O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 9
O Homem do Futuro


Notas iniciais do capítulo

Dobradinha :)



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                                              Seis

 

                Acho que nosso anfitrião mogadoriano filantropo não está nada feliz com tantas visitas que não estavam programadas no roteiro que foram trazidas. Observo os humanos trazidos por John se recostarem juntos no mesmo sofá desde que o grupo da número Um chegou. Mark James parece entediado, acho que ele já queria ter ido embora faz tempo, mas está segurando a barra por causa de Sarah, a namoradinha de John pelo jeito não está pretendo ir embora tão cedo – espero que ele tenha o bom senso de conversar com ela o quanto é arriscado a permanência dela aqui – e tem o amigo Sam dele, se fosse para dizer quem deveria ficar, eu acho que ele deveria. Algo me diz que ele tem algum assunto relacionando a gente. John está sentado no braço do sofá com a segurando a mão de Sarah.

                Os Cêpans estão na mesa de jantar conversando provavelmente sobre alguma coisa de Lorien, eles parecem felizes para minha surpresa. Me sinto mal por estar tão na defensiva aqui, todos parecem querer acreditar que as coisas estão finalmente começando a melhorar, mas para mim é muito surreal. Não dá para acreditar em tanta bondade de alguém assim, ainda mais de um mogadoriano, é como se tal de Adam tivesse alguma rede de inteligência e conhecesse as coisas antes de acontecer.

                Como se ele conhecesse o futuro!

                Tento dizer para mim mesma que estou parecendo um desses malucos paranoicos quando vejo a número Dois se aproximar de mim. Ela me contou um pouco da história dela, ela e Conrad foram rastreados pelos mogadorianos quando estavam na Escócia e planejavam um plano de fuga para Londres, quando Adam apareceu e matou os mogadorianos que perseguiam Conrad e rastreavam a localização dele. Na época eles já tinham até se separado o que obrigou Conrad a ter que mudar sua trajetória e aparência – não me pergunte como – até eles chegarem em Londres e finalmente a encontrarem.

                Quando chegaram número Dois, ela prefere Maggie estava desesperada. Estava prestes a enviar uma mensagem em um blog pedindo ajuda e revelando sua posição para todo mundo e quem era. Por sorte, eles conseguiram impedir a tempo tal idiotice, mas isso não explicou o porque de forjarem a morte dela e se refugiar em um bunker.

                Maggie sorri para mim.

— Oi Seis.

— Oi, por que bunkers? – eu pergunto sendo direta. – Quer dizer, isso não chama a atenção?

                Vejo que ela achou o tópico interessante. Mas antes que pudesse responder vejo o barulho do quarto abrindo e a número Um sai de banho tomado. Posso sentir o cheiro do seu shampoo daqui. De todos os Gardes daqui ela e Nove me impressionaram pelo condicionamento de ambos: Um, embora pareça ser uma dessas patricinhas de Miami tem uma boa estrutura física, ela parece uma atleta nata e pelo que ouvi Sandor contar, ela sepultou a todos os mogadorianos na base de West Virgínia com um terremoto e Nove passou um ano preso naquela base e ao invés de ceder ao desespero como Cinco, ele ficou treinando e quando saiu fez sua cota de estrago também.

                Um passa por nós e avança direto nas pizzas e pega uma fatia grande de calabresa e começa a comer com voracidade.

— Não lembro de ter autorizado acabar com meu estoque de pizzas. – ela fala para Adam que está saindo da cozinha trazendo mais duas tamanho família.

                Percebo de primeira que esses dois tem um tipo de relação que eu entendo bem. E isso e assusta, jamais achei na minha vida que viria um lorieno e um mogadoriano com esse tipo de relação, para mim é errado. Eles agem como Cêpan e Garde. Percebo que ele está mal-humorado com ela, se fosse para chutar, diria que é provavelmente por causa do outro mogadoriano que ela trouxe, que ainda não sei quem é, e espero que seja algum prisioneiro, porque se me disserem que agora estamos abrindo vagas para mogs arrependidos para nos ajudar eu juro que vou embora daqui com John ou sem ele.

— É, você quer falar sobre agir fora das regras agora? – ele pergunta num tom sério. – Ou prefere que conversemos mais tarde?

                Acho que perco parte do respeito que tenho pela garota quando a veja olhar para o lado constrangida e se sentar no sofá com a pizza na boca. Com certeza deve ter sido algo muito errado ter trazido aquele mog.

— Então... – Maggie fala querendo retomar o assunto. – Adam os comprou de milionários falidos lunáticos por guerra nuclear na época da Guerra Fria. Chamaria muita atenção mandarmos construir esse tipo de estrutura pelo país claro.

                Tento lhe dizer que chamaria a atenção de qualquer maneira esse tipo de compra. Se eu fosse um mogadoriano eu rastrearia a compra desse tipo de imóvel, não é todo tipo de pessoa que se interessa por comprar abrigos antinucleares.

— Quem são as pessoas que faltam para começarmos a saber os “mistérios” de nosso anfitrião. – pergunto fazendo uma aspas dramática anfitrião.

— Acho que só o numero Nove, o Cinco está muito ferido e como nenhum de nós tem Legado de cura, os ferimentos dele vão demorar muito pra sarar, então ele ainda está debilitado. – ela me responde.

                Reviro os olhos com isso. Que ótimo, temos 75% da Garde reunida no mesmo local e nenhum de nós tem como ajudar uma pessoa ferida, isso não é de muita valia. Tomara que um dos outros três tenha o Legado de cura que Maggie citou, senão estaremos com dificuldades dependendo só das pedras de cura, que não nos curam completamente das feridas das espadas mogadorianas.

                Então finalmente Nove sai do seu quarto. Comparado ao estado que chegou, eu diria que ele está brilhando de limpo, está vestindo uma camiseta de azul com estampa de Piratas do Caribe que me fez questionar quem comprou o vestuário do quarto dele e calças jeans, e o seu cabelo comprido está preso em um rabo de cavalo. Noto que Maggie o está olhando e fica um pouco vermelha quando ele passa por nós. – ela tem que ler menos, urgente.

— Este tempo todo para se arrumar e sai com uma camisa que dá pra comprar em parque temático? – ouço o Cêpan dele tirar sarro da camisa.

— É, não tinha muitas opções de vestimenta. – Nove bufa. – E eu fiquei um ano em cativeiro, sabe o que é um chuveiro quente para mim? O paraíso!

                Vejo Adam pigarrear e finalmente parece que vou ter algumas respostas. Eu e Maggie vamos nos aproximar do resto do grupo e troco um olhar aprovação com John, não era esse meu plano, mas tive que cumprir minha promessa. Vamos ver se valeu a pena. Para minha surpresa, Adam pega uma caixinha no móvel sob a televisão e abre pegando um pendrive.

— Sério? – Henry pergunta. – Você vai nos mostrar um vídeo? Achei que iria nos dar respostar, não nos mostrar um vídeo.

                O mogadoriano se vira com um sorriso de quem sabia que ouviria essa pergunta e coloca o pendrive na televisão.

— Sim Henry, você está certo. Esse vídeo que irei lhes mostrar contém todas as respostas para as suas perguntas, a primeira e mais importante. Quem me enviou aqui para lhes ajudar, o homem que fez esse vídeo é meu chefe.

                Agora tudo faz sentido! Sabia que deveria haver um motivo para esse mogadoriano estar nos ajudando, tem mais alguém na jogado. Eu olho para Quatro e formo a palavra eu avisei com os lábios “avisei”, ele parece perceber e finge que não me viu, mas eu sorrio com isso. Acho que essa resposta bastou para Henry porque ele ficou quieto e se sentou, estamos todos afoitos demais por respostas.

— Adoro esse vídeo. – Um fala de um jeito debochado. – Seria o top 1 do YouTube.... Se eu pudesse por ele no YouTube.

                Dois ri do meu lado, não posso evitar de dar uma risada. O jeito irônico de Um em situações absurdas pode ser meio bizarro, mas até que é legal, talvez eu realmente consiga gostar dela.

                Adam liga a televisão e começa e mexer no controle até conseguir chega no menu de vídeos do pendrive, noto que há dois vídeos na pasta, o primeiro tem como título Para a Garde, provavelmente será esse que iremos ver, Adam aperta o play rapidamente, mas consigo notar o título do outro vídeo, não é uma palavra.... É um número, apena um número. Acho que John também notou isso, porque ele de repente arregalou os olhos. O Número é Quatro.

                Por um momento a tela fica preta e depois começa a se iluminar, posso perceber que é uma gravação meio às pressas feita em um celular. O local é verde e possuí pedras gigantes caídas no chão, embora eu nunca tenha ido lá eu tenho uma vaga ideia de onde seja. É o Stonehenge, se no Stonehenge tiver uma enorme pedra azul de loralite pulsante. Depois noto a pessoa no vídeo, ele é alto e loiro e parece mais velho, mas sei quem é. É John, ele aparenta ter uns 22 anos, mas no vídeo ele está com um jeito envelhecido, parece ter mais 5 anos.

                Noto que não sou a única chocada, todos estão boquiabertos. Incluindo o próprio John, acho que você ver um vídeo na televisão gravado por sua versão do futuro não deve ser uma das coisas mais normais do mundo.

— Posso começar o vídeo? – Adam pergunta.

                Agora que percebi que a tela estava congelada naquela imagem – como se tivesse previsto nossa reação. Eu olho para John e estamos todos fazendo o mesmo, esperamos a resposta dele para saber se pode continuar ou não.

— Você é do futuro? – Sam pergunta fazendo um olhar daqueles garotos viciados em séries de conspiração. – Não acredito nisso é um alienígena e do futuro.

— Por favor, perguntas no final do vídeo. – Quem fala é Um.

— P-Pode... – John fala meio incerto.

— Meu nome é John Smith, mas provavelmente todos que estão vendo esse vídeo me conhecem como número Quatro... – em resposta, o vídeo começa. – Sei que a maioria de vocês deve estar confusa sobre os acontecimentos que lhes trouxeram até esse momento, lamento por tudo. Devem estar assustados e não lhes culpo. – Ele se vira para o lado como se estivesse procurando as palavras. – Estamos em guerra com os mogadorianos há muitos anos, tivemos muitas baixas, infelizmente, dos membros da Garde restante só sobraram dois...

                Sinto um frio no estômago. Fomos derrotados, então foi por isso, de repente toda minha confiança acaba. Todo meu treinamento com Katarina, nossa luta e sacrifício parece não ter servido para nada, quero perguntar para Adam se sou eu a outra Garde viva, olho para o número Nove e vejo que ele está batucando a mesa freneticamente até que Sandor o faz parar. Deve estar com essa mesma ansiedade.

— O nosso inimigo é o líder mogadoriano Setrákus Ra, mas o que vocês não sabem e que irão descobrir ao longo do tempo é que ele na verdade é um traidor da raça loriena. Setrakus era um dos antigos anciões de Lorien que foi banido por tentar roubar o poder da Entidade que nos deu nossos poderes. – ele fala e posso perceber seu tom alarmado na sua voz.

                Agora é a vez dos Cêpans ficarem nervosos com essa verdade. Não só a gente, que espécie de monstro é esse, não sabia disso, esse maldito destruiu sua própria raça para ter poder. Sinto meu sangue fervilhar de ódio. Percebo que Maggie também está com raiva, ela não devia ter visto esse vídeo ainda.

— Tivemos muitas baixas, eu perdi muitas pessoas que amo. Conseguimos aliados, o poder de Lorien chegou aqui na Terra e agora estamos caminhando para o confronto final. Só que surgiu a oportunidade de mudarmos isso, de mudar tudo de errado reduzir nossas baixas. Eu enviei Adamus, meu amigo que vocês devem agora estar desconfiando dele, devem sentir nervoso de estar ao lado dele. Eu entendo, senti o mesmo por ele, mas ele deu seu sangue por Lorien ele é um ótimo soldado e não tem pessoa mais confiável que Adamus Sutekh para essa missão, estou o enviando para o passado porque ele sabe os locais, as datas e os exatos momentos em que os números Um, Dois e Três irão morrer, portanto, a melhor opção para salvá-los. Mas eles precisam morrer, então criamos uma espécie de planta usando algumas de conhecimento humano que forjam a morte da pessoa por pelo menos um dia. – ele faz uma pausa, como se soubesse que iria nos fazer sentir dor. – Espero que funcione e lamento por isso. – Mas precisamos enganar o encantamento, precisamos fazer que vocês acreditem que eles estão mortos e também ao mesmo isso irá facilitar a proteção desses três Gardes.

                O John do futuro olha para o pedaço de loralite e fica admirando aquela pedra. Eu fico pensando como ela ficou ali, eu olho para ele e vejo que há algo diferente nele é como se houvesse muito mais dor, mas também muito mais sabedoria e força. O John de agora é quase um retardado apaixonado pela menina humana, eu temo saber o que aconteceu com ela para ver o que ele se tornou.

— Garde do passado. – ele fala finalmente e vejo uma lágrima escorrer de seu rosto. – Eu lhes confio a Terra, eu lhes confio Lorien e eu lhes confio o meu futuro, tudo depende de vocês.

                O vídeo acaba. Ficamos todos em silêncio, acho que ninguém quer ser o primeiro a falar, eu pelo menos quero absorver todo o conhecimento adquirido naquele vídeo e principalmente, sinto uma vontade enorme de falar com John. Só que ele tem a namorada loira dele pra fazer isso, tenho que me concentrar nos meu problemas.

— Quem é o outro Garde vivo? – Nove pergunta se levantando.

                Claro, era essa a primeira pergunta. Vejo que Adamus não quer responder, é realmente meio ruim saber quem de nós vai ficar vivo, porque significa que pelo menos, dois dos três: Eu, Nove e Cinco irão morrer. Particularmente eu já descartei essa pergunta.

— Onde está o número Três? – eu pergunto. – Se ele está vivo, por que não está aqui?

                Essa pergunta o faz ficar mais tranquilo para responder.

— Três não está nos Estados Unidos, ele está em missão com seu Cêpan ajudando a proteger a número Sete na Espanha.

— Se a Sete está na Espanha, por que não a trazemos logo para cá? – Sandor pergunta.

— Eu lembro da Sete. – Henry, ou Brandon como os  Cêpans o chamam agora, fala. – Ela é Garde de Adelina, pelo que me lembro bem Adelina era sua mentora.

— Exato, Adelina abandonou Lorien e se tornou freira em um convento em Santa Tereza, e Marina está lá, e temos que ter cuidado. Se tentarmos uma aproximação agressiva provavelmente iramos entrar em conflito com ela. – Adam fala.

— Freira? – Nove fala espantado. – Ta de sacanagem.

— Pois é, devemos avisar que mogadorianos não são vampiros, porque quando eles invadirem aquele convento de nada vai adiantar bater com um crucifixo neles. – Um fala dando um sorriso sarcástico.

— Acho que eu deveria ir lá e tentar convencê-la a largar essa ideia maluca, sempre tive uma boa convivência com ela na nave. – Henry comenta.

                Noto um sorriso malicioso de Sandor, como se ele entendesse o que Henry queria dizer. Mas o Cêpan de Quatro fingiu não notar.

— Poderemos pensar nessa possibilidade, mas por hoje é melhor vocês descansarem. – Adam comenta. – Tiveram um dia cheio. – Vamos começar a definir nossas prioridades e missões amanhã, ainda precisamos treinas trabalho em equipe dos Gardes.

                Sinto um pouco de alívio estou exausta para falar a verdade, mas eu realmente estou interessada em conversar mais com esse Adam sobre o futuro. Me convenço que ele é confiável e que irei falar com ele mais tarde, mas primeiro precisarei dormir.

                Olho para o lado, mas Dois já foi dormir, acho que foi provavelmente perguntar se Nove precisa de um cobertor extra ou um travesseiro. Enfim, vejo que Adam está oferecendo um quarto para Mark e Sam, acho que eles dois vão ficar no mesmo quarto porque não estão muito felizes com a notícia disso, descido ir sem me despedir de ninguém.

                Entro no meu quarto e me deito na minha cama. Não tenho nenhuma bagagem e nem arca, isso me faz ter uma sensação meio largada. Checo meu ferimento na perna, ainda está muito roxo, mas os pontos foram bem aplicados e devo ficar curada em uma semana.

                Percebo que ainda estou com a mesma roupa e decido arriscar o guarda roupa aleatório do meu quarto. Vou até ele e começo a checar as vestimentas e fico perplexa com as roupas que tem, aparentemente a pessoa que compra as roupas aqui tem um senso de humor muito excêntrico ou ama a Disney por que estou na dúvida entra o pijama da Branca de Neve ou a camisola da Pequena Sereia quando a porta do meu quarto se abre.

                A número Um entra e se joga na outra cama e solta um gemido de satisfação. Acho que não havia notado ainda, mas há algumas coisas naquela parte do quarto como se já tivesse alguém já instalado ali.

— Ah, Oi Seis! – ela fala notando minha presença e olha para as roupas na minha mão. – Não sabia que era ligada na Disney, eu juro que nunca iria desconfiar, ainda mais com esse jeito durão.

                Acho que sinto meu rosto queimar de vergonha.

— Eu não gosto, é que não tem outras opções. – Digo jogando as roupas de volta no armário de qualquer maneira. O que não melhora a situação.

                Um dá uma risada e percebo que ela estava brincando comigo. Começo a rir também, ela tem um jeito muito excêntrico mesmo.

— Relaxa colega de quarto, Adam compra tudo no Walmart e aqui é perto de Orlando então já viu, ele pega qualquer roupa de parque temático que vê. – ela revira os olhos. – Eu te empresto alguma coisa menos embaraçosa para dormir.

                Sorrio. Acho que posso me acostumar com a Um.

 

                                               Quatro

 

Sam e Mark entram mal-humorados no mesmo quarto. Combinamos de decidir o que fazer amanhã, aproveito esse momento e beijo Sarah. Estamos só nós dois no sofá, preciso de algo normal depois de ver a minha versão futura apocalíptica falar comigo num vídeo por um pendrive num buker de um mogadoriano bonzinho.

— Amo você John. – Sarah me fala.

— Também amo você.

                Com toda essa doideira minha relação com Sarah está cada vez mais complicada, queria poder dizer para ela ficar, mas vendo como as coisas estão como poderia? As coisas estão começando a ocorrer rápido demais. Em um dia tem seis membros da Garde no mesmo local e acho que já vamos começar a treinar para começar a luta contra esse tal de Setrákus-Ra.

                Dou mais um beijo em Sarah e nos despedimos. Caminho em silêncio até meu quarto, sei que Henry já está lá dentro, quando entro me surpreendo com a cena de BK correndo atrás de um Golden Retriever, ambos felizes da vida latindo felizes, fico perplexo por não ter ouvido os barulhos e deduzo que os vidros sejam a prova de som. Os dois animais passam correndo pela porta e se transformam em pássaros pequenos e voam pelos corredores.

— É outra Quimera! – falo perplexo.

— É o bichinho da Um. – Henry fala sorrindo. – Você estava certo, teve outra nave e ela chegou aqui.

                Meu coração começa a encher de esperança, mas ela murcha logo em seguia quando me lembro do meu próprio vídeo no futuro. Vejo que Henry está com um livro na mão, deve ser da coleção da Maggie, é um livro sobre um humano que descobre uma espada lendária que o faz rei e acaba com todos os problemas do seu reino. Seria perfeito se houvesse uma arma dessas para a gente. Sinto que alguém está atrás de mim.

— Posso falar com você, John. – pela voz já sei que é Adam.

— Claro.

                Ele me leva até uma espécie de escritório dele. Lá dentro vejo várias telas conectadas com informações em tempo que atualizam automaticamente, noto que na mesa dele há um porta-retratos. É uma versão dele com uns vinte e poucos anos e uma versão de Um com uns 14 sentados tomando sorvete numa manhã. Ela está de boné e não parece muito feliz com a foto, mas parece estar feliz com o passeio. Vejo que eles devem ter tido um relacionamento complicado, já que não vi a Cêpan de Um e pela foto Adam deve ter assumido esse papel para ele.

                Estava tão perdido olhando o retrato que nem notei Adam segurando uma pedra amarela que reconheço da minha arca na minha frente. Fico perplexo em saber como ele a pegou, mas não preciso perguntar como, minha versão do futuro deve ter dado a ele.

— Ela só tem mais uma carga. – ele fala. – John carregou com o Legado de telepatia dele e pediu para que eu lhe passasse as memórias dele.

                Eu gelo com isso, estou prestes a dizer que não sei se quero isso, mas já era tarde demais. Minha mente é sugada para uma um mundo de imagens, vejo o momento em que Adam acorda depois de uma batalha numa nave e me vê berrando de desespero com Sarah morta nos meus braços, vejo muita dor e coisas loucas – humanos com Legados? – Eles lutam bem, eu tento lhes ensinar, mas o mogadorianos caçam eles e os matam, eles são mais fáceis de matar, não se escondem e tem família, tentamos ajudar, vejo a número Seis morta na praia, vejo uma garota desesperada ao lado dela chorando que não conheço eu sinto remorso por algum motivo – eu culpo Seis pela morte da Sarah!

                Eu tento parar de ver essas memórias, mas não consigo. Eu paro de liderar a Garde, e Nove assume no meu lugar, ele pega um grupo e invade um campus de extermínio de Garde usado pelos mogadorianos. Nove consegue tirar todos os Gardes de lá e fica para trás para garantir que os outros fiquem vivos e acaba sendo morto, depois de matar todos mogadorianos naquela base. Quando trazem o corpo dele o erguem como herói. Dessa vez eu choro e decido voltar a lutar.

                Sou questionado como traidor por Cinco, ele me chama de covarde. Logo ele que era o traidor e matou o número Oito e se aliou a causa mogadoriana. Cinco tenta assassinar Setrákus Ra fingindo ser seu aliado de novo, mas o líder mogadoriano não acredita e o mata. Ele empala Cinco com seu cajado e faz questão de colocar o garoto morto em rede nacional para todos ao verem e lança um desafio para virem o enfrentar.

                Tentamos uma investida desesperada, matamos vários mogadorianos. Destruímos 10 naves de guerra mogadorianas, mas perdemos todas nossas quimeras, Bernie Kosar morreu com elas depois disso eu mandei todos se dispersarem para começarmos a treinar e nos prepararmos para o plano final. Setrakus Ra fez um disparo com seu canhão Apofis, foi a arma que fez Lorien ficar no estado que está hoje, o hemisfério Sul do planeta morreu por causa disso. Nossa única esperança e tentar despertar a Entidade para tentar salvar o planeta e matar Setrakus agora que meus Legados estão prontos.

                Quando o poder acaba eu começo a gritar e caio no chão. Estou completamente em pânico e desesperado. Nunca imaginei aquilo, não suporto essa ideia, dessa dor, é muita dor, eu senti a dor daquele John toda de uma vez. Começo a chorar e tremer. Como posso vencer essa guerra? Por que eu devo liderar? Estou com medo, me sinto infantil por isso, sempre me imaginei como o salvador de Lorien e agora que vi tudo que vai acontecer estou desesperado e em pânico. Corro para o balde de lixo e vomito.

                Sinto uma mão encostar nas minhas costas.

— Lamento... – A voz de Adam soa preocupada. – Não sabia que ficaria desse jeito. – Me perdoa John.

                Eu tento começar a respirar fundo. As imagens continuam na minha cabeça. Toda a dor e todas as mortes, todo aquele sofrimento. Eu penso que Henry passou tudo aquilo, e como sou fraco, eu sempre o questionei, sempre achei que tudo não era meu problema. Como fui um egoísta. Eu vi o meu olhar no futuro, era o mesmo olhar de Henry.

                Adam me abraça, e eu aceito. Vejo aquelas mãos pálidas e frias me dando conforto e pioram a situação. Nunca pensei que ganharia conforto disso desses seres que querem destruir tudo, embora eu tenha visto o quanto Adam lutou por nós e deu sangue por isso.

— Tem mais uma coisa. – ele fala com um tom paternal. – Ele lhe mandou uma mensagem.

                Eu levanto, espero não ter que ver mais dor. Quando consigo ficar olho um notebook aberto com o vídeo que eu vi escrito como “4”. É a minha versão futurística novamente, espero que dessa vez não seja um vídeo “melhores momentos das minhas memórias com slides”.

                Adam aperta para começar e minha versão do futuro fala.

— John, se acabou se receber minhas memórias, ainda deve estar confuso. – ele fala e olha para pessoa que filma, eu ouço a pessoa o incentivar a falar, mas não reconheço a voz, penso em Sarah, mas lembro que ela está morta. Isso me deprime de novo. – John eu não lhe mostrei toda essa dor porque eu queria lhe obrigar a mudar essas coisas, eu lhe mostrei porque sei como nós éramos.... Imaturos nessa época, fizemos várias besteiras, comprometemos mais de uma vez uma missão por causa de Sarah ou de Sam e brigamos várias vezes com Seis e Nove por isso.

                Ele faz uma pausa. Parece pensar em todos esses momentos e eu tento procurar nas memórias que acabei de receber, mas a única coisa que consigo pegar é uma ou outra morte, nenhum tipo de beijo perdido em Sarah ou risada com Sam.

— Nosso lado humano é algo bom John.... Não se engane, mas nós infantilidade custou vidas. – ele fala e uma lágrima escorre do seu olho. – Espero que quando vir esse vídeo, Adam tenha conseguido.... Que eles tenham conseguido... Henry morreu na batalha na escola de Paradise e espero dessa vez, que tenhamos conseguido salvá-lo desse destino.

                Penso em Henry no quatro rindo com BK e a outra Quimera e lendo um livro de Dois e agora sei que se não fosse por Adam talvez ele estivesse morto agora. Meu Deus, o que minhas atitudes fizeram?

— Ele foi carregado numa latinha de café, porque não pudemos dar um enterro digno a ele. – John continua. – Sarah morreu em batalha, não estávamos perto para protege-la, não deveríamos deixa-la ter lutado John, pra que você foi procura-la? Ela estava bem achando que você a abandonou, foi a melhor coisa que você fez seu idiota!

                “Não seja duro consigo mesmo John” a voz por de trás do celular fala. Eu sento na cadeira do escritório e vejo que Adam pôs um copo para que eu bebesse.

— Não cometa os mesmos erros que eu Quatro... – as lágrimas agora escorrem. – A escolha é sua, John, mas não cometa... O meu futuro, o nosso futuro depende de você, eu sei que estou sendo egoísta, mas não permita que a minha dor se torne a sua, seja forte e vença e eu tentarei vencer aqui.

                O vídeo acaba.

                Meu cérebro parece que vai virar mingau. Eu já tive um ataque de pânico e acabei de ver o meu eu do futuro dizer que tudo de errado que aconteceu na minha vida foi por causa das minhas atitudes no presente. Pego o copo de água e noto que minhas mãos tremem tanto que desisto de tomá-la.

                Adam anda até a cadeira que fica à frente da mesa e senta e ficamos nos olhando por um tempo. Percebo que mesmo ele sendo diferente dos que me atacaram na escola, ainda possui aquele olhar que te penetra na alma e parece que sabe tudo que você pensa.

— O que vai fazer? – ele pergunta.

— Essa pergunta é séria? – eu retruco incrédulo. – Não sei como o meu cérebro não fritou agora, eu devia ter ido embora com a Seis, estou quase fazendo isso.

                Estou furioso. Ameaço me levantar da cadeira, mas Adam levanta a mão com um gesto para que eu ficasse sentado.

— Espere meu amigo. – ele abre a gaveta e põe o envelope na mesa. - Não sei qual vai ser sua atitude para com Sarah, John, mas seja ela qual for. Nesse envelope, tem uma identidade falsa para ela, Mark James a família inteira e dinheiro suficiente para três gerações dela. Ela estará segura.

                Fico chocado com a generosidade dele. A segurança da Garde é responsabilidade de Adam e não dos humanos que nos importamos, não sei porque ele está fazendo isso, mas sou grato. Isso irá mantê-la segura. Certamente ela ficar em Paradise não é a melhor opção segundo o John do Futuro.

— Por que está fazendo isso?

— Você viu ele John. – Adam fala.

— Mas tem algo mais. – eu falo, sinto que existe.

                O mogadoriano se dá por vencido e fala.

— Sabe, uma das coisas que aprendi com a número Um quando ela estava na minha mente, sim ela ficou presa lá. Foi que ao contrário dos mogadorianos. Quando os lorienos perdem a pessoa que ama eles ficam fracos, porque eles perdem a principal fonte de onde eles tiram força, que é da pessoa que eles querem mais proteger.

— Mogadorianos não amam?

— Amam sim. – Adam fala, mas num tom sombrio. – Mas de um jeito diferente, o amor é uma fraqueza para eles e quando você mata ou a pessoa que você ama morre, você perde a única coisa que se importa, ou seja, o inimigo não tem mais uma arma com a qual pode te ferir.

                Com isso eu vou dormir com todas essas coisas na minha cabeça. Sabendo que na manhã seguinte teria que tomar uma decisão muito importante. Talvez a decisão que iria modificar completamente o futuro da humanidade e de uma guerra.


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