O Renascer dos Nove escrita por Number Nine


Capítulo 10
O que tem de ser Feito




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  Quatro

                Depois da pior noite que tive na minha vida. Se consegui pegar no sono por duas horas, foi um tiro de sorte, a maior parte do tempo eu fiquei na cama me revirando pensando sobre as visões da minha parte do futuro. Não consigo acreditar que as coisas chegaram naquele ponto, é surreal demais.

         Mesmo assim, quando me levanto para tomar o café da manhã, vejo que estão todos na mesa ainda. Todos os Gardes mais Sarah, Sam e Mark. Me sento ao lado de Sarah que acho que havia guardado aquele lugar para mim. Ela me recebe com um beijo quando eu chego.

— Dormiu bem? – ela pergunta.

— Você nem sabe quanto. – responde dando um sorriso forçado.

                Olho para a mesa de café da manhã que foi posta na mesa de jantar que usamos ontem. Tem omelete, bacon, duas jarras de suco de laranja, pizza de ontem – essa aí só Um e Nove que estou se alimentarem -, leite, um bolo. Começo a me servir e olho melhor os membros da Garde, acho que agora não quero olhar para Seis e Nove para não ter que relembrar dos seus rostos sem vida, mas consigo ver as expressões de Maggie e Um.

                Maggie está lendo enquanto toma uma xícara de café e come torrada e parece não nos dar muita atenção, mas noto que ela não está lendo, está observando Nove de longe. Sério? Ela é meio estranha. Um está sentada num canto de frente para mim se debruça quase que no meio da mesa pra comer pegar uma pizza, acho que essa ideia foi dela e apoiada por Nove, fico espantado pelo jeito dela, por não querer sentar na ponta da mesa. Já que teoricamente estamos na sua residência.

— Quando vamos começar a ter ação de novo? – Nove pergunta.

— Acho que um pouco mais tarde. – Um fala. – Sandor não fez um trabalho como o seu apartamento luxuoso em Chicago, mas no andar inferior temos uma boa sala de treinamento.

                Vejo Nove se espreguiçar na mesa o fazendo parecer um gato preguiçoso. Noto que Sarah observa os músculos dele, e fico incomodado com isso.

— Estou com saudades de lá. – ele fala. – Poderíamos sair daqui e ficarmos lá por uns tempos. Sandor teme o controle das câmeras por todo o lugar e a vista é ótima, não tem esse lance claustrofóbico daqui.

— Sei lá cara. – duvido dele. – Nos escondermos num apartamento em um ambiente cheio de gente? Isso parece ser um prato cheio para os mogadorianos.

                A expressão de Nove se torna divertida. Acho que o Cêpan dele já de ter passado bons momentos lhe explicando sobre a escolha desse lugar e Nove sente orgulho dessa ideia, porque ele sorri na hora de falar.

— Se esconda a vista, mermão. Se torna difícil para eles nos rastrearem também.

                Nessa hora aparece o mogadoriano que eles trouxeram no centro corredor. Eles está nos observando, acho que Sarah não notou direito que ele é um mog, porque não está nervosa, mas eu troco um olhar com Seis e a sinto ficar tensa. Seja quem for esse cara, acho que ele não devia estar aqui. Ele deve ter se soltado de onde estava preso, mas ainda parece confuso porque nos encara espantando, eu acho que eu o reconheço. Um é a primeira a se levantar. E ela abraça o mogadoriano?

— Achei que nunca ia acordar, mog-boy. – ela fala com ternura. O tipo de ternura que pelo pouco que a conheço iria morrer sem saber que ela era capaz de ter na voz, mas pela cara de mal humor do mog, ele não está muito a fim de ganhar isso no momento.

— Jura? Achei que não se importasse com isso quando você me desacordou para me sequestrar e trazer até aqui.

— Caraca, ela te desacordou e te sequestrou? – Nove fala fingindo estar com pena. – A ironia é uma vadia, foi o que seu povo fez comigo.

— E comigo. – Seis fala e sorri.

                Nós todos acabamos rindo. A situação se torna muito bizarra e pelo jeito do mogadoriano e de Um ele não está aqui para nos ferir.

— Desculpa... – Um murmura para ele constrangida.

— Tudo bem. – ele fala se desvencilhando dela.

                Tenho pena dá Um agora. Seja o motivo que ela tenha feito isso, ela fez porque se preocupou com o mogadoriano, embora, ele pareça não se importar, ou se importe, mas esteja só um pouco bravo momentaneamente. De repente eu penso no que terei que fazer depois do café da manhã e me sinto mal. O mogadoriano se senta na ponta da mesa ao meu lado nós nos encaramos momentaneamente e então eu sei quem ele é.

— Adamus. – eu falo.

— Sim – ele murmura enquanto pega um pouco de banco e põe no prato dele. – Você deve ser o número Quatro, lembro de você.

                Fico querendo perguntar para Adam o que ele quer dizer com isso, mas a presença dele na mesa deixa todos um pouco nervosos ainda.

— Como está o Cinco? – ele pergunta e noto um tom de preocupação genuíno na sua voz.

— Ele não está nada bem, algo o feriu gravemente, algum tipo de ácido quente. – Maggie explica. – Embora o diamante da pele dele tenha o protegido, acho que algo ainda o machucou seriamente.

                Vejo que a expressão do mogadoriano se fecha ele fica com um tom sombrio como se estivesse pensando em algo para salvar Cinco e nos encara, acho que está perplexo por nenhum de nós não ter como ajuda-lo.O resto do café se passa rápido e quieto, então eu vou para o meu quarto e vejo que onde quer Henry e os outro Cêpans estejam com o outro Adam ainda não voltaram.

                Bernie Kosar está dormindo embaixo da minha cama na sua forma de beagle e faço um pouco de carinho nele para espairecer e tenho uma conversa mental com ele sobre as coisas que vi. Ele me fala que se eu sei disso só eu tenho o poder de muda-las e ele tem razão sobre isso.

                Pego o casaco que estava usando ontem e o visto, vejo que o envelope ainda está guardado no meu bolso. Eu preciso manter Sarah longe, essa é minha decisão, não posso tê-la por perto e arriscar perde-la de novo como fiz na última vez.

                                                                       Adam

         Não queria ter magoa a Um. Eu na verdade adorei o beijo e como estou feliz longe daquela base e de não ter que recitar aquelas merdas do livro de Setrákus Ra, mas ela estragou nossos planos, eu estava impedindo várias experiências mogadorianas que eles queriam fazer. Tudo por causa do meu respeito que eu tinha. Agora eu provavelmente fui comprometido.

                Abro a porta onde sei que vou encontrar a minha versão do futuro e os Cêpans da Garde em alguma reunião. Não entendi porque de quererem falar a sós, mas acredito que seja pelo mesmo motivo que estou bravo com Um. Impudência.

                Quando entro na Torre de Vigilância é assim que Adam queria chamar isso? Sei lá. Eu encontro os Cêpans tenso como se estivesse se esforçando para tentar pensar em algo mirabolante. Deve provavelmente ter a ver com a busca da número Sete para salvar o Cinco, se o que disseram sobre a saúde dele for verdade ela é a única que pode salvá-lo a não quer que por um milagre o Quatro já saiba usar seu verdadeiro poder agora, o que eu duvido.

— Você acordou! – Adamus do futuro fala sorrindo. – Achei que iria ficar dormindo pra sempre, ela te acertou com muita força.

                Me aproximo até uma cadeira e me sento. Vejo que Henry e Sandor me olham atentamente. Creio que sejam esses os nomes dos Cêpans de Quatro e Nove.

— Senhores, esse é Adamus Sutekh do tempo de você. – ele me apresente. – Ele esteve infiltrado por todos esses anos na base mogadoriana e conseguiu assumir o posto de Comandante da Base de West Virgínia, foi assim que conseguimos todas as informações para tirar Nove e Cinco de lá.

                Noto que os dois Cêpans me olham que uma certa admiração agora, não consigo dizer que não gosto disso. É bom saber que estou conquistando o respeito dos lorienos, mesmo que a Garde em si ainda não confie completamente em mim.

— Mas agora que está aqui, perdemos a nossa fonte de informações. – Henry fala.

— É... – Sinto minha contraparte futurística se contrair, ele vai ter que explicar isso. – Digamos que uma certa pessoa tem problemas em seguir ordens, a ideia era Adam vir para nossa base após a extração dos Acolhedores, mas creio que isso não será possível.

                Vejo que até Conrad que eu já o conhecia fica inquieto na cadeira quando é mencionado sobre os Acolhedores. Eles foram os humanos que ajudaram a Garde chegaram aqui, todos foram capturados e torturados pelos mogadorianos. Atualmente só três pelo que sei estão com vida e sei que só chegarem a tempo de salvar apenas um Malcolm Goode.

— Isso complica muito as coisas. – Sandor fala. – Precisávamos de um plano para extrair eles de lá.

— Não vamos conseguir isso. – intervenho. – A Garde ainda está muito fraca e não iremos conseguir invadir uma base mogadoriana em Washington é lá que eles estão, se fizermos isso os mogadorianos que tem apoio de algumas partes do governo irão pressionar o governo a declarar guerra contra nós. Não devemos fazer isso agora.

— O governo americano está do lado dos mogs! – Sandor grita de raiva. – Eu voto para pegarmos nossa nave voltarmos para Lorien, a gente tenta levantar o planeta lá ou então vamos para o próximo planeta com vida daqui.

                Henry levanta a mão e tenta acalmar o outro Cêpan, eu não posso deixar de compartilhar sua indignação. Lorien pelo menos foi surpreendida os humanos estão deixando os caras entrarem com um cartaz de “Boas Vindas, Podem nos Matar e nos Escravizar, Estávamos Esperando Vocês”.

— Então por onde começamos? – Conrad se manifesta pela primeira vez e fala se dirigindo para o Adam do futuro. – Eu sei que temos que ir ver se o Gregory e o Três estão dando conta da Adelina e da Sete e tem aqueles outros dois que você falou que iriam dar as caras.

                Fico tentando imagina quem seriam aqueles dois que Conrad quer dizer e deduzo que só possa estar falando da tal de Ella que é a “Número Dez” e o seu Cêpan. Ainda tempos outros assuntos a resolver infelizmente. Pego do meu casaco um HD externo e ponho na mesa.

                Noto o olhar do Adamus do futuro brilhar ao ver o objeto. Acho que ele sabe o que é aquilo.

— Não me diga que você fez um backup de todos os arquivos da base de West Virgínia para esse HD. – ele fala sorrindo para mim.

— Acha mesmo que eu não iria prever que nossa amiga imprudente não poderia fazer algo.... Imprudente. – eu comento rindo. Talvez não esteja com tanta raiva de um assim, e pra falar a verdade, caraca como quero beijar ela de novo.

                Colocamos o HD no notebook e ele projeta a tela para uma das telas maiores que utiliza para monitorar possíveis ações da Garde. Ele mexe com o cursor do mouse para desbravar os arquivos e começamos a ver tudo, tudo que havia naquela base. Tem coisas que nem eu sabia, localizações de outras bases, outros experimentos.

— Devemos salvar as Quimeras. – eu falo atraindo a atenção de todos. – Elas estão presas em Plume Island e o cientista que faz experimentos lá nunca encostou nelas até então por minha causa, eu disse que queria conhece-las antes de qualquer tipo de experimento fosse feito.

                Vejo que a ideia de resgatar um exército de Quimeras parece agradar a todos os integrantes desse conselho. Até Sandor parece estar mais calmo com isso, infelizmente os Acolhedores tem que esperar, percebo que era isso que Adam do futuro queria. Ele considera Malcolm Goode como pai, mas não podemos fazer nada no momento.

— Mas ainda precisaremos da número Sete aqui. – eu falo.

— A saúde do número Cinco está muito grave. – Adam do futuro concorda. – Só o Legado de cura dela pode curá-lo completamente. Precisaremos enviar um grupo para lá e um grupo para Plumme Island.

— Então eles terão que começar a treinar para agir em equipe agora. – Henry fala. – Você disse que já fez uma espécie de área de treinamento aqui, certo Sandor?

— Meu amigo Brandor, você e seu Garde vão adorar ela. – ele fala com um sorriso.

                Adam do futuro coça a barba pensativo. Nunca pensei que deixaria a barba crescer, sei lá, mas até que ficou legal em mim.

— Os mog irão atacar Santa Tereza daqui há duas semanas, teremos uma semana e meia para treinar e depois iremos nos dividir em dois grupos para efetuar as duas missões. Sei que não é a melhor ideia, mas não podemos arriscar perdermos Cinco e se eles começarem a fazer experimentos nas Quimeras elas podem ser comprometidas.

                Ele se vira pra mim. Vejo que tem uma nota de preocupação comigo.

— Acha que seu disfarce não foi comprometido?

— Relaxa. – digo tentando dar um sorriso confiante. – Sou o Aniquilador da Garde eu tenho um plano que irá me fazer voltar para lá e eles acharão que eu sou um herói.

— Espero que esteja certo. – Henry fala.

                                                        Quatro

                Não havia notado que o bunker era localizado embaixo de uma casa. Ela era feita toda de madeira, para minha surpresa nosso elevador escondido era ainda mais escondido na casa, porque quando chegamos eu vi que ele era embutido na parede de madeira. O rico milionário que viveu aqui pensou em tudo. Para minha surpresa a casa tem até móveis, mas que estão cobertos para não pegarem poeira, como ela estivesse fechada.

                Acompanho Sarah e Mark até fora da casa, como eles vieram as pressas não estão carregando nada só as roupas que vieram. Sinto-me muito triste pelo que terei que fazer, mas algo me diz que é o certo.

                Do lado de fora da cada noto que temos quatro carros estacionados, dois SUVs, um deles foi o que me resgatou quando e Henry fomos cercados pelos mogadorianos, o outro carro é a caminhonete do pai de Sam e o último que mais me surpreende é um Porsche.

— Um de vocês não é nada sútil. – Mark comenta debochado quando olha para ele. – Por favor, diz que eu posso escolher o carro para ir embora.

                Eu iro do comentário dele, jamais achei que iria me sentir à vontade para isso, mas depois de tudo que passei, acho que depois de tudo que passei. Mark James é apenas mais uma pessoa que eu já tive um atrito.

— Lamento cara, Sam me pediu pra você levar a caminhonete do pai dele para casa. – eu falo fingindo que vou chorar.

                Mark finge que soca o ar e xinga Sam. Rio de novo com isso.

                Puxo Sarah para perto de mim e a beijo e em seguida dou um longo abraço nela. Não queria que ela fosse, mas depois da mensagem do John do futuro sei que Sarah só terá uma chance se ficar longe de mim. Por mais que me doa, ela só ficará bem se eu fizer isso.

“O mogadorianos atacam o amor porque eles sabem que é nossa fraqueza” eu lembro do que Adam do futuro falou.

— Lamento, Sarah. – eu digo tocando seu rosto e o acariciando.

— John, tudo bem. – ela fala sorrindo. Fico feliz por Sarah ter entendido, por um momento achei que ela fosse querer se meter nessa guerra, mas noto que há uma dúvida em seu coração. – Do jeito que vi você naquele vídeo, eu.... Eu acho que você vai precisar fazer coisas. Você vai ser um líder, eu entendi, eu amo você John, mas você é quem vai nos salvar desses caras. Então não posso te tirar do mundo, acho que seria egoísta da minha parte.

                Ela me beija novamente. E quando se afasta vejo que está chorando, me sinto horrível quando a vejo se afastar, meu coração se parte com essa cena e percebo que esqueci de dar o envelope para ela.

                Agora quem se aproxima de mim é Mark, ele está com os braços estendidos e para minha surpresa. Ele me abraça.

— Mata esses filhos da puta John! – ele fala. – Acaba com eles.

— Pode deixar.

                Quando nos afastamos eu pego o envelope do casaco e entrego para Mark.

— Mark, nesse envelope tem cartões de crédito e de banco para você, Sarah e a família dela, além de documentos falsos. Se as coisas ficarem ruins faça ela fugir, entendeu Mark? – eu com um tom sério. – Você tem que proteger a Sarah, se você vir que eles estão tentando chegar perto de vocês, fala com ela e com a família dela e fujam. Vão para outro país.

                A expressão de Mark é séria, acho que ele entendeu o que eu quis dizer. Ele e Sarah ficaram tempo demais comigo e podem acabar sendo vítimas, os mogs podem achar que são algum tipo de fonte de conhecimento. Por alguma razão eu acho que a única pessoa em quem posso confiar que vai protege-la além de mim é Mark.

— Eu não vou deixa-la se machucar John, eu prometo. – Ele me cumprimenta dessa vez apertando minha mão.

                Quando Mark entra no carro eu tento olhar para Sarah, mas percebo que ela não quer me encarar. Algo em mim quer que ela fique, então a lembrança dela morta em meus braços vem. Eu fico observando Mark ligar o carro e dar partida, o carro começa a sair lentamente e o observo na estrada até desaparece no horizonte, depois entro de volta para o bunker. Para minha nova vida.


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