Fire and Gasoline escrita por Baunilha0106


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oin pessoinhas! Aqui está mais um capítulo dessa historinha pra vocês ♥
Ah, antes, eu quero agradecer às pessoas que comentaram e que estão acompanhando a história. Obrigada, muito mesmo.
Agora, sem mais delongas (eu amo essa palavra), leiam.



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 Acordei suando e tremendo. Meu coração estava acelerado e tudo o que eu conseguia lembrar eram os flashbacks do meu pesadelo. Eu tinha visto aquilo várias vezes mas desta vez foi mais intenso, mais violento. Os corpos dos meus tios no chão, envoltos de sangue e seus rostos completamente desfigurados e o meu primo, Tobias, tentando me contar o que aconteceu com Amara. Logo depois, baratas saíram de sua boca, me impedindo de saber. Não me lembro de ter tido baratas nas outras vezes...

Olho o despertador ao lado da cama e vejo que são quase sete horas. Ótimo, vou chegar atrasada na escola. De novo.

Levanto-me da cama e corro para o banheiro. Escovo os dentes e tomo o meu típico banho rápido. Visto uma calça jeans, All Star preto e uma blusa listrada de mangas compridas qualquer que eu achei na bagunça do meu guarda-roupa. Eu não gostava de ir à escola, mas era a única opção que tinha. Era isso ou ficar parada sem fazer nada por horas.

Arrumo a minha mochila e nem olho para conferir se estava tudo certo ou não. Eu tinha dez minutos senão o portão da escola fechava. Saí do quarto, descendo as escadas quase tropeçando. Peguei uma maçã na cozinha e saí de casa, fechando a porta para não ocorrer nenhuma invasão.

Minha casa ficava um pouco isolada do centro da pequena cidade, já que meus pais gostavam de paz e tranquilidade. Não sei por quê. Eles nunca param em casa para passar nem um final de semana sequer. Ou seja, eu ficava sozinha a maior parte do tempo, dos dias e dos anos. Cresci sozinha sem ninguém tomando conta de mim. Agora, com quase dezesseis, sabia me virar e fazer tudo sozinha. Bem, quase tudo.

Claro, as coisas ficaram um pouco mais estranhas depois da morte dos meus tios, do coma de Tobias e do desaparecimento de Amara. Meus pais passaram a trabalhar mais e todos na pequena cidade procuraram por Amara mas ninguém a viu em lugar algum. Os médicos também não sabem quando ou se Tobias acordará. Os policiais estavam loucos para que ele acordasse. Qualquer informação que ele tivesse seria útil. Foi assassinato, e acham que Amara matou os próprios pais e deixou o irmão em coma. Eu não acreditava nisso. Ela nunca faria isso, tenho certeza. A conhecia melhor que todos da família. Posso ser a única que saiba que ela não é culpada, mas não sou a única que lembra daquela noite, há, exatamente, um ano.

Eu gostava de Amara. Tínhamos a mesma idade e gostávamos de quase todas as mesmas coisas. Eu fiquei muito triste quando soube que ela desapareceu. Às vezes eu ficava me consolando, dizendo que ela ainda estava viva e que tinha fugido de casa para dar início a sua carreira como cantora, bem longe dessa cidade e de sua rígida família. Eles queriam que ela fosse a melhor em tudo, tanto na escola quanto na vida. Bem, agora os seus pais estavam mortos. Se ela não estivesse desaparecida, teria dito que era um peso a menos. Amara não gostava dos pais e o irmão nem dava atenção a ela direito.

Quando cheguei na escola, faltavam dois minutos para o portão fechar e aposto que a aula já tinha começado. Joguei o que restou da minha maçã no lixo e saí correndo para a sala de aula. Alguns alunos que ainda estavam no corredor ficaram olhando para mim como se eu fosse algo indesejado, e eu era. Ninguém gostava de mim naquela merda e eu não gostava de ninguém lá, claro.

Enquanto eu passava por um grupinho de garotos, ouvi um deles cochichar algo sobre mim e rir, sendo acompanhado pelos outros. Olhei para eles e perguntei ao líder do grupo:

— Se divertindo, Toby?

Toby era o melhor amigo de Amara desde o jardim de infância. Ela ia algumas vezes com ele até a minha casa, dizendo que seríamos todos grandes amigos mas parece que não deu muito certo. Eu odiava Toby e ele me odiava. Depois do desaparecimento de Amara, ele virou o garoto mais popular da escola, com aqueles cabelos loiros e os olhos cinzas que todas as garotas amam. Não sei se ele era muito diferente quando Amara ainda estava por aqui, mas sei que o odeio mais agora do que antes.

— Olha só. Não sabia que a Srta. Ninguém falava. — Riu ele, arrancando gargalhadas dos amigos. Revirei os olhos e cruzei os braços.

— Que lindo apelido. Chamava a Amara assim também quando estavam juntos? — O sorriso de Toby desapareceu e os amigos dele começaram a cochichar coisas. O loiro se aproximou de mim e me puxou pelo braço para o outro canto do corredor.

— O que pensa que está fazendo? — Perguntou ele quando estávamos longe do seu grupinho de amigos. Parecia zangado e segurava o meu braço com força. Eu sabia que Amara era o seu ponto fraco. Toby gostava dela, afinal.

— Refrescando a sua memória. — Puxei o meu braço e ele o soltou. — Um ano, Toby. Não acha que está exagerando um pouco hoje? — Toby sabia ao que eu estava me referindo. Ele não foi ao enterro dos pais de Amara, nem ligou para o fato de sua melhor amiga ter desaparecido sem deixar pistas. Mas desde aquele dia, ele fica me azucrinando, como se eu fosse culpada ou soubesse de alguma coisa. Toby não tinha provas, mas mesmo assim o fazia com prazer.

— Lolitta, não diga o que eu devo ou não fazer. Entendeu? — Ele se afastou mas eu não ia deixar isso fácil.

— Sei que não sou a única a achar que ela é inocente! — Gritei. Minha voz ecoou pelo corredor quase vazio e Toby parou no meio do caminho, como se estivesse pensando sobre o que eu acabara de dizer.

— Mas é a única que acha que ela ainda está viva. — E assim, ele não olhou para trás. Senti as lágrimas querendo cair mas as segurei mais uma vez. Não ia chorar agora, nem aqui. Corri para a minha sala antes que a diretora me encontrasse andando por aí.

Assim que cheguei na sala, percebi que todos estavam quietos observando a professora baixinha em sua mesa. Ela tinha os cabelos castanhos, amarrados em um coque e usava um vestido preto longo. Quando ela me viu na porta, deu um sorriso e abaixou os óculos, revelando seus olhos negros como besouros. Eu a odiava, mas era uma das melhores professoras daquela escola.

— Ora, ora, ora. Está atrasada, senhorita Lee. — Disse ela, voltando ao livro de matemática em sua mesa. — Vá para o seu lugar.

Atravessei a sala inteira até chegar na minha mesa ao lado da janela. Algumas pessoas riram de mim mas eu já estava acostumada. Antigamente, as pessoas riam de mim por ser a mais diferente da escola. Meus cabelos não tinham cor alguma, eram completamente descoloridos. Sempre foi assim e sempre será. Não vou pintar o meu cabelo só porque as pessoas acham estranho.

Minha pele era muito branca. Chegava a ser quase da cor do papel. Algumas pessoas me chamavam de albina por causa disso e do meu cabelo. Aquilo me incomodava um pouco. E não, não sou albina.

Eu tenho heterocromia, o que fazia os meus olhos serem diferentes das outras pessoas. O esquerdo era castanho claro e o direito cinza. Minha mãe já tinha tentado me convencer a colocar lentes mas eu sempre negava. Se eu era daquele jeito, então seria daquele jeito até a minha morte.

Sentei na minha cadeira e olhei para a janela. Eu odiava a escola, mas adorava a vista que as janelas proporcionavam. Todas as janelas daquele prédio tinha a vista para uma enorme floresta que se estendia por até sabe-se lá onde. Que eu saiba, a última pessoa que entrou lá se perdeu e nunca mais voltou. Era uma floresta sem fim. Por isso que eu a apelidava de Floresta Sem Fim. Aquela floresta era tão linda e parecia ser tão calma e convidativa, ainda mais com o tempo nublado.

Eu estava tão focada na floresta que não percebi o que a professora tinha acabado de falar. Nem me importei muito. Matemática era muito entediante.

Escutei um chiado estranho quando vi uma coisa branca e alta no meio das árvores da floresta. Era como algo humano, mas os braços e pernas eram compridos demais para ser um. Usava um terno e eu não conseguia enxergar o seu rosto.

— Senhorita Lee! — Chamou a professora, fazendo-me levar um susto. Quando olhei para frente, vi que a professora não estava sozinha. Havia dois policiais com ela. Um era alto e tinha cabelos castanhos que iam até a nuca e o outro era loiro, com o cabelo mais curto. Os dois pareciam ser velhos, mas eram lindos.

— S-sim, professora? — Os outros alunos estavam quietos, concentrados no que estava acontecendo naquele momento. Ou seja, a possibilidade de eu ser presa.

— Pegue as suas coisas e vá embora. Esses policias querem falar com você na delegacia. — Meu coração acelerou. Eles tinham alguma coisa sobre o caso de Amara. Era o único motivo possível para me chamarem na delegacia. Será que tinham encontrado o sequestrador dela ou até mesmo ela?

Peguei a minha mochila e dei uma última olhada para a floresta. O ser alto não estava mais lá. Devo ter imaginado aquilo. Sai da sala, sem prestar atenção no que os policiais conversavam com a professora. Mas não pude deixar de ver que ela deu um papelzinho com alguma coisa escrita para o policial mais alto.

Já vi que o meu dia vai ser cheio...


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Comentem!



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