mas podemos abrir uma exceção para essa aí. — Disse ele com um sorriso. Revirei os olhos e devolvi o pacote para Dennis, que sorriu e começou a comer.

— Qual é, gente. Eu só quero saber o que tá rolando!

— Olha, garota. Até te contaríamos mas nosso chefe ficaria bravo se isso acontecesse. — Era a primeira vez que eu olhava Steve nos olhos. Ele estava sendo sincero, mais sincero que Dennis. Respirei fundo e fechei os olhos.

— Tem a ver com ela, não é? Amara. — Eles se entreolharam. — Eu sabia! Vocês a encontraram? Acharam quem matou os pais dela? Tobias...

— Sem perguntas. — Disse Dennis, sério. Fiquei calada enquanto Steve dirigia, lançando olhares para mim pelo retrovisor. Aquilo me deixou um pouco constrangida e eu me abaixei no banco de trás, evitando o olhar dele.

 

* * *

O carro parou em frente a delegacia. Tinha começado a chover e eu não trouxe guarda-chuva, nem os policiais "ban ban ban's". O único jeito era começar a correr para dentro da delegacia e torcer para não escorregar em uma poça d'água no caminho. Confesso que seria engraçado ver Steven e Dennis escorregando na escada e quebrando o pescoço. Reprimi um sorriso com esse pensamento mas Dennis viu.

— No que está pensando? — Perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Nada... — Sai andando na frente, evitando mais perguntas. Steve abriu a porta da delegacia para mim e pediu para segui-lo e não sair de perto dele. Dennis ia certificar-se de eu não ia me perder deles. Os segui pelos corredores da delegacia, com olhares em cima de mim. Os policiais me olhavam como se fossem me matar, como se eu fosse culpada de alguma coisa. Tenho certeza que vi um detento me olhando como se fosse me estuprar.

Paramos à frente de uma porta cinza com uma placa de bronze em cima escrito:

"Ross Scott Martins       
Chefe do Departamento de Policia
de Salvatore".

 

Me arrepiei. Por que será que o chefão da policia queria falar comigo? Poderia ser qualquer pessoa, minha mãe, meu pai, até mesmo Toby mas por que eu?

Steve abriu bateu na porta e uma voz lá de dentro gritou:

— Pode entrar!

Assim que Steve abriu a porta, Dennis me empurrou para dentro, quase me fazendo tropeçar e cair de cara no chão. Olhei para ele e lhe lancei um olhar que faria qualquer um querer correr. Ele fez uma careta mas o alguém lhe chamou a atenção.

— Sr. Carter, respeite-a! Ela pode te matar com as unhas. — Riu o homem sentado à escrivaninha, que deve ser Ross. Ele tinha a pele bem morena e o cabelo ralo, um bigode acompanhado de uma barba. Seus olhos eram pequenos mas pareciam ver a sua alma quando pousavam em você. Aquilo me deixou com um pouco de medo. Ele usava um terno azul marinho e segurava uma pasta escrito "Caso nº 92". O caso de Amara, talvez?

— Desculpe, chefe. — Disse ele, ajeitando a postura. Quase ri, mas quando vi a cara de Steve e seu olhar de reprovação, abaixei a cabeça na mesma hora.

— Sente-se, senhorita Lee. — Pediu o chefe, indicando a cadeira à sua frente. Me sentei e tentei ficar o mais rígida possível mas a cadeira era horrivelmente desconfortável. Fiz uma careta quando desisti de tentar me ajustar nela. — Bem, você deve estar se perguntando o por quê de ter sido chamada aqui. — Começou ele, me encarando. Assenti com a cabeça e engoli em seco. — Quero falar com você sobre a sua prima, Amara Esteves.

Senti meu corpo inteiro se arrepiar ao ouvir aquilo. Eu sabia. Sabia que tinha alguma coisa a ver com Amara! Não havia outro motivo para me chamarem aqui a não ser esse, afinal.

— Vocês a encontraram? — Perguntei, sentindo um aperto forte em meu coração. Diz que sim, diz que sim...

— Infelizmente, não. — Soltei todo o ar que estava segurando, observando as minhas esperanças voarem com ele. — Ainda não.

— Como assim "ainda não"? — Arregalei os olhos, quase partindo para cima dele. Meu coração estava acelerado e estava ficando difícil de respirar. Eu só queria encontrar a minha prima e acabar logo com tudo isso mas não sei por onde começar. Talvez ela esteja morta... Toby tem razão. Tenho que parar e aceitar que ela se foi...

— Recebemos uma ligação anônima ontem à noite. A pessoa jura pelo Céu e o Inferno que viu Amara andando pelas ruas da cidade usando um capuz e vestido no meio da noite, segurando balões de festa. — Disse Ross, passando a pasta com alguns documentos para mim. Observei alguns papéis e fotos tiradas de uma câmera de segurança, indicando uma menina exatamente da mesma maneira que o homem disse. — Isso é tudo que juntamos do caso até agora. Contatamos algumas delegacias de cidades próximas e informamos sobre Amara e tivemos algumas respostas há algumas semanas, todas dizendo a mesma coisa; Amara andando pelas ruas, de vestido e um casaco preto com um capuz, segurando balões de festa no meio da noite.

Não sabia o que dizer. Estava totalmente atônita e confusa. Se Amara esteve viva desde aquela noite, por que nunca ligou ou mandou alguma mensagem? Será que estava com medo ou algo do tipo?

— Então, ela está viva?

— Sim, a menos que seja alguém muito parecida com ela. — Nos encaramos por algum tempo. Será que ele acha que eu tenho alguma coisa a ver com Amara andar por aí no meio da noite, carregando balões de festa? Bem, ele não podia me acusar de alguma coisa sem provas e eu realmente não tenho nada a ver com isso.

— Se isso for tudo o que queria me contar, acho que devo ir... — Falei, me levantando. Ross também se levantou e entreguei a pasta com os documentos a ele. Quando ele foi pegar, a manga do seu terno encurtou e eu pude ver o seu pulso. Ele tinha uma tatuagem estranha. Um circulo com um X dentro. Ross percebeu que eu estava olhando e rapidamente escondeu a marca, fazendo-me lançar um olhar desconfiado para ele. Será que ele faz macumba?

Quando eu estava prestes a sair com Steve e Dennis, Ross me chamou:

— Senhorita Lee. — Me virei para olhá-lo. — Chamamos você aqui porque não tinha mais para quem contar. Os pais da garota estão mortos, seus pais estão longe e a família de Toby Collins se recusou a saber. — Novidade. Parece que toda a família do Toby é inútil, assim como ele.

— Entendi... — Mordi o lábio. — Mais alguma coisa?

— Ahn, sim... Se, por acaso, você souber ou encontrar algo sobre Amara, nos informe imediatamente. Ela pode estar desaparecida e reaparecendo aos poucos, mas pode ter assassinado os pais também.

Foi então que senti meu corpo pegar fogo por dentro.

— AMARA NUNCA MATARIA OS PAIS! ELA NUNCA MATARIA NINGUÉM, NEM FARIA MAL, POR MAIS QUE ODIASSE! ELA É OU ERA UMA BOA PESSOA, MESMO NÃO PARECENDO!

Percebi que Dennis e Steve tinham colocado as mãos nas armas e estavam prontos para pegá-las e machucar se preciso. Lágrimas caíam pelo meu rosto. Só queria ir embora dali e foi o que eu fiz. Sai correndo para fora daquele lugar, sem me importar com a distância até a minha casa ou com a chuva. Eu precisa andar e pensar um pouco, além de processar tudo o que acabara de descobrir. Se Amara realmente estava viva e andando por aí, seria uma boa hora para procurá-la. Mas não sou eu que devo fazê-lo.

Na metade do caminho, ouvi passos atrás de mim, como se alguém tivesse me seguindo. Olhei para trás mas não havia nada, ninguém. Talvez seja a chuva caindo no asfalto. Dei de ombros e continuei a andar, sem olhar para trás.


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